Entrevista: a Frequência Rara de Dani Black

entrevista por Ananda Zambi

Dani Black é um daqueles artistas que exibe um alto nível técnico em tudo o que faz: toca, compõe e interpreta muito bem. No quesito sensibilidade, o cantor e compositor paulistano não fica atrás: depois de dois EPs, dois discos e alguns singles, o projeto “Frequência Rara” – DVD e álbum de estúdio – mostra que o músico está mais à vontade com sua arte e consigo mesmo do que nunca.

O artista paulista tem 32 anos, mas já tem uma vasta experiência com a música. Ele, que vive música desde que nasceu (filho de Tetê Espíndola e parente de Geraldo Espíndola, Alzira E e Iara Rennó), fez parte do coletivo 5 a Seco em 2009 e já fez uma turnê com Chico César entre 2011 e 2012. Já participou de tributos a Skank (aqui no Scream & Yell interpretando “Saideira”), Djavan, Marina Lima e Milton Nascimento (com quem gravou um de seus maiores hits, “Maior”, e também “Paisagem na Janela”), e também já foi interpretado por outros nomes consagrados, como Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Gal Costa.

Agora, após três anos sem lançamentos, Dani volta à ativa com “Frequência Rara”, projeto iniciado em 2018, quando começou a experimentar músicas novas nos seus shows. A novidade desse projeto é que o DVD ao vivo saiu primeiro que o álbum de estúdio, que está previsto para o segundo semestre deste ano.

“Frequência Rara ao Vivo” traz uma permissão de intimidade entre artista e público. Uma das indicações é a forma como o DVD começa: com um áudio enviado por Dani pra alguém, não identificado, que fez parte desse projeto, falando sobre o quanto estava emocionado com a finalização do trabalho. Com direção de Rafael Kent e produção geral de Daniel Lima, o registro do show, realizado no Teatro Tuca em maio de 2019, alterna entre imagens coloridas e preto-e-branco, e mostra com bastante frequência as reações da plateia, constantemente envolvida por Dani e sua ótima banda, formada por Thiago “Big” Rabello na bateria e Zé Godoy nos teclados e sintetizadores (que também foi o diretor musical da apresentação).

No setlist predominam as músicas inéditas, como “Temor Estranho”, com participação especial de Fabio Brazza, “Ser Amado”, com Mariana Nolasco, “O que Você Criou” (alguns dos singles já lançados), “Rancor” e “Esperando Você Chegar”, entre outras, mas também sem esquecer de sucessos do disco “Dilúvio” (2015), como “Seu Gosto”, “Só Sorriso”, “Linha Tênue” e a arrepiante versão de “Bem Mais”, com Maria Gadú.

Nesse show, é notório que Dani está em uma nova fase. Os timbres estão mais suaves, as músicas já não falam só de amor – e se falam, é de maneira mais universal – e o artista, que já se arriscava em harmonias e melodias complexas, se arrisca ainda mais nas modulações de voz, nos solos de guitarra ousados e nas improvisações interativas e divertidas, como se o palco fosse sua casa e, talvez por isso, executando tudo de maneira impecável.

Em entrevista via WhatsApp, Dani Black falou sobre o que o levou a lançar o show primeiro que o disco e as diferenças entre os dois trabalhos, sobre a série de vídeos publicada no Instagram chamada “Intimidade”, sobre o isolamento social na pandemia de Coronavírus e sobre as experiências vividas ao longo de mais de 10 anos carreira. Confira:

