CALMANTES COM CHAMPAGNE
Imitação Tosca de Um Blog -
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Marcelo Costa
28/02/2006 - 15h39
Resumo de uma noite de segunda-feira de carnaval:
21h - Cheese Bacon Salada no Pão Frânces no Bar do Zé
23h - Maracatu com cerveja nas ruas da Vila Madalena
01h - Seleta ao som de Killers e Joy Division na Funhouse
07h - Um pão com manteiga na chapa e um pingado na Bela Paulista
O dia inteiro na cama... preciso almoçar... mas vou dormir...
tirinha
do dia...
27/02/2006 - 16h30
Dia de faxina. Sem muitos comentários então. Mas vou dizer que estou sorrindo, que terminei as duas temporadas de Seinfeld (comento mais pra frente, mas adianto que o episódio The Deal é sensacional) e que estou voltando aos braços de Friends.
Apesar de ter assistido à Capote na madrugada de sábado,
não o indico para o carnaval. Carnaval é para se ver filmes
fofos e desencanados como Johnny & June, Orgulho & Preconceito
ou ABC do Amor, que devo assistir hoje. No entanto,
se você não vai sair para a avenida (ou para o maracatu, como
eu), o SBT é uma ótima pedida para fugir do desfile das escolas
de samba do grupo especial. Às 3 da manhã, Audrey Hepburn
adentra à tela como Holly Colighly, personagem fofa de Truman
Capote em Bonequinha de Luxo. Assisti anteontem, e
recomendo. Saiba
mais.
Orgulho & Preconceito, por Marcelo Costa
Como diria Humberto
Gessinger, não se prenda a primeira impressão
Johnny & June, por Marcelo Costa
Um belo retrato do
amor na idade de ouro do rock'n'roll
Capote, por Marcelo Costa
Recorte histórico exemplar,
narrativa arrastada e cansativa
Capote, por Jorge Wagner
Nó-na-garganta.
E não é força de expressão...
*******
É incrível como sou tímido... incrível...
26/02/2006 - 15h15
"O carnaval nem parece que já passou por aqui"... bem, para quem não conhece, é uma música antiga dos Picassos Falsos, banda que têm lugar reservado no coração deste que vos escreve. Lembrei dela agora. Cadê o carnaval, cadê? :/
Boa dica do amigo Palandi: Considerações
inúteis sobre o show do Franz Ferdinand
Filme da madrugada: Capote. Philip Seymour Hoffman
arrasa no filme, arrasa. Uma grande aula de atuação de um
ator extremamente versátil, que consegue posar de enfermeito
tímido em Magnólia, jornalista falastrão em Quase
Famosos e machão dono de negócios sujos em Punch-Drunk
Love. Lembre-se: Russel Crowe ganhou um Oscar pelo papel
que ele faz em todos os filmes. Se Philip arrasa, o filme,
no entanto, não está a altura. O diretor Bennett Miller arrasta
por demais a narrativa colocando-a em pé de igualdade com
o modo excêntrico de se expressar de Truman Capote. O resultado
induz ao sono, cansa, apesar da história forte, interessante
e bem recortada. E a trilha sonora ecônomica, notadamente
inspirada em Stanley Kubrick, não provoca o nervosismo que
o mestre conseguia provocar. Um bom filme. E só.
Ps. Fiquei de cara com o futebol do Nilmar na vitória do Corinthians sobre o Santo André pelo Paulistinha, no sábado. A visão de jogo do moleque é sensacional...
Não fui ao show do Franz Ferdinand no RJ, mas acabo de derramar
lágrimas e lágrimas ao baixar um vídeo da apresentação no
Circo Voador. Se eu fiquei completamente arrepiado com o público
cantando (e impressionando Kapranos) Walk Away, como
deve ter ficado a banda? Baixa o vídeo aqui.
25/02/2006 - 13h03
Ahh, que sono. Clichê número 1: me senti dentro de O Clube
dos Corações Solitários na madrugada passada. "Não consegui
tirar meus olhos de suas pernas", diria Spit.
sorrisos
Não me lembro do que eu ia escrever... e agora, José?
Já começaram a venda de ingressos para o show do Echo e o
site do 2º Campari Rock já está no ar. Confere que vale a
pena: http://www2.uol.com.br/camparirock
O André avisa que não foi ele quem pagou a caipirinha de maracujá,
então só posso chegar a conclusão de que foi o Marroni. As
meninas estavam dormindo... :)
Você já percebeu como a coca-cola do McDonalds
tem um gosto completamente diferente da coca-cola normal?
Então, fui ao Mac, pedi um Salad Burger, que é aquele lanche
pequeno, e que vem com coca pequena e fritas. Como estou de
ressaca, pra variar, é claro que um copo pequeno de coca-cola
não deu para nada. Fui e peguei uma latinha de coca-cola num
restaurante ao lado. Na boa, são duas bebidas completamente
diferentes. A coca-cola de máquina do McDonalds é uma coisa (e é
muito boa) e a coca-cola de latinha é outra. Faça o teste qualquer dia.
Aliás, bebi tanto ontem... tomara que não tenha dado nenhum
vexame...
Siberia, do Echo & The Bunnymen, por Marcelo Costa
Siberia
não é só um grande disco, como também uma carta de intenções.
Ok, ok. Mais sete tirinhas do Laerte, vai. Um,
dois,
três,
quatro,
cinco,
seis
e sete.
24/02/2006 - 18h22
Pára tudo, pára tudo, pára tudo: hehehe, gostei disso. Me
lembra o velho bordão "parem as prensas". Bem, já acabaram
os ingressos para estudantes (meia entrada) para o show que
o Oasis faz no estacionamento do Credicard Hall, no próximo
dia 15 de março. Agora, só inteira para ver os irmãos Gallagher,
que está saindo pela pequena fortuna de $ 144,00. Isso mesmo.
R$ 120? Que nada. Existe uma tal taxa de convenciência que
custa R$ 24,00 e que engorda o preço do ingresso.
Na boa, para eu ir ao RJ ver os Stones
eu gastei, incluindo ônibus ida/volta, café da manhã numa
lanchonete da Barata Ribeiro, cerveja e papo com os amigos
num boteco de frente para a praia de Copacabana, várias garrafinhas
de água e caipirinha de maracujá em Ipanema, tudo por R$ 125.
Sério. Um dia inteiro no Rio de Janeiro. É possível se divertir
muito mais com R$ 144 do que ficar vendo os irmãos Gallagher
tocar Wonderwall, Don't Look Back in Anger e
Stand By Me por duas horas.
Ok, ok, ok, assumo: quem pagou a caipirinha de maracujá foi
o André Azenha.
Já começou a venda (apenas para clientes Citibank)
dos ingressos para o show do Echo & The Bunnymen, no Credicard
Hall, dia 19/03. A pista está saindo por R$ 90 e a arquibancada
superior por R$ 70. Preços sem a "maldita" taxa
de conveniência. :)
"Sensacional, extraordinário, bombástico, catártico. Apertado.
Sexy. Suado". Isso tudo é a Juliana Zambelo falando do
show do Franz no Circo Voador, ontem. Ela
foi.
24/02/2006 - 10h21
Filme da noite: a cartomante chega em você e começa a te desnudar:
"seu pai é assim, sua mãe é assim. Quando criança você
era assim, mas hoje você é assado. Você não consegue ficar
no mesmo lugar muito tempo, já amou tantas vezes e foi amado
outras tantas. Você tem medo disso, daquilo e daquilo outro".
Nunca fui em uma cartomante, mas as que tentaram algo em mesas
de bar sempre erram quantas vezes eu amei (risos). Porém,
o filme argentino Roma, do respeitado diretor Adolfo
Aristarain, me desnudou completamente no cinema. Me vi em
tantas cenas, mas em tantas cenas, que parecia que a autobiografia
era minha. No geral, Roma é um filme fraco. Têm um
roteiro simplório, uma edição capenga e um ritmo truncado,
e tinha que ser um filme exatamente assim para me resumir
com tanta perfeição. Lágrimas.
Download: Pop Romantique French Covers and Remakes.
É um disco que, pessoalmente, adoro. Sempre que posso, toco
a versão do Heavenly para Nous Ne Sommes Pas De Anges
em pista. Esse CD ainda traz Luna (La Poupee Qui Fait Non),
Apples in Stereo (Avril En Mai), The Hang-Ups (com
a deliciosa Pardon), e Llyod Cole, como uma cover de
Bob Dylan, em frânces: Si Tu Dois Partir. Download.
23/02/2006 - 11h18
Duas coisinhas rápidas antes de um longo post sobre Lou Reed:
O amigo Gilberto Custódio, que edita o Microfonia,
está estreando um podcast no zine: o "Implosões do Folk".
Com certeza é coisa boa: http://www.microfonia.org
Na onda de podcasts, outro amigo, o jornalista Paulo Terron
(um dos nomes por trás da nova Bizz) apontou
alguns em sua lista
de Melhores do Ano aqui do S&Y. Volto a lista-los aqui, já
que este é o assunto desta primeira parte do post de
hoje:
Ricky Gervais (guardian.co.uk/rickygervais)
Bizz (bizz.abril.com.br/aberto/podcast.shtml)
Rolling Stone (rollingstone.com/podcasts)
Particularmente, indico o Road Movie, que já tem 71 programas,
e seleções deliciosas para se clicar, e ficar ouvindo por
horas e horas e horas . O número 70, por exemplo, traz Cat
Power (Hanging on the Telephone), TV on The Radio (New
Health Rock), Pixies (Gigantic, single version),
The Magnetic Fields (A Chicken With Its Head Cut Off),
Tom Waits (Alice) e The Paris Sisters (I Love How
You Love Me), entre outros. Vale muuuuito. http://blog.tilos.hu/roadmovie
*******
DVD do Dia: Existem poucas pessoas no mundo que admiro mesmo,
de verdade, entendendo que em algum momento da existência
elas foram abençoadas com algum dom especial. Amo Elvis Costello
e Neil Young, por exemplo, mas eles me parecem mais normais,
pessoas que descobriram o jeito certo de viver a vida, e são
ótimos por isso, mas diferentes do que acontece com
gente como Ian McCulloch e Lou Reed. O primeiro, porque ficou
uma magia após eu
o ter entrevistado. Parece que mesmo ele respondendo as
perguntas que fiz, algumas coisas não ficaram claras. Como
assim, você não lê, Ian? Como o cara que compôs Killing
Moon e Back of Love não lê? De onde saíram essas
músicas, essas letras? E a ligação de Ian com Lou Reed é imensa.
