Três HQs: Agentes da S.H.I.E.L.D., O Xerife da Babilônia, Hellboy

Resenhas por Adriano Mello Costa

“Agentes da S.H.I.E.L.D: Tiro Perfeito”, de Mark Waid (Panini Comics)
A série de televisão “Agents of S.H.I.E.L.D.” começou como uma boa promessa em 2013, porém patinou bastante na primeira temporada sem saber muito bem qual sua função e só se consolidou a partir da metade do segundo ano em ótima pedida para os fãs dos quadrinhos, como também neófitos desse universo conquistados pelo sucesso dos filmes da Marvel. Já com a quarta temporada finalizada (e a promessa de uma quinta), a empresa resolveu transportar para os quadrinhos o clima de aventura e descontração da TV, assim como vincular ainda mais os personagens com seu mundo. “Agentes da S.H.I.E.L.D: Tiro Perfeito” compila as seis primeiras edições desse projeto publicadas nos EUA de fevereiro a julho de 2015. Com 148 páginas e capa dura, a Panini Comics disponibiliza esse material agora em 2017. Todas têm o roteiro do experiente Mark Waid (Demolidor, Capitão América) e a cada trama um novo artista conceituado assume os desenhos. Estão presentes nesse volume nomes como Carlos Pacheco, Humberto Ramos, Mike Choi, Paul Renaud e os grandes Alan Davis e Chris Sprouse. Cada número é uma aventura fechada, mas que servem ali na surdina para um arco maior que praticamente se completa no próprio encadernado. Nos deparamos novamente (para quem viu a série e funciona melhor para estes) com Phil Coulson e a equipe composta por Melinda May e o casal Fitz-Simmons (nomes como Ward e Skye ficam fora). Para melhorar, o elenco de apoio é vigoroso e traz Homem-Aranha, Miss Marvel, Sue Richards, Heimdall, Feiticeira Escarlate, Cavaleiro Negro e Valquíria. Nessas novas aventuras da Superintendência Humana de Intervenções Estratégicas, Logística e Defesa sai o tom soturno e cheio de conspirações da era Nick Fury e aparece o entretenimento puro e simples como guia, com inspiradas cenas de ação mescladas com boas piadas resultando em entretenimento leve e descompromissado.

Nota: 6

“O Xerife da Babilônia: Bang. Bang. Bang”, de Tom King e Mitch Gerads (Panini Comics)
Após tirar Saddam Hussein do poder em 2003, os EUA assumiram o controle do Iraque – principalmente Bagdá – e começaram uma espécie de transposição de poder para um novo governo. A guerra forjada pelo presidente George H. Bush e seus aliados foi montada em cima de falsas alegações, mentiras e pretextos escusos, contudo serviu para tirar do poder um ditador tirânico e sanguinário, com muito sangue nas mãos. Nesse cenário pós-derrubada e repleto de caos é que se ambienta “O Xerife da Babilônia: Bang. Bang. Bang”, que a Panini Comics publica esse ano aqui em um encadernado de 162 páginas com capa cartonada. Esse primeiro volume reúne as edições originais de 1 a 6 oriundas de fevereiro a julho de 2016, contando com extras como o processo de criação da arte de uma página. O personagem principal é o ex-policial Christopher Henry que está no país recebendo valores consideráveis para treinar a nova força de segurança iraquiana. Quando um de seus recrutas aparece morto na rua, ele tenta solucionar o caso movido não se sabe por qual senso de justiça. Nesse processo entra em cena Sofia, uma integrante do novo governo, e o ex-detetive Nassir, um agente fiel a Saddam anteriormente. É essa busca que movimenta a trama criada por Tom King (Batman) e com arte e cores de Mitch Gerads (Justiceiro). O roteirista conhece bem o que descreve pois trabalhou no país como agente da CIA e isso enxerta nuances mais reais, assim como os cenários feitos de maneira cuidadosa que visam aproximar o máximo possível a ficção da realidade, tendo no uso das cores um grande mérito. “O Xerife da Babilônia” exibe como atrativo, além da autenticidade, um roteiro que deixa os personagens principais cheios de desejos ocultos, o que adiciona a cada página lida uma boa gama de suspense e expectativa para o que virá na sequência. Vale a pena ir atrás.

Nota: 7

“Hellboy e o B.P.D.P: 1952”, de Mike Mignola, Alex Maleev e Dave Stewart (Mythos Books)
Mike Mignola costuma convidar para as edições do seu rebento preferido nomes talentosos dos quadrinhos. Em “Hellboy e o B.P.D.P: 1952” não foi diferente. O roteiro foi construído por ele e John Arcudi (B.P.R.D), a arte e capas feitas pelo Alex Maleev (Demolidor) e as cores nas mãos do excepcional Dave Stewart (DC: A Nova Fronteira). Meio difícil sair algo ruim né? Pois é, para agrado dos fãs, não saiu mesmo. Esse conjunto reúne a minissérie lançada nos EUA entre dezembro de 2014 e abril de 2015 pela Dark Horse. No Brasil, recebeu edição encadernada de capa dura em 2016 pelo Mythos Books. Com 180 páginas apresenta papel de alta qualidade e extras com entrevistas, esboços e processo de criação, o que quase sempre justifica o alto preço das publicações da editora. Enquanto nas revistas atuais Hellboy morre e desce ao inferno para findar sua saga, Mike Mignola também leva em paralelo o personagem para uma viagem no tempo onde almeja contar por ano as aventuras pregressas antes da estreia em 1993. Sendo assim, esse volume conta a primeira missão do agente, ainda um novato, sem toda a segurança que nos habituamos a ver. Essa missão ocorre no Brasil, quando depois de vários assassinatos insólitos na selva amazônica, o Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal é chamado e Hellboy vai junto com o time. O roteiro mistura a aventura da solução do mistério com terror, nazismo e ficção científica sem deslizar e fazendo com que além dos vilões em si, o time ainda se preocupe com um traidor nas próprias fileiras. Se realmente o autor levar adiante o desejo de narrar aventuras anuais até 1993, teremos um extenso material a ser explorado daqui em diante, o que na maioria dos casos é repetição de ideias para fins especificamente comercias, mas no caso de Mignola e Hellboy as coisas vão por outro caminho, como já ficou provado mais de uma vez. Ainda bem.

Nota: 7

– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) assina o blog de cultura Coisa Pop

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