Entrevista: Ivo Mozart

por Marcos Paulino e Rodrigo Guidi

Desapego, fé, alegria, gratidão, encanto, esperança, naturalidade e positividade. Na visão de Ivo Mozart, 27 anos, autor do hit “Vagalumes”, esses são valores que devem ser propagados. Assim, em seu disco de estreia, que leva seu nome, cada um desses valores é representado por uma das oito músicas.

Ivo garante que quem compra o CD leva menos faixas, mas mais informação. Afinal, o álbum traz também um livro de 29 páginas, com as letras das músicas, histórias e textos motivacionais relacionados aos temas de cada canção.

O disco foi produzido por Gee Rocha e teve produção executiva de Conrado Grandino, ambos integrantes do NXZero e grandes amigos de Ivo. Eles aparecem como coautores em várias faixas e na participação que a banda toda faz em “A Festa”. O rapper Doncesão e a banda Pollo, que lançou “Vagalumes” com Ivo, também participam. Sobre esse trabalho, o cantor e compositor paulistano deu a entrevista a seguir ao PLUG, parceiro do Scream & Yell:

Diz a lenda que, assim que aprendeu as primeiras notas, você já começou a compor. Procede?
Minha família não tem nenhum DNA artístico, e meus pais colocaram meu nome em homenagem ao Mozart. Então acho que a veia artística veio do nome. Quando tinha 12 anos aprendi as primeiras quatro notas no violão e escrevi quatro músicas. Com 15 anos, formei minha primeira banda, com o Caco do NX. Por falta de quem cantasse, fui eu, porque fazia as músicas. Aí comecei a gostar desse negócio de falar com as pessoas no palco e fui me aprimorar.

Você foi estudar canto?
Só faz dois anos que comecei. Achava que não precisava, mas fui ter aulas com a Magali Mussi, que mudou minha voz completamente.

Você passou um tempo em Rondônia. Como foi essa história?
Quando tinha 19 anos e estava na faculdade de publicidade, uma pessoa disse que queria me dar alguma coisa, e o que ela poderia me dar era experiência. Ele me botou num ônibus e fui cantar com uma banda tipo Calypso, da qual ele era dono, muito famosa na época lá. Em São Paulo, eu cantava pra 50 pessoas no máximo. Lá, pra 10 mil. Percebi que era aquilo que queria pra minha vida. Fiquei um mês em turnê em Rondônia e no Amazonas e voltei.

E a faculdade?
Quando voltei, terminei. Depois de formado, viajei o Brasil inteiro dando treinamento pra uma marca. Aí vendi tudo o que tinha e fui tocar na rua pelo mundo. Foram 20 países, em que eu passava o chapéu. De volta ao Brasil, continuei fazendo isso, mas de forma organizada. Até hoje faço isso. Organizo um evento no Facebook, vou sozinho com meu violão, sem estrutura, e no final do show passo o chapéu.

Como essas experiências influenciam as suas letras?
Tento inserir um valor em todas as minhas músicas. Até por isso, o disco só tem oito músicas. Cada uma tem um capítulo da minha história e terá um vídeo sobre o seu valor. Será um vídeo a cada 15 dias, que serão colocados na internet.

Na faixa “Anjos de Plantão”, que fala sobre gratidão, você faz uma homenagem ao seu pai, que faleceu há pouco tempo, certo?
É uma homenagem ao meu pai e também um aviso a todos nós, pra parar de pedir um pouco e começar a agradecer. A gente só agradece aquilo que conseguimos, e esquecemos de agradecer por aquilo que não conseguimos.

A pegada rap de “Vagalumes”, seu grande sucesso, vem da sua origem de Pirituba?
“Vagalumes” é uma música minha, mas eu não podia lançar porque estava numa gravadora e eles não queriam lançar nada, porque achavam que o sertanejo estava dominando. Pra mim, se o mercado não estava legal, era preciso criar um mercado novo. Tenho muita referência gringa e gosto de misturar as coisas no meu trabalho. Comecei a fazer o rap de “Vagalumes”, mas achei que devia chamar alguém que entende disso, que foi a Pollo. Mas quando fui lançar a música, não podia ser com meu nome, só entrei como participação. Foi mágico, porque consegui ajudar os caras, levar minha mensagem e montar minha equipe como artista independente.

E teve a novela “Sangue Bom”, da TV Globo, que ajudou a divulgar…
Foi interessante que a música tinha uns oito meses quando entrou na novela. Eu acreditava que a música tinha uma mensagem muito forte, que atingiria muita gente, mas não tinha noção da proporção que alcançou. É uma das músicas mais tocadas em 2012 e 2013. A mensagem dela é que nada é impossível, só depende de como a gente enxerga o mundo. E teve a adversidade de ter que lançar a música com outra banda, tive que desapegar, e isso serviu pros valores que quero passar no disco.

Daquelas quatro primeiras músicas que você compôs, tem alguma no disco?
Não, mas tem algumas bem antigas, como “Estrelas Cadentes”, que escrevi há uns seis ou sete anos.

Seu projeto agora será o lançamento dos vídeos sobre seus valores?
Isso. Sempre tento engajar as pessoas. No meu Face, pedi histórias de pessoas que precisavam pintar a casa. Teve quem ofereceu tinta ou ajuda pra pintar. Escolhemos oito pessoas e fomos pintar a casa de uma das histórias que recebemos. Todo mundo se ligou que é preciso ajudar as pessoas, mas ninguém sabe como. Esses vídeos vão mostrar como é fácil ajudar. E mesmo antes de lançar, já estou conseguindo mostrar às pessoas que Ivo Mozart não é só música, é uma ideia, uma mensagem.

– Marcos Paulino é jornalista e editor do caderno Plug, do jornal Gazeta de Limeira.

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