Entrevista: Terminal Guadalupe retorna após 15 anos e lança seu quarto disco, “Agora e Sempre”, buscando novos caminhos

entrevista por Marcelo Costa

A Terminal Guadalupe está de volta. Ok, caso você não seja leitor das “antigas” do Scream & Yell, o que de certa forma pode entregar alguns cabelos brancos, e não acompanhou a incrível cena indie brasileira dos anos 00, talvez não entenda o quão saboroso é escrever “a Terminal Guadalupe está de volta”. Ou talvez você seja uma pessoa anônima, como aquele garoto que escreveu um e-mail ao Scream & Yell em 2009 lamentando “quando uma banda que a gente ama acaba” para dizer que estava arrasado com o fim da Terminal Guadalupe. De qualquer forma, não é para soltar rojões mesmo, mas sim para dedicar um tempo e dar play em “Agora e Sempre”, registro de canções novas que reúne 3/4 da banda que era o futuro do rock nacional.

Surgida em Curitiba nos primeiros anos do novo século como um projeto solo do músico Dary Jr. para a trilha de um curta-metragem, “Burocracia Romântica” (2003), a Terminal Guadalupe logo virou uma banda encorpada e com personalidade devido a chegada de Allan Yokohama (guitarra, violão, programações e voz), Fabiano Ferronato (bateria) e Rubens K (baixo), formação que lançou o excelente “Vc Vai Perder o Chão” (2005) e o elogiado e obrigatório “A Marcha dos Invisíveis” (2007), uma das pérolas pop daqueles anos difíceis, um disco genial cuja resposta positiva da crítica da época não impediu que a banda se separasse em 2009 (um dos últimos registros da TG, o EP “O Tempo Vai Nos Perdoar”, está abrigado no selo do site).

Passado mais de 10 anos, os parceiros Dary e Allan voltaram a se falar, e a pandemia acabou os aproximando (ainda que um estivesse em Curitiba e o outro em Olhão, Portugal): “Eu e o Dary decidimos fazer uma dessas lives para nos divertirmos um pouco. (…) O repertório e as histórias trouxeram aquela nostalgia e dias depois estávamos compondo material novo”, revela Allan na entrevista abaixo, realizada via conversa em grupo no Whatsapp, aplicativo responsável pelas primeiras trocas de ideias que resultaram no quarto álbum de inéditas da Terminal Guadalupe, “Agora e Sempre” – sem contar a coletânea “Girassóis Clonados”, de 2004 (inédita em streaming), e “Ensaio Acústico 05/12/2003”, liberado em 2021.

Agora e Sempre” foi gravado com Dary em Curitiba, Allan em Portugal e o baterista Fabiano em Berlim, na Alemanha. Para o baixo foi escalado Marcelo Caldas, ex-Cabaret, que também vive em Portugal (na verdade, ele conta que se convidou para assumir a função quando viu a TG em movimentação), e foi ele quem indicou o produtor Iuri Freiberger para produzir o disco. São 10 faixas que se distanciam do rock com ecos de Legião que marcaram os discos anteriores da banda: “Começamos a trocar referências novas entre nós, como kraut-rock e música eletrônica dos anos 1970”, conta Dary. “Foi um choque ouvir os rascunhos iniciais (do Allan) porque não tinha guitarra, algo impensável para uma banda que conta com um guitarrista espetacular”.

“Choque” talvez seja uma boa palavra para se definir a sensação que causa uma primeira audição do novo disco da Terminal Guadalupe, que além das sonoridades experimentais contém canções em português, inglês, espanhol e italiano (o disco abre cantado em espanhol, com a arrepiante “Ahora y Siempre” e segue com uma faixa forte cantada em inglês, “Black Song”, inspirada no assassinato de George Floyd). O vocalista Dary recomenda audições lentas – “O choque diminui conforme novas audições são feitas” – e além de esperar que o antigo público da banda dê uma chance a “Agora e Sempre“, sente que “o álbum pode nos apresentar para uma galera nova”.

