Entrevista: Thiago Pethit

entrevista por Renan Guerra

Cinco anos separam “Rock’n’Roll Sugar Darling” (2014) e “Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação)” (2019), respectivamente o terceiro e o quarto disco de Thiago Pethit. Nesse intervalo de tempo, Pethit fez coisas comezinhas, como cuidar de sua casa, fazer o supermercado e tirar canções no violão. Nessa espécie de distanciamento auto-imposto do cenário musical, o cantor e compositor criou aquele que talvez seja seu disco mais corajoso e ousado.

“Mal dos Trópicos” é grandioso, com produção ampla do carioca Diogo Strausz (responsável por “Rainha dos Raios”, de Alice Caymmi). Arranjos de cordas, samples e batidas eletrônicas criam um universo onírico para que o mito de Orfeu se despedace pelos cenários de São Paulo, indo do centro da cidade para a Consolação, passando por paisagens icônicas e outras undergrounds. A poética do artista parece muito bem resolvida em sua forma de costurar arquétipos gregos com banalidades cotidianas, em canções que versam sobre o amor, a solidão e a paranoia de nosso tempo.

Há mais de um ano sem subir aos palcos, Thiago fará o show de lançamento do disco no Sesc Pinheiros e está nervoso em encarar o público com um trabalho tão pessoal – Pethit pode ser seu próprio Orfeu, já que cada pequeno poema que constrói o disco é muito mais sobre as singularidades e universalidades do músico do que qualquer outra coisa. Mais consciente de si e reticente com o buraco em que nos metemos enquanto país, Pethit parece apontar caminhos para uma busca por liberdade em meio ao caos.

Thiago nos recebeu num final de tarde / início de noite em seu apartamento na Santa Cecília para um longo papo onde falamos da construção de “Mal dos Trópicos”, a produção musical independente brasileira, a sexualidade, a liberdade e a vida em tempos de ódio. Confira a conversa na íntegra abaixo:

Por qual motivo você ficou tanto tempo sem gravar? O que você fez durante esse tempo?
Bom, durante esse tempo eu não fiz nada de muito especial, foi muito longe de ser um ano sabático ou algo assim, essa coisa burguesa, exótica, de “vou me descobrir”. Na verdade foi um período em que eu levei a vida mais simples possível, porque eu fiz coisas que eu não conseguia fazer enquanto eu estava lançando disco ou fazendo turnê: tive uma casa, eu sempre morei meio em situações não muito casa, algo como um quarto alugado em algum lugar, daí voltava para a casa dos meus pais, depois ia pra casa do namorado. Nesses 10 anos, foi a primeira vez que eu tive um espaço que eu falei “essa é a minha casa”, então foi um ano em que meu maior prazer era ir fazer supermercado, não foi nada especial.

Mas qual foi o momento que você decidiu “agora é a hora de voltar”?
Foi quase involuntário. A última vez que eu tinha feito música antes de voltar a fazer agora, tinha sido pro “Rock’n’Roll”, que era o disco anterior, então as músicas foram feitas em 2014. Depois fiquei sem compor por entrar em turnê. Em algum momento rolou uma estafa assim do rolê música, por que é estafante, é um negócio que é muito precário, pois a gente não está falando em um nível Anitta, Pabllo. Quando dá certo e tem bastante show é o caos, porque é um rolê muito amador.

Você não tem a mesma estrutura que essas grandes artistas.
Exato. Isso de viajar as 6 da manhã todo dia, não interessa que horas você tocou, você fica em um hotel possível para o orçamento, é sempre caótico. E de algum jeito sinto que passei alguns limites meus, do Thiago pessoa, sem me dar conta, ao longo desses anos. Então essa pausa teve a ver com isso, teve a ver com associar o fazer música ou o prazer de fazer música com essa estrutura toda, com o ato de sobreviver de música. Esses dois anos em que eu fiquei aqui nesse apartamento, por exemplo, foram anos que eu demorei pra voltar a ter desejo de compor. E eu queria fazer um monte de coisas que não tinham a ver com música, eu sentia muita necessidade de escrever, então escrevia umas bobagens, crônicas, sei lá, tive uns mini-diários. Em algum momento isso foi virando poesia e pensei, “poxa, eu não sou poeta” e então deu vontade de pegar o violão e “como seria isso que eu escrevi se isso fosse música?”. Quando vi estava fodido: eu queria fazer música de novo.