Ian sempre sonhou em ser Lou Reed. Já confessou ter usado
várias progressões de acordes do Lou em canções suas. E Lou,
no clipe da versão especial de Perfect Day - com a
participação de vários músicos - está incrivelmente parecendo
Ian! Nisso, me lembro de uma discussão de William Miller com
Lester Bangs em Quase Famosos:
- "Você gosta de Lou Reed?" - pergunta Lester
- "Das canções mais antigas" - responde William, acrescentando
- "Agora ele está tentando ser Bowie. Devia apenas ser ele
mesmo"
- "Mas se o Bowie está sendo Lou, e se Lou está sendo Bowie,
então Lou está sendo Lou" - analisa Lester
- "Para quem gosta de Lou" - encerra sabiamente William Miller.
Bem, estou falando de tudo isso porque acabei de assistir
o documentário Classic Álbuns - Transformer, e é impossível
não ser conquistado por Lou Reed. Lembro dos meus 15 anos
embalados por este velho vinil, que eu ainda guardo. E, logo
depois, sendo devastado pela tempestade New York, um
dos discos que mais ouvi na vida (principalmente o lado A
com Romeo Had Julliete, Halloween Parade, Dirty Boulevard
e There Is No Time). Ian McCulloch, ele de novo, uma
vez observou: "Só mesmo Lou Reed poderia escrever uma canção
dizendo 'Romeo had Juliette and Juliette had Romeo'". Porém,
a frieza de Lou Reed é incrível. Após 50 e tantos minutos
de documentário comentando as gravações de canções clássicas
como Perfect Day, Satellite of Love, Vicious,
Goodnight Ladies e Walk On The Wild Side (todas
do álbum Transformer, produzido por David Bowie e pelo
guitarrista Mick Ronson), Lou encerra tudo dizendo: "É só
um álbum. São só algumas canções". Como assim?
Se você gosta mesmo de música, já deve ter ouvido os dois
maiores clichês do rock que são ligados a este homem: O primeiro
diz que o álbum de estréia do Velvet Underground (o famoso
disco da banana) foi um retumbante fracasso comercial, e que
pouco mais de 500 pessoas viu um show do Velvet na época,
mas cada uma dessas pessoas saiu e montou sua própria banda.
"Se isso é verdade, quem dera me dessem parte dos direitos
autorais", comenta Lou no documentário. O outro clichê
é uma frase mesmo dele: "Minha ambição é fazer rock com textos
tão fortes quanto os de Shakespeare e Doestoevski". Sobre
ela, Lou comentou em uma entrevista (antológica) para o jornalista
Pedro Só, do tempo em que a Bizz virou Showbizz:
"Eu falo demais (risos). Devia estar um pouco fora de mim
quando disse isso (risos). Tudo o que quis dizer é que tento
escrever coisas não descartáveis. Em certo nível, fui bem
sucedido em algumas canções. Sweet Jane, I Love You Suzanne,
Walk On The Wild Side, Rock'n'Roll, aaaahhhh, tem tantas.
Agora, quando você escrever que eu disse "aaaahhhh, tem tantas",
diga, "ele riu, ele fez uma piada".
Bem, o parágrafo anterior foi só um grande parênteses e, na
verdade, este post virou quase uma matéria. Eu só queria falar
que me arrepiei assistindo o DVD do disco Transformer.
Herbie Flowers explicando como juntou baixo acústico e elétrico
para criar a linha melódica de Walk on The Wild
Side é algo sensacional. Lou interpreta algumas canções
de forma acústica enquanto comenta sobre elas. É uma pequena
aula de história da música. "São só três acordes", diz Lou.
"Se eu posso, você também pode", continua, e começa a tocar
misturando, na mesma batida, I'm Waiting For The Man,
Vicious e Dirty Boulevard. "Dizem que eu escrevo
sempre as mesmas canções. Ninguém fala isso do blues. Ninguém
fala isso de Muddy Watters", comenta, contrariado. Bom, ouvindo
o disco agora (acredito que acabo de reentrar numa fase Lou
Reed - New York está no meu colo), meu deus, como é
bom. O que é Perfect Day, Satellite of Love?
Sem palavras.
Transformer - Classic Albuns, por André Fiori
Documentários
como esse são um presente
Animal Serenade, de Lou Reed, por Marcelo Costa
Como
fazer de um show um momento inesquecível para o público
Velvet Underground & Nico - Deluxe, por Marcelo Costa
"Deluxe
Edition" é picaretagem das maiores
Direto do blog de Lour Reed
Eu falo por meio das minhas
canções
22/02/2006 - 12h27
Vou ser rápido porque o dia será corrido, eu preciso almoçar,
fazer umas longas pesquisas para uns freelas longos que pintaram,
e pensar em um novo risoto. O amigo Jonas Lopes insiste para
que eu troque o bacon pelo funghi. Será? Dúvidas.
*******
Aliás, dois amigos queridos que sempre estão com textos publicados
no S&Y divulgam seus novos blogs: Jonas Lopes já tinha estreado
o Gymnopedies no começo deste ano, após problemas no Yer Blues.
Já a queridissima Juliana Zambelo, uma das editoras do BScene
e nome constante nas últimas edições impressas da revista
Bizz, estréia o Popará. Além dos bons pensamentos pessoais
destes dois jornalistas, os espaços permitem posts, aproximando
o diálogo com o leitor (e com os amigos).
Links abaixo:
Gymnopedies, de
Jonas Lopes
Popará, de Juliana
Zambelo
*******
Não fui no U2. Na verdade, fui. Bem, a Juliana explicar melhor...
aqui.
*******
Fragmentos: eu sou tão fascinado por acasos... amo tanto essa
cidade, mas... ando tão desiludido das pessoas... gosto de
cerveja escura... viciei em Seinfeld... apaixonar-se
não é questão de foco e sim de coragem... tento não
me arrepender...
*******
Como é bom esse disco do Flaming Lips, como é bom...
*******
Ontem perdi Bonequinha de Luxo, na sessão especial
em homemangem a Truman Capote, que está acontecendo no Espaço
Unibanco. Tenho o filme em DVD, acho mediano, mas é a Audrey
Hepburn, né. E ver um filmes destes, clássico, em uma telona,
é sempre bom entretenimento. Hoje tem A Sangue Frio
lá. Vou tentar assistir.
21/02/2006 - 13h55
Pára tudo, pára tudo, pára tudo: meu segundo risoto ficou
muuuito bom. :o) Como é que eu fui esquecer do queijo da outra
vez??? Ele foi o toque que faltou, embora desta vez eu até
tenha colocado salsinha e mais vinho. Ah, foi de bacon de
novo.
21/02/2006 - 10h43
Só para distrair enquanto estudo os Beatles
Às vezes somos felizes com pouca coisa
A chuva afoga meu desejo inquieto. Rimos alto de tudo aquilo
que é imperfeito. Como uma benção, não venta. Ela lava as
mãos com as lágrimas do anjo. Ele sempre sonhou com relógios
parados. E tudo foi tempo perdido. Uma palavra resume o conto
de fadas: desencanto. Não me pergunte quando. Esqueci meu
sobrenome, mas como se houvesse alguma raiz amarrada aos meus
pés, não esqueço dos seus olhos. É tão estranho. Pareço estar
acordado dentro de um sonho que eu não sonhei. E foi um sonho?
A melancolia bate na porta da casa, pede uma taça de vinho
e diz: voltei. Não basta rir do acaso, é preciso brincar de
palhaço e abraçar a vileza como se ela fosse uma princesa.
Estar pronto quando levarem seu coração à mesa e entre garfadas
reclamarem que a carne está mal-passada. Rimos quase dois
segundos antes de nos perdermos no escuro. É uma piada. Enquanto
uma menina de saia azul e belas pernas desfila em Ipanema,
a noite chega, nos abraça e nos leva a primavera. De mãos
dadas. Não espero nada. Famosas sejam as últimas palavras.
Me desculpo com Yemanjá pelo desejo que pedi e abandonei.
Se preciso falar algo, até hoje não sei. Aconteceu. Não posso
me arrepender de tentar ser eu. Ser seu. A noite passa veloz
entre taças de sorvete de chocolate, poemas de Hilda Hilst
e canções do Morphine. Nem fecho os olhos e o telefone toca.
O sol afaga meu desejo inquieto. Rimos alto de tudo aquilo
que é imperfeito. Como uma benção, venta. E ventar por hoje
basta. Às vezes somos felizes com pouca coisa.
20/02/2006 - 12h46
Na semana passada comentei o quanto criticar negativamente
uma banda adorada pode render centenas de e-mails grosseiros
em sua caixa postal. Melhor exemplo é o blog que o amigo e
jornalista Marco Antônio Bart (Jornal do Brasil, Rock
Press, Scream & Yell) criou para postar as mensagens
que recebia sobre suas críticas no site Clique Music. Segundo
o Bart, o blog não está sendo atualizado desde agosto de 2002,
mas vale muito a visita. http://chutemocritico.blogspot.com/
André Ramiro, guitarrista da banda curitibana OAEOZ, apresenta
seu novo projeto: Índios Eletronicos. A banda/projeto pretende
lançar o disco Brados Retumbantes o final de fevereiro,
o qual já está disponível em primeira mão nos meios eletrônicos,
porém como pré produção. Baixe gratuitamente no Trama Virtual.
