Ao vivo: Billy Idol faz show curto em SP, mas impecável para diversas gerações

texto por Paulo Pontes

Mais de 31 anos! Esse foi o tempo que Billy Idol levou para voltar ao Brasil. A primeira passagem do músico pelo país foi em janeiro de 1991, no estádio do Maracanã, que à época recebia a segunda edição do Rock in Rio.

Quando o relógio marcou 22h, na quinta-feira, 08 de setembro, e o último acorde de seu show soou no Pavilhão Pacaembu — espaço provisório construído para sediar shows e eventos enquanto rolam as reformas que vão dar luz ao novo complexo do Pacaembu —, em São Paulo, a sensação que ficou foi de que realmente foi muito tempo de espera pelo retorno de Idol (em 1991 ele não tocou em SP, apenas no Rio). Poderia ter sido antes, muitas vezes antes. Também poderia ter durado mais. Uma hora e meia foi pouco, mas foi um período de qualidade.

Sem qualquer banda de abertura, Billy Idol subiu ao palco pontualmente às 20h30 (anteriormente a apresentação havia sido programada para às 21h30. Essa uma hora adiantada foi muito bem-vinda), acompanhado de sua banda: Steve Stevens (guitarra), Billy Morrison (guitarra), Stephen McGrath (baixo), Erik Eldenius (bateria) e Paul Trudeau (teclado e guitarra). De cara, já mandou um de seus maiores clássicos: “Dancing With Myself”, originalmente presente no terceiro álbum da banda Generation X, “Kiss Me Deadly” (1981). Ou seja, já entrou com o jogo ganho.

As cinco primeiras faixas foram certeiras e deixaram o público em êxtase. Além de “Dancing With Myself”, a banda emendou “Cradle of Love”, do disco “Charmed Life” (1990); “Flesh for Fantasy”, presente no clássico “Rebel Yell” (1983); “Cage”, até então o mais recente single lançado pelo músico e que funcionou muito bem ao vivo; e “Speed”, tema do filme de mesmo nome (no Brasil, “Velocidade Máxima”) lançado em 1994.

Logo nesse início de show é possível constatar que a banda que acompanha Billy atualmente está muito entrosada e conta com excelentes músicos. De qualquer forma, vale mencionar que Steve Stevens rouba a cena. O domínio que o guitarrista tem do seu instrumento é absurdo. Em determinado momento, um rapaz ao meu lado vira e fala: “o cara não erra uma nota!”. Pode parecer exagero (ok, talvez seja), mas é impressionante a forma como o ato de tocar guitarra parece uma tarefa fácil quando vemos ele em ação. Não à toa, o cara é considerado um dos maiores nomes na história das seis cordas.

Outro que merece destaque é o baixista Stephen McGrath, que tira de seu instrumento um timbre marcante e pesado. Ponto positivo para a qualidade sonora da apresentação no Pavilhão Pacaembu. Da pista premium, era possível ouvir cada detalhe de cada instrumento perfeitamente.

Na sequência, o show ficou um pouco mais morno com a apresentação da faixa “Bitter Taste”, do EP “The Roadside” (2021). Entretanto, logo em seguida, para delírio do público, veio mais um hit: “Eyes Without a Face”. Então a banda deixa o palco, permanecendo apenas Steve Stevens com seu violão. O guitarrista deu uma verdadeira aula de flamenco executando seu solo individual, com direito a inserções de “Stairway to Heaven” e “The Rain Song” (Led Zeppelin), e “Eruption” (Van Halen).

Eis que a banda retorna ao palco para colocar novamente o público — formado por diferentes gerações, desde crianças e jovens até idosos — para cantar, dançar e pular com “Mony Mony”, cover da banda americana Tommy James and the Shondells e presente no primeiro EP do vocalista, “Don’t Stop” (1991). Em seguida, mais uma faixa morna, “Runnin’ From the Ghost”, que fará parte do EP “Cage”, a ser lançado em 23 de setembro.

Aí veio mais uma sequência de tirar o fôlego: “One Hundred Punks”, “Blue Highway”, que ainda contou com um solo estendido de Steve Stevens, com direito a um trecho de “Top Gun Anthem”, da trilha sonora do filme “Top Gun” (1986), e a tão aguardada “Rebel Yell”, provavelmente a que mais levantou o público. A energia que Billy transmite aos aqui para os fãs — e em praticamente todo o show — é contagiante. O cara realmente se diverte com suas músicas, o público também. Ao final de “Rebel Yell” toda a banda deixa o palco.

Durante o breve intervalo que precedeu o bis, algumas pessoas da plateia arriscaram, ainda que timidamente, gritos de “Supla, Supla, Supla”, na esperança de que o “Papito” subisse ao palco para cantar ao lado de Billy Idol (os dois se conheceram pessoalmente antes do show, em um encontro que era esperado por parte dos fãs de ambos desde que Idol anunciou suas apresentações em terras tupiniquins). Não rolou.

Na volta da banda ao palco para o encerramento do show foram executadas duas músicas: o cover de “Born to Lose”, do The Heartbreakers, e “White Wedding”, hit do disco de estreia do cantor (“Billy Idol”, de 1982). Após a primeira, Billy agradeceu ao público e também fez um agradecimento especial a Steve Stevens, reconhecendo a importância do guitarrista para todo o sucesso que alcançou em sua carreira. A segunda é um clássico absoluto que fecha com chave de ouro a “The Roadside Tour 2022”. Billy fez questão de apresentar a banda toda ao final da apresentação, com direito a parabéns e bolo para o baterista Erik Eldenius, aniversariante do dia.

Na saída do Pavilhão Pacaembu o sentimento foi de que o show durou relativamente pouco (foi tão curto quanto o de Avril no dia anterior), mas (diferente do show morno de Lavigne) foi enérgico e divertido. A espera valeu muito a pena. Já pode voltar, Billy.

SET LIST

Dancing With Myself
Cradle of Love
Flesh for Fantasy
Cage
Speed
Bitter Taste
Eyes Without a Face
Steve Stevens Guitar Solo (citaçções de “Stairway to Heaven”, “The Rain Song” e “Eruption”)
Mony Mony
Runnin’ From the Ghost
One Hundred Punks
Blue Highway (trecho de “Top Gun Anthem”)
Rebel Yell

BIS
Born to Lose
White Wedding

– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash, assina a Kontratak Kultural e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell. É autor do livro “A Arte de Narrar Vidas: histórias além dos biografados“. A foto que abre o texto é de Marcelo Belluzzo

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