Duas noites de Popload Gig em SP

Por Marcelo Costa
Fotos: Liliane Callegari (1, 2 e 3) e Marcelo Costa (4 e 5)

Duas noites, cinco bandas e um bom público marcaram a primeira edição do Popload Gig, festival capitaneado pelo jornalista Lúcio Ribeiro que reuniu em São Paulo, no Clash Club, cinco boas atrações do cenário independente mundial: os ingleses do The View, os norte-americanos No Age e Matt and Kim, os recifenses Mickey Gang, e os paulistas do Holger.

O festival começou no sábado pontualmente às 20h com uma excelente apresentação do Holger. Formada há quase três anos, a banda paulistana nasceu a partir de um projeto musical chamado That’s All Folks com a participação de músicos de diversas bandas. Passada a fase experimental, o grupo se fechou em uma formação com cinco integrantes que trocam constantemente de instrumentos e dividem todos os vocais.

Desfilando camisas de flanela (que os faziam parecer versões adultas do Chico Bento) e mostrando um despojamento no palco que contagia, o Holger fez um belíssimo show destacando os bons trabalhos de guitarra que lembram de Pavement a American Music Club até Broken Social Scene. Além de canções inéditas marcaram presença no repertório, entre outras, “Nelson” e “Brand New T-Shirt”, duas faixas do EP “The Green Valley”, disponibilizado no Trama Virtual (http://tramavirtual.com.br/holger).

Na seqüência, o duo norte-americano No Age subiu ao palco para mostrar o seu noise powerpop, que de powerpop não tem nada. Com o volume do som mantendo-se no vermelho, Randy Randall (guitarra) e Dean Spunt (bateria e vocais) deixaram boa parte dos presentes surdos mostrando que duas pessoas sozinhas em um palco podem fazer uma arruaça dos infernos. Como tocar alto não garante um bom show, o público ficou dividido no esquema “ame ou odeie”, mas o duo pode se dar por feliz, pois não tem como não percebê-los (para o bem e para o mal).

Fechando a primeira noite com casa lotada, o duo Matt and Kim (Matt Johnson nos teclados e vocais, Kim Schifino na bateria) esbanjou simpatia e fez todo mundo dançar. Ela bate pesado nos pratos e peles enquanto ele conduz a melodia com suas teclas num misto de punk e dance. O público se divertiu com as tiradas do duo, que sarreou “Sweet Child o’ Mine”, do Guns, e “The Final Countdown”, do Europe. No fim, a baterista agradeceu ao público por apoiar um festival independente. “É por vocês que podemos fazer o que fazemos”, agradeceu. O hit “Daylight” foi o grande momento da noite.

Na segunda noite, apenas duas bandas, e um público menor que o da estréia. De Colatina, interior do Espírito Santo, os quatro garotos do Mickey Gang (todos nascidos nos anos 90) conseguiram superar o fraco show na casa paulistana Neu, na sexta, mas ainda precisam trilhar um longo caminho – principalmente de palco. O som é um xerox pouco inspirado de Rapture com alguns momentos de Killers.

Arthur, o vocalista (com uma camiseta do Jonas Brothers e pouca desenvoltura no palco), divertiu o público ao ameaçar de forma blasé: “Nós vamos tocar um cover agora. Se vocês não cantarem, a gente nunca mais volta para São Paulo”. O público riu, mas cantou “All the Small Things”, do Blink 182, e também o single “I Was Born in the 90’s”, que fechou o show, com Arthur elogiando a presença de palco do Holger e alfinetando a banda que iria fechar o festival: “Eles são cover de Arctic Monkes”. Se entendessem a língua portuguesa, o pessoal do The View poderia dar o troco. Fácil.

Não que a alfinetada tivesse sido gratuita. Se uma pessoa atirar uma pedra em uma árvore no Reino Unido vão cair uma dúzia de bandas iguais ao The View. Personalidade não é o forte dos escoceses, mas não dá para dizer que o show é morno. O quarteto faz um rock acelerado com boa pegada nas guitarras, aquela vocal britânico marcante e alguns refrões bacanas, que se não convencem no quesito originalidade, não atrapalham a vontade de beber cerveja ou de pular – talvez para aqueles que toparam o figurino de um dos vocalistas: calça pescador dobrada no meio da canela com mocassim vermelho!!

O show divertiu metade do pequeno público, que dançou e cantou canções como “Wasted Little DJs”, “Temptation Dice” e “Five Rebbecas” enquanto a outra atualizava as conversas de boteco sem dar muita bola para o palco. No fim, a banda se despediu desajeitadamente, e não houve nem coro de bis. O saldo final foi bastante positivo com destaque para o bom som da casa e as boas apresentações de Holger e Matt and Kim no sábado. O Popload Gig já tem uma segunda edição marcada para o dia 15 de agosto com o grupo Friendly Fires entre as atrações.

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