Panoramas da Iberoamérica pela FARO: Os destaques de maio de 2023 em oito países

ALIANÇA FARO – MAIO DE 2023

O tempo passa e tudo muda… muito mais rápido do que pensamos. Na FARO, quase sem perceber, deixamos de publicar os Panoramas, um especial mensal que pensávamos que seria um sucesso, no final do ano passado. Trata-se de uma publicação que permite, em poucos minutos de leitura, atualizar-se e descobrir o que aconteceu de mais marcante naquele mês em todos os países que compõe a Aliança Faro. Porém, a resposta não foi a que esperávamos, o conteúdo, embora tenha despertado a atenção de um punhado interessante de leitores, não viralizou, longe disso…. Decidimos então suspender a publicação e reformular o formato.

Agora, em junho de 2023, estamos de volta com um novo formato, que trará um único destaque do mês por país, uma única proposta de cada um dos nove meios que atualmente compõem a nossa aliança, a saber:  Indie Hoy (Argentina), Indie Rocks (México), Magazine AM:PM (Cuba), Mondo Sonoro (Espanha), Piiila Musica (Urugauai), POTQ (Chile), Shock (Colômbia), Scream & Yell (Brasil) e Zona de Obras (Espanha). Desta forma, este Panorama, o do regresso, escolhe a proposta que considera mais interessante e atrativa no seu país, num total de oito países. Um álbum, uma música, um single, um festival… a escolha é da equipe de cada site parceiro.

Junto da publicação mensal dos nossos Panoramas locais traremos também uma playlist com 5 canções de cada um dos oito países, 40 músicas que resumem o mês e darão ao leitor e ouvinte uma oportunidade de mergulhar no que está sendo feito de mais novo e instigante na música ibero-americana. Esperamos que esta nova proposta seja mais interessante, atrativa e desperte curiosidade. Ela serve para que todos possamos conhecer e descobrir artistas todos os meses, é disso que se trata. Aqui, com todos nós, o Panorama de maio de 2023, o do regresso. Boa leitura… e boa audição.

ARGENTINA
por Juampa Barbero / do site Indie Hoy

“TReSMO”, de Melanie Williams & El Cabloide: No início de maio, Melanie Williams lançou “TReSMO”, seu terceiro álbum que nos envolve em uma fusão cativante de recursos analógicos e digitais. O sucessor de “Somos 2” (2021) é um portal para o universo retrofuturista único da artista argentina e sua banda El Cabloide, no qual ela entrelaça diferentes gêneros e texturas para criar uma atmosfera fascinante. Williams está em plena metamorfose artística, mostrando sua versatilidade como cantora, compositora e multi-instrumentista. Suas onze canções propõem uma viagem à velocidade do surf rock, com influências que vão do rock grooveado ao synth pop, culminando num surpreendente final de 8 bits. Melanie desafia as estruturas musicais convencionais, incorporando ritmos rígidos e sintetizadores melancólicos que preenchem a lacuna entre os anos oitenta e o pós-moderno. O resultado é uma obra que dialoga com o cyberpunk, reinterpretando-o no contexto atual para refletir seu máximo esplendor estético. Ouça no Spotify.

Mais sobre a cena argentina em indiehoy.com


BRASIL
por Marcelo Costa / do site Scream & Yell

“Arte Bruta”, Bike: Quarteto de rock lisérgico formado no Vale do Paraíba, em São Paulo, a Bike chega ao seu quinto álbum no auge de sua carreira. “Arte Bruta”, disco produzido por Guilherme Held (guitarrista discípulo de Lanny Gordin, gênio das seis cordas presente em discos clássicos de Gilberto Gil e Gal Costa, entre outros, nos anos 70), deixa suas referências explícitas desde a primeira música, “Além -Ambiente”, introduzida pela vinheta “Arcoverde”, que segue o mesmo caminho melódico de “Fuga Número 2”, clássico de Os Mutantes. A influência da icônica banda brasileira que revelou ao mundo Rita Lee, a rainha do rock brasileiro falecida em maio, é um dos ganchos para prender o ouvinte, mas a Bike oferece muito mais nos 33 minutos de um álbum que combina rock Brasileiro, Tropicália, psicodelia dos anos 60 e krautrock. Além do disco, confira a potência da banda ao vivo em uma sessão recém-lançada da banda nos renomados estúdios da KEXP. Ouça o álbum no Spotify.


