Entrevista: Andrio Maquenzi solo e com violão

entrevista por Bruno Capelas

Por quase uma década, Andrio Maquenzi andou “sumido”. Desde 2012, quando lançou “Intropologia”, do Medialunas (dupla formada por ele e sua mulher, a baterista Liege Milk), o artista gaúcho não colocava um álbum cheio na praça (o Medialunas chegou a lançar um EP de seis faixas em 2019, “Resiliência“, gravado em 2017). Mas esse silêncio foi quebrado nas últimas semanas, com o lançamento de “Contracorrente” (2020), seu primeiro disco totalmente solo. Produzido entre o final de 2019 e o começo de 2020, o disco mostra como a passagem do tempo (e o que aconteceu nesse intervalo) mudou Andrio.

No lugar das guitarras no talo dos tempos de Superguidis e Medialunas, quem ganha destaque aqui são violões e arranjos semiacústicos, que lembram Kurt Vile, Nick Drake, Robert Pollard e a carreira solo de Lee Ranaldo. “São recortes da minha vida. Tem músicas no disco que são de oito anos atrás, na época da gestação da Liege, de quando tivemos o Ian seis anos atrás. Juntei tudo”, conta Maquenzi ao Scream & Yell. “Com criança pequena que dorme cedinho, a gente senta no sofá e pega o violão. É um disco pós-soninho do guri”, diz, sobre a rotina em família – com o filho, ele ouve Gilberto Gil, ska e cumbia. “Ele é meio rude boy!”.

Não foi só a sonoridade que mudou: o homem de “trinta e vários anos” é alguém que sabe respeitar seu próprio tempo e o do mundo ao seu redor, seja andando de bicicleta ou fazendo sua própria cerveja – na entrevista, Andrio conta sobre sua produção caseira de rótulos com abóbora ou maracujá, respeitando a sazonalidade dos ingredientes (aqui no Scream & Yell você pode ler sobre a Charlipa, que ele produziu em 2013). E uma pessoa que busca ser melhor – ou “um pouco menos babaca”, como ele mesmo diz em uma das canções de “Contracorrente”, inicialmente lançado apenas no YouTube e para download, mas recém-chegado aos serviços de streaming Deezer e Spotify – e com capa desenhada pelo incrível Diego Medina.

Os serviços de streaming, as lives e a relação com a tecnologia também foram tema da entrevista, realizada por uma chamada no WhatsApp em circunstâncias bem caseiras – Andrio respondeu às perguntas do Scream & Yell enquanto lavava a louça do jantar. “O Facebook é uma rede que eu abomino. Já o Instagram eu tô achando legal, até agora”, diz. “Estou sonhando com uma vida no campo, tranquila, longe de telinhas. Mas não dá para virar um ermitão total, tem que aprender a dialogar.”

No papo, Andrio também fala sobre a Superguidis, banda da qual fez parte entre meados dos anos 2000 e 2011 – e que deixou um grupo de fãs apaixonados para trás e ganhou um tributo em 2018. Para o artista, é algo que foi bom, mas faz parte de outro tempo – a ponto de uma reunião estar totalmente fora dos planos. “Não me enxergo com trinta e vários anos cantando ‘O Banana’. Acho isso meio deprê, sabe?”, afirma. E para quem fala tanto sobre o tempo, o futuro (algo nebuloso em tempos tão sombrios) também é um tema na pauta. Com a palavra, Andrio Maquenzi.

Você estava desde 2012 sem lançar um “disco cheio” novo – desde a estreia do Medialunas, “Intropologia”. O que são essas músicas do “Contracorrente”?
São recortes da minha vida. Tem músicas desse disco que são de oito anos atrás, coisas bem antigas, da época da gestação da Liege, de quando nós tivemos o Ian seis anos atrás. Desde então rolaram mudanças na vida de todos nós e isso se retratou nas músicas do disco. Mudamos para uma casa, aprendi a ser pai desde que o bebê estava na barriga, são essas histórias. E aí juntei essas faixas para fazer o disco.