Aqui.
Em março, além de Oasis e Echo & The Bunnymen, São Paulo também
irá ver, em dois shows, o trio Medeski, Martin & Wood. Um
dos shows será no Sesc Pompéia.
Meds, o novo do Placebo, pode ser baixado aqui.
Já baixei, mas não ouvi...
A melhor entrevista de Iggy Pop para o Brasil é da Trip. Leia.
A semana começa estranha. Tem U2 hoje e amanhã em SP (e convites
aparecendo "misteriosamente" para todos os setores do Morumbi
na bilheteria do estádio), devo conhecer a Vila Belmiro na
quarta, e torço por um convite do Franz na quinta. Depois,
um longo retiro pós-carnaval no interior. Não tenho a mínima
idéia do que estou sentindo... e começo a achar divertido
tudo isso. É bom rir de si mesmo.
19/02/2006 - 11h57
"Quero que você
me ame bastante
Daqui até a Constante Ramos
Vamos lado a lado
como dois gigantes
enfrentando os ônibus"
Talvez fosse óbvio que a minha canção de sábado no Rio de
Janeiro fosse algum clássico stoniano, mas que nada. Como
passei a manhã e boa parte do dia bebendo ao lado de amigos
num boteco na esquina da Constante Ramos com a Av. Atlântica,
me lembrei na hora dessa música do Cazuza, Quarta-Feira,
uma das minhas preferidas do álbum Só Se For a Dois.
Cantei o dia todo. E sou apaixonado pelo Rio...
E não é legal ficar andando dentro do tabuleiro do Banco Imobiliário?
Eu ficava caminhando na Av. Atlântica, em Copacabana e Ipanema,
e imaginando em que lugar eu poderia colocar um prêdio e algumas
casas (risos). Vou entrar na comunidade do Banco Imobiliário
no Orkut :)~ Ah, uma que entrei hoje foi na dos moradores
da "Vila Buarque", que é da divertidíssima Pri. Uma outra
amiga se refere à Vila Buarque carinhosamente como "Baixo
Higienópolis" (hehehe), mas a Pri defende que o legal é exatamente
morar na faixa que separa o lixo do luxo. Muito bom! :)
O show dos Stones? Ah, é tudo aquilo que todo mundo já falou.
O som estava perfeito. Eu estava com vários amigos na areia
da praia. Só clássicos, além de novas como a ótima e funkeada
Rain Fall Down e o poderoso rock Rough Justice.
O pique de Mick Jagger impressiona. Ron Wood ganhou muitos
pontos. Charlie Watts parece um lorde tocando bateria. E Keith
Richards é Keith Richards. Meus olhos encheram em Wild
Horses (vai ficar linda no DVD), Start Me Up levantou
areia e as versões de You Can't Always Get What You Want
e Midnight Ramber foram acachapantes.
Essa foi a foto
mais bacana que eu vi do show. Onde está Wally? Tô ali no
meio.
Após uma hora mergulhado na banheira - recuperando as energias
deixadas na água de Ipanema, na praia de Copacabana, e na
caminhada Botafogo/Flamengo - dá para começar a pensar no
U2. Segunda ou terça? Bem, vou cochilar um pouco, tentar esquecer
o desencanto e a melancolia. Como recomenda um texto
da BBC (thanks, Li), "o cérebro consciente deve ser usado
para questões simples, como escolher entre toalhas e xampus".
O problema é que sou tão inconsciente. Às vezes acho que não
me amo tanto quanto acho que deveria. Às vezes acho que, na
verdade, sou o contrário de Erico Verissimo, que dizia, "eu
me amo, mas não me admiro". Pensamentos complicados para um
domingo de manhã, né. Esquece. Deixa pra lá.
Para compensar, dois textos recorrentes quando o assunto é
carnaval. Como a minha vida anda sem começo nem fim e minha
alma foi comprar sorvete de chocolate no Alasca, sei lá o
que vou fazer no carnaval, mas assino embaixo destes dois
textos que seguem. O primeiro é um texto recorrente que sempre
indico nestas épocas: "Curta o Carnaval que esse pode ser
o seu último verão", de André Forastieri, uma coluna que só
mesmo o grande Forasta poderia ter escrito. Confira.
O outro link é para as seis colunas que o jornalista inglês
Matthew Exell, da BBC, escreveu no Carnaval do ano retrasado,
uma das mais hilárias visões dessa festa tipicamente brasileira.
Os relatos do terceiro e quarto dias são impágaveis. Leia
o primeiro dia, e na barra lateral estão os outros dias. Segue
um trecho:
"Antes do bloco, no entanto, tem uma coisa que eles chamam
"concentração". Não sei se tenho paciência para isso. Eu sei
que carnaval é coisa séria para as pessoas daqui, mas de onde
eu venho não é preciso se concentrar muito para aproveitar
uma festa! Talvez eu pule essa parte, dê uma deitada, tome
um banho um pouco mais longo. Estou aqui para a festa, não
para alguma reunião chata antes de a festa começar...
Depois da terceira caipirinha, começo a rir sozinho. Afinal
de contas, a concentração é divertida, penso eu. Já na sexta
caipirinha começo a achar que a concentração é a melhor idéia
que já encontrei no Brasil. Todo mundo balança a cabeça, aquiescendo.
Eles já sabiam disso. Mas isso não impede que eu tente convencê-los
da minha mais nova conclusão."
Confira
as colunas que do jornalista inglês Matthew Exell, da BBC
Continuo batendo na mesma tecla: O mundo é uma droga, mas
vale muito estar vivo.
17/02/2006 - 13h29
Filme do dia: Feitiço do Tempo. Uma amiga querida sempre
me falava desse filme e eu sempre confundia, acho, com Feitiço
da Lua. Ela relembrava algumas cenas, eu forçava a memória
e nada. Bem, semana retrasada ela me emprestou o DVD e eu
amei o filme, uma comédia romântica extremamente inteligente,
de frases belíssimas, roteiro absurdo de tão genial, além
de ótimas atuações de Bill Murray e Andie MacDowell. Murray
é um repórter de televisão que faz previsões de tempo e que
vai à uma pequena cidade para fazer uma matéria especial sobre
o inverno, no badalado Groundhog Day, ou seja, O Dia da Marmota.
Por um feitiço, o jornalista acaba ficando preso na cidade,
destinado a viver o mesmo dia para todo o sempre. Toda vez
que toca o relógio às 6h, o dia começa exatamente igual ao
anterior. E só ele percebe isso. O que você faria se tivesse
apenas um dia na vida? Roubaria? Comeria muito? Se mataria?
Iria ao cinema? Salvaria o mundo? Se apaixonaria? Teria aulas
de piano? "Eu me matei tantas vezes que nem existo mais",
diz o personagem, cansado da rotina absurda, tempos depois,
para concluir mais tarde: "Não mereço alguém como você, mas
se um dia você fosse minha, juro que a amaria pelo resto da
minha vida".
Anote: Feitiço do Tempo, e procure na locadora. Vale
muito. (Thanks, He, mesmo)
Será que dá para encarar o Ludov tocando Mutantes no Stúdio
SP antes dos Stones?
Da série "Recordar é Viver": Djalma
Jorge!
A banda curitibana OAEOZ comemora um ano de lançamento do
álbum Às Vezes, Céu, disponibilizando o disco na integra
no Trama Virtual. As doze faixas de um dos grandes discos
de 2005, de graça, num clique. Lembre-se que é deste disco
que saiu a baladaça Dizem, apontada como uma das melhores
canções de 2005 no Melhores do Ano do S&Y. Siga o link: www.tramavirtual.com.br/oaeoz
Às Vezes, Céu, do OAEOZ, por Marcelo Costa
Caso raro de belas flores
que nascem no asfalto
Abaixo, trecho da nova coluna de Dulce Quental, que só deve
ser publicada lá para quarta, quinta que vem. Mas é bom para
você ficar pensando, caro leitor, enquanto se dirige ao cinema
para assistir a Match Point, novo filme de Woody Allen.
"Deve ser duro chegar a conclusão de que a vida é
uma questão de sorte. Se estamos de tal forma abandonados,
boiando dentro de cenários de realidade, como personagens
numa cena do acaso, o que fazer das nossas vidas? Se acreditarmos
que a lei de causa e efeito - que faz com que o nosso destino
esteja nas nossas mãos - é uma ilusão, o que nos restará?
Em 'Match Point', Allen parece nos perguntar: Pra que? Se
somos impotentes e não podemos mudar o que nos cerca, se estamos
entregues a um mundo psicopata e claustrofóbico? Pra que?"
Match Point, por Marcelo Costa
Trágico como história,
genial como cinema
Para finalizar: se eu precisasse escolher uma palavra, apenas
uma palavra, para definir um dia, e os últimos seis confusos
meses, essa palavra seria "desencanto".
16/02/2006 - 04h19
Por que alguém mantém um veículo de comunicação? Para ganhar
dinheiro, responderia o mais esperto. Bem, não é muito o nosso
caso, muito embora tenha chego a hora de assinarmos com um
grande portal e alçarmos vôos maiores (já estou ouvindo alguém
me chamando de traídor do movimento - risos). Fora o dinheiro,
a maioria das pessoas que cria um veículo de comunicação,
seja ele um jornal, uma revista, um site, um fanzine, está
procurando um espaço para falar de coisas que muitos outros
lugares não falam, por falta de interesse, foco ou conhecimento.