CHILE
pela editoria do site POTQ Magazine

“Revista de Gimnasia (Remezcla 2023)”, Dënver: “Jovem, retro e fabuloso”. Foi assim que apresentamos, dez anos atrás na POTQ Magazine, “Fuera de Campo”, o terceiro álbum da dupla chilena Dënver, quando foi lançado. Mariana e Milton vinham do marco brutal que foi o lançamento de “Música, Gramática, Gimnasia” (2010), um dos mais importantes álbuns pop chilenos do novo século, e nesta nova aventura decidiram abraçar muito mais as orquestrações. Hoje, uma década depois, a dupla revisita este trabalho e o primeiro resultado é a remasterização de “Revista de Gimnasia”, segunda música do álbum original. Um pouco de Abba, um pouco de disco music, muito de Dënver. Com mais dez anos de experiência, o avanço da tecnologia nos estúdios locais e a mão do excelente produtor chileno Chalo González, Milton e Mariana tocaram os botões certos para que esta nova versão do single brilhasse em todo o seu esplendor. Nesta entrevista exclusiva com a dupla, falamos sobre a passagem do tempo, a produção musical, o que mudou neles e os planos para o futuro. Ouça o single!

Mais sobre a cena chilena em potq.net


COLÔMBIA
pela equipe do site Shock.co

“Re-Encuentro”, Lalo Cortés: Lalo Cortés conta que antes de gravar as sete canções que compõem “Re-Encuentro”, o seu primeiro álbum, sentia-se “perdida num contexto que a distanciava da sua realidade e a submetia a padrões que não lhe correspondiam”. Assim, este é um álbum que fala de tornar a identidade novamente tangível, da transição “da escuridão para a luz” que significa posicionar-se perante o mundo. E este interesse também se traduz nas mudanças que faz entre o jazz caótico, o R&B, o rap e o gospel; também nas perguntas que faz a si própria sobre o privilégio, as recordações de infância que bloquearam a sua memória e a sua ascendência na cidade. Lalo é uma mulher negra de Bogotá. Tudo isto soa como uma racionalização densa e pesada, mas na voz fina de Lalo parece fresco e quente. É, sem dúvida, um dos álbuns de estreia mais apreciados do ano na Colômbia. Ouça no Spotify!

Mais sobre a cena colombiana em shock.co


CUBA
pela Equipe do site Magazine AM:PM

“Amor y Salsa (80º Aniversário)”, Pablo Milanés: Já sabíamos que a música de Pablo Milanés é imortal. O que não sabíamos era que, poucos meses depois da sua morte, ele nos ia brindar com um dos melhores álbuns da sua recente carreira. É providencial que aquele que, talvez, seja o último disco que gravou, feche o círculo da sua carreira no território do son, uma de suas suas fontes de alimentação. “Amor y Salsa (80º Aniversário)” é uma festa, tal como é a antologia dupla “Querido Pablo y Pablo Querido”, só que desta vez centrada na salsa. São 19 duetos – e uma canção solo – com amigos de longa data (Ana Belén, Oscar D’León, Andy Montañez) e vozes mais contemporâneas (Alejandro Sanz, Aymeé Nuviola, Juanes) que dão a este álbum o sabor de um clássico instantâneo. É um prazer constatar que a voz e o talento para abordar a música popular permaneceram intactos no cantor bayamense até ao último momento da sua vida. “Amor y Salsa (80 Aniversario)” fará, sem dúvida, parte do catálogo de canções essenciais para qualquer amante da música de língua espanhola. Ouça no Spotify.