Você falou dessa precariedade de produzir música no Brasil. E a gente sabe que para muitos artistas é uma questão até mesmo de “como vou pagar as contas no final do mês?”. Como é isso pra você?
É complicado, de fato. Na verdade, acho que não só é complicado, dá pra dizer sabendo que piorou muito, tipo está muito mais complicado do que quando comecei. E é muito angustiante. O mercado independente ou o mercado – que nome poderia ter isso? Porque independente pode significar muitas coisas hoje. O mercado que não é o mercado mainstream, ele é muito pequeno e muito restrito e nele circula muito pouco dinheiro, então o que sinto é que passei alguns limites meus ao longo desses anos. E tem muito a ver com isso de me ver fazendo coisas para ganhar dinheiro que, putz, não era nada disso que eu queria pra mim, não era nada disso que eu queria construir, não queria ser esse personagem, mas você vai topando. Tem gente que topa fazer com que a música fique mais tosca porque desse jeito acham que vai facilitar alguma coisa, vai vender mais. E tem gente que, como eu, fez opções de “bom, vou vender, fazer coisas com marcas no Instagram”. Mas você vai passando muitos limites porque as contas chegam e você tem que dar um jeito de pagar. E eu sinto que, de tempos pra cá, eu tenho conversado mais com as pessoas e encontrando mais as pessoas da música e sinto que isso virou uma questão ainda mais complicada nesse momento em que não tem investimento para a cultura, que as coisas estão todas um pouco inférteis. E pra mim também é complicado. Há 10 anos vivo de música e das suas adjacências, vivo como essa persona que trabalha na minha carreira, e ao longo desses anos tive a sorte de não precisar recorrer a nenhum outro tipo de profissão, mas acho que às vezes a gente tem que repensar.

E agora é um retorno seu aos palcos, pois já faz um ano que você não se apresenta. Você está ansioso?
Tô muito nervoso. É engraçado, porque sempre tive uma relação mais confortável com o palco do que com gravar disco, por exemplo. Sempre senti que no palco era mais fácil. Estar no palco era onde eu me sentia à vontade, onde tudo acontecia meio naturalmente. E é engraçado, porque dessa vez, não sei se fiquei Jeca Tatu demais, acostumado demais com a minha casa, mas tô nervoso com essa ideia de voltar pro palco. Acho que também tem a ver com o disco, de algum jeito foi um disco muito diferente. A construção dele foi muito diferente da construção dos meus outros dois anteriores. Acho até que ele tem algum parentesco com o meu primeiro disco, de algum jeito, entre aspas, mas acho que eles são discos meio parentes na forma como criei os dois ou o que eu buscava com música, acho que tem a ver. Os dois discos do meio do caminho – o “Estrela Decadente” e o “Rock’n’Rol” – foram discos que, por uma série de questões, existiam com uma persona muito mais forte na frente deles, então mesmo nas letras e na minha voz, era uma voz de palco, como se eu tivesse cantando em cima do palco, como se fosse uma performance. Sinto que meu primeiro disco e esse novo não tem isso, acho que são discos em que eu considero que essa é a minha voz. Estou cantando como é natural pra mim, sem nenhum personagem na frente. E acho que isso também é uma coisa que me deixa nervoso para voltar para o palco, acho que foi um disco meio íntimo demais, talvez o mais íntimo e com essa sensação de “meu deus, como coloca isso no frente de todo mundo?”. É estranho. Para mim é estranho, realmente é uma novidade sentir esse tipo de nervosismo com o palco.

Porque o “Rock’n’Roll” tinha uma coisa que ele era mais pop arte, tinha uma plasticidade que era bem diferente desse, um universo muito distante.
Muito. E o “Rock’n’Roll” tinha uma coisa que era dele, era uma musicalidade que funcionava muito independente do seu estado de espírito. Ah, rock, batidão, é pra dançar, é pra sentir no corpo, e esse disco não, ele é mais hermético, ele é mais subjetivo, tem mais a ver com entrar nas letras, com sentir os arranjos, tem uma outra relação mesmo.