E de uma forma diferente dos outros lugares. Porém, o que
sempre me atraiu em ter um veículo não foi só poder falar
do disco tal da banda tal de uma forma pessoal, uma mistura
de jornalismo com passionalidade. Foi também, em momentos
x, poder cuspir no monumento e sacanear toda a engrenagem
exercitando a teoria da comunicação. Ter um veículo é plantar
ideologias. Se todos estivessem bem cientes disso, talvez
não levássemos tão à sério o Jornal Nacional, a Veja,
A Folha de São Paulo, o NME. Vez em quando me
sinto na obrigação de cutucar o leitor quanto a isso. "Seja
dono de suas próprias opiniões", vivo repetindo, clamando
para que ninguém leve a mídia à sério. Cuidado quando alguém
diz que isso ou aquilo é imperdível, essencial, obrigatório.
Vivemos a época da banalização dos adjetivos. Pouca coisa
se sustenta. "Não devo acreditar em você?", pergunta o leitor.
Sim, não deve acreditar em mim. Nem em ninguém. Você pode
tomar as minhas opiniões como um norte à seguir até chegar
as suas, mas nem eu, nem ninguém é dono da verdade. Cada um
é dono da sua verdade. É claro que ler um texto nos aproxima
da pessoa que está escrevendo. E a leitura diária nos faz
descobrir várias semelhanças de gostos. Não nego isso. E se
estou aqui é porque, um dia, me apaixonei pelos textos de
gente como Ana Maria Bahiana, Arthur Dapieve e André Forastieri,
só para citar três. Eles me moldaram, e eu sempre pude confiar
neles. Eles nunca trairam essa minha confiança. Eu pretendo
nunca trair a confiança de ninguém. Em cinco anos escrevendo,
já recebi milhares de e-mails, tanto elogiosos quanto críticos.
Dos elogiosos não precisamos falar nada além de que eles muitas
vezes salvam o dia. Já dos críticos, poucos são os que conseguem
ultrapassar o limite raso do ataque pessoal. Exemplo: na resenha
de A Bigger Bang, dos Stones, procurei fazer um retrato
real da banda e elogiei o disco. Primeiro comentário de uma
menina: "Meu, porque vc não morre? vai cuidar da sua vida,
inveja é uma coisa horrível, sabia? os Stones são maravilhosos
e eu aposto que vc não chega aos pés do Mick! Ele, mesmo tendo
62 anos continua lindo! Pare de invejar os outros, vê se te
manca idiota!". Gente, é sério. Está aqui,
texto e comentário, no querido site parceiro Speculum. E o
texto era elogioso (risos). Esse é um exemplo de 95% dos e-mails
reclamativos que chegam não só para mim, mas para todos os
jornalistas que ousam criticar instituições da mídia, sejam
elas os Stones, o Coldplay, Spielberg ou os Strokes. No entanto,
exceções existem, e abri todo esse longo texto para falar
de uma destas exceções, um e-mail que recebi na madrugada
de quarta-feira, e que me fez derrubar lágrimas, tamanha sua
honestidade, sinceridade e emoção. De Belém do Pará para o
meu computador em São Paulo, o leitor Elvis Rocha "perdeu"
alguns minutos de seu intervalo no trabalho para contar as
impressões que o meu texto sobre o último disco dos Strokes
causou nele. A clareza de idéias me comoveu. Não é porque
um cara que você admira diz que tal coisa é irrelevante
que você tem que aceitar. É contra isso que eu brigo. É por
isso que eu escrevo. Para que as pessoas pensem. Não mudo
uma virgula do texto que escrevi, pois aquela é a minha opinião,
e é assim que eu a defendo: argumentando com as minhas palavras
e meu coração. Mas me senti honrado em poder receber uma resposta
tão lúcida, às vezes contrária, a minha opinião, mas balizada
por uma das poucas coisas que são realmente válidas na vida:
a emoção. Entendo bem a emoção. E abro espaço neste veículo
tosco que edito com toda paixão que me movimenta para publicar
a integra do e-mail do Elvis Rocha. Ele praticamente completa
o meu texto com coerência e inteligência. Grande abraço, amigo.
Valeu pelo carinho.
De: elvis rocha
Enviado: quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006 02:25:52
Para: maccosta@hotmail.com
Assunto: Sobre os Strokes
Marcelo,
Meu nome é Elvis Rocha. Moro em Belém do Pará e acompanho
o screamyell com bastante assiduidade. Sempre considerei o
site um dos melhores referenciais para quem curte música alternativa
sem o ranço sectário que muitas vezes quem curte esse tipo
de som (alternativo, né? o q é isso?) acaba carregando. Gosto
particularmente dos teus textos. Combinas qualidades que admiro
em quem se põe a escrever sobre coisas, como a música e a
literatura, que nos emocionam: clareza de idéias emoldurada
num texto leve, somada a um talento para não ofender mesmo
àqueles que não concordam necessariamente com as opiniões
que exprimes. Eu, fã de gente como Nelson Motta e Artur Dapieve,
considero esse último uma das maiores virtudes para qualquer
um que se meta a falar de música.
Resolvi escrever esse email depois de ler o teu texto sobre
o disco novo dos Strokes. Já tive vontade de fazê-lo outras
vezes, mas não sei bem quala a razão, dessa vez decidi sentar
aqui no intervalo do trabalho e mandar esse textinho, feito
metade para te parabenizar e metade para dar meu próprio testemunho
sobre a imbecilidade dos nova-iorquinos e sua música sem novidade.
Sou um grande fã dos Strokes. Confesso que das bandas que
apareceram no cenário da música nos últimos anos, ela foi
a única que conseguiu me fazer sentir aquele tipo de excitação
que caracteriza muito da música pop. Também adoro as bandas
que citaste (Radiohead, Wilco etc), mas elas estão num patamar
diferente no meu panteão. O que gosto nos Strokes é que eles
reúnem características que fazem com que eu acabe voltando
para os primeiros tempos em que curtia música. Era um tempo
em que meus pontos de vista sobre música e canções eram muito
pouco desenvolvidos para que eu soubesse, por exemplo, que
os Beatles sugaram boa parte das suas idéias de bandas contemporâneas,
que muitas daquelas idéias que eu considerava tão geniais
já haviam sido esboçadas por outros artistas, infelizmente
menos cotados na lista de Top Hits da Billboard. A única coisa
que eu sabia era que aquela música me emocionava e conseguia
- virtude das virtudes - me deixar com um sorriso no rosto.
É isso que os Strokes conseguem fazer comigo. Concordo plenamente
contigo quando dizes que não existe novidade no som deles.
Não há mesmo, mas não considero que essa seja a intenção principal
dos músicos, que são bastante limitados, como bem apontaste
no teu texto. Tenho 28 anos, e minha lista de preferências
me colocaria num patamar médio em termos de rock´n´roll (assunto
principal aqui). Gosto de Beatles como adoro Zombies e Van
Morrison e Bob Dylan, assim como venero Elvis, Buddy Holly,
Jerry Lee Lewis e tantos outros que vieram fazendo a história
dessa coisa que tanto amamos, chamada rock. Mas não consigo
resistir a um clichê bem feito nessa área. E é isso que os
Strokes são. Um ótimo clichê. Sabes que são muitas as tentativas
de impingir aos amantes de música genéricos de todos os tipos.
Alguns só conseguem gerar gargalhadas, e esses a história
trata de cuidar por si mesma. Mas há outros, e permito-me
humildemente incluir os Strokes nessa lista, que não disfaraçam
a sua natureza (genéricos), mas resolvem do mesmo jeito. E
divertem, Marcelo. Fazem sorrir. Afinal, no fim das contas,
o que vale mais que um sorriso gerado por uma melodia amada
nesse nosso universo pop, não? Um outro exemplo de genérico
adorável, permita-me acrescentar, é o Belle and Sebastian.
A diferança entre as duas bandas é q o B&S nunca tomou para
si a responsabilidade de "salvar o rock", algo que não sinto
que tenha sido a intenção dos garotos dos Strokes. O problema
é o que a mídia (esse conceito tão largo e escorregadio) faz
com um fato novo como foram os caras no começo dos anos 2000.
Exalta e cria celebridades que incorporam atração e rejeição
tão grandes quanto seus elogios e impropérios.
Esse último ponto foi o que achei mais bacana em teu texto.
Também compreendo as coisas desse jeito. Acho que uma banda
que é só uma banda legal já faz o suficiente para ficar na
história, pelo menos na história particular de pessoas que,
como eu, compra seus discos e tem prazer em buscar novidades
sobre ela. Não precisa mais do que isso, não. Levar a música
pop a sério é um efeito colateral daquele baseado fumado pelos
Beatles com o Dylan em 64, como sempre digo para meus amigos.
Não houvesse aquele fuminho, não estaríamos escrevendo sobre
tudo isso, e eu não estaria te importunando com minhas impressões
sobre Strokes e etc.
Fiquemos com a emoção. O Mario Quintana dizia que há coisas
que o vento não consegue levar. Uma lembrança boa é uma delas.
Os teus textos quase sempre me fazem pensar que há vida inteligente
nos meios alternativos, quase sempre tão raivosos e preconceituosos.
Esse, me fez sentar aqui e escrever, o que não é pouca coisa.
Grande abraço e desculpe uma possível falta de coerência no
texto. Estou escrevendo de acordo com o aparecimento das idéias
e correndo contra o tempo (chegou a hora de voltar ao trabalho).
Grande abraço.
Elvis Rocha
14/02/2006 - 23h57
Filme da noite: Diretor do filme mais comentado da temporada
(o que não quer dizer que seja o melhor), e virtual dono da
estatueta de direção no Oscar 2006, Ang Lee não têm em seu
currículo apenas O Tigre e o Dragão, Hulk e
Razão e Sensibilidade. Na verdade, o filme mais denso
de Lee é - antagonicamente - seu filme mais cult: Tempestade
de Gelo. Lançado em 1997, e contando com um jovem elenco
que iria dar muito o que falar nos anos seguintes, Tempestade
de Gelo é muito melhor, mais pesado tematicamente e dolorido
que Brokeback Mountain. O elenco 'juvenil' contava
com Elijah Wood, Tobey Maguire, Katie Holmes e Christina Ricci.