Na conversa abaixo, eles contam sobre a reaproximação e o ponto de partida para o novo disco (“A iniciativa foi do Allan”, diz Dary), analisam o processo de gravação e produção no meio da pandemia (“Eu descobri que adoro trabalhar remotamente”, conta Marcelo), reforçam o desejo por fugir do mais do mesmo (“Acho que seria um saco, depois de quinze anos, voltar com a mesma proposta”, avalia Fabiano), nem que para isso precisassem tirar o ouvinte de sua zona de conforto (“A intenção desde o início foi provocar quem o escuta, causar algo, nem que seja estranheza”, confirma Allan). Eles ainda falam de suas bandas e artistas pares favoritos na atualidade e refletem sobre o futuro da banda. Chega mais, papo bom!

Para começar o papo, vocês estão de volta com 3/4 da formação clássica e disco novo. Como foi esse reencontro musical do Terminal Guadalupe?
Dary: A iniciativa foi do Allan, no segundo mês de confinamento forçado pela pandemia. Ele lançou a proposta por WhatsApp. Eu fiquei surpreso, não nego. Depois, preocupado. Tinha o segundo trabalho solo (Dario Julio & Os Franciscanos) e a estreia da dupla com Paulo de Nadal (Esteves & Nadal) pela frente. Achei que talvez não fosse dar conta, até pela expectativa que o retorno de uma banda tão importante para mim poderia criar. Havia muito sentimento em jogo. Remexer no passado é algo delicado, né? A segurança para retomar o processo de composição do repertório viria com o tempo, principalmente com a formação que ganhava corpo.

Fabiano: Basicamente o Japa (também) chegou pra mim: “E aí topa gravar um disco novo do TG? Bem relaxado, sem pressão”. Eu estava em Berlim e estava rolando um lockdown foda, o que acabou sendo um incentivo. Além de não querer ficar de fora da brincadeira!

Marcelo: Eu apenas vi a movimentação surgir e falei: “Porra, se precisarem de baixista na nova formação, contem comigo!”. Me convidei mesmo. A amizade com eles veio dos tempos em que toquei com o Cabaret dividindo palco com o TG.

Allan: Quando começou a pandemia, começou também a onda das lives, eu e o Dary decidimos fazer uma dessas para nos divertirmos um pouco. Tocamos separadamente, eu em Olhão (Portugal), ele em Curitiba. O repertório e as histórias trouxeram aquela nostalgia e dias depois estávamos compondo material novo. A minha primeira ideia era regravar algumas músicas do nosso repertório, mas o Dary havia guardado muitas de minhas melodias que eu registrava e arquivava em CD. Ele fez o trabalho de garimpar isso tudo e me mandar para trabalharmos. E ele já tinha duas músicas praticamente prontas, “Black Song” e ¿Qué Pasa, Cabrón?.

E como foi esse processo de gravar a distância, pandemia rolando? Whatsapp anunciando mensagem nova de hora em hora?
Allan: Logo que as canções foram surgindo, comecei a fazer os arranjos, todos no computador. Muitas trocas de mensagem, muitos testes de timbres e arranjos, muitos experimentos pelas madrugadas tentando fazer a música soar o melhor possível e esperando ansiosamente pela resposta da banda. Em outros tempos, as coisas se resolveriam mais facilmente com alguns ensaios presenciais. O que rolou com a gente é que havia o vai-e-vem de mensagens do WhatsApp e ainda mais a diferença de fuso horário entre Portugal, Alemanha e Brasil. Tudo isso tornou o processo mais lento e a ansiedade cada vez mais presente… haha

Fabiano: Foi uma troca infinita de mensagens. Eu tentava não olhar durante o dia para não atrapalhar no trabalho. Mas a curiosidade não deixava às vezes. No começo era o Japa enviando a música com uma base de batera eletrônica. Aí eu gravava umas ideias na batera e adicionava na música. Editava algumas partes, fazendo um copy and paste bem tosco. Nunca tive intimidade com software de edição, aprendi o básico na marra por conta do processo. Foi a maneira de poder me ouvir e testar ideias. E acabou influenciando totalmente a minha forma de arranjar e gravar “Cabrón”, por exemplo.