E como foi a produção desse disco, que é um trabalho conjunto com o Diogo Strausz?
Eu não conhecia o Diogo. Conheci ele num show da Alice [Caymmi] aqui em São Paulo, do segundo disco dela [“Rainha dos Raios”], mas foi uma situação pouco propícia para a gente se conhecer, era um show, ele era uma das estrelas, a gente meio que falou “oi”, conversou de um jeito muito raso, mas eu achei ele um menino muito curioso, sobretudo por que ele era muito novo e estranho ele ser carioca [risos]. Ele tem uma zero vibe carioca, a princípio – depois que você o conhece bem você vê que ele é bem carioca. Mas ele tem aquela coisa que parece um garoto paulista e eu achei o disco da Alice muito interessante e tinha uma característica que é uma coisa que eu sempre busquei nos meus discos e tive dificuldade de encontrar, que era uma sonoridade mais escura, o disco dela tinha isso e eu fiquei com isso na cabeça, fiquei pensando o quanto isso era uma construção dela ou podia ser uma construção dele, o quanto era do encontro dos dois e tudo mais. Depois, no começo de 2018, eu já estava com as músicas semi prontas, já tinha muitas ideias do que queria. Quando você trabalha nesse meio independente e não são discos com patrocínio e tudo mais, você depende muito do tempo das pessoas, e tudo tem que ser feito um pouco as pressas, porque o tempo de estúdio custa muito caro, então a gente não demora muito. Os outros produtores dos meus discos eu escolhi por intuição e acho que acertei, mas foi assim, não conhecia o Kassin, por exemplo, a primeira vez que trabalhei com ele, escrevi já propondo “vamos trabalhar”, conhecia os trabalhos dele, mas não ele. E com o Diogo eu resolvi fazer de outro jeito, acho que por um lado eu sentia que eram ideias que poderiam dar muito errado, a principio parecia que eu estava querendo trabalhar com elementos como mitologia grega, trip-hop, MPB, e podia dar muito errado, então eu quis ter muita certeza de que a gente estava falando a mesma línga. Então encontrei com ele muitas vezes, acho que umas cinco vezes, a gente tomou uns cinco cafés. No primeiro café, eu falei: “Olha, penso em fazer um disco”, mas não falei sobre o disco. A gente teve cinco cafés meio que se conhecendo, conversando e falando da vida, e falando porque a gente fazia música, como eu trabalhava, como ele trabalhava. Até que nos últimos encontros eu falei assim: “Tenho uma ideia que é assim, assim, assado”, expliquei para ele o que eu tinha em mente e senti que ele sacou total, já de cara, tanto que quando a gente começou a trabalhar foi o disco mais fácil que já fiz, no sentido de ter um bom interlocutor, porque sinto que a gente estava falando a mesma língua o tempo inteiro, foi um disco que tive muito pouco atrito de ideias. E foi muito legal, sinto que pro Diogo também foi uma coisa boa, pois tinham muitas oportunidades para ele dentro do disco, acho que ele tomou isso pra ele. Acho que tem isso também, o fato de ele ser um produtor novo e que tem uma história pra construir, em que não está tudo feito, por isso a pessoa toma na mão de um jeito diferente, e sinto que ele realmente pegou o projeto pra ele.

Ele cria um universo muito forte dentro do disco, tanto que algumas das críticas que li e ouvi falavam que às vezes a produção do Diogo chegava a ser maior que as suas músicas e isso considerando que as pessoas deduziam que determinadas coisas eram dele e outras eram suas. Como você vê isso?
Acho essa a melhor pergunta, como se as pessoas deduzissem que uma coisa é de um e de outro. Essa é a parte que acho mais engraçada, porque isso me parece uma lógica muito antiga, não sei se as pessoas fazem mais trabalhos assim – deve ter quem faça. Essa ideia de que existe produtor e existe o artista e o artista é meio um fantoche que fica a disposição das ideias de um produtor. Acho um conceito muito antigo, pelo menos pra mim é inconcebível que um disco meu pudesse ser feito desse jeito. O Diogo só poderia chegar onde chegou por que essas ideias foram dadas. Quem contrata sou eu, eu contrato o produtor, então eu o contrato para chegar em algum lugar. Mas o que você acha?

É engraçado, por que todas as vezes que eu vi essa crítica, a única coisa que eu realmente não entendia é por que as pessoas viam isso. Às vezes elas diziam “ah, por que a Alice conseguiu dominar o Diogo e o Thiago foi engolido pelo Diogo” e eu não consigo fazer essa correlação por serem dois universos muito diferentes desses dois discos, e por eu entender o trabalho do Diogo – eu vejo marcas muito fortes dele no disco, mas vejo marcas muito fortes do Thiago -, eu vejo que a junção dos dois existe, eu não consigo enxergar isso separado, por que senão seria um disco só do Diogo e não um disco seu. Eu sempre tento entender que existe a mão de um produtor que cria coisas conjuntamente, mas eu não consigo identificar o que é oficialmente de um ou de outro, pois isso é muito complexo.
Para dizer o que eu acho, de como eu vejo o disco. Eu acho que é o meu melhor disco em termos de composição, por exemplo. Acho que é o primeiro disco em que eu me sinto compositor, pelo processo com que eu trabalhei as letras, pela preocupação que eu tive para com as letras. Para mim foi um disco que partiu, como eu contei, desse princípio de coisas escritas e que se tornam músicas e que não são sobre causar um efeito musical, são sobre contar algo. Fazia muito tempo que eu não fazia um disco com canções, um disco só de canções. Os meus outros discos tinham, sei lá, “Romeo” era uma canção no meio de um monte de músicas de efeito. E eu por um lado sentia que esse disco só podia ter uma grandiosidade orquestral, sinfônica e sonora porque era um disco de canções, então eu tinha uma certeza de que essas músicas funcionariam independente dessas produções. Por exemplo, se eu toco elas no voz e violão, eu sinto que essas músicas existem, não é que elas precisem de algum efeito para funcionar como música, então isso me deu uma certa certeza de que esse era um disco que poderia ter a exuberância para além das canções. “Nossa, que massa, já fiz um monte de canções, o que mais eu posso fazer”, era um pouco isso, como não deixar que fosse apenas um disco de canções. Não me sinto engolido pelo Diogo, pelo contrário, acho que a gente se engoliu os dois, pra mim é mais sobre antropofagia. Até por que foi um disco de muitas decisões certeiras em conjunto.