À frente dessa "molecada", Kevin Kline, Joan Allen e Sigourney
Weaver numa trama que ousa juntar a história em quadrinhos
O Quarteto Fantástico com Dostoievsky (a citação defendida
pelo personagem de Katie Holmes não está à toa ali
no começo do filme) para exemplificar a real importância da
família. Parece piegas, mas não há nada de pieguice nesta
obra tocante de Ang Lee. Há silêncio, chuva e muitos desencontros.
Sensacional. Não à toa, um dos meus quinze filmes preferidos
da década de 90.
Um Década em Quinze Filmes
Não é uma mera listinha
13/02/2006 - 14h07
Pára tudo, pára tudo, pára tudo. O amigo Leandro Souza, eterna
família S&Y e um dos nomes do Gordurama passa a bola: acaba
de 'vazar' At War With The Mystics, o aguardadíssimo
sucessor de Yoshimi, do Flaming Lips. Link para o blog
do Leandro, para que além de baixar vocês deixem um agradecimento.
O disco inteiro. Aqui.
13/02/2006 - 01h59
Filme da Noite: Ahhhhhh... relacionamentos (putz, lá vem ele
de novo - risos). Assistindo Seinfeld durante os últimos
dias (terminei a primeira temporada hoje), comecei a pensar
em algumas coisas da mesma maneira que o humorista. Sabe,
isso de você viver algo e querer entender esse algo de alguma
forma, e daquilo ser repassado de alguma maneira? Bem, é o
que estou tentando fazer aqui. Penso o seguinte sobre duas
pessoas que se gostam: se ele gosta dela e ela gosta dele,
eles ficam juntos. É simples, não? Não, não é simples. Nunca
é. Geralmente alguma coisa dá errado e acabamos todos dentro
de um filme hollywodiano em que o mocinho precisa enfrentar
mil e um obstáculos até conseguir o amor da donzela. Particularmente,
não consigo entender como alguns homens podem insistir tanto
em conquistar uma mulher. Penso que somos todos inteligentes,
então nada de joguinhos, ok. Eu estou afim, você também, então
não vamos perder um tempo em que poderíamos estar se divertindo
com jogos de amor. Geralmente, se me declaro, ou dou uma cantada
em uma garota numa balada, ou algo assim, e não rola, automaticamente
eu desisto. Não confunda com diminuição de desejo. Se eu me
declarei, é porque eu a quero. E provavelmente vou estar a
querendo na semana seguinte. Só acho que mais do que estar
apaixonado (ou interessado), me preocupa estar sendo inconveniente.
Eu me declarei, não rolou nada, por que eu tenho que me declarar
de novo? Não é o medo de levar outro fora, e sim o medo de
insistir em algo que não existe. De bancar o chato. E de ser
um bocadinho racional: se eu a quis ontem, e ela não me quis,
por que hoje ela iria me querer? Essas coisas mudam de acordo
com o dia da semana, as fases da lua, a posição dos planetas?
O fato é que raramente eu tento uma segunda vez. Parto da
idéia que ela já sabe, e se amanhã ela acordar e pensar "eu
ficaria com ele hoje", ela viria e se declararia. Simples.
No mínimo, daria um belo sinal (mas como expliquei uns posts
atrás, os homens sempre, sempre, sempre confundem os sinais).
Então o senhor Wong Kar-Wai joga na tela de seu filme, o belíssimo
2046, que "só quem não aceita um 'não' consegue tudo
o que quer". E o senhor Johnny Cash prova a regra em Johnny
& June, que acabei de reassistir: ele precisou pedir June
Carter dezenas de vezes em casamento até ela aceitar. Pior:
eles foram felizes "para sempre", que se resume em um casamento
de 35 anos. Oras, se Johnny Cash tivesse desistido na primeira
vez, ele nunca teria sido feliz como foi com June Carter.
E ele insistiu. Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito.
Qual a saída? Quem está certo? Qual a regra? Sinceramente,
não sei. Não entendo muito de charme (risos) e sou meio impaciente
com joguinhos. Sempre tento respeitar a outra pessoa. Gostaria
de ser respeitado da mesma forma. No amor - e em quase tudo
na vida - não existem meias palavras. As coisas são. Amamos
e pesamos um monte de coisas que nos obrigam a decisão x e
a decisão y. Só gostaria de entender esse joguinho de caça
e caçador. Não só gostaria de entender como invejo os insistentes.
É claro que às vezes eu insisto, mas me culpo tanto como se
estivesse fazendo algo tolo. Então vejo Cash e Carter, um
casal praticamente perfeito, e fico me perguntando quem é
o tolo. E o tolo ainda sou eu. No amor não existem saídas,
ninguém está certo ou errado, não existem regras. Existe você
e quem você ama. Parece complicado? :o)
Johnny & June
Um belo retrato do
amor na idade de ouro do rock'n'roll
2046
O amor sem final feliz
12/02/2006 - 14h24
Preguiça. E um pouco de ressaca. Só um pouco. Um pouquinho
mesmo. Morrissey pede para que Deus o ajude. "I am walking
through Rome/ With my heart on a string/ And I am so very
tired/ Of doing the right thing", ele canta. Ao final, ele
repete algumas vezes sobre a orquestração de Ennio Morricone:
"The heart feels free".
Acredita que depois de feito o risoto, aprovado segundo as
observações do post de ontem, descobri que, ao guardar os
ingredientes, esqueci de colocar o queijo? :)
A versão de Nick Cave para Disco 2000 é algo belíssimo
demais para ser descrito.
Mais alguns episódios de Seinfeld (já foram uns sete),
um filme de Woody Allen (o mediano Sonhos Eróticos de Uma
Noite de Verão), e Ana Cristina César dormindo ao meu
lado: "Hoje estou doente de tanta estupidez porque espero
ardentemente que alguma coisa... divina aconteça. F for Fake.
Os horóscopos também erram".
Dia de sol, mas já sabe: se chover não precisa molhar as plantas.
Parei de respirar por segundos quando vi a capa da Vanity
Fair nova. Para
sonhar.
11/02/2006 - 14h52
Dia nublado. A melancolia rasga o peito. Um disco no repeat:
Colin Meloy sings Morrissey. Colin é vocalista dos
elogiados Decemberists e lançou este EP em 2005. Apenas ele,
um violão e aquelas canções mortíferas que batem forte na
alma. A versão dele para Every Day Is Like Sunday é
algo simplesmente emocionante. Colin Meloy sings Morrissey
reúne seis faixas e pode ser baixado diretamente neste link.
Do capítulo "o primeiro risoto a gente nunca esquece". O arroz
poderia estar mais macio e acho que o alho poró refogado
passou um pouquinho do ponto. Mesmo assim, meu primeiro risoto,
que fiz sozinho, eu e meu fogão, está bem bom. Dá para sentir
o gosto do vinho em algum lugar, mas quem manda no prato é
o bacon. Muito legal e terapeutico ficar mexendo no arroz.
Acho que tenho jeito. Não vou morrer de fome.
:)
O novo disco do Los Pirata promete. A banda já é responsável
por um dos melhores shows de rock do País e o repertório novo
está bem bacana. O show nesta madrugada, no projeto A Moda
é Rock, foi ótimo. Já os portugueses do The Gift surpreenderam
o público com uma excelente apresentação. Bela noite, boa
música. Falo um pouco mais sobre tudo quando minha alma voltar.
Ela foi comprar sorvete.
10/02/2006 - 15h25
Acordei tão sem vontade hoje. Dei uma volta, olhei as ruas,
voltei pra cama. Não sei nem o que dizer mais. Convenhamos:
eu não preciso dizer nada. Mas vou sorrir, ok.
09/02/2006 - 17h16
Morrissey, Seinfeld e Homens de Vênus/Mulheres de Marte. Ok,
vamos por partes:
Já está circulando na rede You Have Killed Me, a terceira
(e melhor) faixa de Ringleader of the Tormentors, o
aguardado novo álbum de Morrissey, que só chega às lojas em
abril. Vou organizar meus comentários, ok:
01) I Will See You In Far Off Places (Download)
Guitarras barulhentas, teclados com tons orientais e a voz
imponente de Morrissey sobre tudo isso. Ele já escreveu essa
música umas cinco vezes, mas até que ela começa a ficar bem
bacana após duas ou três audições. Na ótima letra, o bardo
joga uma balde de água gelada sobre aqueles que o tomam como
messias ("Nobody knows what human life is. Why we come, why
we go. So why then do I know?) e termina falando das bombas
dos EUA em um final melodicamente apoteótico.
02) Dear God, Please Help Me (Download)
Baladaça com mão de Ennio Morricone no arranjo. Outra canção
que o cara já escreveu várias vezes, mas é impossível
negar a beleza da melodia. A letra é o Morrissey de sempre,
desta vez caminhando pelas ruas de Roma (a Itália deverá ser
a grande influência do álbum):
"I am walking through Rome / With my heart on a string / Dear
God, please help me"
03) You Have Killed Me (My
Space)
Primeiro single. "Antecede" o álbum chegando às lojas no dia
30 de março. Rock de riffs fortes e refrão empolgante. A letra
cita "entidades" italianas como os diretores Pier Paolo Pasolini,
Luchino Visconti e a atriz Anna Magnani. Confira o refrão:
"As I live and breathe
You have killed me
You have killed me
Yes I walk around somehow
But you have killed me
You have killed me"
Fique atento ao blog
do Rodolfo para ir baixando as outras nove faixas de Ringleader
of the Tormentors conforme elas forem aparecendo na Web.
Aproveitando, vou linkar aqui o meu texto sobre a edição especial
do álbum You Are The Quarry.