Marcelo: Para mim foi a oportunidade de explorar timbres, arranjos, ideias com muito mais calma do que jamais tinha feito. Sem a pressão do contador do estúdio, o permitir-se errar fica mais natural, bem como os improvisos. No final, muitas ideias de primeira execução ficaram, assim como outras foram viradas do avesso. Isso sempre acompanhado por trocas de mensagens constantes, mudanças de estrutura, reclamações, elogios e zoações. E o mais importante: os feedbacks de todos e para todos em cada etapa do processo foram fundamentais para ter a certeza de que os passos dados estavam certos.

Dary: Houve um momento em que localizar os áudios tornou-se um garimpo, ainda mais porque o Allan trocou de número duas vezes ao longo do processo. Foi quando passamos a usar o Google Drive. Aí, melhorou. Eu tenho alguma dificuldade com tecnologia. Me lembro das tentativas de gravar as demos das vozes com o microfone entre as roupas penduradas para deixar o ambiente mais “seco” no quarto. Baixei programa de gravação e tudo. Não deu muito certo porque havia ruído nas conexões dos cabos e fui incapaz de consertar isso. O aplicativo de áudio do celular foi a alternativa. Foi assim que avançamos. O que mais senti falta foi do encontro. Não é a mesma coisa trabalhar em uma canção sem olhar os outros integrantes e receber o retorno na hora, entre observações mais assertivas e piadinhas. Em compensação, o foco foi maior. Isso é indiscutível.

Marcelo: Eu descobri que adoro trabalhar remotamente. =D

Dary: Eu não sei como um professor de cursinho é capaz de dizer isso. 😂

Marcelo: Exatamente por isso. 😅

Dary Esteves Jr. / Foto de Zeca Milleo

“Agora e Sempre” me soa um dos discos mais variados de vocês, principalmente no que tange a sonoridades. Foi planejado? Como vocês pensaram o disco?
Allan: Não foi planejado. Cada música veio à sua maneira. Cada uma tinha sua própria sonoridade, os arranjos aconteceram de forma bem livre e espontânea. A única regra era não se fechar para as ideias que surgiam. Alguns arranjos se resolveram quase que de primeira, já outros saíram mesmo aos 45 do segundo tempo.

Dary: O Allan, sabidamente, não queria se repetir. Vínhamos de um disco de rock que muito nos orgulha, “A Marcha dos Invisíveis”, de 2007. O desejo era fazer algo tão bom quanto aquele álbum, mas que trouxesse sonoridades diferentes. Começamos a trocar referências novas entre nós (eu e Allan no primeiro momento), como kraut-rock, e música eletrônica dos anos 1970. A partir daí, acho, ele se sentiu mais à vontade de buscar os caminhos. Foi um choque ouvir os rascunhos iniciais porque não tinha guitarra, algo impensável para uma banda que conta com um guitarrista espetacular. Mesmo assim, deixei quieto e tomei a única atitude possível: dar liberdade e apoio. Minha contribuição neste álbum foi não atrapalhar – ou atrapalhar o mínimo.

Marcelo: Acho que tem muito também dos caminhos musicais percorridos pelos integrantes nesses 15 anos. Fazer um disco como “A Marcha” nem me parecia possível. O mundo mudou, nós mudamos. O Allan trouxe referências do pop, eu andei anos imerso no universo do post-rock instrumental, o Dary desenvolveu outras vertentes em seus projetos etc. Me parece que a diversidade vem muito dessas intervenções que sofremos em nossas histórias. E, no meu caso específico, ser um novo integrante no processo de recriação de um projeto já existente acabou por trazer outras perspectivas para a banda também.

