45 minutos de Nevilton ao vivo

Texto e vídeos por Marcelo Costa

Nevilton de Alencar e Tiago ‘Lobão’ Inforzato têm uma cumplicidade musical que já ultrapassa os 10 anos de parceria. Juntos eles tocaram em uma banda chamada Superlego, ainda quando moravam em Umuarama (PR), partiram depois para Los Angeles cheios de sonhos e voltaram abarrotados de ideias, entre elas formar uma nova banda: nascia em 2007 a Nevilton.

A primeira formação, que gravou o álbum caseiro “Pacotão” (2007) e também a estreia oficial, “De Verdade” (gravado em 2009, mas lançado oficialmente em 2011), contava com Nevilton (guitarra e voz), Tiago Lobão (baixo) e Fernando Livoni (bateria), este último também integrante da Superlego, que acabou pulando para fora do barco no fim de 2009.

Já a segunda formação, mais conhecida por fãs, trazia, além de Nevilton e Lobão, o baterista Eder Chapolla, responsável por segurar as baquetas do final de 2009 até as vésperas do show de lançamento de “Sacode” (2013), um álbum excelente (baixe aqui) produzido por Carlos Eduardo Miranda, que conseguiu transpor para o estúdio a energia da banda no palco.

Esse rodízio de bateristas (atualmente a banda não tem ninguém fixo na função) fez com que Nevilton e Lobão redefinissem a banda: surgia a versão duo, que após uma fase de shows experimentais e de adaptação, parece melhorar consideravelmente a cada show, com Lobão mais seguro na bateria e Nevilton explorando de maneira eficaz seu arsenal de pedais.

O duo, no entanto, não se fecha nesta formação, muito pelo contrário. “Abrimos o leque quanto a formatos”, diz Nevilton, que encara o que vier dependendo da necessidade: toca sozinho, em duo com Lobão, em trio com bateristas convidados e até mesmo em quarteto, como no show de lançamento de “Sacode”, acrescido de um percussionista.

Os vídeos desta página são registros da apresentação do formato duo na Sensorial Discos, em São Paulo, e dão uma boa amostra da evolução de Nevilton e Lobão, que, intempéries a parte, seguem em frente honrando o refrão de uma de suas canções, que Nevilton cita com propriedade: “Se a barra pesa, a gente sacode e a vida (e a música) segue adiante!”.

Nevilton, você e Tiago Lobão vivem uma história complicada com bateristas, mas o formato duo está num nível cada vez mais melhor. Vocês pretendem continuar sem um baterista fixo e apostar nessa formação?
Pois é, conciliar expectativas e planos de vida em uma banda é sempre algo delicado. As pessoas mudam de ideia, opinião e vontades com o passar do tempo, e aos poucos se encontram insatisfeitas ou infelizes com o que vinham fazendo. Essas mudanças em formação e condições sempre nos ajudaram, no sentido de termos que nos virar e procurar soluções para continuar fazendo música, apresentando e lidando com isso como nossas atividades que priorizamos. Hoje estamos numa situação confortável, abrimos o leque quanto a formatos: se precisar, toco sozinho em guitarra, voz, loops e efeitos; ou em duo, que como você disse, está cada vez mais legal e funcionando; ou em trio com bateristas parceiros que a gente tem convidado, como o Bruno Castro (do “Pessoal da Nasa”, RJ), Paulo Chapolim (que também toca com a Ludov e Seychelles) ou o Thiago Nistal (Bruno Souto/Volver)… todos ótimas pessoas e grandes instrumentistas (estes anos na estrada nos trouxeram vários bons amigos e parceiros! graças a Deus!); e ás vezes temos feito em quarteto também, com o Michel Machado na percussão, o que dá uma baita engrossada no molho! A enfase agora é o que teria que ser desde o início: fazer a música chegar! Quanto a formato da apresentação a gente varia de acordo com a ocasião. Bem daquele jeito… se a barra pesa, a gente sacode e a vida (e a música) segue adiante! =D

Vocês conseguem um bom resultado neste formato devido ao bom uso que você anda fazendo dos pedais de efeitos. Quais são os três principais pedais que você usa atualmente e o que você tira de cada um deles?

Para as apresentações em duo é imprescindível o uso de um “Oitavador” para trazer a gama de graves que o baixo estaria fazendo, um bom loop station, para me permitir fazer camadas com linhas de guitarra oitavada/guitarras não oitavadas e vocais (uso vocais e guitarra no meu loop, e envio as guitarras para os amps, e vocais para a mesa). Com isso consigo formar blocos de harmonias vocais para conduzir partes das músicas, e aos poucos vamos dando outras caras para os sons! O terceiro pedal que acho essencial é um “Boost”, para aumentar o volume da guitarra em certos momentos, por exemplo quando vou fazer solos ou alguns arranjinhos específicos.

“Sacode” apareceu em várias listas de melhores de 2013. Vocês já andam trabalhando em canções para o álbum que vai sucedê-lo? O que pode vir por ai?
Sim! Muito legal, né? Ficamos muito felizes com a boa recepção do “Sacode!”. E já estou mexendo em vários rascunhos de músicas para o próximo disco! Neste exato momento tenho uma lista com umas 17 músicas aqui na minha frente, ao lado da tela do computador. Além dos nomes, faço quadrinhos para vozes e os instrumentos que pretendo usar, que funcionam como checklist conforme o arranjo todo vai se desenvolvendo. Logo várias delas estarão também com o Lobão, e estaremos tocando e testando em ensaios, shows e aos poucos chegarmos em como a música será gravada (e como será nos shows! hahahaha). O que esperar? Acho que agora vamos brincar mais com essa história de formatos diferentes, detalhes e instrumentos para usar, pois soar como um “power trio” (demos bastante importância a isso no “De Verdade” e no “Sacode”) não é mais uma necessidade.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne

Leia também:
– Nevilton: “A gente vive da música e para a música”, por Rodrigo Guidi (aqui)
– Entre hamburgueres e panetones, Nevilton conversa com Bruno Capelas. Leia aqui
– Entrevistão: Heitor (Banda Gentileza) e Nevilton, por Mac e Tiago Agostini (aqui)



5 thoughts on “45 minutos de Nevilton ao vivo

  1. Vi dois shows do Nevilton, o primeiro no sesc foi no formato de power trio, no segundo eles tocaram em duo e essa ausência de integrante acaba não fazendo diferença no fim das contas,Nevilton e Lobão levam muito bem o show, fora que são bem carismáticos e a apresentação acaba sendo bem divertida e de quebra ainda incluem no setlist boas versões pra músicas de outras bandas que vão desde New Order a Raça Negra.

  2. Os caras são, além de carismáticos, muito talentosos! Ingrato é esse nosso quadro em relação à nova música brasileira, pois eles fazem parte desse nicho de gente boa e talentosa, e sem o devido reconhecimento. Apesar de estarem conquistando um bom espaço, merecem muito mais!

  3. Eu não sei, acho que o Musica pra Todo Mundo (concurso em que o Nevilton, Wado, Barbara Eugênia e um outro que não me lembro agora) não rendeu muito fruto pra eles não. Tiveram produção do Miranda e foram indicados de novo ao Grammy Latino, mas e dai? Pra nenhum baterista se encaixar na banda? Pra terem dificuldades com os shows? Pra não serem empresariados por alguém? Enfim,eu acho que a banda vai, mas precisa de um pouco mais de estrutura pra poder subir mais ainda, isso é necessário.

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