Três perguntas: Luana Clark

entrevista por Bruno Lisboa

Três décadas. Esse foi o tempo que a cantora Luana Clark levou para ouvir a sua voz interior e se dedicar a sua vocação. Dividindo-se entre as funções de mãe, esposa e fotógrafa até decidir se arriscar no mundo da música, Luana chega agora ao primeiro disco solo, que leve seu nome, recém lançado pela Deckdisk.

Composto por oito faixas, “Luana Clark” foi produzido por Dino Teixeira e aposta numa gama variada de sonoridades, passeando por melodias ligadas ao pop, reggae e ao rap. Já nas letras, um olhar multifacetado que aposta na dicotomia direcionada a sua cidade natal (o Rio de Janeiro) abordando tanto as belezas da cidade (“Ilha Grande”) como também o seu cotidiano violento (“Balé da Bala”). Destaque, ainda, para odes a maternidade (“Oyá), ao amor (“Quando Olho Em Seu Olhar”) e a inveja (“Aonde vai chegar?”, cover dos conterrâneos do Ponto de Equilíbrio).

Nesta entrevista, Luana fala sobre o processo de composição e gravação de sua estreia em disco (“Meu primeiro álbum é um divisor de águas na minha vida”), a decisão por apostar na carreira de cantora (“Depois de me sentir desanimada e infeliz, resolvi dar um basta a esse vazio”) e o otimismo quanto a sua nova vocação (“Sou daquelas pessoas que acha que quando é para ser, tudo conspira a favor”). Com vocês, Luana Clark!

Em seu disco de estreia você aposta numa gama de estilos musicais, num olhar preciso e pessoal para com o quotidiano. Como foi o processo de composição e gravação deste primeiro álbum?
Meu primeiro álbum é um divisor de águas na minha vida. Ele simboliza o começo da minha trajetória como cantora. Quando adolescente tinha escrito algumas canções, mas meu primeiro contato maduro com a música aconteceu há um ano quando gravei o álbum em SP. Embora fosse tudo uma novidade, escolhi cada musica que entrou no repertório. A faixa nº 2 “Aonde Vai Chegar (Coisa Feia)” é a única regravação no disco. Já “Ilha Grande” foi composta por mim em homenagem a um lugar que considero muito especial para minha família. A última faixa do CD, “Espaço no Carro”, foi composta por mim e três amigos compositores (Dino, Tenison Del Rey e Peu del Rey). As outras músicas são de parceiros que se conectaram comigo de alguma forma e por isso, também foram escolhidas. As gravações foram deliciosas. Minha equipe foi incrível. Todos muito generosos e talentosos. Aprendi demais! E me diverti muito também! Já quero gravar de novo! (risos)

A presença feminina no cenário musical tem crescido de forma recorrente, mas ainda se vê certo machismo quando o assunto é a música produzida por mulheres. Para quem chegou agora como você vê o mercado musical?
Como disse antes, estou aprendendo muito, tudo para mim é novo. Penso que o mercado musical é um mundo de possibilidades. Sou daquelas pessoas que acha que quando é para ser, tudo conspira a favor. Mas é preciso encontrar sua essência e se dedicar bastante e, principalmente, acreditar que vai dar tudo certo. Aliás, já deu. (risos)

Assim como Leonard Cohen, você esperou por um bom tempo (três décadas) até dar voz a sua vontade interior que é se dedicar a música. Como se deu esta iniciativa?
Sempre fui a filha mais artista. Canto atuo, pinto quadros e desenho. Mas desde pequena meu maior sonho era ser cantora. Aprendi a tocar violão com revistinha de cifra (coisas de antigamente) só pra poder inventar minhas canções. Cantava em festivais na escola e andava com a galera que tinha banda. Conforme fui crescendo, fui me distanciando da minha essência artista. Eu acreditava que ser cantora não era uma profissão, mas sim um hobby. E que eu nunca conseguiria viver disso. Trabalhei com publicidade e marketing, depois trabalhei por onze anos como fotógrafa imobiliária. Depois de me sentir desanimada e infeliz, resolvi dar um basta a esse vazio. Foi quando eu comecei a buscar um propósito, algo que fizesse sentido e me realizasse. Nessa época meu marido estava a trabalho em SP (nós somos do RJ), quando conheceu o Dino (produtor do álbum) e então surgiu essa oportunidade incrível de gravarmos um álbum. Se inicialmente o projeto era um CD para presentear amigos e família, ele cresceu ao longo de todo o processo, e hoje faço parte dos artistas da Deckdisc. Realizar um sonho de infância que estava adormecido tem sido mágico demais. Estou muito feliz em poder fazer o que mais amo e em dividir esse meu sonho com o público.

– Bruno Lisboa (@brunorplisboa) é redator/colunista do Pigner e do O Poder do Resumão.

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