O disco tem muitos instrumentos, muitos samples, muitas coisas, como vocês chegaram a tudo isso? Muitas coisas foram gravadas ou coletadas?
Tudo isso. Muita coisa sampleada de pesquisa, muita coisa regravada em cima de sample ou gravada em cima de ideias que a gente gostaria de samplear, mas que ficamos com medo. Putz, tem tudo.

Tem um trecho que é do “Fa-Tal”, da Gal Costa?
Jamais direi! Jamais responderei essa pergunta! [risos].

Falando sobre o disco: como você chegou nessa questão da mitologia grega, era algo que já era do seu interesse? Em que momento você mergulhou nisso – se é que existe um momento específico?
Acho que existe, na verdade. Coisas que eu estou começando a falar em entrevistas, mas que são coisas que nunca falei. Eu tenho uma irmã mais nova que nasceu com uma síndrome genética, quando eu tinha 4 anos de idade. E é uma síndrome super desconhecida, que dava má formação física e outras surpresas que a gente foi descobrindo ao longo da vida. Mas uma coisa que era muito presente na minha infância e na pré-adolescência era a iminência da morte, era como se a morte pudesse estar muito presente o tempo inteiro, a qualquer momento algo poderia acontecer, algo fatal. E eram coisas que acho que eu era pequeno demais para entender de fato, mas estava no ar, estava na minha casa, nos meus pais, no meu ambiente. E é engraçado, porque um pouquinho depois do nascimento dela, quando eu tinha uns 5, 6 anos, eu comecei a me interessar muito por histórias que minha mãe contava. Minha mãe é psicóloga, então ela tinha uma coisa de usar muito mitologia como exemplo de arquétipos. E ela me contava muito as histórias dos mitos, me contava histórias dos orixás e misturava meio que tudo e eu fui me interessando por essas histórias. E foi quando comecei a ler livros infantis e depois na adolescência lendo coisas mais densas sobre isso, e eu estou contando tudo isso, porque acho que de algum jeito eu usei esses arquétipos ao longo da vida, e me interessei por eles, como uma forma de tentar compreender aquilo que eu não compreendia, tentar traduzir de algum jeito um monte de sentimentos gigantes, como a morte, por exemplo. E é engraçado que isso foi assim ao longo de minha vida toda, tanto que demorei muitos anos pra me dar conta de que me relaciono com essas ideias. E é engraçado que faço isso o tempo todo, mesmo meus outros discos, que não eram sobre mitologia grega, acabavam tendo um arquétipo de alguma coisa, então acho que criativamente eu sempre vou em busca de um arquétipo de alguma coisa, que certamente é algo que se relaciona comigo de algum jeito, se relaciona com a sociedade em algum momento. E quando eu fiz essas músicas, chegando agora em 2018, a primeira música que eu escrevi foi “Rio” e na sequência escrevi “Orfeu”, e eu me dei conta que as duas tinham uma semelhança: uma era sobre desastres sobrenaturais, que meio que manipulo pelas minhas lágrimas; a outra claramente fala sobre um mito grego, abençoado. E naquele momento não fez nenhum sentido pra mim, tanto que fez zero sentido compor essas músicas, pois as fiz e falei “nossa, não sei por que estou fazendo isso, não tem nada a ver comigo, jamais cantarei essas músicas, acho que é um exercício” e depois de muito tempo, quando mais músicas foram surgindo, eu comecei a entender que eu estava falando sobre alguma coisa e acho que o sentido final só foi realmente estar claro pra mim quando o disco estava sendo gravado. E cada vez mais eu sinto que vai se ressignificando o porquê desse disco, sem me dar conta eu estava falando de um mito que tem muito a ver com o agora, com o Brasil, com um governo que quer matar as nossas subjetividades, que quer matar os nossos prazeres, as nossas pequenas conquistas. A gente está vivendo um momento onde parece que tudo é para ter medo, tudo é paranoico. A gente perde o prazer em um monte de coisas, o quanto há toda essa política do medo e de ser uma minoria e ser atacado o tempo inteiro e alguém pode ficar louco com você na rua porque você está usando rosa, sei lá. É muito tirar as nossas pequenas coisas da vida. E você começa a pensar durante esse tempo de governo o quanto as pessoas estão se fodendo, enquanto pra mim está tudo bem, mas tem muita gente se fodendo muito, talvez eu me foda muito daqui a pouco e você perde o tesão em um monte de coisas e isso é Eurídice, é a alma, anima. Então, sem querer, era um mito que estava falando justamente disso, da anima e de ter isso sequestrado e como lidar com isso. E acho que é uma coisa que está aí, no ar, é um jeito de ler esse momento. E é isso que eu quis dizer: eu faço muito isso, procuro muito em arquétipos uma tentativa de entender o que está acontecendo no mundo, com as pessoas, na sociedade e é muito inconsciente, eu caí nesse mito desse jeito, foi bem acidental de algum modo.

