HQ: O Quinto Beatle – Brian Epstein

por Adriano Costa

Quem foi o quinto beatle? Stuart Sutcliffe, o amigo de John Lennon que tocava baixo nos primórdios da banda e faleceu misteriosamente em 1962? George Martin, o produtor que foi fundamental em todos os discos do quarteto? Pete Best, o primeiro baterista do grupo que saiu em 1962 para a entrada de Ringo Starr? Bom, para Paul McCartney não foi nenhum desses: numa entrevista em 1999 ele afirmou que “se existiu o quinto beatle, ele foi o Brian”.

O Brian em questão é Brian Epstein, nascido em Liverpool em 1934 e falecido em 27 de agosto de 1967, que de gerente de uma conceituada loja de discos chamada NEMS passou para empresário dos jovens garotos ingleses que sob o seu comando conquistariam o mundo e ficariam para sempre marcados na história da música dali em diante. Brian Epstein foi essencial para esse sucesso e em 10 de abril de 2014 entrou para o Hall da Fama do Rock And Roll na categoria de Não Artista.

Para os conhecedores da história dos Beatles, a importância de Brian Epstein já é devidamente reconhecida, todavia ainda faltava uma obra recente que deixasse isso mais claro e cobrisse principalmente a sua vida pessoal de maneira mais abrangente. Mesmo facilmente correlacionado com adjetivos como visionário e empreendedor, ele tinha sérios problemas de confiança e amargava um profundo deslocamento social, pois era judeu (ainda com a Segunda Guerra viva no cotidiano) e homossexual (quando essa opção era crime na Inglaterra).

Lançado pela Editora Aleph em 2014, o livro “O Quinto Beatle – A História de Brian Epstein” tem como foco o idealismo e a insatisfação pessoal do empresário. O roteiro de Vivek J. Tiwary (escritor de espetáculos de sucesso da Broadway em sua primeira aventura nos quadrinhos) contorna de maneira satisfatória esses prismas e começa mostrando um pouco da vida anterior de Epstein, suas predileções e medos, passa pela maneira como ele conheceu os Beatles, o primeiro show visto no lendário Cavern Club, até chegar ao estrelato e ao reconhecimento mundial.

Vivek J. Tiwary usa de livre narrativa para apoiar fatos da vida do personagem principal e adiciona tons poéticos e fantasiosos que, juntos com a bonita e esperta arte repleta de cores e variações de estilo, alcança um resultado interessantíssimo. Essa arte, que durante quatro anos foi trabalhada por Andrew C. Robinson (“Starman”) e Kyle Baker (“O Sombra”,) resplandece em boa parte das 168 páginas espalhadas em formato grande (31x21cm) resultando em uma das mais bonitas graphic novels dos últimos anos.

Lançado originalmente pela Dark Rose na gringa em 2013, “O Quinto Beatle – A História de Brian Epstein” apresenta vários textos como adendos e esboços comentados dos artistas, assim como explicações dos direcionamentos utilizados pelo próprio autor que deixou alguns fatos de lado para compor a narrativa, o que não chega a ser problema, pois se referem a pequenas licenças que geram momentos interessantes como uma possível conversa de Brian Epstein com o apresentador de tevê Ed Sullivan e outra com o Coronel Parker (empresário de Elvis Presley) mostrando uma vida profícua amarrada entre a alegria e a dor, entre a felicidade e a angústia, ainda que muito curta.

P.S: Brian Epstein faleceu aos 32 anos depois do lançamento do clássico “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e não viu os “seus garotos” caminharem para o final da banda, como também não presenciou as disputas que se seguiram.

– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop

Leia também:
– “Baby’s in Black, o Quinto Beatle: A História de Astrid Kirchherr e Stuart Sutcliffe” (aqui)
– “Love Me Do: 50 momentos marcantes dos Beatles”, de Paolo Hewitt (aqui)
– Beatles e Johnny Cash em quadrinhos, por Adriano Costa (aqui)

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