Fabiano: Acho que seria um saco, depois de quinze anos, voltar com a mesma proposta. Nesse tempo muita coisa mudou. Continuamos ouvindo coisas antigas mas também muito som novo e de diferentes estilos. O “não-plano” foi de usar o que estava a nossa volta, o que gostássemos mais.

Não sei se é essa questão de variedades, mas comentei com Dary que eu achei, numa primeira ouvida, “Agora e Sempre” um disco difícil, e o Dary comentou comigo que é um disco que necessita de muitas audições. Queria retornar a esse tema e saber como vocês veem isso?
Marcelo: Não acho um disco difícil, mas um “não-disco”, ao menos no que diz respeito ao que nos acostumamos quando falamos de um. Há um fio condutor, há elementos que se conectam, há uma busca comum a todas as faixas. Mas isso não precisa resultar numa “mesmice sonora”, e acho que a surpresa é fascinante. A meu ver, as canções funcionam como singles isoladamente e dialogam quando em coletivo, mas sem nunca criar essa narrativa linear tão certinha.

Dary: Os temas das letras são áridos. Os arranjos, inéditos na discografia da banda. Isso sugere digestão lenta. O choque diminui conforme novas audições são feitas. Concordo com a explicação do Marcelo, de singles que se conectam.

Allan: Acho que a vontade de não se repetir era tanta que cada música acabou saindo totalmente diferente uma da outra – hahaha

Dary: Boa. 😂

Allan Yokohama / Foto de Adriano Fagundes

Uma coisa que se destaca no novo álbum são as línguas: as letras são cantadas em português, inglês, espanhol e italiano (as duas primeiras, inclusive, abrem o disco em espanhol e inglês). Como surgiu isso?
Dary: Veio naturalmente. E tinha relação com o fato de integrantes da banda estarem em outro continente. O assassinato de George Floyd inspirou “Black Song”. Como sou o único do TG de origem negra, senti que era de tocar neste assunto de forma mais direta, até porque as mortes de negros pela polícia são muito mais frequentes no Brasil. Nasci na fronteira com a Bolívia, o que fez o espanhol ser a minha segunda língua. Cantar em italiano, mesmo com imperfeições, era um sonho antigo. Ouvia muita música italiana na infância. Só não me sentia seguro para fazer a letra, o que pedi a Franco Cava. No fim das contas, é tudo um grande esforço de comunicação de uma banda que não sabe mais quem é seu público, se ele existe e como chegar até ele.

Há duas novidades em “Agora e Sempre”: a chegada do Marcelo Caldas (ex-Cabaret, que é uma banda que nós todos amamos), que trouxe consigo a mão certeira do produtor Iuri Freiberger. Como foi a adaptação deles no cotidiano TG? O que eles acrescentaram ao novo disco?
Allan: Se o palco não pode ser pouco, a produção de um disco muito menos 😜. O Iuri trouxe clareza e caminhos para encontrarmos saída para tantas músicas que não pareciam conversar entre si. Havia a busca por um conceito sonoro que foi fazer mais sentido quando ele entrou para o time. Afinidade nessas horas é importante, assim como foi com o Marcelo, mesmo já o conhecendo, não havia trabalhado com ele ainda, mas logo na primeira troca de arranjos, influências e conversas, já soube que tudo iria fluir bem.

Marcelo: Trabalhar com o Iuri de novo era um sonho antigo meu. A experiência com o Cabaret tinha sido muito boa, e também, mais recentemente, com a minha outra banda aqui de Portugal, The Invisible Age. Então, a partir do momento que passamos a discutir nomes para produção, insisti que o Iuri era o ideal para o que queríamos. E isso se provou no resultado final. Sobre o que acrescentei, acho que os outros podem dizer melhor. Mas com certeza trouxe mais beleza para a banda. 😎

Allan: Marcelo trouxe muita classe nos arranjos do baixo, além de vestir a camisa da banda. Entrou pra somar mesmo e participar de todo o processo que foi esse disco.

