Coldplay ao vivo em Londres, 2001

por Marcos Sergio Silva, especial de Londres

Nada de rockstars problemáticos, nem chiliques públicos. Para quem um dia viveu de heroinômanos e ladrões de carros, a nova onda britânica anda hoje bem tranquila, abraçando um pop quase inofensivo.

Essa nova geração é assim – discreta e pseudosensivel. Todas elas (isso inclui Muse, Semisonic, Travis e até mesmo o Radiohead) seguem a mesma cartilha: o álbum “Grace”, de Jeff Buckley.

Mas a fórmula desgasta, e a cada ano surgem cinco ou seis novos “The Bends”. Produções como essas não acrescentam nada de legal ao mundo, mas também não tornam a Terra um planeta insuportável.

O Coldplay parece ser a bola da vez. Eles tentam seguir pelo caminho oposto de outras bandas, como o Oasis. Tanto que, na edição de fim de ano da finada revista Select, não se intimidaram em posar de bons moços.

Chris Martin, o vocalista, segue a risca essa cartilha durante os shows: não para de falar entre uma canção e outra e deixa a plateia acompanhar o hit sempre que necessário – e já são três até agora.

O show no Brixton Academy, em Londres (29/04/01), trilha a calmaria, chega a provocar catarse, mas no fundo não surpreende. Músicas novas são soltas entre as composições antigas. Em quase metade do show, Chris fica sentado em um teclado, soltando uma voz que parece ter sido roubada de Ian McCulloch fase “Porcupine”.

Seguem os sucessos: “Shiver”, “Don’t Panic” e “Yellow”, hit do último verão. Martin quase não canta, deixa a tarefa para os seus fãs. A banda dá o seu primeiro adeus e volta segundos depois com o seu segundo maior hit, a balada “Trouble”. A plateia acompanha, sem isqueiros acesos (que bom!!!), nem danças de namorados agarrados. À essa altura, a partida está quase ganha. Mas eles voltam para o último bis, só de músicas novas, todas elas na linha de “Parachutes”, o último álbum.

Não, eles não vão mudar. Poucas bandas são humildes como o Radiohead – que assumiram que o primeiro álbum era uma porcaria e se comprometeram em melhorar. Para o Coldplay, tudo está bem. A fórmula não se esgota e o novo disco do Travis – “The Invisible Band” – está aí para deixar a chama acesa.

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