Três discos: Farmer Boys, Bonfire e Queensrÿche

por Paulo Pontes

“Born Again”, Farmer Boys (Arising Empire)
14 anos após seu último disco de estúdio, “The Other Side”, lançado em 2004, os alemães do Farmer Boys retornam com o álbum “Born Again” (2018). Atualmente formado pelo vocalista Matthias Sayer, o baixista Ralf Botzenhart, o baterista Timm Schreiner, o guitarrista Alex Scholpp e o tecladista Richard Due, o quinteto apresenta, em seu mais recente trabalho, um som mais maduro e consistente, se comparado aos discos anteriores. Talvez a pausa na carreira tenha feito bem à sonoridade dos caras. O que é apresentado em “Born Again” é um metal moderno, com riffs pesados, mas, em contrapartida, alguns toques mais acessíveis, até com uma sonoridade pop em algumas faixas, como, por exemplo, no caso de “Tears of Joy” e da belíssima balada “Isle Of The Dead” — que é, com toda certeza, uma das melhores composições do grupo. “Fiery Skies”, a excelente “You and Me” (assista ao clipe no final do post), “Stars” e a cadenciada faixa-título — que encerra o disco de forma épica—, merecem destaque. O quinteto alemão retorna com força total. Uma volta até que inesperada, mas digna. “Born Again” deve agradar em cheio os fãs e, caso você ainda não conheça o som do Farmer Boys, tá aí uma excelente oportunidade. Vai valer a pena.

Nota: 8

“Legends”, Bonfire (AFM Records)
Em 2018, a veterana banda alemã Bonfire, formada por Hans Ziller (Guitarras), Alexx Stahl (Vocais), Frank Pané (Guitarras), Ronnie Parkes (baixo) e André Hilgers (Bateria), mostrou estar com a bola toda. Apenas seis meses após lançarem o ótimo “Temple of Lies”, último disco de inéditas do grupo, os caras colocaram no mercado um álbum duplo com nada mais, nada menos que 32 covers de grandes nomes da música mundial. “Legends” traz versões de bandas como Toto, Rainbow — a mais homenageada, com cinco faixas —, Survivor, Ufo, Deep Purple, Queensryche, Hardline, Grave Digger, House of Lords, Deep Purple, Puhdys, além de duas músicas que, originalmente, se distanciam do som praticado pelo grupo: “Save Up All Your Tears”, da cantora Cher; e “Hallelujah”, de Leonard Cohen. No geral, os dois discos são muito bons. A abertura com a clássica “Africa”, dos norte-americanos do Toto (versionada recentemente pelo Weezer), ficou excepcional. Outros destaques são os cinco covers do Rainbow, principalmente as faixas da fase Joe Lynn Turner, como “I Surrender” e “Black Masquerade”; “Burning Heart”, do Survivor; a versão de “Hallelujah”; e “Rebellion”, da banda Grave Digger. Legends está longe de ser um trabalho original, mas é diversão garantida.

Nota: 8,5

“The Verdict”, Queensrÿche (Century Media)
Terceiro disco de estúdio a contar com o excelente vocalista Todd La Torre, “The Verdict” mantém o nível da banda elevado. Tem sido assim desde o álbum “Queensrÿche”, de 2013, primeiro registro de La Torre no grupo. Em “The Verdict”, os caras entregam aos fãs um disco típico do Queensrÿche, entretanto, o trabalho soa atual, mesmo com elementos que são utilizados há quase 40 anos pela banda. É revigorante e se torna extremamente relevante na extensa discografia de um dos pilares do que se convencionou chamar de prog metal. Será preciso várias audições para que o ouvinte consiga assimilar todas as nuances e os detalhes presentes no disco. A banda recheou as músicas com inúmeras variações, mudanças de andamento e linhas intrincadas em cada um dos instrumentos. Detalhe que merece destaque é que, mesmo com o baterista Casey Grillo (ex-Kamelot) acompanhando a banda há quase dois anos — Scott Rockenfield aparentemente pulou fora e deixou seu cargo vago sem muitas explicações —, quem gravou todas as linhas de bateria em “The Verdict” foi o vocalista Todd La Torre; e o cara mandou muito bem, basta ouvir faixas como, por exemplo, “Light-years” — que música espetacular —, “Propaganda Fashion” e “Bent”, só para citar algumas. As linhas de baixo de Eddie Jackson, um dos únicos dois integrantes da formação original da banda, são um show à parte em todo o álbum. Completam o atual Queensrÿche os guitarristas Parker Lundgren e Michael Wilton (outro da formação original). Se você ainda tem alguma dúvida da relevância do Queensrÿche para a música pesada, ouça “The Verdict” e surpreenda-se.

Nota: 9

– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash, assina a Kontratak Kultural e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell. É autor do livro “A Arte de Narrar Vidas: histórias além dos biografados“.

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