Entrevista: The Chuck Norris Experiment mostra que a cena rock da Suécia continua forte e barulhenta

entrevista por João Pedro Ramos

O ator Chuck Norris virou uma celebridade na cultura pop do século 21 com memes divertidos que diziam que “Chuck Norris passa Super Bonder nas mãos e ainda bate palma” ou “quando Chuck Norris está pronto para acordar, ele diz para o sol nascer no horizonte” ou ainda “quando Graham Bell inventou o telefone já havia três chamadas de Chuck Norris”. Mas o barulhento grupo The Chuck Norris Experiment não é uma homenagem a ele. Suecos corajosos.

“Como todos os verdadeiros súditos e amantes do rock’n’roll sabem, o nome da banda é uma homenagem ao lendário guitarrista de blues americano Charles ‘Chuck’ Norris, que gravou o clássico álbum ao vivo ‘Los Angeles Flash’ na cidade natal da banda, Gotemburgo, em 25 de junho de 1980”, avisa o líder do Experiment, Chuck Ransom – completam a formação Chuck Rooster e Chuck The Ripper (guitarras), Chuck Dakota (baixo) e Chuck Buzz (bateria). Sim, todos Chuck.

Em 2024, The Chuck Norris Experiment vai completar 20 anos fazendo rock cru, barulhento e com os dois pés fincados nas grandes bandas dos anos 70 e 80, como Motörhead, Misfits, Undertones e Thin Lizzy. Para quem gosta de rockers contemporâneos como o Supersuckers, Hellacopters, Backyard Babies e o Turbonegro, é um prato muito cheio! Recém chegado de uma semana de férias na Espanha, Chuck Ramson conversou com o Scream & Yell: “Estou meio descansado agora, então vamos fazer uma boa entrevista”:

Vocês lançaram muito material em 2022, incluindo um single com uma cover do clássico do Kiss “Black Diamond”. Como foi a escolha desse som?
Na verdade, essa é uma música que gravamos há cerca de 10 anos para um box de vinil de 7 polegadas de tributos ao Kiss pela No Balls Records, da Alemanha. Aliás, um box incrível, confira no Discogs! Acho que eu queria fazer “Love Gun”, que é a minha favorita do Kiss, mas fui voto vencido.

Além desse single, vocês lançaram os EPs “Where Eagles Dare” e “Benefit of the Doubt”. Podem me contar um pouco mais sobre cada trabalho?
“Where Eagles Dare” também foi gravada há alguns anos para outro single da No Balls Records. Nele, o Jake Starr (Adam West) fez os vocais e tínhamos o HeWhoCanNotBeNamed (The Dwarves) no órgão. Já a versão que lançamos em single em 2022 só tem eu nos vocais. Já “Benefit of the Doubt” é o último single retirado do nosso álbum “This Will Leave a Mark” (álbum cheio lançado em 2021 em streaming, cassete, CD e vinil nas cores preta, laranja e branca).

Vamos voltar ao começo: como a banda começou?
20 anos atrás, um grupo de músicos de Gotemburgo se cansou de esperar por novas turnês e novas gravações e decidiu se encontrar e ensaiar 10 vezes, e então gravar um álbum. O álbum se saiu bem, e uma gravadora italiana lançou o LP e uma gravadora finlandesa lançou o CD! Não era para ser uma banda, mas sim algo para fazer entre as turnês. Mas, sim, ainda estamos fazendo isso depois de todos esses anos.

O nome da banda faz o ouvinte pensar que é sobre o ator do roundhouse kick, mas não é, né.
Muita gente acredita que o nome da banda The Chuck Norris Experiment foi tirado do campeão americano de artes marciais Chuck Norris. Mas como todos os verdadeiros súditos e amantes do rock’n’roll sabem, o nome da banda é uma homenagem ao lendário guitarrista de blues americano Charles “Chuck” Norris, que gravou o clássico álbum ao vivo “Los Angeles Flash” na cidade natal da banda, Gotemburgo, em 25 de junho de 1980.

O ator Chuck Norris já entrou em contato com vocês por causa do nome?
Não, mas alguns advogados do Texas nos contataram, no começo. Foi divertido, eles estavam realmente tentando algo, mas acho que eles se cansaram de receber respostas bêbadas de suecos no telefone.

Conta um pouco mais sobre a discografia do Chuck Norris Experiment até agora.
Cara, nós lançamos dez álbuns de estúdio, três coletâneas, dois discos ao vivo e um monte de singles, splits e tributos. É meio louco. Você pode encontrar a discografia completa, entre álbuns e singles, em www.chucknorrisexperiment.com. Vamos lançar pelo menos quatro novos singles em 2023 e pelo menos dois novos álbuns em 2024, quando comemoramos 20 anos como banda.

Vocês são uma banda que foca no rock and roll setentista em alto volume sem experimentar misturas com estilos mais modernos. Como você vê o rock em 2023? O estilo está fora do mainstream para sempre? Isso é bom ou ruim?
O som que temos é o que somos e eu não gostaria de fazer nada diferente com essa banda. Nós amamos isso, e algumas outras pessoas também, então continuamos focando nas armas que temos. Esperamos que o rock underground cresça muito mais nos próximos anos, já que as grandes bandas de rock estão ficando velhas demais para fazer isso. Olhe para o Kiss, por exemplo. É simplesmente terrível, por favor, parem! Eu não aguento. Vida longa ao rock n roll!

Quais são suas principais influências?
As cinco principais influências para o The Chuck Norris Experiment seriam cerveja, Turbonegro, whisky, Motörhead e a atriz Kitten Natividad (nota: conhecida por seu busto de 44 polegadas [112 cm] e aparições em filmes cult feitos por seu ex-parceiro, o diretor Russ Meyer).

Como está a cena do rock na Suécia hoje em dia?
Está fervendo. Finalmente! Algumas novas bandas quentes estão com um som muito bom. Eu só espero que eles pretendam continuar. Acontece tantas vezes que novas bandas gravam um álbum e simplesmente desistem. Espero que o Upploppet continue por 20 anos, eles são ótimos.

Então aproveite para recomendar algumas bandas para as quais devemos manter nossos ouvidos abertos!
Upploppet, Scumbag Millionaire, Riptide Rats, Doojiman & The Exploders e The Drippers.

Você conhece alguma coisa de música brasileira?
Eu sou muito ruim em matéria de rock brasileiro, desculpe. Conheço o Sepultura, é claro, e já tocamos Raimundos na van algumas vezes, nosso baixista é fã deles.

Quando poderemos ver o Chuck Norris Experiment por aqui?
Cara, isso seria muito divertido! É só chamar que nós iremos! Obrigado pelo papo, se cuidem e arrasem sempre!

 João Pedro Ramos é jornalista, redator, social media, colecJionador de vinis, CDs e música em geral. E é um dos responsáveis pelo podcast Troca Fitas! Ouça aqui.



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