Por que lançar primeiro o DVD e depois o álbum?
Foi uma decisão muito orgânica. Desde o início do projeto, a gente tinha isso definido, que a gente ia entregar esses dois universos no mesmo “Frequência Rara”, no mesmo projeto. Esse, que é uma imersão, um lugar muito carinhoso e gostoso de vestir as músicas e encontrar as texturas e as sonoridades que abraçam as poesias, as letras, as melodias e fazendo coisas pras pessoas viajarem mesmo, e esse outro universo que é mais o que tá rolando, o lance com o público ali na hora, e onde acontecem coisas e mágicas que só o momento proporciona, de estar ali na hora aberto pro que vai rolar. Foi muito orgânico. Na hora que a gente viu essas duas coisas se arquitetando, se estruturando na nossa frente, nascendo, a gente sentiu. Foi muito na sensação de entregar primeiro essa celebração com o público, esse novo momento. “Vamos começar assim, entregando esse encontro.” Esse encontro é muito feliz, muito celebrativo, cheio de força. E a gente sentiu no coração que era uma porta de entrada maravilhosa pra gente começar o “Frequência Rara”. Pra começar com ele e ele ir se encaminhando pro resto dele mesmo – a gente começou com singles – , e depois pra esse material mais imersivo, de você realmente fechar os olhos ali e curtir uma obra de estúdio que foi feita em cada detalhe e tudo o mais. Acho que foi isso, não tem uma explicação tão intelectual. Foi uma coisa que a gente sentiu e fez. E estou muito feliz da gente ter feito isso, acho que foi muito legal começar dando essa energia ao vivo.

Queria que você falasse um pouco sobre as participações especiais. Como foi feita a escolha desses artistas?
Foi feita de um jeito muito inspirado. São três artistas que admiro muito, sou apaixonado por eles, e sinto que cada música foi pedindo a presença deles. No “Temor Estranho”, tinha um espaço ali, enquanto a gente ensaiava, que tinha que acontecer um negócio, tinha que vir um texto, uma parada que fechasse a tampa da música, da mensagem, e veio o (Fabio) Brazza na cabeça com toda a habilidade que ele tem com as palavras, com a presença forte que ele tem. Foi muito natural. A mesma coisa com a Mari (Nolasco). Quando a gente começou a tocar a música, ela ficava vindo na minha cabeça, de um jeito muito natural. Eu ficava tocando e ficava ouvindo que ela era um dueto. “Essa música é um dueto, e é a Mari que tem que cantar.” E aí você sente essa alegria de estar sentindo que você tá tocando a música e que ela vai ficar mais completa com a presença daquela pessoa. É uma sensação muito gostosa. E é batata, porque na hora que você chama, você vê que ressoa pro outro. Pra todas as participações foi assim. Na hora que você chama a pessoa, “Que da hora, quero contribuir com isso sim, sinto que tenho que dar aqui também”. Então é muito lindo. A (Maria) Gadú é o caso de ser uma parceria de muitos anos, né. Eu e a Gadú somos amigos há muito tempo. Então sinto que com ela teve essa história de “puxa, ela precisa estar”, sabe. É uma parceira importante que quero que esteja nesse registro. Primeiro show meu que eu gravo e eu queria que ela participasse. E é foda porque o lugar que ela entra é um momento de muito carinho, muita intimidade, que só seria possível mesmo com alguém com quem a gente tem essa cumplicidade. Então, as três participações foram chamadas num lugar muito carinhoso e muito essencial pras músicas, é assim que eu diria. Foram participações que as próprias músicas pediam por elas. E elas chegaram pra completar essa entrega.

Quais vão ser as principais diferenças entre a apresentação ao vivo e o disco de estúdio? O que você acha que costuma ter num tipo de formato que não tem no outro, e vice-versa?
As duas apresentações têm uma base de repertório que são as mesmas canções, só que elas mudam bastante, porque são abordagens, como eu falei, de estúdio, onde você se entrega pra construir as texturas, as cores, os arranjos, pra convidar a pessoa que tá ouvindo pra uma viagem mesmo; e a parte ao vivo, que é mais orgânica, mais o que está acontecendo ali naquele momento e surpresas que só aquele momento tem, e calcada numa sonoridade de trio, né. Então tem essa coisa do live de você ter os arranjos baseados na instrumentação de banda e tocando junto. Então assim, elas mudam as estéticas, mas a base é a mesma. Tem mais diferenças, que são: tem músicas que só tem no álbum de estúdio e músicas que só tem na apresentação ao vivo. Quando fui construindo os dois momentos, tiveram músicas que o ao vivo pediu e que foram feitas especialmente pra ele, e coisas que foram feitas especialmente pro álbum de estúdio. Ainda tem o lance do ao vivo registrar algumas canções de discos anteriores, que as pessoas amam, que eu amo, e que, nessa comemoração com o público, sempre celebrando a gente junto, eu senti que seria muito gostoso de colocar também pra gente cantar. Essas são as diferenças. O que tem num tipo de formato e no outro é isso: o disco de estúdio traz uma experiência – essa é a palavra –, uma experiência sonora onde você se entrega e aquilo leva você numa viagem, e o ao vivo te leva pro calor do encontro, pra essa espontaneidade deliciosa do ao vivo e esse calor mesmo entre público e banda. O negócio está acontecendo ali na hora e isso fica impresso, e é uma coisa que é muito forte dentro do que eu amo fazer, dentro do meu trabalho. Eu sou um bicho do palco mesmo, que ama isso. A coisa que mais amo na vida é estar no palco tocando pras pessoas, trocando com elas, e nesse dar e receber que gera um fluxo maravilhoso que a gente experimenta uma coisa todos juntos ali.

