“Konk”, The Kooks

por Marcelo Costa

Ian McCulloch, do Echo and The Bunnymen, tem uma definição bastante particular sobre o que é uma banda pop: “Pop é o que toca no rádio. Oasis já foi pop, hoje não é mais”, disse certa vez o líder dos Bunnymens, que seguindo esse pensamento, também já foi pop um dia. Admiro o líder da segunda banda mais importante de Liverpool, mas discordo de sua afirmação. Para mim, pop é pop, rock é rock e o que o Beirut faz pode ser chamado de lirismo. Simples.

Mesmo tendo pontos de vista contrários, neste exato momento, para mim e para o Sr. Ian, o quarteto de Brighton, The Kooks, é pop. É bem provável que um dia ela deixe de ser para McCulloch, mas tenho a plena certeza de que sempre que for me referir ao Kooks, vou ter a palavra “pop” prestes a ser teclada. “Konk”, segundo álbum do grupo, é pop pegajoso, “catchy” como estão apelidando os britânicos, canções que você ouve uma vez e fica assoviando a melodia o dia inteiro.

Se na ótima estréia, “Inside In/Inside Out” (2006), o som do grupo aspirava o pop perfeito expirando reminiscências de Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, Blur, Clash, Smiths, Strokes, Oasis e até Police, em “Konk” o grupo tira do baú os velhos discos do The Kinks, dá uma polida nos riffs limpos de guitarra e faz um álbum homenagem ao britpop que poderia correr o risco de soar desnecessário, datado e tolo se não fosse inspirado, espertamente pop e cuidadosamente produzido.

Um riff de guitarra abre o disco. O vocalista e guitarista Luke Pritchard mastiga a letra sobre o riff enquanto dá pistas do seu jeito de olhar o mundo: “Eu vejo o sol subindo / E você só o vê cair, cair cair”. As guitarras engrossam a introdução da love song “Always Where I Need To Be”, que tem até “do do do do” no refrão e marcação de palminhas na bateria. “Mr. Maker” é levada ao violão e tem um q de Beatles no refrão. “Do You Wanna” tem bateria marcada, guitarras sujonas por baixo e climão Franz Ferdinand.

Violão e guitarra abrem “Love It All”, que soa piegas e se tocar em rádio será uma praga. O baixo sujão introduz “Stormy Weather”, que ali pelo meio volta a ser uma canção tipicamente Kooks. “Sway” e “Gap” começam simplesinhas, e ficam grandiosas no refrão. “Shine On” destaca o órgão enquanto “Down To The Market” é mais pop com guitarras. “One Last Time”, “Tick Of Time” e a faixa escondida “All Over Town” fecham o álbum em clima calmo (a segunda é quase uma faixa demo). Uma edição especial, dupla, acrescenta mais nove faixas ao disco.

Ser ou não ser pop é algo que tortura nove entre dez músicos, boa parte deles perdido no purgatório do mercado, no meio do caminho entre a fama, o culto e a lama. Em “Konk”, o Kooks parece querer fazer música pelo simples prazer de tocar apresentando um punhado de pop songs ensolaradas que não acrescentam nada na história da música, mas que podem e devem ser assoviadas muitas manhãs por todos aqueles que acreditam que uma boa música pode salvar o dia. Eis aqui várias candidatas ao posto. Divirta-se.

2 thoughts on ““Konk”, The Kooks

  1. Essa parada de Pop é tão complicada……..mas vamos lá: discordo plenamente com o Ian McCulloch e com vc quando diz que pop é pop e rock é rock, ainda mais quando vc diz que os carinhas da banda aspiram o pop perfeito expirando reminiscências de Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, Blur, Clash, Smiths, Strokes, Oasis e Police. Será que o pop não é também rock e o rock igualmente pop. Pelos exemplos q vc deu não me pareceu se tratar de um som, tamanha a diversidade entre eles, a não ser que ser pop seja ser diverso, o q não ajuda pois o rock tbm é. Acho que o problema está na carga ideológica que se atribui a cada termo: o pop é usado em tom negativo (será que foi à toa a designação da referida banda como tal?….rsrs apenas uma provocação)enquanto o rock é associado historicamente (e nos dias de hoje acho que desnecessariamente) à rebeldia, contestação e tal e com isso seja valorado como mais autêntico, contestador, diferente….
    Discordo com Ian pq o fato de não tocar no rádio não exclui a possibilidade de alguém ser igualmente pop. A Bjork não toca no rádio, mas será que ela não é pop? Veja bem não considero o pop, bem como rock como um som, eles não são um som, são uma idéia…
    Acho que a rejeição da Bjork como pop é estremamente significante…

    Abçs!

  2. Grande doutor Marcelo do Scream and Yell!!

    Olha… vou discordar de ti e ficar com o mestre Bunnymen. É difícil “Nothing Lasts Forever” tocar numa rádio hoje em dia.

    Hehehehe…

    Abraço!

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