Inicialmente, quando ouvi o disco pelas primeiras vezes, a ideia de “Orfeu da Consolação” ainda era difícil para mim, pois eu tinha muito forte a ideia do “Orfeu da Conceição”, de Vinicius, e isso ficava se contrapondo. E acredito que foi com o tempo do disco que eu fui entendendo o que era esse Orfeu da Consolação, que eu entendo ele mais naquela fase em que Orfeu está completamente perdido, sem saber para onde ir. E eu acho que o disco me pediu esse tempo, tanto que quando essa pauta chegou ao Scream & Yell, nós conversamos e eu falei que acreditava não ser aquele o momento de fazermos essa entrevista, pois eu ainda não sabia o que perguntar, porque o disco ainda estava me dizendo coisas e ele segue assim, você entende isso?
Entendo, acho que ele tem essa qualidade, não no sentido de elogio, mas faz parte da personalidade desse disco. Ele é um disco que é necessário decantar. Acho que não à toa as críticas quanto a produção do Diogo tem a ver com isso, porque é tão exuberante, tem tantas coisas acontecendo que você se perde um pouco. E enquanto você vai deixando decantar o disco vai ganhando outras camadas e isso faz parte. E é engraçado por que a história do “Orfeu da Conceição”, eu não me lembrava que a peça tinha esse nome, eu só me lembrava de “Orfeu Negro” e quando eu fui decidir o nome do disco, eu não queria que tivesse Orfeu no nome, eu tinha pensado em “Mal dos Trópicos” e falei “ah, tem a música Orfeu, ela já da conta de dizer”, só que toda vez que eu ia tentar explicar o disco para alguém, como designer ou alguém que eu precisava trocar coisas, eu precisava contar o mito de Orfeu para chegar em algum lugar, e aí eu pensei “será que não seria melhor colocar o Orfeu, o nome dele”, e a primeira ideia que tive foi colocar “Queda e Ascensão de Orfeu da República”, por causa da Praça da República e porque um dos poetas que eu me inspirei muito e sampleei ideias é o Roberto Piva, que era conhecido como o “Orfeu da República” e eu quis fazer essa relação. Mas o “da República” para quem não é de São Paulo, mesmo pra quem é, nesse momento, o disco tendo algum fator político, parece que eu estou falando do Presidente da República. Tirei essa ideia da frente e comecei a pesquisar derivações do mito no Brasil, por que eu precisava aproveitar que era um mito que tem muitas derivações. E encontrei o “Orfeu da Consolação” e pensei “é verdade, é esse o nome”, e eu moro aqui, é meio Consolação, tem a ver com os lugares que eu estou falando e achei uma feliz coincidência.

Os lugares da cidade de São Paulo, aliás, aparecem muito no disco: o Copan, o L’Amour, o centro, a Consolação, que dá o título. Como a cidade, de alguma forma, te inspira ou te assusta nisso tudo?
Essas músicas, embora tenham o personagem na frente – esse Orfeu –, são muito pessoais. E elas são de algum jeito histórias vividas: o beijo no Copan aconteceu, digamos assim; o estraçalhamento no L’Amour é uma fantasia muito possível; são lugares que de fato eu frequento e onde eu vivo coisas. Nesses últimos dois anos, são os lugares onde as coisas estão acontecendo na minha vida. De fato, foi muito um jeito de relacionar esses arquétipos com a minha vida real mesmo. O L’Amour nada mais é que um Hades, um puteiro, um lugar onde as Bacantes estraçalham o Orfeu. E acho engraçado que tem várias pequenas coisas, derivações sobre o mito na cultura que me interessam, me fascina um pouco. O beijo no Copan aconteceu, porém um tempo depois eu descobri que o cenário da peça da primeira montagem de “Orfeu da Conceição” foi feito pelo Niemeyer e eu falei “nossa, que louco, Niemeyer está relacionado, de algum jeito, a essa ideia” e era uma coisa que eu não tinha a menor noção sobre. È o tipo de coisa que me arrepia.

Eu fico pensando naquele lugar chamado Orfeu que é pertinho do Copan.
Sabe que uma das coisas que eu não queria que o disco se chamasse Orfeu porque tinha a música do Copan e eu falei “putz, tem esse restaurante Orfeu, que saco”, eles abriram um pouquinho depois que eu tinha composto essa música.

E as pessoas que frequentam os outros lugares citados no disco claramente também frequentam o Orfeu, o restaurante.
Sim! [risos].

