Mojo Book 073: “O Filho de José e Maria”, de Odair José, por Sara Stopazzolli

16 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.

A partir de 2022, o Scream & Yell passou a republicar os livros da Mojo buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). A ideia é ter toda semana um livro “novo” da Mojo sobre um disco disponível! O 73° volume da série (conheça os anteriores) é dedicado a “O Filho de José e Maria”, disco clássico gravado por Odair José e lançado em 1977.

Disco conceitual cujo protagonista era uma espécie de Jesus Cristo contemporâneo que se envolve com drogas e coloca em dúvida sua própria condição sexual e, após longos anos de solidão e rejeição social, assume a sexualidade aos 33 anos e passa a viver plenitude da felicidade, “O Filho de José e Maria” foi um “fracasso” de vendas na época… “Não foi bem um fracasso”, observou Odair em entrevista ao Scream & Yell. “Ele vendeu mais de 100 mil cópias, mas para quem estava esperando vender 1 milhão”…

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Às oito horas da manhã do dia em que completou dez anos, Salvador acordou e, antes mesmo de abrir os olhos, fez um pedido ao Papai do Céu: queria passar o dia a sós com Chavez e Chapolin Colorado. Pobre menino. Mais uma vez, o mesmo desejo de todos os anos não seria realizado. Abraçada à esperança de tornar o filho um ser social, mamãe Maria fez um lindo bolo, comprou docinhos e salgadinhos, e chamou a turminha para comemorar.
Depois de alimentar falsas expectativas de que o super-herói mexicano apareceria na festa e o levaria para longe de seus intragáveis amiguinhos, Salvador caiu na real: Papai do Céu não gostava dele; sua mãe também. E fez uma investida punk nos docinhos e salgadinhos. Comeu muitos, compulsivamente, até que seu intestino de menino viesse com a resposta. Sorte grande. Bem às vésperas do “Parabéns a você”, o momento mais odiado do
ano. Sobrou para José e Maria, que se revezavam entre os cuidados com o filho no banheiro e as tentativas de distrair os convidados. Maria rendia José. José rendia Maria. Tudo em silêncio. Há tempos que o vocabulário deles havia feito uma regressão pra nunca mais voltar. Estacionou em monossílabos e onomatopéias.

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