Entrevista: …And You Will Know Us by the Trail of Dead (2002)

por Sérgio Carvalho

Rotular um grupo é uma dura tarefa. Pode ser que você não concorde, mas se fossemos colocar todas as diferenças individuais, não existiriam termos para cada grupo. Na verdade o que a maioria faz é rock’n’roll, e já está de bom tamanho. Pelo menos é o que pensa o pessoal do …and you will know us by the Trail of Dead. O som que fazem poderia muito bem ser colocado no chamado emocore, ou seja, emotion mais hardcore. Algo assim como som pesado, mas com emoção. Seria perfeito para definir a banda que vem de Austin no Texas, mas não é só isso.

Do oeste americano, por telefone, o boa praça do vocalista e guitarrista Jason Reece, confirma essa opinião de que seu som é rock simples “que veio do blues e com influências da soul music”. Disse também ter ficado surpreso com os shows explosivos que fizeram por aqui, falou ainda sobre literatura na música e Internet. Logo de cara ele já vai dizendo o que achou do país, e principalmente do novo disco “Source, Tags & Codes“. Confira.

Jason Reece: Eu amo o Brasil!

Que bom, como vão as coisas? Vocês estiveram por aqui pouco antes de lançarem seu novo disco, o que acharam do público e dos shows que fizeram?
Foram apresentações cheias de emoções e com muita paixão, não sei explicar ao certo, mas existia algo no público daí que me agradou muito. Sei lá, vai ver que é a energia que vinha da platéia que conduzia o show. Seria muito bom se voltássemos, tomara que isso aconteça logo.

Qual a principal diferença entre esse disco (“Source, Tags & Codes”) e o anterior (“Madonna“)?
Acho que em “Madonna”, o trabalho dentro do estúdio foi maior, e houve uma demora maior nas gravações, fazíamos entre um serviço e outro, demorou de cinco a seis meses para terminar, acho que foi gravado em três estúdios diferentes. O trabalho do Mike McCarthy (produtor) acabou sendo maior. Agora não, fizemos tudo com mais calma e de forma mais consciente, fomos para um estúdio em um rancho isolado no meio da Califórnia.

Falam muito sobre o som que o Trail of Dead faz, gostam de rotular como o chamado ‘emotion core’, ou ‘emocore’, o que você acha?
Acho um engano, um erro na verdade, isso é apenas uma forma de colocar o grupo em uma categoria. Para mim, o que fazemos é rock’n’roll, que veio do blues e com influências da soul music. Gostamos de bandas como My Blood Valentine, Iggy Pop e música experimental também.

Então explique como vocês conseguem fazer canções tão pesadas e com belas harmonias?
Meu Deus! Nunca tinha pensado assim sobre nossa música. Acho que na verdade é inspiração e nada mais, as coisas acontecem de forma natural em nossas composições, com muita simplicidade.

Esse é o segundo disco da banda lançado no Brasil, e quanto ao primeiro, homônimo, lançado em 1998?
Seria legal o público brasileiro conhecer esse trabalho, mas esse último mostra mais a nova fase do grupo. Acho que os fãs brasileiros devem procurar na Internet esse primeiro disco.

Já que você falou no assunto, qual a postura do grupo sobre músicas na Internet?
Vamos pensar da seguinte maneira, sei que no Brasil é difícil achar esse disco, e pelo que sei as coisas aí não são fáceis também, quero dizer a situação social de uma forma geral. Sendo assim não discordaria se as pessoas buscassem essas informações na Internet.

Para terminar na contra-capa do CD existe uma arte sobre uma foto de Rimbaud, qual a importância do escritor no trabalho da banda?
Acho que sua principal influência foi no fato de ele trabalhar muito para criar belas poesias, assim como nós tentamos, que batalhamos muito para conseguir um bom resultado em nossas canções. Fora o fato de sua obra ser de uma intensidade rara, assim como queremos que seja a nossa.

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