Faixa a faixa: Satanique Samba Trio une pagode e goth rock no EP de pagótico “Cursed Brazilian Beats Vol. 2”

introdução por Diego Albuquerque
Faixa a faixa por Munha da 7

Mantendo a tradição recente de lançar pelo menos um trabalho por ano, a banda brasiliense Satanique Samba Trio (que na realidade é um quinteto) finaliza 2022 como um novo trabalho, o EP “Cursed Brazilian Beats Vol. 2”. Lançado pelo selo americano Perdido Discos, baseado no Brooklyn novaiorquino, o décimo terceiro trabalho do Satanique é o primeiro de uma série de sabe-se lá quantos vinis de 7 polegadas vindouros (peça via Facebook).

Seguindo a fórmula de trilogias já utilizada pela banda, tal qual a “Trilogia da Putrefação” (“Bad Trip Simulator# 2”, “Bad Trip Simulator #1” e “Bad Trip Simulator #3”, respectivamente nessa ordem de 2010, 2011 e 2013); este é o primeiro volume de uma série de três trabalhos que se complementam e dialogam. “Dessa vez a ordem não é por motivos de gracinha, mas porque uma gravadora européia se interessou pelo primeiro volume e só vai distribuí-lo em 2023, enquanto outro selo queria lançar o volume 2 esse ano”, explica Munha da 7, compositor e fundador do Satanique.

“Cursed Brazilian Beats Vol. 2” dura 6 minutos e 20 segundos, traz quatro faixas e é o primeiro registro oficial de uma manifestação estética denominada pagótico. A fórmula pagode + goth rock é explorada de maneira inédita e com declarada cara-de-pau pelo quinteto, então prepare seu Carlinhos de Jesus interior e dirija-se ao cemitério mais próximo lendo o faixa a faixa de Munha sobre o novo trabalho. O disco está nas principais plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Tidal) e no Bandcamp.

1) SiniS3: Como explicamos exaustivamente por aí, cada uma das quatro faixas desse álbum cruza um tipo específico de pagode com tropos do rock gótico. Em “SiniS3” partimos da chave rítmica do pagode baiano (a síncope do samba-reggae) em direção ao tecladinho safado dos anos 80.

2) Gothieira: É, como o nome diz, um pagode de gafieira meio, assim, goth. Descontada a breve introdução, ouve-se a voz do nosso baterista Lupa Marques anunciando os passos de dança relativos a cada parte da estrutura: facão, pica-pau, gancho e balanço (desistimos aqui, era pra ter mais). Em algum momento a progressão harmônica estava ameaçando um gostinho de gafieira tradicional, então troquei o arranjo de baixo pelo de cavaco e ficou horrível. Deu certo. Tem participação da pianista Gabila na jogada, então atenção nos minutos finais, por favor.

3) Abanthesma: Aqui temos um pagode romântico com síndrome de gótico fantasmagórico (por isso o título, dado que abantesma = fantasma. Metemos um ”h” ali pra ficar com cara de dungeon synth). Participação da diva gótica INRGD nos vocais.

4) Demonoia: Algo nas raias do pagode radiofônico safra 1996, com andamento mais arrastado, harmonia menor, cordas xaropando e tendência à choradeira. Violinos de Tom Suassuna e percussão adicional por Pedro Hamdam, o Caneco Quente.

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