Ou seja, está longe de ser um disco pensado e gravado “na quarentena”. Como é lançar um disco numa circunstância tão singular?
Comecei a gravar no ano passado, estava ensaiando para fazer algumas apresentações por aqui, em Porto Alegre. Tinha shows marcados aqui perto, na região. E aí quando percebi que a chance desses shows rolarem tá mais longe do que eu esperava, resolvi soltar o disco mesmo na nuvem e ver no que dá. Está sendo massa. Não divulguei aos quatro cantos, mas o disco também não é um segredo, e tem rolado uma audição regular no YouTube. Tenho recebido muitas mensagens de gente pedindo para colocar nos serviços de streaming. Sou bem sincero que não sei como faz isso, vou ter que aprender a mexer no Spotify em breve, para subir o disco para essas plataformas.

(Em tempo: dias após a entrevista, Andrio mandou uma mensagem dizendo que passou uma tarde trabalhando para o disco chegar às plataformas. Já está no Deezer e no Spotify).

E como é que estava a tua vida antes da quarentena começar? Você é pouco ativo nas redes sociais, tua conta no Instagram é recente, foi difícil fazer essa pesquisa para a entrevista…
Então: desde 2010, passei a trabalhar com áudio publicitário. Fundei uma produtora de áudio (Coletivo 4’33) com mais três amigos. Faço locução publicitária, esse é o meu ganha pão oficial. Durante esse tempo todo, trabalhei com isso. O lance de redes sociais é porque… bem, eu estava longe das redes há um tempão, desde 2016, 2017, quando começou a estourar o chorume, principalmente no Facebook. Facebook eu não tenho mais, é uma rede que eu abomino. O Instagram não deixa de estar ligado ao Facebook, mas é um lance que os colegas me incentivaram, os guris com quem eu trabalho. Eles falaram para eu fazer “um Insta”, falaram que não tem tanto chorume como o Facebook, que era bom para divulgar os meus sons. Eles me convenceram e eu tô achando legal, até agora. Mas eu sou meio avesso a essas coisas. Estou sonhando com uma vida no campo, tranquila, meio longe de telinhas. Mas também não dá para virar um ermitão total, tem que aprender a dialogar com essas mídias. Estou me vendo na obrigação de aprender a mexer no Spotify.

Como você ouve música hoje?
Ouço álbuns cheios no YouTube, também baixo umas coisas no Soulseek e ponho no celular para ouvir. E vinil, a gente escuta muito vinil em casa. O Ian gosta bastante disso. A gente ouve bastante o Kurt Vile, tenho uns quatro ou cinco discos. Ele é superfã de Kraftwerk também e de discos de reggae e dub. Ele é meio rude boy. Sabe, aqueles skas do final dos anos 1960? A gente ouve essas coisas em casa, eventualmente alguma coisa nova também. Descobri esses tempos a banda Hum, achei bem massa, a Liege tinha me mostrado. O que mais? O que rola aqui em casa à exaustão e o fióte adora são os do mestre (Gilberto) Gil, de qualquer fase, dos anos 1960 aos anos 2000. E um LP que é uma coletânea de cumbias peruanas dos anos 1960.

Você falou que tinha shows marcados antes da quarentena começar. Qual é o plano para levar esse disco para o palco? É algo que você quer fazer?
É. Assim que for possível, ninguém sabe o que vai ser de amanhã. Estávamos ensaiando para isso. Era eu, o Fu_k the Zeitgeist, que é o alter ego do meu colega Valmor Pedretti, um cara que respira música 24 horas por dia. O baixista é o Brenno di Napoli, que tocou com a Rita Lee no final dos anos 2000, fez umas turnês com ela. Na turma tem também o André Paz, baita singer/songwriter e agitador cultural da cidade. O Lucas (Protti), que também está na gravação do disco tocando clarinete, flauta e sax, também ia participar dos ensaios para “Abobadização”. A gente estava esperando ficar mais entrosado para chamá-lo, mas não deu tempo. A ideia é que ele fizesse uma participação especial mesmo no show, só nessa música. Mas é isso: quando as coisas melhorarem, talvez a gente faça algo presencial. Confesso que esse formato de live é meio estranho, talvez eu esteja meio mal acostumado ainda.

Confesso que eu não consigo curtir muito também não. Tem uma questão de grana, é uma saída para muitos artistas, mas como público eu não gosto tanto…
Dou graças às deusas por não precisar depender desse trampo para sobreviver, mas ao mesmo tempo eu entendo a galera que está buscando fazer live. Acho estranho, como artista e como espectador, mas enfim…

Tem gente que fala que show, da forma como a gente conhece, pode demorar alguns anos pra voltar. Como é isso para você?
Se voltar a acontecer, está ótimo. Aqui em casa, a gente não estava muito nessa onda de sair à noite. Só se fosse cedo e perto de casa, sabe? Mas se rolar de novo vai ser massa, vai ser bem vindo. E a gente espera, enfim, fazer alguma coisa desse disco ao vivo… presencial… e cedo!

