Três discos: Luna, Trail of Dead e Flaming Lips

por Marcelo Costa

“Romantica” – Luna (Sum Records)
A capa, piegas, sinaliza que algo surge alterado no front Luna. Se lembrarmos que a estreia trazia uma nave espacial, que “Penthouse” trazia um edifício e “Pup Tent” um cowboy, e que todos esses elementos eram característicos do som que o álbum propunha, o que esperar de um isqueiro caribenho? Romance, meus caros, romance. Dean Warehan vasculha com elegância impar e bela musicalidade temas que você até pode encontrar no álbum dos Strokes ou do The Vines, mas não com a calma, distanciamento e, sobretudo, conhecimento que o Luna propõe. “Romantica” é leve e “warehanmente” feliz. A produção cuidadosa e, sempre, pomposa de David Fridmann deixa o som mais encorpado (“Love Dust” – “Swedish Fish”) quando não coloca cordas e teclados a favor da delicadeza pop (“Black Champagne” – “Romantica”) ou não remete aos seus produzidos de longa data (Flaming Lips e Mercury Rev), caso de “Black Postcards”. O velho Luna marca presença na guitarra fuzzy de “1995” e alguns se lembraram de “Weird and Woozy” que fez parte de vários shows da tour brasil, ano passado. A baixista Britta Phillips, possivelmente a “culpada” pela leveza na fase atual da banda, faz backings em várias faixas e dueta com Dean em “Mermaid Eyes”. São doze canções deliciosas e sensíveis para se deixar no reply e ficar ouvindo por horas e horas e horas…

Nota: 7,5

“Source, Tags & Codes”, And You Know Us By The Trail Of Dead (FNM)
A banda texana que arrebatou corações roqueiros em sua tour Brasil 2001 está de volta, agora com um novo álbum que quebra o silêncio de três anos sem material inédito. Muito embora, silêncio e Trail of Dead sejam palavras que não devam ser usadas na mesma frase. O grande diferencial agora é que “Source Tags & Codes” marca a estreia do Trail of Dead na poderosa Universal (distribuída no Brasil pela bacana FNM), o que deve aumentar o culto sobre essa banda do Texas. Nada mais justo para uma das melhores, senão a melhor banda ao vivo da atualidade. O novo álbum segue na mesma linha do anterior, “Madonna”, a saber: guitarras barulhentas alternadas com levadas melódicas embaladas por vocais emocionados. E traz canções que os caras estão tocando há tempos em shows, inclusive nos do Brasil, como “Baudelaire”, “Homage” e o singlem pré álbum, “Relative Ways”. Rock ‘n’ Roll bom pra diabo.

Nota: 7,5

“Yoshimi Battles The Pink Robots” – Flaming Lips (Warner)
Três anos após o magistral “Soft Bulletin”, o Flaming Lips retorna com “Yoshimi Battles The Pink Robots”, uma fábula psicodélica moderna. Preenchendo belas melodias com mil e um barulhinhos, o que obriga várias audições via fones de ouvido, “Yoshimi” é pop (ahñ) excêntrico. A levada de “Fight Test” remete a Cat Stevens. “One More Robot/Sympathy 3000-21” é conduzida por batidas eletrônicas em clima trip hop/ambient. “Yoshimi Battles The Pink Robots pt. 1” traz um violão limpo. O single “Do You Realize?” nos faz pensar onde acaba o Lips e onde começa o Mercury Rev. Tematicamente é o mundo maluco de Wayne Coyne fazendo mais sentido que nunca. Amparado pelo universo do título do álbum, Coyne discorre sobre robôs que quase podem amar, uma garota faixa-preta lutando contra robôs cor-de-rosa, discussões sobre lógica e futuro, o que é amor e o que é ódio. A revista inglesa Uncut (a melhor publicação de música na atualidade) elegeu “Yoshimi” o melhor disco dos cinco anos de vida da revista. Mais, deu cinco estrelas e meia de cotação, sendo que a nota máxima é cinco. Exagero? Sim, um pouco. Mas só um pouco. “Yoshimi Battles The Pink Robots” já é um dos grandes discos de 2002.

Nota: 9,5

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