A biografia de Ozzy Osbourne

“Eu Sou Ozzy” – Ozzy Osbourne com Chris Ayres
por Adriano Mello Costa

– Sabia que o Ozzy lançou uma biografia?

– Foi? Não me diga. As ações vão subir por causa disso então.

– Sério, Mané. Chegou aqui esse ano por um selo da Editora Saraiva, o Benvirá. Tem mais ou menos umas 400 páginas e ficou na lista dos mais vendidos nos USA.

– 400 páginas de Ozzy. Sinceramente não dá. Haja saco.

– Que nada, é bem bacana. Ele botou lá o que se lembra desde o ínicio da vida e olha que ele já deve ter esquecido um monte de coisa. Um cara chamado Chris Ayres ajudou a organizar as loucuras dele. Não deve ter sido muito fácil.

– Não sei se gastaria minha grana em um livro do Ozzy. Nunca fui fã do Black Sabbath ou da carreira solo dele. Nem o programa da MTV que todo mundo via e adorava, eu assistia muito.

– Ah cara, dá para rir muito. O cara é louco mesmo, completamente insano e demente, cometeu doideiras de todos os tipos e espécies. Além é claro do farto consumo de álcool, drogas e tudo o mais que lhe aparecesse na frente. Ele estar vivo até hoje, com sessenta e poucos anos é um mistério da natureza, vou te falar.

– E essas coisas são algum mérito por acaso? Desde quando isso são qualidades? Me poupa cara.

– Não é que seja mérito, mas diante de tanta chatice hoje em dia, da porcaria desses rockstars de meia tigela, de tanto politicamente incorreto por aí, ler as merdas do Ozzy, mostrando um cara que foi totalmente contra tudo isso e se deu bem, é diferente. E não tem como negar a influência do Black Sabbath no rock, por mais que na época os caras fossem esculachados pela imprensa. A carreira solo é que foi meio uma repetição, mas foi isso que deu o sucesso dele.

– Tá bom, mas tirando a história de comer um morcego no palco, o que tem mais de interessante?

– Muita coisa, primeiro ele se avacalha e auto deprecia, o que acaba sendo mais engraçado ainda. E revela que essas historias fantásticas como o envolvimento do Sabbath com satanismo não passava de uma chance publicitária que eles exploravam. Morriam era de medo dessas coisas. E a onda do morcego é verdade, mas ele pensava que era de borracha!! Tomou um baita susto quando viu que estava vivo. Até se internou por isso e ficou paranóico tomando injeção contra raiva um tempão.

– Eu sabia que isso era meio encenação mesmo. Depois do programa da MTV, essa imagem de oportunismo ficava mais claro.

– Mas não era forçado cara. E grana afinal de contas não faz mal para ninguém. O “Eu Sou Ozzy” parece mais uma comédia do que uma biografia, de tanto surrealismo. Tem casos ali que você imagina ser brincadeira e talvez até sejam, sei lá, a mente dele não deve estar mais 100%. Mas são casos que poderiam muito bem fazer parte de um filme que tirasse sarro dessa historia de rockstar.

– Sei.

– Outra parte boa é que ele faz muita mea culpa das suas merdas. Por exemplo, da forma que tratava os animais, da falta de atenção aos filhos e da relação com as esposas. Na maioria das vezes ele parecia ser o maior filho da mãe do mundo mesmo. Não tenta só mostrar o lado bom. É o típico caso de duas personalidades. O médico e o monstro total.

– Tá! Então tu viraste fã do Ozzy agora? Vai botar camisa, entrar na comunidade do Orkut, etc e tal…

– Pô, não é isso. Só tô dizendo que é divertido pacas. Não tem pompa de ser completo ou histórico. É apenas a vida dele como ele se lembra. Tu devia ler. Diversão garantida, além é claro da farta gama de outros músicos envolvidos pelo meio. Te confesso que até puxei algumas coisas do Sabbath para ouvir de novo e o som ainda impressiona, apesar de nunca ter sido tão fã assim da música dos caras.

– Sei não, comprar eu não compro, mas se tu me emprestar o teu, eu vou tentar ler.

– Ah, nem sonhando, pô. Livro não se empresta. Larga de ser muquirana e compra um para ti. Aproveita e paga mais uma cerveja também.

– Paga tu.

– Vou começar a cantar “Iron Man” aqui na mesa…

– Beleza. Eu pago a cerveja.

– “Has he lost his mind? Can he see or is he blind? Can he walk at all, or if he moves will he fall?”

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Adriano Mello Costa assina o blog Coisa Pop

5 thoughts on “A biografia de Ozzy Osbourne

  1. O Ozzy não é uma lenda por nada, com certeza esse livro deve ser muito bom. Certo dia até conversávamos que o dia que o ozzy desencarnar o mundo vai ser um lugar bem mais chato.

  2. Comprei o livro e to afimzão de ler. A resenha (divertida!), só aguçou mais ainda minha vontade. O Ozzy é do caralho e qualquer sujeito rockeiro que se nega a admitir isso, devia ouvir Cine em casa e ler a biografia do Fiuk.
    abs

  3. É alguma vergonha gostar de Ozzy ou Black Sabbath!? O que pareceu nessa conversa foi isso, que o livro é bom e engraçado acabou ficando nas entrelinhas…

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