E é curioso que as imagens de São Paulo surgem no clipe de “Orfeu”, que reconstrói alguns mitos de outras formas, como por exemplo Ofélia. E nesse vídeo você reúne um grupo diverso de pessoas, como Urias, Gilda Nomacce, Ivana Wonder, como você chegou a todas essas pessoas?
São amigas e são pessoas que fizeram parte da minha vida nesses últimos anos, de algum jeito. O Vitor – a Ivana Wonder – é um grande amigo, eu era muito fã e morria de medo dele – morria de medo mesmo, ele tem dois metros de altura, ele parece um russo com as roupas mais exóticas. Ele fazia academia na minha rua e vinha com a roupa mais maravilhosa do mundo, tipo de porn star dos anos 70; ele causa uma impressão. E eu fui assistir ele numa noite no L’Amour e meio que tomei coragem, falamos rapidinho, ele mandou uma mensagem pra mim durante a semana e eu falei “ah, eu queria te conhecer mais”, e ele falou “você é meu ídolo de adolescência”, eu já sou outra geração real! E ficamos muito amigos, ele acompanhou todo o processo do disco, todas as primeiras músicas que eu compus, ele foi uma das primeiras pessoas a ouvir. Depois tem a Gilda Nomacce que é uma atriz de teatro que eu conheço da época que eu fiz teatro e que participou do meu clipe de “Moon”. A Urias é uma pessoa recente na minha vida, que eu também conheci dessa ambiência centro de São Paulo. Tem a Luiza…

A Luiza de Alexandre é backing vocal da Duda Beat.
É, e eu nem sabia disso, na verdade.

Ela é modelo, mas junto com a irmã Camila, ela são as backings da Duda, as duas causam um impacto muito forte no palco.
Ela é maravilhosa! Carismática. Enfim, acho que são pessoas que estão aqui, no meu campo. E era pra ter mais gente, na verdade, que também representassem pra mim coisas desse momento da minha vida e para esse discurso do disco, mas, enfim, é projeto independente, né?

Falando de pessoas, quem aparece no outro clipe, de “Me Destrói”, é a Liana Padilha, que também está no disco de outras formas e você também estava no último disco do NoPorn.
Bom, a Liana foi a minha primeira musa quando eu era muito garoto e ia nas boates gays e ela estava lá sendo maravilhosa. E eu tinha uma ideia completamente diferente do que ela é, eu projetava nela algo que não tem nada a ver com ela, mas achava que ela era muito louca. E ela é muito forte, ela tem uma coisa que é muito misteriosa. E depois, passaram-se muitos anos, eu fui fazer um show do “Estrela Decadente” no Rio de Janeiro, e ela estava no público – a gente não se conhecia pessoalmente. Ela veio falar comigo depois do show e eu assim meio embasbacado, meio que “meu deus, é a Liana”, e a gente começou nessa história de eu ir fazer show no Rio e ela sempre ia assistir. Ela foi uma vez com a Letrux, elas iam meio juntas. E a gente foi ficando muito amigo, a gente foi trocando muitas coisas e sempre rolou um desejo de fazer coisas juntos. Quando teve o disco do NoPorn, ela me chamou pra cantar uma música [“Leite”] que era do ex-marido dela e aí a gente se aproximou real, porque aí a gente começou a se encontrar muito, ela começou a vir bastante pra São Paulo e eu fiquei com esse desejo de um dia escrever algo com ela. Só que eu não sabia muito como, pois a Liana tem uma poética muito dela, que não é necessariamente parecido com o jeito que eu escrevo, então eu não sabia muito de que forma a gente ia conseguir trabalhar junto. Mas quando eu comecei a música que ela escreveu comigo, eu já tinha claro que era pra ela, porque era isso, era a música que mais tinha liberdade poética e fictícia, porque era menos pessoal, era uma música sobre o estraçalhamento de Orfeu, então era uma descrição mitológica, São Paulo na noite, isso aqui é pra Liana. Eu mostrei pra ela o que eu tinha, ela me soltou um quinquilhão de frases maravilhosas e eu anotei todas e falei “olha, eu não vou usar todas, mas vou guardar umas para o futuro”. E foi um pouco assim que surgiu essa ideia. E depois, no clipe, a ideia foi dos meninos, dos diretores [Filipe Matzembacher e Marcio Reolon].

Por que eles usam a música que vocês fizeram juntos [“Leite”, NoPorn] no filme deles, “Tinta Bruta”, de 2018.
Exato, eles são muito amigos da Liana, já acho que desde o “Beira-Mar” [2015], que é o primeiro filme deles e que também tocava NoPorn. Eles ficaram amigos nessa época e quando a gente foi fazer esse clipe de “Me Destrói”, eles tiveram essa ideia – que já estava um pouco na minha cabeça desde o Orfeu, “poxa, por que eu não chamo pessoas que fazem parte do mesmo rolê que eu” – e eles tinham pensado em chamar a Liana, e tínhamos pensado na Maria Beraldo, pra fazer uma das meninas do casal de lésbicas. A Maria não podia, porque ela estava em uma peça aqui em São Paulo, mas a Liana super topou.