You Are The Quarry - Special Edition
É impossível negar
a força de Stephen Patrick Morrissey
*******
Assisti nesta manhã ao episódio piloto da série Seinfeld,
que abre o box especial com as duas primeiras temporadas do
programa. Acho que devo gostar da série conforme ela engrenar.
O episódio piloto tem vácuos e buracos que o próprio Seinfeld
assume no making of. Não traz cenas antológicas, mas é bem
interessante. No entanto, o que me faz escrever dele aqui
é o tema, bem sacado, e bem desenvolvido no final do episódio:
como os homens confundem os pseudos-sinais das mulheres.
É mais ou menos assim: Laura, uma garota que Jerry conheceu
em uma viagem, liga para ele avisando que estará em Nova York
para um seminário, e que gostaria de vê-lo. A pergunta que
fica é: "Por que ela ligou? Será que ela está interessada
em algo? Será que vai rolar algo?". Bem, corte para a véspera
da chegada da garota. Ela liga à noite perguntando se pode
dormir na casa dele, porque não encontrou um quarto de hotel
vago. O amigo George dispara: "Devem existir milhões de quartos
de hotéis em Nova York. Como ela não encontrou?". No dia seguinte
estão os dois esperando Laura no aeroporto. Jerry a recebe,
a leva pra casa. Ao chegar, diz para que ela se sinta à vontade.
Ela tira o sapato, coloca os pés no sofá. Ele oferece pão,
chá. Ela pede vinho e pergunta se pode diminuir a luz. Ele
se empolga. Ela pergunta se pode ficar um dia a mais e eles
fazem planos para o dia seguinte. Nisso toca o telefone e
é o... noivo de Laura. No monólogo final, Jerry define sabiamente:
- Juro que não faço idéia do que as mulheres pensam. Eu não
entendo, certo. Eu não capto os sinais. As mulheres são muito
sutis. Tudo o que fazem é muito sutil. Os homens não são sutis.
Nós somos óbvios. Elas sabem o que eles querem. Eles também.
O que nós queremos? Mulheres. É isso. É a única coisa de que
temos certeza. Como conseguir mulheres? Isso não sabemos.
Nós ignoramos o passo seguinte. O incrível é que ainda conseguimos
mulheres. Os homens estão com mulheres. Você os vê com elas.
Como eles conseguem mulheres, muitos se perguntam. Vou contar
um pouco sobre a nossa organização. Onde estiver uma mulher,
tem um homem trabalhando na situação. Ele pode não ser o melhor
dos homens. Há muitas áreas para cobrir, mas alguém da nossa
equipe sempre estará no local. Por isso ficamos chateados
quando vemos mulheres lendo artigos "Onde conhecer homens?".
Nós estamos em todos os lugares.
*******
Vamos combinar que a opinião do Jerry Seinfeld é um bocadinho
machista (risos). Mas ele têm razão em muitos pontos, principalmente
quando diz que nós, homens, nunca entendemos os sinais ou
seja lá o que for que vocês, mulheres, deixam escapar aqui
e ali. Não entendemos e isso é um fato. Uma amiga querida
me prometeu um manual que irá versar sobre ser homem e amigo
de uma mulher. De cara me lembro do Harry (de Harry & Sally
- Feitos Um Para o Outro) defendendo que homens não conseguem
ficar amigos das mulheres. É uma generalização tola, mas que
também tem seu fundo de verdade. Acredito que podemos sim
ser amigos de mulheres, mas a admiração (tanto física quanto
de personalidade) muitas vezes pode levar um casal de amigos
a se transformar em um casal de namorados. Há problema nisso?
A Cá, que irá fazer o manual, diz que temos que ser mais claros
em nossos intentos: ou queremos ser amigos ou queremos ficar
com elas. Não vejo isso de forma tão simples. Primeiro porque
o interesse pode surgir com o tempo. Segundo porque uma boa
parcela de nós homens é romântica. A gente não vai sair por
ai dando em cima das amigas apenas porque descobrimos que
estamos afim delas. Há um momento x para isso acontecer. A
gente espera esse momento pacientemente. E quando acontece
a gente erra tudo, mas tudo bem. O problema é sempre o risco
de se perder uma amizade especial pelo simples fato de se
querer estar um pouco mais próximo do que amigos podem ficar.
De repente, aquilo que não era nada pode se transformar em
uma bela história de amor. Ou não. O fato intrigante, na verdade,
é o quanto confundimos os sinais. Pelo começo que tive em
2006, desisti de entender estes malditos sinais (risos). Só
cometo erros, e tudo bem que apaixonados só vivem cometendo
erros, mas às vezes tudo parece tão claro, tão claro, mas
tão claro, que é impossível imaginar que seja outra coisa.
E é outra coisa. Quase sempre é outra coisa. Seria tão mais
fácil se tudo fosse mais simples, não? Seria, mas nunca é
simples. Depois dizem que nós, homens, não entendemos as mulheres.
Eu ainda acho que não precisamos entender as mulheres, precisamos
apenas ama-las. Mas para se amar é preciso entender um pouco
de sinais. Alguém tem um manual prático ai?
*******
Me lembrei de Bob Dylan: "É impossível amar e ser esperto
ao mesmo tempo". Anote.
08/02/2006 - 01h51
Filme da madrugada: Match Point. Algumas considerações
após assistir ao melhor filme de Woody Allen em anos. 01)
É incrível como existe um número grande de pessoas que é preparada
para sentir as coisas sempre do mesmo jeito. Então, quando
se come uma picanha, é sempre gosto de picanha, independente
se ela estiver bem ou mau passada, independente se o cara
colocou patinho no lugar da picanha: a pessoa já colocou na
cabeça que o gosto é aquele, pra que pensar e descobrir um
novo gosto, não é? Bem, desta forma, é incrível a quantidade
de pessoas que ria durante a sessão de Match Point.
Não que rir incomode, muito ao contrário. O problema é que
não havia cenas para rir. As pessoas riam porque é isso que
se espera de um filme de Woody Allen: que ele te faça rir.
Não estranho, as gargalhadas foram diminuindo de acordo com
que o tempo ia passando. Não há comédia em Match Point,
mas sim muita ironia, mas muita mesmo. E pessimismo. Allen
é um pessimista por natureza, mas sempre disfarçou isso com
o humor. Match Point exibe outro Woody Allen, o do
lado trágico de Crimes & Pecados (conforme reiterou
o amigo Jonas Lopes pós sessão). Match Point é uma
tragédia dos tempos modernos. A ópera não está á toa ali.
Pode-se rir, mas de nervoso. 02) O roteiro do filme entortou
tanto a cabeça do cara que estava atrás de mim que alguém
precisa dizer a ele que a carreira de investigador não combina
com ele. "O cara vai fazer isso". E acontecia outra coisa.
"Nossa, agora vai acontecer aquilo". E acontecia outra coisa.
Allen deu um baile no rapaz falastrão com seu ótimo roteiro.
03) O filme fica ainda melhor após a segunda sessão. 04) Acho
que, definitivamente, cheguei ao ponto de ouvir e admirar
uma ópera. Tão bonita a trilha do filme. 05) Por fim, Scarlett
Johansson. :)
Gostei muito de Dear God, Please Help Me. Morrissey
também já escreveu essa balada umas cinco vezes, mas ela continua
bela. Será que o disco todo será assim, deja vu?
Bem, finalmente aportou aqui em casa as duas primeiras temporadas
de Seinfeld. Como estou gostando até de ópera, acredito
que a série também passe pelo meu crivo chato. Conto depois,
ok. Antes vou finalizar a 3ª temporada de Friends.
Ah, domingo tem São Caetano x Juventus na Rua Javari. Eu sempre
quis conhecer o estádio do moleque travesso... vou tentar
assistir este jogo lá.
Pra fechar: que calor do car*%#$@&+=)(*&¨%EEXSXCqw33#@!
07/02/2006 - 15h07
Como esta cidade ferve, meu deus!
Vazou a segunda faixa de Ringleader of the Tormentors,
álbum que Morrissey lança em abril. Siga o link para baixar
Dear God, Please Help Me. Aqui!
Nesta terça, première de Match Point, o novo filme
de Woody Allen, no Cinemark Iguatemi. A sessão, única, será
às 22h40, o filme tem mais de duas horas de duração (é o primeiro
de Allen em anos a ultrapassar os 120 minutos) e vale muito
ser visto.
Na quinta, a banda recifense Casa Flutuante se apresenta no
Milo. Perdi o show deles na Funhouse semanas atrás, e pretendo
marcar presença neste. Vale ir no Trama Virtual, baixar gratuitamente
Você e Esse Mundo Louco (e mais seis músicas), ler
a minha resenha (que também está lá) e marcar presença no
show, embora o Milo não seja o melhor dos lugares para shows.
Casa
Flutuante no Trama Virtual.
Na sexta será a vez do Los Pirata agitar a festa A Moda é
Rock, no Stúdio SP, na Vila Mada. O local também irá receber
a banda portuguesa The Gift e o jornalista Lúcio Ribeiro nas
pick-ups. O local é excelente e para se tornar perfeito só
precisava de um som lounge rolando no bar do mezanino, mas
mesmo assim vale muito. E o show do Los Pirata, com várias
músicas novas, já é um dos shows do ano.
Já estão no ar, mas ainda não destacados na capa do site,
a minha resenha sobre Syriana, que deverá dar o Oscar
de Ator Coadjuvante para George Clooney e estréia nesta sexta,
uma excelente entrevista de André Azenha com o Forgotten Boys
e uma importante coluna do amigo Carlos Eduardo Lima, sobre
suícidio. Confiram abaixo:
Syriana - A Indústria do Petróleo
Hollywood não teme as grandes
corporações
S&Y encontra o Forgotten Boys em Santos
Um bate
papo sobre o cenário nacional, gravadoras e influências
Crônica de Uma Morte Anunciada
Carlos Eduardo Lima mostra que
a vida vale à pena
Sobre este último texto, gostaria de comentar que o suícidio
é algo que não me atraí, e nunca me atraiu. Ato de extremo
egoismo, se suicidar é assumir que não se entende o mundo
que o cerca. É não vislumbrar que com a falência do
mundo também surgem motivos inúmeros para se continuar lutando,
por você mesmo e pelos outros. Tirar sua própria vida é acabar
com a vida de mais umas quatro ou cinco pessoas, no mínimo.
