Três HQs: “Cosmogonias”, “O Guia do Pai Sem Noção” e “Olimpo Tropical”

resenhas por Adriano Mello Costa

“Cosmogonias”, Cadu Simões (Independente)
Cadu Simões é paulista da cidade de Osasco. Produz quadrinhos já tem um bom tempo e, em 2016, se aventurou em uma campanha de financiamento coletivo para reunir em uma única revista algumas das histórias já feitas no decorrer desses anos. O financiamento obteve êxito e “Cosmogonias” foi lançado no início de 2017 contendo cinco histórias em 30 páginas. É uma edição curtinha, mas que apresenta bem o autor para quem não o conhece ainda com as tramas tendo o bom humor e a criação de mundos e de seres como alicerces principais. Os artistas que desenham essas histórias, cada um ao seu estilo próprio, contribuem para o bom funcionamento da compilação com maior destaque para Jazz em “Cosmogonia” e Camila Torrano em “Onde Estão os Tatus-Bolinha?”. O autor está com projetos de uma aventura maior em andamento e pelo que foi “Cosmogonias” deixa uma boa expectativa no ar.

Saiba mais em seu site: http://cadusimoes.com

Nota: 6

“O Guia do Pai Sem Noção”, de Guy Delisle (Zarabatana Books)
As aventuras do canadense Guy Delisle na China, Coréia do Norte e Myanmar renderam álbuns como “Shenzhen” (2000), “Pyongyang” (2003) e “Crônicas Birmanesas” (2007), onde de maneira bem humorada ele ilustrava sua estadia nesses países distintos da terra natal, como também aproveitava para retratar sucintamente o modo de vida da população onde o governo infere diretamente na vida de cada um, na maioria das vezes com resultados ruins. Em 2017, a Zarabatana Books coloca outra obra do autor no mercado nacional, chamada “O Guia do Pai Sem Noção”, com 192 páginas em preto e branco e formato pequenino (14x20cm). Nesse novo projeto – que já está no terceiro volume na França e aqui estreia –, Delisle dá uma relaxada geral nos temas mais densos e conta somente passagens engraçadas e inusitadas no trato e convivência com os dois filhos, Louis e Alice. Divertido e familiar em maior escala, serve bem para horas em que a leveza é suficiente.

Site do autor: http://www.guydelisle.com

Nota: 6

“Olimpo Tropical”, de André Diniz e Laudo Ferreira (Jupati Books)
Biúca é um adolescente que mora na (fictícia) favela Olimpo, no Rio de Janeiro, acostumado desde moleque com o tráfico e tudo que vem junto. Por conta de ser manco e ter uma perna menor que a outra desde que nasceu, tendo que andar ajudado por uma bengala, é motivo de chacota constante. Quando é promovido de embalador a vigia dentro da organização que comanda o morro, isso lhe traz moral e a chance de vingança. O carioca André Diniz (Morro da Favela) e o paulista Laudo Ferreira (Yeshuah Absoluto) se unem em “Olimpo Tropical” para contar uma história forte e retrato fiel de favelas e periferias espalhadas pelo país. Com 144 páginas e lançamento pelo selo Jupati Books, da Marsupial Editora, temos um dos grandes trabalhos de 2017. A arte em preto e branco de Laudo Ferreira, que se utiliza de um estilo cartunesco nos personagens, é excelente, dando as medidas necessárias para o texto de André Diniz, que sem perdão dispara sobre criminalidade, corrupção policial, possibilidades e esperanças perdidas. “Olimpo Tropical” é o que chamamos de “soco no estômago” (ou em partes mais dolorosas) e quando se termina de ler, a pergunta que não para de martelar é: quantos e quantos Biúcas não existem por aí?

Nota: 9

– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop: http://coisapop.blogspot.com.br

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