E o que “Frequência Rara” tem de diferente dos seus trabalhos anteriores?
Acho que ele representa um novo momento. Ele vem expressando todas as mudanças que eu fiz em mim ao longo desse tempo. Então olhei pra muitas coisas nesse tempo, mudaram muitas coisas. Olhei muito pra dentro, e sinto que estou tendo mais intimidade comigo mesmo. Então sinto que são trabalhos que trazem um olhar apurado e carinhoso com isso, como a gente olhar pras coisas que a gente sente, olhar pra dentro. Ele tem um endereço que chama pra um lugar profundo. Mas, ao mesmo tempo, com leveza – talvez seja essa a frequência rara que esse trabalho traz. Ele faz um convite profundo, mas faz isso com a leveza de quem está em contato com o quanto é gostoso e libertador você se conhecer melhor. Então acho que é um trabalho que representa muito esse momento em que me encontro. É uma conexão forte com esse compromisso leve de se aprofundar em mim mesmo.

Recentemente, você publicou uma série de vídeos no IGTV chamada “Intimidade”, em que, em uma noite, você foi falando o que sentia e tudo saiu em forma de música – em 23 músicas, pra ser mais exata. De onde você acha que vem essa sua relação intensa com a composição musical?
A música sempre se expressou, pra mim, como um reflexo da minha própria sinceridade com o que eu sentia. Sempre a composição fluiu de um lugar onde eu estava sendo muito transparente comigo mesmo, com aquilo que estava no meu coração, e por isso sempre saiu, não importava o que era, não importava se eu achava isso bonito ou feio, o que eu achava sobre isso. O mais importante era a sinceridade. E esse vínculo com a sinceridade foi ficando mais profundo, mais profundo, e vai ficando cada vez mais. O “Intimidade” representa muito isso. Se você vê do começo ao fim, você percebe que tem um fluxo. São músicas que eu compus na frente da câmera ao longo de uma noite. E isso só pode acontecer porque eu estava livre pra falar o que viesse no meu coração, pra me abrir, me mostrar, me deixar vulnerável dentro daquele momento pro que viesse, o que era importante vir e não aquilo que eu gostaria, escolhesse vir. Só que é engraçado, porque quando você faz isso, vem tudo aquilo que você realmente quer expressar e você fica muito feliz, muito em paz com tudo o que está vindo, porque é tudo muito verdadeiro, muito sincero. Você está realmente compartilhando você mesmo com as pessoas. Acho que é isso: composição sempre foi pra mim compartilhar eu mesmo, o que eu posso dar de mais íntimo pras pessoas. E o “Intimidade” é uma série que deixa isso muito transparente, de onde que vem essa alegria e abundância que eu sinto quando eu componho. Fica mais claro ainda se você vê o endereço de onde isso nasce.

