Faixa a faixa: Conheça “O Que Te Dá Prazer”, o terceiro (e melhor) disco da Diablo Angel

introdução por Marcelo Costa
faixa a faixa por Kira Aderne

O quarteto pernambucano Diablo Angel cumpre o desafio do terceiro disco com um álbum maduro, bem-produzido, de guitarras espertas e repleto de canções cantaroláveis. “O Que Te Dá Prazer” (2023), que ganhou uma bela edição em vinil translúcido, foi gravado no estúdio Pólvora, no Recife, e é distribuído pelo Selo Estelita. Além de Kira Aderne (vocal e guitarra), Nívea Maria (vocal e teclados), Tárcio Luna (guitarra) e Vitor Lima (bateria), o disco conta com as participações de Vini Space, Ju Orange e Zé Leite, avó de Kira.

“A gente ainda vive em uma sociedade onde o prazer sexual feminino ainda é colocado em segundo plano e esse disco vem pra também desconstruir isso”, explica Kira Aderne, vocalista e guitarrista do grupo que já tem 10 anos de estrada. Pensado em 2019 e gestado durante a pandemia, “O Que Te Dá Prazer” vem recheado de sintetizadores, elementos eletrônicos e também guitarras, sem perder a essência da banda que começou a carreira fazendo um som com muita influência do rock dos anos 90.

A pedido do Scream & Yell, Kira escreveu sobre as músicas de “O Que Te Dá Prazer”, mostrando como foi decisiva a colaboração com o produtor Pedro Diniz, contando sobre os desafios de compor uma canção simples e a busca por criar um álbum solar: “Era a ideia do disco, fazer um álbum de indie pop/rock mas com canções bem astrais”. Kira também pontua as participações especiais, inclusive a de seu avô, Zé Leite, convidado a declamar literatura de cordel em uma das faixas mais experimentais do álbum. Com você, Diablo Angel!

01) Placere – Uma das faixas mais importantes do disco porque mostra os caminhos da produção que a gente queria levar nesse trabalho, algo completamente diferente de tudo o que a gente já tinha feito nos discos anteriores. “Placere” apresenta essa temática sensual trazendo elementos eletrônicos, mas sem esquecer das guitarras. Foi uma proposta bastante ousada iniciar o disco por ela, sugestão do nosso produtor musical Pedro Diniz. Eu falo ousada porque não é um single que você manda para tocar nas rádios, por exemplo. Mas ele acertou em cheio na sugestão. Dá a temática que vai se desenrolar no disco e chama o ouvinte a entrar nesse universo. A faixa traz ainda Ju Orange, DJ da cena local, dando esse molho eletrônico – no fim até participou com voz na faixa também.

02) Mais Um Dia de Sol – Foi a que mais se transformou desde que a escrevi com a minha guitarra na solidão do meu home studio. Pedro Diniz trouxe esse synth bass potente para a faixa e se tornou uma das favoritas do disco. É a canção também que minha companheira de banda, Nívea Maria, teclado e voz, lidera no disco e foi ela inclusive que deu o título final da faixa. É uma música bem solar, bem pra cima. Que era a ideia do disco também, fazer um álbum de indie pop/rock mas com canções bem astrais.

03) The Sun is Shining On Me – A temática solar, alegre, chega ao seu ápice nessa música. Uma canção de guitarras, mas todas muito bem dosadas para que não pesasse demais e desse um aspecto pop/clean. A única faixa em inglês do repertório do álbum só entrou porque tinha tudo a ver com a temática do disco. Era uma canção bem curtinha que na produção com Pedro ganhou uma subida de tom, que acho super vintage, e adoro. Sempre quis fazer uma música que subisse de tom durante o seu andamento. A faixa tem participação de Vini Space, arranjador do Mundo Bita. Vini traz muitos riffs de guitarra nessa canção que com certeza a transformaram lindamente.

04) Dois – Fazer uma música simples é um dos maiores desafios para qualquer compositor, a meu ver. E essa é uma música pop, que fala de amor, um single pra rádio. Eu amo essa faixa, além dos synths e dos riffs de guitarra, as mudanças na melodia vocal e as pequenas mudanças de letra no decorrer da música são o que a vão a deixando interessante do início ao fim.

05) Uma Breve História do Tempo – É uma faixa contemplativa, com guitarras slide, que dão essa atmosfera de olhar pro céu e pensar na vida. Quem nunca né? É uma música que mescla esse diálogo sobre relacionamento também, mas a escrevi depois de ler Uma ‘Breve História do Tempo’, de Stephen Hawking. Ele descreve as estrelas, o universo, trouxe isso pra essa canção.

06) Quero Que o Mundo Se Importe – Foi o primeiro single que lançamos desse disco. E apesar de não ter sido proposital, pra mim, é a minha versão de “Imagine”, de John Lennon. Uma música que fala de esperança, de amor, solidariedade. Synths, elementos eletrônicos, guitarras. Penso que pode ser uma daquelas canções que sobrevivem ao tempo.

07) Aurora – A canção mais lado B do disco, e está no lado B do vinil, e para minha surpresa: a favorita de muita gente e uma das tocadas do álbum. Muita gente chega pra me dizer que é que mais gostou do “O Que Te Dá Prazer”. Só guitarra e voz.

08) A Espera – A faixa mais rock do disco, uma homenagem a Pernambuco, às nossas origens no interior em Caruaru. Uma letra que é quase um repente nordestino.

09) A Vida Chega Mais Tarde – Uma faixa com violão pra fechar o disco, a quatro mãos, eu e Nívea tocando partes diferentes da música. Tive o prazer de trazer o meu avô no alto dos seus 93 anos para declamar literatura de cordel nessa faixa. E apesar de ser no violão, é uma das músicas mais experimentais do disco. Cheia de efeitos e nuances.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne. A foto que abre o texto é de Kamila Ataíde

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