Em “Babaca”, você fala “eu também já fui um babaca completo/ hoje acredito ser um pouco menos”. O que é ser menos babaca, na tua visão?
Acho que é a busca por evolução, né? Olho hoje para umas coisas que eu pensava aos vinte e poucos anos, obviamente penso que eu era um babaca mesmo, sabe? Tem muito mais empatia rolando hoje. Isso é uma coisa latente em mim. É um exercício diário de tentar ser uma pessoa melhor. As brigas no trânsito mesmo: eu tento não brigar mais, estando de carro ou bicicleta. Penso duas vezes antes de erguer o dedo médio pra pessoa. É algo bem importante, esse passo que eu dei (risos).

A bicicleta sempre foi um tema frequente nas tuas músicas. Mas tem algo que mudou: antes era algo para dar um passeio com os amigos. Agora, ela aparece em pelo menos duas músicas. Parece parte de um estilo de vida, a bicicleta é tão importante que está na capa do disco.
É uma coisa que se intensificou de uns quatro anos para cá. De repente, descobri que é muito bom atravessar de uma cidade a outra, pedalar na estrada de manhã cedinho ouvindo um som – em um fone só, porque é importante estar atento à rodovia. Na real, é muito bom mesmo sem música nenhuma, mas às vezes sou meio teimoso quanto a isso também. Aí ouço num fone só. É muito prazeroso. E aí você vai querendo pedalar sempre mais e mais, vai superando limites. Agora eu tô pedalando em casa. Tenho um rolo de treino, é um suporte no qual se pendura a bicicleta. Aí fico pedalando tipo hamster dentro de casa. Mas isso tudo vai passar, vai passar…

Por falar na capa, como é que foi a ideia pra ela? O desenho é do Diego Medina, né?
Fizemos no começo do ano, em janeiro. Eu já estava gravando o disco, meio que imaginando como seria a capa. É uma puta referência ao Kurt Vile, ao “Waking on a Pretty Daze”, um disco dele de 2013. Ele fica em segundo plano, num muro cheio de desenhos. Na Filadélfia, os caras fizeram o grafite valendo no muro. Aqui a gente preferiu a computação gráfica e a astúcia do Medina. Mas é essa pilha, de paisagem urbana, de degradação, os prédios velhos. Eu jogo muito Nintendinho (Nintendo Entertainment System, videogame lançado pela Nintendo em 1983), gosto muito de “Double Dragon”, que tem aqueles cenários de prédio abandonado. Achei que ia ter a ver com as músicas do disco.

Na primeira audição, o “Contracorrente” surpreende quem ouviu seus últimos discos. Ele é mais acústico, não tem tanta guitarra. Por que isso? Por que abrir o disco com uma moda de viola, por exemplo?
É parte dessa nova rotina em casa, né? Ter criança pequena, que dorme cedinho… aí a gente senta no sofá para não fazer barulho, pega o violão e arranha umas notas. Saiu assim, foi nesse clima, pós-soninho do guri. Sempre gravei no celular, umas demos, só para ouvir como as músicas soavam. Já começava a trabalhar em produção nas músicas. Adicionar uma ideia aqui e outra ali. É engraçado, as demos só tem vocal sussurrado, parece um João Gilberto indie, essas coisas (risos).

Teve gente nos comentários do YouTube que falou que parecia Nick Drake. Para mim, lembrou muito o Robert Pollard, as coisas solo do Lee Ranaldo, os discos mais recentes. Para você teve algo que inspirou essa estética?
Mais ou menos. Estou na pilha do Kurt Vile e do José Gonzalez, me inspiraram bastante os dois caras. Tentei fazer uma coisa parecida, mas também acho massa esses comentários, também ouço esse pessoal. Ainda não saquei os solos do Lee Ranaldo, mas ouço bastante o Nick Drake, o Pollard… tá no DNA de quem fez essas músicas, né. Estou sempre ouvindo música, para dormir, para acordar, as melodias estão sempre girando na minha cabeça. Dá vontade de fazer um disco mais lo-fi, um disco mais produzido, essas coisas, só tem que organizar as ideias todas. É o jeito de se trabalhar com música atualmente: às vezes, você lança um single, não precisa lançar um disco cheio.