Falando em intimidade: Você fala muito, tanto nas músicas quanto nas suas falas, sobre amor. Estamos num período difícil, isolados socialmente devido ao Coronavírus, e percebendo o quanto o afeto faz falta. Você acha que, depois disso, é possível rolar alguma transformação no modo em que tratamos e amamos uns aos outros?
Olha, acho que não tem como a gente passar por essa experiência sem ser impulsionado pra um outro patamar de relacionamento. Tudo que aparece na vida, no mundo, no final das contas está trazendo alguma informação e quando a gente entra na situação que está rolando, a gente começa a entrar em contato com essas informações. E eu sinto que – posso falar da minha experiência – o fato de eu estar vivenciando esse momento, já tá me deixando mais claro o quanto os relacionamentos são importantes na minha vida, o quanto as pessoas são importantes na minha vida, o quanto todo mundo está junto mesmo, e as questões do mundo são uma questão de todas as pessoas. Quanto mais a gente entender isso, mais a gente vai ver as transformações que a gente quer ver no mundo. Sinto que não tem ponta solta, sabe. A situação que a gente está vivendo é uma grande professora nesse momento pra que a gente compreenda quais são as mudanças que têm que ser feitas, como fazê-las, assumir a responsabilidade por elas e fazer essa mudança na nossa própria vida, pra vê-la florescer no mundo todo. É um momento que traz a gente pra olhar muito pra gente, pra dentro, e inevitavelmente a gente vai entrar em contato com coisas que estavam lá o tempo todo, mas a gente talvez não estivesse prestando muita atenção. E agora que elas se mostram, é um presente, porque a gente pode identificá-las e mudá-las.

Voltando a falar de música. Você compõe tanto que também já compôs para outros artistas, como Maria Gadú, Duda Brack, Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Tiago Iorc e Gal Costa. Como se sente em relação a isso? Aliás, rola algum ciúme das suas músicas gravadas por outros cantores?
Sobre rolar ciúme: não. Só rola muita gratidão por isso. Rola uma alegria enorme. Se tem uma coisa que gosto nessa vida é de ver as minhas músicas na voz de outras pessoas. Isso pra mim representa o quanto a música é uma parada poderosa e uma parada que não tem limites. Quando você faz a música e solta ela no mundo, fica muito claro pra você que essa música é de todos, ela não é sua. Ela é de todas as pessoas que a quiserem. Quando alguém pega pra chamar de sua a música, no sentido de cantá-la, interpretá-la, aí isso fica escancarado, porque a música vira da pessoa. Ela pega aquelas palavras e faz dela, porque é dela mesmo. Então, ser gravado por esses artistas fantásticos me ensina isso, o quanto a música não tem limites e o quanto as músicas sempre encontram as vozes que querem cantá-las. Nesse momento, a música vira da pessoa que tá cantando, e esse movimento é lindo demais!

Você também é um intérprete muito respeitado, pois se apropria muito das canções e as transforma de maneira autêntica. Ao longo da carreira, foi convidado para interpretar artistas de renome, como Angela Ro Ro, Marina Lima, Skank, Chico Buarque, Milton Nascimento e Djavan. Pra você, qual é a importância de uma boa interpretação?
Eu amo interpretar música dos outros. E é pela mesma razão. Eu sinto que quando eu pego uma música pra cantar, ela é minha. E eu posso fazer daquelas palavras minhas palavras, como se eu as tivesse composto. O lugar onde componho as minhas canções e o lugar onde interpreto as canções dos outros é realmente muito próximo, muito parecido. Diria até que é o mesmo. É o lugar onde eu fico disponível pra ser um canal daquela mensagem que está sendo dita, daquela musicalidade que está sendo expressada, sabe. Sinto uma coisa muito parecida. Acho que é por isso que gosto tanto de fazer isso e que as pessoas se conectam com as minhas interpretações, porque elas têm um amor muito grande pelas mensagens que tão sendo cantadas. Elas têm uma relação comigo num lugar de “eu as faço minhas” mesmo. E fico muito agradecido por quem as compôs. É como se eu me unisse à pessoa que compôs e falasse: “Legal. Vou dizer isso que você disse, compondo essa música, junto com você.” E sinto que tenho que olhar com muito carinho pro texto até que eu consiga deixá-la ali, numa clareza. Até que eu consiga o deixar com clareza pra ser entregue pras pessoas. Isso me dá muito prazer.