O assunto é bastante delicado, merece muita reflexão. Sobretudo
merece a lembrança de que a vida é uma montanha russa de bons
e maus momentos. De que se, hoje, as coisas estão uma droga,
amanhã tudo irá melhorar. De que acordar todos os dias, batalhar
por seus próprios sonhos, e realiza-los aos poucos é mais
gratificante que desistir de tudo. A vida é o bem mais valioso
que temos. CDs, livros, televisão, carro do ano, uma casa
confortável são bobagem. Valemos mais que qualquer objeto
ou bem material. Quero estar vivo, consciente dos meus atos,
brincando, escrevendo e sonhando quando chegar aos 90 e poucos
anos. Acalme-se, respire fundo, e viva a vida. Vale muito
a pena. Mesmo. Garanto.
06/02/2006 - 22h27
"Paul McCartney and Ringo Starr
are the only Beatles and the world
are ya getting hungry
do you fell like dancing
do you wanna be my girl
RickyTickyTicky canta El Troubador
como la flor mas gorda que no tiene sabor
que rica es la vida que rico es la amor
mata el toro no mates el toreador"
05/02/2006 - 14h05
Filmes do dia: Good Night, And Good Luck. Tudo que
eu tinha para falar sobre este filme já está falado no texto
destacado na capa do site, porém, é possível acrescentar mais
coisas. Boa Noite & Boa Sorte é meu filme preferido
do ano e na corrida pelo Oscar - entendendo que Crash
é de 2004 e está ali por alguma letra miuda em algum contrato
da Academia. Vi no sábado pela terceira vez atentando apenas
à fotografia e a trilha sonora, ambas majestosas. Ainda acredito
que Brokeback Mountain irá levar filme e direção (Clooney
ser indicado pelo seu segundo filme já é uma consagração),
mas se há um filme que pode arranhar o brilho das estatuetas
de Ang Lee é Boa Noite & Boa Sorte. Johnny & June
é especial (e tem Johnny Cash), Match Point é inteligente
(e tem Woody Allen e Scarlett Johansson), mas Boa Noite
& Boa Sorte é o filme deste ano. Vale ver e rever.
Ok, ok. Brigando pelo posto de filme do ano aqui em casa ainda
tenho o 2046.
Gerou polêmica o texto divertido de Larry David sobre Brokeback
Mountain para o New York Times, que a Folha
de São Paulo traduziu e destacou na capa da Ilustrada
de sexta-feira. Larry David criou e estrela a série Curb
Your Enthusiasm, da HBO, e é co-criador da série Seinfeld.
No texto em questão, David escreve que não assistiu O Segredo
de Brokeback Mountain e não têm a menor intenção de fazê-lo.
"Não quero ver dois homens trocando beijos", diz o colunista
do Times. Pessoalmente, achei o texto extremamente
divertido. A sociedade atual, afundada da bota de couro até
o chapéu num pseudo bom-mocismo e no politicamente correto
não consegue rir de si mesma e de suas imensas diferenças,
costumamente disfarçadas para não incomodar a ordem vigente.
David brinca com o assunto e diverte em um texto leve e interessante.
Acredito que a função de um texto é informar e opinar. Acho
errado uma pessoa ir ver um filme porque o jornal diz que
é bom. E vice-versa. Não é porque Larry David diz que não
irá ver o filme que as pessoas não devem ir. No entanto, o
ponto de vista do colunista é interessante e exterioriza um
pensamento que muitos de nós guarda consigo, mas não torna
público com medo de represálias. No fundo, o texto em questão
acaba jogando, por via terceira, muito mais luz sobre Crash
do que só Brokeback. Porque além de mal-humorados,
somos racistas. Você pensa que se conhece? Você nem imagina.
Larry David está de parabéns pelo texto divertido e
a Folha por ter republicado. Às vezes é
bom rir sem preocupação com isso ou aquilo.
Ps. Eu não gosto de Seinfeld...
"Não quero ver dois homens trocando beijos"
LARRY DAVID
DO "NEW YORK TIMES"
Tradução Paulo Migliacci
Alguém precisa escrever isso, e por que não eu? Não assisti
a "O Segredo de Brokeback Mountain" e não tenho a menor intenção
de fazê-lo. Mesmo que caubóis me laçassem e arrastassem ao
cinema, ainda assim me esforçaria para manter os olhos fechados
e tapar as orelhas.
E eu adoro os gays. Ei, eu tenho até alguns conhecidos gays.
Sou favorável ao casamento gay, ao isso e aquilo gay; só não
quero ver dois homens heterossexuais se apaixonando, trocando
beijos, caminhando de mãos dadas e sozinhos pela pradaria.
É só isso.
Será que é algo tão terrível? Será que isso quer dizer que
sou homófobo? Bem, se sou, lamento, mas não vou mudar. Porque
as pessoas podem me chamar do que quiserem, e mesmo assim
eu não vou assistir. Para minha surpresa, tenho alguns amigos
heterossexuais que não só assistiram ao filme mas gostaram
dele.
"Uma das melhores histórias de amor de todos os tempos", elogiou
um deles. E outro disse: "Oh, meu Deus, você se esquece completamente
de que se trata de dois homens. Acho que você, em particular,
vai adorar". "Por que eu?"
"Porque sim, confie em mim."
Mas eu não confio. Se os dois caubóis, ícones da masculinidade
e 100% machos, podem sucumbir, que chance teria eu, que valho
no máximo entre 25% e 50% de um homem, a depender de quem
esteja comigo no momento?
Sou uma pessoa muito suscetível, facilmente influenciável,
nasci para seguir os líderes, e minha resistência a qualquer
técnica de venda é zero. Quando entro em uma loja, os vendedores
disputam a tapa o direito de me atender. Minha mulher não
me deixa assistir a infomerciais devido à pilha de porcarias
que já comprei e que estão lá, atulhando a garagem. Meu armarinho
de remédios está repleto de vitaminas e de tratamentos contra
a calvície.
Assim, quem é que pode garantir que eu não vou me encantar
por essa história de ser gay? É preciso encarar os fatos:
há algo de interessante na idéia. Eu sempre me dei muito bem
com homens. Jamais tive que ficar caminhando de um lado para
outro no meu quarto ensaiando o que dizer antes de convidar
um homem a ir comigo ao cinema. E, quando saio com homens,
não pago suas contas, o que evidentemente representa o maior
atrativo da idéia.
Além disso, os homens gays sempre parecem estar se divertindo
muito. Na festa de Natal a que compareci, eles foram os únicos
que cantaram. Eu teria adorado cantar, mas o peso da minha
heterossexualidade não me permitiu.
Tenho certeza de que, se assistisse ao filme, aquela voz que
vive em minha cabeça simplesmente pelo prazer de me torturar
teria momentos de imensa diversão. "Você gosta desses caubóis,
não gosta? Eles parecem bonitinhos. Não tente me enganar,
seu gay. Melhor desistir de combater essa vontade. Você é
gay! Você é gay!" Não que haja algo de errado nisso.
*************************
Bem, muitos filmes bacanas aportando no cinema. Vou tentar
rever Match Point na terça. E preciso assistir 2046
de novo... e escrever sobre Paradise Now e Syriana
O Segredo de Brokeback Mountain
Apenas uma bela história
de amor como outra qualquer
Boa Noite e Boa Sorte
Um exercício de
estilo que traduz em PB a briga de um jornalista contra um
político
Crash - No Limite
Você pensa que conhece
a si mesmo. Você não faz idéia
04/02/2006 - 13h27
"Vem aí o novo Nirvana. Não só novo, mas melhor que o Nirvana".
Ahn? Ok. Regra 1: sempre desconfie. Raconteurs, a banda que
traz de um lado Jack White e do outro Brendan Benson (responsável
por um dos discos mais subestimados de 2005, The Alternative
of Love) mais baixo e bateria chegam com um compacto e
todo um blá blá blá imenso. Não entendi a relação com o Nirvana.
Steady As She Goes é, desde já, uma das grandes canções
do ano, e Store Bought Bones, o "lado b", também é
muito bom, mas eles estão longe de serem revolucionários.
Ou será que não? Será que o Raconteurs vai dar uma chacoalhada
geral no cenário? Enquanto ficamos matutanto isso, que tal
baixar as duas faixas matadoras, link direto:
Steady
As She Goes
Store
Bought Bones
Atenção: I Will See You In Far Off Places, faixa que
abre o aguardadíssimo Ringleader Of The Tormentors,
novo álbum de Morrissey, já está circulando na Internet. Ringleader
Of The Tormentors sucede You Are The Quarry, álbum
que bateu a casa de 1 milhão de cópias vendidas no mundo todo.
O disco novo só chega às lojas no dia 04 de abril, mas você
pode conferir aqui
a capa excelente (se em You Are The Quarry Morrissey
era flagrado empunhando uma espingarda, aqui temos o bardo
tocando violino!) e pode 'baixar'
I Will See You In Far Off Places. Bem, sou obrigado
a dizer que fiquei um tiquinho decepcionado. Morrissey já
fez umas cinco I Will See You In Far Off Places em
sua carreira, principalmente ali no inspirado e barulhento
Your Arsenal, mas é só a primeira música. Baixa lá
e depois a gente conversa.
03/02/2006 - 03h46
Adoro andar de madrugada em São Paulo. Adoro. Caminhar mesmo,
sabe. Durante o dia, mesmo às duas da tarde para ir ao supermercado,
que fica na esquina da rua da minha casa, eu calço tênis.