Mais sobre a cena cubana em magazineampm.com


ESPANHA
pelas equipes dos sites Mundo Sonoro e Zona de Obras

“Cowboys de la A3”, Arde Bogotá: Em “Cowboys de la A3”, o quarteto de Cartagena (Múrcia) Arde Bogotá enfrentou a sempre temida síndrome do segundo álbum com duas coisas a seu favor que souberam aproveitar: por um lado, a solvência de ter um primeiro álbum de rock absoluto como “Las Noche” (Sony Music, 2021) que prenunciava uma continuação do mesmo nível. E, por outro lado, uma base de fãs fiéis recrutada graças a uma presença ao vivo poderosa e sólida, como poucos. Só lhes faltava apresentar um álbum mais nítido, com uma dose suficiente de refrões contagiantes, para convencerem que o seu sucesso de estreia não era um caso isolado. Conseguiram-no com distinção e são uma das bandas de destaque na Espanha atual, ocupando o espaço em território espanhol que bandas como Arctic Monkeys, Kasabian e Kings Of Leon ocuparam em seus países. Ouça o disco no Spotify.

Mais sobre a cena espanhola em mondosonoro.com e zonadeobras.com


MÉXICO
pela equipe do site Indie Rocks!

“Ni siquiera estamos listos para hablar”, El Shirota: Durante vários dias de maio, um dos principais vulcões do México, o Popocatépetl, entrou em erupção e teve várias explosões. Isto gerou enormes camadas de cinzas nas áreas circundantes. E assim, com a força de um vulcão, El Shirota está de volta com um álbum cheio de riffs, cânticos estrondosos e muito grunge, apresentado pela editora independente Devil in the Woods. “Ni siquiera estamos listos para hablar” é o segundo lançamento completo sob a produção de Mauricio Avendaño (baixo, vocais), que retorna à banda. O quarteto de Ciudad Satélite, Estado do México, apresenta doze faixas masterizadas em Chicago por Matthew Barnhart (Bob Mould, Superchunk) com sutis mudanças de ritmo, contrastes estridentes, harmonias vocais brilhando em algumas músicas (característica das produções anteriores da banda) e guitarras cruas que também dão um toque pós-punk e pós-hardcore. Os singles lançados até agora foram “Influyente”, “Así no fue” e “Segmentaciones” e em breve haverá uma edição de colecionador em vinil roxo de 12″ limitada a 300 cópias. Um material maduro, um pouco mais sério e reflexivo nas suas letras, sem perder o toque que os colocou no gosto de toda uma geração de roqueiros mexicanos. Ouça no Spotify.

Mais sobre a cena mexicana em indierocks.mx


URUGUAI
por Kristel Latecki do site PiiiLA

“Guazatumba”, Dani Umpi: “Guazatumba”, explica Dani Umpi, “é uma árvore que cresce no norte do Uruguai, cujas folhas são usadas como desinfetante e antídoto para picadas de cobras venenosas”. Esta evocação nativa permeia a sua música. Desde “Mormazo” (2011) que este artista multifacetado tem refinado o seu som, alimentando o seu estilo barroco com referências tanto às discotecas de outrora como às últimas tendências. E “Guazatumba” não é uma excepção, mas uma nova evolução. Produzido remotamente com o produtor argentino Dr. Taba, este álbum leva-nos diretamente para a pista de dança, com a sua poesia cada vez mais refinada, sem se poupar a acenos kitsch. Acompanhado pelas vozes da espanhola Masoniería e dos argentinos Faraónikca e Joaquín Vitola, o ponto de contato com o mundo uruguaio surge de formas impensáveis, mas perfeitas: ao ousar fundir a sua verve pop com a música popular em “Saturno”, e com a presença da lenda Elli Medeiros, o músico uruguaio-francês que liderou a banda punk Stinky Toys e o duo electropop Elli et Jacno. Ouça no Spotify.

Mais sobre a cena musical uruguaia em piiila.com

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