Em uma entrevista, você falou que todo mundo tem a capacidade de criar, que basta a pessoa ter disponibilidade para perceber e exercitar esse lado criativo. Pra você, qual o poder que a arte tem?
Sim, todo mundo tem essa capacidade de criar. É uma coisa natural de qualquer ser. A gente tem isso dentro da gente, esse poder de criação, de poder criar. Porque criar nada mais é do que expressar aquilo que está no seu coração, aquilo que você sente, aquilo que você pensa, aquilo que você quer dizer. Todo mundo tem muito a dizer. A experiência de todas as pessoas é muito rica, e cada pessoa tem uma experiência muito única pra ensinar. Então, se você tem algo a dizer, você tem criação dentro. Se você deixar, isso vai se estender pro lado de fora e alcançar as pessoas que estão esperando por essa expressão que você tem pra entregar. É muito nesse lugar. Então, quando você me pergunta “qual o poder que a arte tem?”, o poder da arte é justamente esse: ela ensina ao próprio emissor, que está ali criando, o valor que a transparência tem, o valor de tudo que ele tem a dizer, como isso é importante pras outras pessoas, como tudo que ele viveu tem a sua importância porque pode ser compartilhado com os outros, e pra quem tá recebendo é sempre uma lembrança da nossa igualdade, que todo mundo está sentindo coisas e todo mundo tá vivenciando histórias diferentes, mas está sentindo as mesmas coisas, tem uma empatia; a pessoa que está recebendo pode ser inspirada nesse endereço que ela acessa através do que ela está recebendo na música, que é um lugar onde ela também se permite sentir o que ela está sentindo, e também passar pra frente. Vira uma corrente de compartilhamento sincero, e é assim que a gente vai aprendendo com o outro e vai crescendo como coletivo. Então, o poder da arte, no fim das contas, é integrar todo mundo e trazer consciência sobre nós mesmos, sobre como estamos vendo, pra onde queremos ir e como faremos isso. Ela traz as respostas nas próprias perguntas que são cantadas.

No extinto Programa do Jô, você contou a história de um assalto em que você disse que dentro do seu celular estava o seu sonho – no caso, as músicas e ideias para o seu primeiro disco – , e, no final, até conseguiu reverter a situação. E hoje, qual seria o seu sonho?
Essa foi uma situação muito marcante na minha vida, essa conversa com esse menino que veio, a propósito, me assaltar e na verdade não era nada disso. A gente estava ali se encontrando pra trocar essa ideia, acho que pra ele também foi marcante. Hoje, sinto que o meu sonho é estar sendo, na prática, esse fluxo que a gente tanto tem falado cada vez mais. Quer dizer, através dos meus shows, das coisas que gravo, das coisas que posto, dos encontros que tenho, estar cada vez mais disponível pro relacionamento com as pessoas e fazendo diferença na vida delas. E sinto que só posso fazer diferença na vida de alguém se entregar tudo o que tenho, se eu mostrar pras pessoas as coisas que sinto. Não importa se são coisas deliciosas, coisas difíceis. Sinto que, pra que eu possa contribuir, o lugar que eu já contribuo e que quero contribuir ainda mais, tem esse endereço de entregar tudo o que eu tenho naquele momento. Então o meu sonho é estar vivenciando isso na prática em todas as coisas que faço. Sinto que vem daí toda a prosperidade que todo mundo, no fim, deseja, e eu também, essa prosperidade de estar fazendo exatamente aquilo que veio fazer, exercendo a sua utilidade num nível muito grande, num lugar onde as pessoas podem contar com você. Porque você está ali fazendo o que tem que fazer, e você se sente quite com a vida por isso, e aí faz mais ainda. Acho que consigo falar de um sonho meu nesse registro, mais do que uma coisa que eu gostaria, um ponto que eu gostaria de chegar. Acho que tem mais a ver com o que eu gostaria de sentir que estou fazendo, e o que eu gostaria de sentir que estou fazendo é isso. Perceber que já faço isso quando faço um show, quando entrego tudo o que tenho, quando faço um disco, como esse que a gente vai lançar ou esse show gravado, o trabalho novo… eles me enchem de alegria porque eles representam esse lugar onde já entrego tudo, sabe. Dou o melhor que tenho, e através das músicas, entrego aquilo que realmente está no meu coração. Então é bonito você me perguntar sobre o meu sonho e eu perceber que já faço muito isso que estou fazendo, e que os lugares onde eu ainda não faço, o meu sonho é que eu faça, que eu integre tudo isso e vá pra novos patamares cada vez maiores dessa entrega sincera que é estar aqui vivo, junto com as pessoas.

– Ananda Zambi (@anandazambi) é jornalista e editora do Nonada – jornalismo travessia. Nas horas vagas, também brinca de fazer música.” A foto que abre o texto é de Marcos Hermes / Divulgação.

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