Giovani Cidreira ao vivo no CCSP

Texto por Cainan Willy
Fotos por Kalaf Lopes

O soteropolitano Giovani Cidreira iniciou sua carreira musical em 2006, na banda Velotroz, mas chamou a atenção em 2014, quando saiu solo com seu primeiro EP (do qual a Confraria Scream & Yell pescou a faixa “Menor”, que rolou no podcast 21), e a expectativa foi recompensada com “Japanese Food”, seu primeiro álbum cheio, que ganhou lançamento em abril de 2017 numa parceria da indie Balaclava Records com a Natura Musical.

“Japanese Food” demonstra a versatilidade instrumental que o baiano gosta de incrementar em suas composições e também a riqueza de suas letras, que por muitas vezes são o retrato de uma vida pobre em sua cidade natal, como também sobre relacionamentos falidos e aquela autoestima que nunca parece estar em alta. Segundo Renan Guerra, no abre da entrevista com Giovani aqui no Scream & Yell, “Japanese Food” é, desde já, um dos grandes lançamentos nacionais de 2017”.

Acompanhando por músicos jovens e talentosíssimos – Tomas Harrys (bateria), Ale Sater (baixo), Rubens Adati (guitarra), Filipe Castro (percussão) e Marcelo Sales (sax) –, Giovani debutou “Japanese Food” no Centro Cultural São Paulo numa noite nublada e chuvosa de quinta-feira. Com ingressos gratuitos, a Sala Jardel Filho, com espaço para mais de 300 pessoas, não chegou a esgotar, mas os presentes foram suficientes para deixar o ambiente cheio de pessoas que, de maneira tímida, arriscavam acompanhar o fôlego e o vocal quase que impecável de Giovani.

Além das músicas do seu novo disco, Giovani Cidreira aproveitou a noite para revisitar algumas das faixas presentes em seu primeiro EP. Foi o caso de “Ancohuma”, canção que abre o primeiro registro do baiano, que ganhou uma versão mais alta e muito mais animada.

Durante todo o show, muitas coisas chamam a atenção, dentre elas as roupas de Giovani: o cara tem estilo e não tem medo de abusar de suas versatilidades. Sua performance corporal também se destaca. Com o decorrer das músicas, ele demonstra sentir cada acorde e quando a bateria ganha um momento para solar, seu corpo entra em transe e o palco fica pequeno para sua agitação.

Giovani reserva um espaço no show para uma performance acústica, acompanhado apenas de um violão, momento em que exibe “Última Vida Submarina” e “Santa Fé, duas das três músicas apresentadas nesse momento mais intimista da noite. Para a terceira e última, a cantora e compositora Josyara, também baiana, é chamada ao palco para um dueto em “Pássaro Prata”.

Além de muito simpático e carismático, Cidreira tem pinta de gente boa e aos poucos ganha o público fazendo-o dançar. A Sala Jardel Filho, no entanto, não convida a dança, pois é um teatro/auditório que requer certo tipo de postura do público. Caso fosse uma apresentação com plateia em pé, não resta duvida que “Festa de Judas”, por exemplo, botaria todo mundo pra dançar.

Recém-lançado (e distribuído gratuitamente em www.giovanicidreira.com.br), “Japanese Food” é um nome simples que soa de maneira agradável aos ouvidos, mas que funciona também como disfarce para as letras profundas deste poeta baiano, que ainda de aparência jovem demonstra muita experiência e presença de palco. Giovani não tem medo de encarar o público e soltar todas as suas angústias em passos de uma dança descompassada onde o corpo vai para um lado e a cabeça par outro. O resultado é um belo show, que deve ser visto. Se ele passar por perto, não perca.

– Cainan Willy (www.facebook.com/CainanWily) e editor chefe do site Pacovios

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