E esse clipe foi gravado em Porto Alegre, isso?
Isso, em Porto Alegre, foi no Carnaval. E foi demais, foi um dos trabalhos que eu mais tenho orgulho de ter feito, porque sou muito fã dos diretores, muito fã mesmo, não são só pessoas que admiro. Assisti ao “Tinta Bruta” e foi um filme que ficou decantando na minha cabeça muito tempo, e acho eles muito artistas, nem sei dizer – olhei pra cara deles e falei ARTISTAS! [risos] Quando você faz clipe e trabalha com pessoas do audiovisual, muita gente passa pela publicidade, muita gente tem muitos costumes de publicidade, um olhar de publicidade, e eles são muito de cinema, isso é muito legal. As intenções são muito “vamos fazer um troço foda”.

Nos releases de divulgação do clipe, eles falavam sempre das cores do Caravaggio e da coisa noir do Hitchcock, e é curioso que para mim, o que mais surge no clipe é algo do Mapplethorpe, a hora que a Liana fotografa os meninos, as poses que eles fazem, as roupas que eles usam, isso foi algo que me chamou muito a atenção. E fiquei pensando se ele era uma referência para você.
É sim, para todos nós. Por que eu até cheguei a contar essa história para eles: “meu Orfeu não é um anjinho, não é um Orfeu delicado, ele é um Orfeu se o Mapplethorpe fosse fotografar o Orfeu, é um Orfeu de cueca de couro, de jockstrap no L’Amour”.

Isso me lembra também dos filmes do Derek Jarman, você já assistiu? Ele tem uma cinebiografia do Caravaggio.
Exato, mas eu não vi. Eles me falaram sobre isso.

Ele tem esse que é sobre a vida de “Caravaggio” (1986), que tem a Tilda Swinton, e tem um outro chamado “Sebastiane” (1976), que é sobre São Sebastião, mas é quase todo por uma ótica mais homoerótica. E eu acredito que o Caravaggio que eles citam como referência do clipe se conecta com esse Caravaggio do Derek.
Eles amam o Derek. É que a gente falou muito disso, eu fiquei de assistir os filmes, mas não assisti. Mas sim, acho que tem tudo a ver, são arquétipos da mesma coisa. E esse clipe, na verdade, surgiu de um desejo, pois acho que a minha carreira teve dois pontos fortes de reconhecimento de público, que estavam muito relacionados a “Moon” e “Romeo”, que foram dois clipes em que eu tentava falar, de algum jeito, sobre sexualidade, sobre sexo, afetividade, naqueles momentos, naquelas épocas. E eu queria muito conseguir falar disso agora, de algum jeito, porque pra mim era muito claro que não poderia mais ser daquele jeito, não era mais sobre os mesmos assuntos. E eu tinha essa sensação muito de que eu precisava fazer um clipe onde o erotismo tivesse outro olhar: ele sempre esteve associado pra mim a uma ideia de libertação, de contra-cultura, e eu sinto que de tempos pra cá tem um outro viés, tem outras coisas envolvidas. Como é falar de sexo num momento tão paranoico? Que é tão paranoico ser gay, LGBT, trans, como é isso? Como é viver isso agora? Você pode ver que eu moro com uma janela gigante sem cortina, com um monte de vizinhos, e na época das eleições isso foi muito forte pra mim, eu nunca tinha pensado em comprar uma cortina, por que cortina é caro, é uma janela muito grande, não vou gastar dinheiro com isso, não precisa de cortina, e foi a primeira vez que eu pensei “putz, eu devia ter uma cortina, devia me proteger, não sei se eu quero que meus vizinhos saibam o que eu faço ou que vida eu levo”, isso quer dizer muitas coisas. Como é viver sexualmente agora? Quando eu comecei a descobrir a minha sexualidade, com 19, 20 anos, era muito diferente a relação que se tinha com ser gay na rua, sofrer bullying, muito diferente de tudo que aconteceu depois. Os últimos anos foram anos aonde eu já sentia que as pessoas estavam com muito mais facilidade de lidar com as suas sexualidades, bom, começou toda a discussão de gênero. Embora sempre tenha sido perigoso para quem é trans, para quem é negro, para as meninas lésbicas, não é que deixou de ser perigoso, mas as pessoas ficaram mais afrontosas e se deram mais liberdade de se mostrar.E eu sinto que a gente está entrando numa fase onde dá uma pouco de medo de novo, eu me vejo voltando para essa época em que eu tinha 19 anos e “eita, caralho, posso ir com essa roupa até a esquina?”, “posso ir com o figurino de show até o estacionamento?”, “pego um uber com o figurino de show?”, “que figurino vai ser esse?”, coisas assim que passam. Óbvio que eu estou muito protegido de uma série de coisas: branco, na Santa Cecília, está tudo certo; mas são coisas que começam a passar pela cabeça e era um pouco a minha ideia de poder falar sobre sexo nesse momento, desse jeito hitchcockiano, paranoico. Meio Eros – Tânatos, uma pulsação meio sombria sobre a sexualidade. Coisas do tempo.