Recentemente, o presidente executivo do Spotify, Daniel Ek, disse que um artista não pode lançar algo a cada três ou quatro anos e achar que é suficiente. Em vez disso, segundo ele, o artista precisa lançar coisas novas toda hora para conseguir se sustentar. O que você acha disso?
Sou contra o que esse cara falou. (Música) não é padaria, de fazer, embalar e entregar. Envolve muitas outras coisas. O modelo (de remuneração) do Spotify é bem injusto, né. Já ouvi falar a respeito.

Você lançou o disco no YouTube, como um álbum cheio, e também para download. No YouTube, o disco veio dividido em “dois lados”. Por quê?
Um dia que eu tiver dinheiro sobrando na conta, pensei de futuramente prensar um vinil desse disco. É um tipo de mídia que eu curto. Ia ser legal um dia ter esse registro. É o modo como eu escuto música em casa. São discos cheios. Não gosto de ficar pulando faixas, gosto dessa parada de lado 1 e lado 2, organizar a ordem e tal. Coisa de virginiano, né? Ficar organizando, em ordem alfabética, em estilo… mas pô, já lavei quase toda a louça aqui, poxa.

Também fiquei sabendo que você faz sua própria cerveja. Como é isso?
Bah, cara, também tem muito dessa relação com o tempo, de deixar as coisas trabalharem com o tempo. É a fermentação, a maturação. Tem a ver também com uma certa liberdade, de fazer a tua bebida do jeito que tu gosta. Tem um monte de analogias que eu faço da vida com a produção de cerveja.

E a cerveja sai do jeito que você gosta?
Sim! Agora eu estou parado em função da quarentena. A gente mora em Porto Alegre. Normalmente, eu faço a cerveja em Guaíba, que é uma cidade aqui perto. É a minha cidade e onde mora a minha mãe. Ela tem uma casinha com pátio, que tem o espaço ideal para enfim tu manusear as panelas grandes, sem muito estrago. Eu fazia a cerveja lá, até o final do ano passado. Gosto muito de uma receita com abóbora, que eu faço no inverno, é uma Pumpkin Ale. É um processo super trabalhoso: corto a abóbora, asso no fogão de lenha, no mesmo fogão que esquenta a água para a produção da cerveja. É muito prazeroso e dá trabalho, mas o resultado é excelente. Eu não acho outra cerveja dessa em nenhum lugar pra tomar. E no final do ano, que tá mais quente, eu faço uma com maracujá. Gosto de trabalhar com essas sazonalidades das coisas. Acho que é bem importante.

Recentemente, o Beto Só gravou uma versão de “O Banana” para um disco só com releituras de bandas dos anos 2000. Numa entrevista para o Scream & Yell, ele falou que foi uma geração rica, que não deixa nada a dever para o rock dos anos 1980. Ele fala isso aqui: “Pega o primeiro disco do Superguidis, não acho que fica devendo ao “Cabeça Dinossauro” (dos Titãs). “Ah, mas ‘Cabeça Dinossauro’ é um clássico”. É clássico porque, nos anos 80, a música que tocava na Transamérica era rock, a música que tocava nas novelas era rock”.
Bah, imagino!

Ele prossegue: “Se o Superguidis tivesse sido lançado no contexto da época, “Malevolosidade” não seria um grande hit? Eles eram ótimos, viajaram pra caramba, eram supercarismáticos, o Andrio era bonito pra caralho…”
(interrompe) Hahahahaha, não é à toa que o Beto usa óculos, né, cara?

E ele acaba essa parte falando isso: “fico com pena das pessoas que não conhecem a banda.” Vamos por partes: o que você achou da versão dele de “O Banana”?
Achei massa demais. O Beto sempre estava junto com a gente em Brasília, quando a Superguidis ia gravar os discos na casa do (produtor e ex-Plebe Rude Philippe) Seabra, era um momento que a gente via os amigos lá. Ele estava no mesmo barco que a gente. É o filho dele que fala na secretária eletrônica em “Riffs”, no segundo disco (“A Amarga Sinfonia do Superstar”, de 2007).

