Três perguntas: Femi Temowo

entrevista por Daniel Tavares

O guitarrista Femi Temowo nasceu em Akure, na Nigéria e, com a morte da mãe (quando ele tinha apenas quatro meses), foi criado pela avó. Aos 10 anos, seu pai, que tinha migrado para a Inglaterra, voltou para buscá-lo. O adolescente antissocial aprendeu os primeiros acordes de guitarra com Michael Olatuja, que também se tornaria um músico virtuoso. À época, Femi tinha 17 anos. Michael 13. Com 20 anos, Femi entrou no Leeds College of Music e também passou a se apresentar em Londres.

Em 2001, após ter ser graduado na Middlesex University, passou a trabalhar com nomes como Andrea Bocelli, George Benson e Amy Winehouse, tocando em shows com ela na tour de 2004 e 2005, ainda do primeiro disco, “Frank” (2003). Quando Amy começou a preparar material para o que viria a ser o álbum “Back to Black” (2006), Femi decidiu investir em sua carreira solo, deixou a banda e lançou “Quiet Storm” (2006), seu debute – depois vieram “Orin Meta” (2011) e “The Music Is The Feeling” (2016).

Em “The Music Is The Feeling”, Femi Temowo canaliza recordações de sua infância na Nigéria (“O som africano é muito forte em minha música”) combinando a sonoridade com o groove, o lirismo e o jazz, numa musicalidade que ele vê refletida no Brasil: “Eu acho que os brasileiros amantes de boa música se sentirão confortáveis com meu ritmo por causa das fortes conexões que já existem entre o Brasil e a África Ocidental”, contou em entrevista ao Scream & Yell. Confira abaixo:

Femi, fale sobre sua música, suas influências, o som africano…
Minha música é uma mistura de todas as minhas influências musicais até agora, mais especialmente a música tradicional da África Ocidental e o Jazz. Algumas influências são Fela Kuti, Milton Nascimento, George Benson e Salif Keita. O som africano é muito forte em minha música e gosto de cantar em meu idioma nativo, que é o Iorubá. Acho que os brasileiros amantes de boa música se sentirão confortáveis com meu ritmo por causa das fortes conexões que já existem entre o Brasil e a África Ocidental.

Você já falou do Milton (há um tributo a ele no Scream & Yell). O que mais você conhece de música brasileira?
Sempre fui um grande fã de Samba e Bossa Nova e uma das minhas maiores influências é o Milton Nascimento, mas também amo o som do Gilberto Gil, com quem eme encontrei recentemente em minha viagem, e também Djavan, João Bosco e Guinga.

Você tocou com a Amy Winehouse, que tristemente nos deixou tão cedo. Como foi sua parceria com ela?
Amei trabalhar com a Amy. Ela era uma pessoa muito doce e divertida, muito sagaz e muito apaixonada por música de uma forma muito real. Viajamos muito juntos e influenciamo-nos mutuamente com os nossos gostos musicais. Sempre sentiremos falta dela.

– Daniel Tavares (Facebook) é jornalista e mora em Fortaleza. A foto é de Jan Vrhovnik / Divulgação.

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