por Marcelo Costa

A Brasserie Lefebvre surgiu em Quenast, na Valônia, em 1876, e é responsável pelas ótimas Hopus e Saison 1900 além da elogiada linha da Abadia Floreffe, da Ordem Premonstratense, desde 1983 (apesar de ser reconhecida como cerveja de Abadia apenas em 1999). A Floreffe Dubbel é uma cerveja de coloração âmbar escura acastanhada com creme bege de excelente formação e média alta permanência. No nariz, predomínio de malte tostado oferecendo notas frutadas (castanha e nozes), doçura caramelada e baunilha além de suave sugestão de anis e herbal. Na boca, a textura é sedosa (com leve picancia de azedume). O primeiro toque oferece doçura frutada intensa (caramelo, nozes, alcacuz e castanha) seguindo de um leve azedinho herbal e amargor suave. Dai pra frente, uma cerveja agradável, maltadíssima, mas rebeldinha, o que só valoriza o conjunto. O final é maltado e suavemente arisco. No retrogosto, baunilha, frutas escuras e leve azedume. Delicinha.

Já a Floreffe Tripel sobe a graduação alcoólica de 6.3% para 8% (até o ano passado era 7.5%) e oferece um líquido de coloração âmbar alaranjada com leve turbidez e creme branco espesso de excelente formação e média alta permanência. No nariz, doçura frutada em primeiro plano oferecendo notas que sugerem banana, pera e abacaxi em calda, o que já aproxima a paleta aromática do segundo destaque do aroma, a doçura caramelada. Há ainda leve floral e típica acidez derivada de levedura. Na boca, a textura é sedosa (com leve picância de álcool). No primeiro toque, doçura caramelada e frutada envolvida em álcool, acidez e floral. O amargor subsequente é elevado pelo álcool e, dai em diante, entra em cena uma cerveja para ser degustada com calma, respeitando seu tempo e seu aquecimento na taça. O final é maltado e levemente picante. No retrogosto, doçura suave, leve frutado e aquecimento. Delicinha (2).

Encerrando o passeio com a Floreffe Prima Melior, uma Belgian Dark Strong Ale que, assim como as três anteriores, passa por uma segunda refermentação na garrafa e mostra potencia, mas também maciez, uma execução caprichada do melhor do estilo de abadia belga. De coloração âmbar escura acastanhada com creme bege de excelente formação e média alta permanência. No nariz, frutas escuras (ameixa seca, uva passa, banana caramelada e alcaçuz), doçura (baunilha, açúcar mascavo e caramelo) e leve amadeirado. Na boca, textura levemente licorosa com picancia alcóolica (8%). O primeiro toque traz sugestão de frutas escuras meladas em candy sugar e levemente alcoólicas, trio que praticamente define essa bela cerveja, que ainda destaca amargor alcoólico. Na sequencia, doçura, frutado, torrado e amadeirado suaves marcam um conjunto bastante equilibrado. O final é frutado. No retrogosto, mais frutado e doçura suave. Baita cerveja.

Balanço
Começando o passeio pela linha da Abadia Floreffe, produzida pela Brasserie Lefebvre, com a Dubbel da casa, uma delícia acastanhada e levemente azedinha. Adorei. Arisca na medida para não espantar neófitos. Já a Floreffe Tripel me deu a impressão de apresentar muito álcool, mas nada que soe agressivo, apenas pede para uma degustação mais sossegada, sem pressa, aproveitando o passeio. Gostei. Já a Floreffe Prima Melior é, desculpe o trocadilho, a melhor das Floreffe que experimentei: um conjunto equilibrado que consegue equalizar bem as notas frutadas com doçura caramelada e álcool, 8% muito bem inseridos. É melhor ainda se bebida em sua temperatura ideal, entre 9 e 12 graus.

Floreffe Dubbel
– Estilo: Belgian Dubbel
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6.3%
– Nota: 3,51/5

Floreffe Tripel
– Estilo: Belgian Tripel
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8%
– Nota: 3,50/5

Floreffe Prima Melior
– Estilo: Belgian Dark Strong Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8%
– Nota: 3,65/5

Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Leia sobre outras cervejas (aqui)