A única faixa que não é sua no disco é “Nature Boy”, como você chegou nesse cover específico?
Ah, essa música tem uma história super legal, porque tem a ver com aquilo que falei de que eu adoro: uma mágica no cotidiano. Em 2016, fiquei doente, me deu um piripaque físico, uma caralhada de shows que eu estava fazendo, numa semana eram 10 shows em cidades diferentes, todos acordando as 6 da manhã, indo tocar às 3 em cada cidade. Eu cheguei em São Paulo tipo morto e precisei tirar um tempo de repouso, o médico me proibiu de tudo. E foi um momento aonde eu já estava de fato cansado desse rolê todo, estava muito legal, era muito divertido fazer os shows e tudo mais, mas eu sentia falta de uma coisa específica, que era “caralho, eu nunca mais me ouvi cantando”, por que as turnês do outro disco eram tão sobre a performance que não interessava muito se eu estava cantando, era mais sobre gritar “ÃÃÃÔ [gesticula de forma forte] e a galera grita “ÃÃÃÔ, era isso, não tinha um prazer de cantar. E foi uma fase que eu peguei o violão e comecei a tirar músicas que não eram minhas e que eu tinha vontade de cantar ou que eram bons exercícios de canto. E a primeira música que eu peguei para tirar no violão foi essa: “Nature Boy”. E eu peguei o celular e gravei um videozinho para postar no Snapchat, e eu comecei a fazer isso uma vez por semana e o nome dessa sessãozinho no Snapchat era “Orfeu Session”, por que era isso: voz e violão, o poeta, o canto, a lira, era um pouco essa pira. E isso ficou esquecido no tempo, aí depois, quando eu já tinha a ideia do disco, essa música ficou martelando na minha cabeça, “poxa, eu devia talvez gravar essa música, essa música tem a ver”. Enquanto eu estava gravando eu estava lendo um livro de um cara inglês que se chama Stephen Spender, que é um diário semi-fictício, semi-real de 1930. Ele era um jovem de 20 anos, inglês, que foi passar férias na Alemanha do Weimar, e descobriu a sexualidade, o mundo, transava com homem, com mulher, com tudo, era aquela decadência moral maravilhosa da República de Weimar. Ele passou essas férias no interior, então era tudo muito na natureza, e depois ele volta pra Inglaterra. Muito tempo depois ele decide voltar para a Alemanha para reencontrar os amigos, e quando ele chega lá, a juventude hitlerista já está meio que se apossando das coisas, muitos amigos dele já tinham debandado da Alemanha e o que estavam lá estavam com medo do que iria acontecer. Bom, o fato é que essa juventude da qual ele fala, essa juventude que vivia na natureza, tinha uma ideia filosófica que tinha sido criada no começo do século XX, que se chama Lebensreform, que era “reforma de vida”, uma coisa muito pré-pré-hippie, que era uma ideia de se voltar para a natureza, para os mitos pagões, para o corpo, do sexo, era bem hippie. Essa foi uma filosofia, de algum jeito, sequestrada pela juventude hitlerista e que deu nunca coisa muito errada, era uma ode ao protótipo grego de beleza e aí, todas as ideias revolucionárias daquilo, como tudo na sociedade, foram roubadas e usadas de uma forma violenta, contra esses criadores, inclusive. E essas pessoas todas fugiram da Europa, entre eles, um judeu que foi pra Califórnia e abriu um restaurante vegetariano, já no começo dos anos 40. Ele vivia nessa filosofia proto-hippie, e ele contratou um garoto americano para ser pianista desse restaurante dele, e esse pianista é o compositor de “Nature Boy” e esse grupo que frequentava esse restaurante, eles eram conhecidos como os “Nature Boys”, então essa música era uma homenagem a esse cara. E eu achei essa uma coincidência meio maravilhosa, de estar gravando o disco e de um jeito tem a ver com esse livro, sobre um período de transição entre muita liberdade para pouca liberdade, não sei, me pareceu uma coincidência mágica e especial, e eu decidi gravar essa música.

Você chegou a ver o show da Adriana Calcanhotto, o “A Mulher do Pau-Brasil”? Ela canta essa música.
Não vi, mas fiquei sabendo.

Antes de cantar essa música, ela conta uma história, de que estava numa pesquisa sobre Vinicius de Moraes, pois se não me engano era uma estudo dela. E nessa história ela conta que “Nature Boy” era uma das cinco faixas que o Vinicius mais amava.
Até tem uma versão dele dessa música com o Toquinho.

E ele gostava tanto que sempre dava um jeito de cantar essa música em todo lugar e era por isso que ela decidiu incluir no repertório. E aí temos o Vinicius de novo, pois era uma das músicas da vida dele.
Que ótimo, não sabia disso!

– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Também colabora com o Monkeybuzz. As duas fotos que ilustram o texto são de Rafael Barion / Divulgação.

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