Let It Roll, Willard Grant Conspiracy

por Marcelo Costa

Três álbuns do grupo do Willard Grant Conspiracy (de Boston, EUA) já haviam saído no Brasil, pela Trama, alguns anos atrás: “Flying Low” (1998), “Mojave” (1998) e “Everything’s Fine” (2000) são aquilo que, pouco depois da virada do século, passou a ser conhecido com alt-country, canções com um leve acento pop, e violões, e folk, e melancolia de corar a alma. “Let It Roll” – lançado na gringa em março do ano passado e esquecido em diversas listas de melhores do ano – tem pouca relação com os três bonitos álbuns lançados no Brasil, mas carrega em seu peso e demência toda fúria que pode existir numa bela canção atormentada.

Antes de mais nada, é preciso dizer que o Willard Grant Conspiracy é uma ‘cooperativa’ musical liderada por Robert Fisher, que assumiu à frente do grupo após o guitarrista Paul Austin deixar o barco. “Let It Roll” é o sexto disco do grupo de Fisher e – quanto a formação – segue a risca uma famosa piada contada no cenário folk norte-americano: “se alguém lhe dizer que tocou no Willard Grant Conspiracy, não duvide. A chance de isso ser verdade é enorme”. No caso de “Let It Roll”, trinta e sete músicos (incluindo gente do Walkabouts, Lambchop, Dream Syndicate e Madder Rose) participaram das gravações, iniciadas na Eslovênia, e finalizadas nos Estados Unidos – em intervalos da última turnê da banda.

A rigor, a densidade evidenciada nos mais de nove minutos da barulhenta e sensacional faixa título (que aproxima demais o Willard Grant Conspiracy de Nick Cave) já serviria para destacar “Let It Roll” entre os melhores discos de 2006, mas o combo não deixa pedra sobre pedra mesmo nas baladas atormentadas, como a bela “From A Distant Shore”, que abre o disco, “Dance With Me” (que os coloca lado a lado com os Tindersticks), e a poderosa versão de “Ballad Of A Thin Man”, original de Bob Dylan. “Let It Roll” é daqueles discos que nos pegam de um jeito que fica quase impossível abandoná-los, pois tudo que se ouve ao redor parece menor e menos intenso. Um álbum para se ouvir e ouvir e ouvir.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne

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