Dary: Tivemos uma boa convivência com o Cabaret, o que gerou amizades duradouras. Mantive contato com Pedro Carrilho (ex-guitarrista) e Marcelo Caldas por visões de mundo semelhantes. Marcelo sempre se colocou à disposição e o fato de estar no mesmo país em que o Allan vivia encaminhou sua chegada à banda. Fiquei feliz por ter mais um fã de R.E.M. comigo. Coube a Marcelo indicar o Iuri, alguém que sempre respeitei e com queria muito trabalhar. Muito antes disso tudo, Iuri sempre dava um jeitinho de bater um papo comigo quando passava por Curitiba. Ele foi baterista do Tom Bloch, que gravou um primeiro disco clássico, e virou um excelente produtor. Foi como trabalhar com alguém de quem sou fã. Marcelo e Iuri trouxeram frescor e ampliaram horizontes do TG. Isso fica evidente no resultado do álbum.

A trajetória do TG sempre foi marcada por canções políticas, uma herança clara do rock anos 80/90 que sempre marcou a banda. Uns anos atrás cheguei a comentar que vocês anteciparam boa parte da crise política que colocaria o país pós-golpe num limbo (em “Praça de Alimentação”, que fechava o “Marcha dos Invisíveis”, de 2007) e desembocaria no obscurantismo desses dias inacreditáveis que estamos vivendo. Inevitavelmente, esse momento marcou muitas das novas canções, certo?
Dary: Como você diz, era inevitável. Pessoalmente, não sei fazer ficção. E nem tenho problema em admitir essa incapacidade. Estendo o jornalismo, minha profissão, para cada canção, seja sobre amor, dúvidas existenciais ou críticas sociopolíticas. Insisto que é a grande influência do cineasta Ken Loach sobre tudo aquilo que faço: todos os dramas pessoais se conectam à realidade e mesmo um pé na bunda guarda relação com o dia a dia. Não sei fazer diferente. Sobre as letras anteriores, sinto que incorporei um olhar de pantaneiro, de peão, de amante das belezas e da história do povo brasileiro, como fica evidente em “A Flor de Drummond”, mas poderia ser “O Bernardo de Manoel de Barros” ou “O Pedro de Luiz Taques”. Nós vamos sair dessa.

Fabiano Ferronato / Foto de Greg Dobrzychi

Qual a favorita de cada um de vocês do novo disco? E por quê?
Marcelo: Se eu pensar no meu trabalho enquanto baixista, “Holidays In Amityville”. É, provavelmente, a melhor linha de baixo que compus ao longo da vida. Como trabalho coletivo, “Ahora y Siempre”, tanto pela força da mensagem quanto pela riqueza dos arranjos.

Allan: “Ahora Y Siempre”, pelos mesmos motivos do senhor Caldas.

Dary: Não tenho uma canção favorita, mas fico arrepiado toda vez que ouço o discurso de Ulysses Guimarães em “Ahora y Siempre”. Coroa uma música que elevou a banda a um novo paradigma próprio. “Vácuo” é de cortar o coração. O arranjo de “Black Song” também me emociona, assim como as harmonias de “Olhão”. E “Holidays in Amityville” é o pop perfeito. Eu realmente gosto do conjunto.

Fabiano: Acho que preciso ficar um tempo sem ouvir as músicas, mas ficaria entre “Black Song” e “Ahora y Siempre”. Acho que as duas tem uma energia forte.

Nos anos 00 havia uma cena de rock mais intensa no país, e vocês tinham bandas próximas, pares. Onde vocês imaginam que o TG se situa hoje nesse mundo pop brasileiro de 2022? Quem são as bandas que vocês admiram nesse novo cenário?
Dary: Gosto muito de Outros Bárbaros (SC), Pelos (MG), Black Pantera (MG) e Flaming Carrots (PR). Também admiro cantautores como Phillip Long (SP), Perdido (RJ), Manoel Magalhães (RJ) e Fábio Della (SC), além de Beto Cupertino (GO), Andre L R Mendes (BA), Giovanni Caruso (PR) e Paulo de Nadal (PR). Acompanho de perto o trabalho solo de Lucas Gonçalves (MG), mais conhecido por integrar a banda Maglore. Sou fã dele.