Não me sinto à vontade usando chinelos na rua durante o dia
em São Paulo. Mas à noite é outra coisa. Convenhamos: a noite
é outra coisa. E para fechar uma noite extremamente agradável,
nada como uma boa caminhada de dez minutos de pés descalços.
Acabo de voltar para casa e este gesto simples me deixou ainda
mais contente. Eu sou meio maluco, não sou? Não precisa responder.
:)
Filme do dia: Quase Famosos - Não me lembro da última
vez que havia visto esse filme. Lembro que escrevi sobre ele
quando o filme estreou, e depois quando assisti a esplendorosa
versão em DVD com 36 minutos a mais, tornando o que já era
sensacional em algo ainda melhor. Se você viu Almost Famous
apenas no cinema fica a dica: assista o DVD. Não só pelos
36 minutos excelentes (com várias cenas impagáveis e muitas
outras que fazem o filme ter muito mais sentido), mas também
pelos extras. A cena deletada "Stairway To Heaven" é fácil
fácil a cena deletada mais bacana de todos os tempos. Teria
ficado inesquecível no cinema, se o senhor Robert Plant não
tivesse vetado o uso dessa música em especial (o Led liberou
ao menos cinco músicas para o filme). Não foi para o cinema,
mas está no DVD. E na parte do extras, leve o cursor acima
do ícone "cenas deletadas" para encontrar uma pedra. Esseícone
(o popular easter egg) traz uma cena escondida com Kate Hudson
ralando mais de nove minutos por uma passagem curtinha de
uns 20 segundos. Curioso.
Quase Famosos, de Cameron Crowe
Um declaração de amor tardia
Quase Famosos - The Bootleg Cut (DVD)
Cameron Crowe sabe
fazer as coisas direitinho
O Cinefília divulga o especial "Melhores e Piores em 2005".
Minha lista está lá, além de comentários sobre Sin City,
Cidade Baixa e Um Dia Sem Mexicanos. Vale
conferir!
Acho que aprendi a fazer risoto... de verdade. Acho. Assim
que tiver certeza convido todo mundo prum almoção aqui em
casa. Mas vai demorar até eu pegar o jeitinho... Thanks, He
:))))
Ps. Continuo viciado em Devendra Banhart...
02/02/2006 - 00h54
"Homens-Bomba só precisam de um abraço"
Impossível não lembrar dessa frase durante uma sessão do excelente
Paradise Now. Apesar do tema pesadíssimo, a história
de dois homens-bomba, o diretor palestino Hany Abu-Assad destila
leveza e humor em quase todos os 90 minutos. Quase. De maneira
simples, Hany consegue alcançar muito mais brilhantismo cinematográfico
do que Spielberg e seu Munique, cujo o tema terrorismo
ambos dividem. Filmaço.
A propósito, o assunto Munique continua rendendo. Um
leitor do Cinefília viu o filme de outra maneira, diferente
da minha. Confira o comentário dele, a minha replica, e entre
na discussão se tiver algo bacana a acrescentar sobre o filme.
Confira.
Entre os filmes do dia estão Syriana, thriller de primeira
com um super-elenco e uma atuação arrasadora de George Clooney,
e Crime Delicado, em que Beto Brant abandona a trilogia
rebelde (Os Matadores, Ação Entre Amigos, O
Invasor) para invadir a alma de um crítico teatral e de
uma musa de um pintor. Ainda não sei dizer o que achei deste
segundo. Os recortes funcionam de maneira exemplar separados,
mas juntos precisam de mais tempo de análise. Vale uma segunda
conferida.
Dificilmente teremos uma capa de disco tão bacana quanto esta
em 2006. Confira.
NOVIDADES
Música
Em Casa
Do The Bambi, Stereo Total
The Definitive Collection, Buddy Holly & The Picks
Flames In The Head, Wry
Hot Fuss, Killers (Japan Edition)
No Disc Man
Apologies to the Queen Mary, Wolf Parade
Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, Arctic
Monkeys
Kicking Television, Wilco
Música do Momento
A Design For Life, Manic Street Preachers (Remix Version)
Santa Maria de Feira, Devendra Banhart
All Because Of You Days, Echo & The Bunnymen
Filmes
Syriana (Cinema) - O Oriente Médio fervendo em petrôleo
Crime Delicado (Cinema) - Críticos de teatro são caras
chatos
Paradise Now (Cinema) - Nem uma mulher impede um homem-bomba
Free Zone (Cinema) - Bela fotografia, a Natalie Portman
e só
O Segredo de Brokeback Mountain (Cinema) - As Pontes
de Madison gay
Match Point (Cinema) - Sorte é tudo na vida
Magnólia (DVD) - Ainda o melhor filme dos últimos 10
anos
Livros
Carmen, Ruy Castro - Eita menininha porreta!
Crônicas, Bob Dylan - O cara
Aliás, falando em Bob Dylan... três trechos interessantes
do imperdível Crônicas
"...Cantava como um assassino profissional. Em geral, começava
em uma escala baixa, quase inaudível, ficava ali um
pouco e então deslizava para o melodramático
de modo espantoso. A voz dele podia levantar um defunto, sempre
deixava você murmurando algo do tipo: 'Cara, não
acredito nisso'. (Roy) Orbison era mortalmente sério
- não tinha nada de principiante ou de um novato juvenil.
Não havia nada como ele no rádio. Eu escutava
e esperava a próxima canção, mas perto
de Orbison a seleção musical era estritamente
enfadonha... insossa e frouxa."
"...O livro de Clausewitz parecia ultrapassado, mas havia
muito de real nele, e pode se entender muito da vida convencional
e das pressões do ambiente ao lê-lo. Quando afirma que a política
tomou o lugar da moralidade e que a política é a força bruta,
ele não está brincando. Você tem que acreditar. Você faz exatamente
como mandam, seja você quem for. Submeta-se, ou você está
morto. Não me venham com nada de lero-lero sobre esperança
ou disparates de integridade. Não me venham com aquela onda
de que Deus está conosco, ou que Deus nos ampara. Vamos direto
ao ponto. Não existe nenhuma ordem moral. Pode esquecer. Moralidade
não tem nada em comum com política. Não está ali para transgredir.
Também não é questão de alto ou baixo nível. É assim que o
mundo é, e nada vai mudá-lo. É um mundo maluco e complicado,
e você tem que olhar direto no olho dele. Clausewitz, de certo
modo, é um profeta. Sem que se perceba, algumas das coisas
do livro dele podem moldar suas idéias. Se você se acha um
sonhador, pode ler esse lance e perceber que não é sequer
capaz de sonhar. Sonhar é perigoso. Clausewitz faz você levar
seus pensamentos um pouco menos a sério".
"...Irwin Silber, editor da revista de folk Sing Out! também
estava lá. Em poucos anos, ele me repreenderia em público
na revista por eu ter voltado as costas para a comunidade
folk. Foi um texto irado. Eu gostava de Irwin, mas não podia
me relacionar com aquilo. Miles Davis seria acusado de algo
semelhante ao fazer o álbum "Bitches Brew", obra musical que
não seguia as regras do jazz moderno, o qual estivera à beira
de irromper no mercado popular, até o disco de Miles aparecer
e liquidar as chances. Miles foi repudiado pela comunidade
do jazz. Não posso imaginar Miles ficando muito contrariado.
Artistas latinos também estavam quebrando regras. Artistas
como João Gilberto, Roberto Menescal e Carlos Lyra estavam
libertando-se do samba infestado de percussão e criando uma
nova forma de música brasileira com modulações melódicas.
Eles a chamavam de bossa nova. Quanto a mim, o que fiz para
me libertar foi pegar modulações simples do folk e colocar
imagens e atitudes novas, usar fraseados que capturavam a
atenção e metáforas combinados com um novo conjunto de costumes
que evoluiam para algo diferente, que não fora ouvido antes.
Em sua carta, Silber me censurou por fazer isso, como se só
ele e alguns poucos tivessem a chave para o mundo real. Contudo,
eu sabia o que estava fazendo e não ia dar um passo para trás
ou recuar por causa de ninguém".
Tamos ai.
01/02/2006 - 00h28
Filme do dia: Free Zone, de Amos Gitai. A fotografia
é maravilhosa, principalmente no começo, quando sobrepõe imagens
de passado (com diálogos) com o presente. O "passeio" pelas
fronteiras do Oriente Médio também convida a contemplação.
E a música que abre e fecha o filme remonta a velha cantiga
de "Cadê o queijo que estava aqui? O rato comeu. Cadê o rato?
O Gato pegou" até finalizar com o anjo da morte. Não deixa
de ser tocante admirar os povos que deram origem a todos os
outros povos, e que ainda não se entendem. Mesmo assim, falta
unidade no filme. E por mais que Natalie Portman seja um encanto,
vê-la chorando por 10 minutos sem qualquer sentido é um desperdício
de rolo de filme. Se a cena - que abre o filme de forma desconexa
- tivesse três minutos iria manter o mesmo impacto.
Acaba de ganhar edição nacional o álbum ao vivo duplo do Wilco.
Está custando uma pequena fortuna, R$ 60, mas vale cada centavo.
Aliás, que tal baixar um vídeo com a música I Am Tryng
To Break Your Heart ao vivo no Tim Festival RJ? Segue
o link.
Kicking Televison - Live in Chicago 2005, Wilco
Poucos shows emocionam
tanto quanto este
A Rock Press exibe a minha segunda L'Âge D'or.
Em Duas faces de Hollywood coloco lado a lado Munique
e Boa Noite & Boa Sorte. Confira a coluna aqui.
Trailer do dia: Gatão da Meia Idade. Só pelos segundos
em que aparece a Lavínia Vlasak. Ela existe mesmo ou foi (per)feita
por computação gráfica? Meu deus...
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