HQ: Doutor Octopus: Origem

por Adriano Costa

Otto Octavius é um dos maiores vilões da história do personagem Homem-Aranha. Pode-se até afirmar que é o maior, por mais que alguns discordem optando por dedicar esse título ao Duende Verde. Criado em 1963, no entanto, Otto Octavius sempre pareceu que podia ser mais, render mais. Mesmo como líder do Sexteto Sinistro (grupo que aterroriza o herói há tempos), se escondeu com mais frequência na obsessão em relação ao alter ego de Peter Parker do que propriamente foi uma ameaça real. Quando essa ameaça se concretizou exibindo um potencial poderoso, rendeu algumas das melhores histórias do aracnídeo.

Recentemente, a Panini Comics publicou no Brasil o volume encadernado luxuoso “Doutor Octopus: Origem”, com 124 páginas, capa dura com lombada quadrada e papel couchê. Lá fora a série foi lançada em 2004 em cinco edições com o título de “Spider-Man – Doctor Octopus: Year One” e só chega agora por aqui para aproveitar a fase publicada atualmente onde o personagem ocupa o papel do seu rival aracnídeo. Escrita por Zeb Wells (Homem-Aranha), ilustrada por Kaare Andrews (Fabulosos X-Men) e com cores de José Vilarrubia, é uma edição que tem seu próprio charme – mesmo se equilibrando entre clichês clássicos e boas ideias.

Partindo do antigo pressuposto de que ninguém pratica o mal só pelo mal, Zeb Wells volta à infância do pequeno gênio onde insere uma mãe protetora (com uma relação, no mínimo, complicada), um pai bêbado (que bate no filho), dificuldade de sociabilidade e sofrimento generalizado na mão dos alunos da escola que frequenta. Essa quantidade de repetições e lugares comuns serve para montar a raiva que passa a brotar dentro do garoto. Funciona bem na questão da ligação com a mãe, que é complexa e sugere outras abordagens, mas fracassa nas demais.

Depois disso, a trama avança para a transformação que ocorre ainda na juventude, mas não como o consagrado cientista (ainda que nessa fase mostrada ele já merecesse respeito), que se viu quando Alfred Molina dignamente interpretou o personagem no filme “Homem-Aranha 2”, de 2004 (parte da primeira, e melhor, trilogia do herói), o que até ajuda a manter a narrativa. O passo seguinte e final é o primeiro encontro com o Homem-Aranha, o estopim inicial de uma extensa convivência onde raiva e admiração transitam juntas.

A Panini Comics vem nos últimos meses dando mais espaço nas suas edições especiais para os vilões, como vimos nas edições do Loki, Caveira Vermelha e Magneto, com arcos salpicados da cronologia da Marvel. Isso é muito válido, pois são personagens com pouco material disponível nesses formatos por aqui. “Doutor Octopus: Origem”, por isso e pela arte de Kaare Andrews, é um álbum que exibe seu valor, apesar das obviedades do roteiro. É sempre bom ver histórias de Octopus como foco principal, um gênio do universo Marvel que reside apenas um patamar abaixo de nomes como Tony Stark, Reed Richards e Bruce Banner no quesito inteligência.

– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop

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