Allan: Sempre fui muito fã do Charme Chulo. O último disco deles, produzido pelo Lemoskine, está incrível. Eles sempre foram uma inspiração para mim.

Marcelo: Tenho acompanhado pouco da música brasileira atual, mas acho que Charme Chulo e Carne Doce são bandas que me fazem feliz de dividir uma época com elas.

Dary: Charme Chulo e Mordida são companheiras de geração em Curitiba que têm nosso respeito e admiração sempre.

Fabiano: Ninguém respondeu diretamente onde a banda se situa hoje… e acho difícil responder. Essa cena já era relativamente pequena, semiprofissional, tudo na raça, na amizade. Hoje em Curitiba parece que ainda são as mesmas incansáveis pessoas. Berlim, onde morei, não é muito diferente. Sobre bandas novas, pra mim pelo menos, gosto e ouço bastante o Sessa e a Ana Frango Elétrico. Dos que estão na ativa ainda, Charme Chulo, O Lendário Chucrobilly, Machete Bomb, No Milk Today, Macumbazilla…

Marcelo: De longe, tenho dificuldade de perceber alguma cena rolando. As poucas novidades que chegam aqui são as que apelam mais para as “brasilidades”, então fico bem perdido quanto ao que está rolando e onde poderíamos nos encaixar.

Marcelo Caldas / Foto de Adriano Fagundes

Como vocês imaginam o futuro da banda? Dary em Curitiba, Allan e Marcelo em Portugal, o Fabiano em Frankfurt? Há uma cobrança de vocês mesmos sobre uma resposta / aceitação do público sobre o novo álbum, ou podemos esperar que esse seja, independente de qualquer coisa, o primeiro álbum da nova fase do TG?
Allan: A minha expectativa é a de sempre querer ouvir quem ouve o disco, para criticar ou dialogar a respeito. A intenção desde o início foi provocar quem o escuta, causar algo, nem que seja estranheza. Espero que a gente consiga provocar cada vez mais ouvidos. Acredito que seja uma nova fase. A notícia boa é que sempre poderemos fazer música juntos. Não importa a distância. A notícia ruim, talvez seja, que a gente não queira mais passar por tudo isso novamente, justamente por causa da distância (risos).

Marcelo: Inevitavelmente, agora que estamos na mesma cidade, eu e Allan trabalharemos juntos, inclusive na divulgação do álbum por terras portuguesas. Gostaria que o disco representasse uma nova fase da banda, até por ser só o meu primeiro (hehehe), mas não tenho essa pressão na cabeça. Se rolar, ótimo. De qualquer forma, se for para acontecer, acho que tentaremos fazer o processo de outra maneira, até para não levar 2 anos de novo…

Dary: É uma nova fase, sim. Como estamos muito distantes, imagino que nos encontraremos a cada dois anos no Brasil ou na Europa, conforme as agendas comuns, para turnês curtas e gravações. Eu espero que o nosso antigo público dê uma chance a “Agora e Sempre”. Sinto que o álbum pode nos apresentar para uma galera nova, mas admito a dificuldade disso devido à impossibilidade de shows frequentes. Em todo caso, temos outros projetos e estaremos sempre lançando músicas entre os futuros discos do TG.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.

One thought on “Entrevista: Terminal Guadalupe retorna após 15 anos e lança seu quarto disco, “Agora e Sempre”, buscando novos caminhos

  1. Obrigado pela atenção, Marcelo. Terminal Guadalupe é um “filho” do Scream & Yell, de certa forma. O carinho e o respeito com a história da banda são coisas raras.

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