E o que você acha do que ele disse?
Pois é, não sei. A gente estava fazendo música naquele momento das nossas vidas. Não sei porque não foi assim… mais… mais pra frente. Não é uma coisa que eu penso hoje com pesar. Foi um fragmento da nossa história e ok, bola pra frente. Mas que legal que ele acha isso, me surpreendi. Gosto muito do “Cabeça Dinossauro” também, a gente ouve aqui em casa inclusive.

Tem um contraste aqui. Um adjetivo muito comum para definir a Superguidis era urgente. Na resenha do terceiro disco, o Marcelo Costa, aqui no Scream & Yell, encerra o texto falando sobre como poderia ser o disco que viria depois do terceiro, que tinha ali um incômodo que podia gerar algo… “clássico”. É uma ansiedade que podia ser sentida ali, bem diferente com a forma como você respeita o tempo hoje.
Na época, acho que todas as bandas da nossa geração estavam nesse impasse: ou você largava tudo e ia para a grande metrópole, para o Sudeste, ou acabava. E a gente estava nesse limiar, eu lembro. Todo mundo fazia faculdade na época, era um período da vida em que você se agarra no que está dando mais certo, né, em vez de se atirar para algo duvidoso. Puxa, acho que eu me perdi… tu tava falando do tempo, né? Mas é isso: não sou viúvo dessa época. Foi um lance legal, mas também está sendo legal agora.

Acho que uma coisa que impactou muita gente é que o fim, em 2011, foi abrupto. Eu estava no último show em São Paulo. Eu podia não ter muita experiência, mas nada indicava ali que a banda ia acabar.
Pois é… não sei. A gente sempre subia (no palco) e tocava, daquela forma intensa e tal. Chegou uma hora ali que não deu (risos). Acho que é isso.

E faltou algo pra ter dado (certo)? Você já conversou com os caras sobre isso? Faltou, sei lá, a Globo escolher uma música pra tocar na novela?
(Risos). Não sei. Talvez… era um período meio incerto. Não sei se a gente tivesse mudado para São Paulo a coisa ia decolar ou não.

Um monte de banda que mudou para São Paulo também não decolou.
Pois é. Logo depois disso, os veículos também definharam. A MTV, que era a mais esperançosa. Foi uma coisa, não sei. É difícil precisar o que faltou.

Muita gente em redes sociais pede uma volta da Superguidis, um show de reunião, o relançamento dos discos em vinil… tem algum clima para alguma dessas coisas?
Esse lance de reedições em vinil eu acharia massa, se eu tivesse grana para isso, óbvio. Mas show? Não vejo mais isso, sabe? Não me enxergo com trinta e vários anos cantando “O Banana”. Acho isso meio deprê, sabe?

É, sei lá, o The Who cantando “My Generation” com 70 anos, né?
Guardadas as devidas proporções, né, eu adoro The Who. Mas não vejo esse retorno. Os discos estão aí para quem quiser ouvir, são que nem pinturas, mas não é algo para reproduzir de novo.

Voltando pro presente. A última música do “Contracorrente” chama “Vai Ficar Tudo Certo”. É uma mensagem “pra cima”, mas tem um efeito no meio da música que parece irônico. Você está otimista com o futuro?
Cara, espero que sim, mas está difícil (risos). Também não posso reclamar muito: tenho meus privilégios, a publicidade não parou de funcionar, mas é foda. Batemos nas 100 mil mortes, é de chorar no canto.

Eu não sou pai, mas imagino como deve ser. E vivo achando que botar um filho no mundo nos nossos tempos é um ato de coragem.
Essa talvez seja a esperança, né? De… mostrar para a criança que o mundo pode ser bom, enfim? Trabalhar isso nela, que assim talvez as coisas melhorem. É o copo meio cheio.

Pra fechar: qual é a pergunta que eu devia ter feito e eu não fiz? Aquela que você queria responder e não rolou…
Putz, não sei… Já sei. “Por que eu torço pro Grêmio numa família de torcedores do Internacional?” É para complicar mesmo.

 Bruno Capelas (@noacapelasé jornalista do Estadão, um dos responsáveis pelo Programa de Indie, na Eldorado FM, e autor de “Raios e Trovões – A história do fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum”, editado pela Summues Editorial. Colabora com o Scream & Yell desde 2010.

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