Entrevista: Jacob Hemphill (vocalista SOJA)

entrevista por Homero Pivotto Jr.

Há bandas que se propõem a fazer de suas composições mais do que apenas bons sons. Os estadunidenses do SOJA são parte dessa categoria. Com uma musicalidade baseada no reggae, mas que carrega referências de dub, ska, hardcore e até pop, o grupo busca gerar uma reflexão no ouvinte. Fazer com que cada um olhe para dentro de si e pergunte o que está fazendo com a própria vida na busca pela felicidade.

Sucesso no Brasil, o octeto volta ao país para, mais uma vez, protagonizar suas tradicionais apresentações intensas em quatro capitais: São Paulo (01/11 no Espaço das Américas), Rio de Janeiro (03/11 na Fundição Progresso), Curitiba (05/11 no Live Curitiba) e Porto Alegre (08/11 no Pepsi on Stage). Informações sobre ingressos, compra pela internet e pontos de venda em cada uma das cidades você encontra aqui.

O vocalista e compositor Jacob Hemphill conversou com a Abstratti Produtora sobre o poder da música (“Fãs escrevem falando sobre como uma letra em particular os impactou”), o sucesso do grupo no Brasil (“É algo muito bom que não consigo entender completamente”), a trajetória do grupo que ajudou a fundar e o disco novo (“Poetry In Motion” é sobre observar e apreciar toda a beleza que nos rodeia). Confira.

O SOJA tem uma ligação bem próxima com os fãs brasileiros (a banda já veio diversas vezes para cá e as apresentações costumam ser lotadas). Por que você acredita que nosso país abraçou a música da banda tão forte?
Não tenho bem certeza, mas é algo muito bom que eu não consigo entender completamente. Se eu pensar que sei as razões pelas quais cada pessoa abraça nossa música, isso talvez influencie em como faço as composições no futuro. Durante o tempo em que estamos na ativa, continuamos fazendo músicas que nós, como banda, acreditamos. E se essas faixas ecoam entre nossos fãs, independentemente de onde eles sejam, provavelmente estamos fazendo algo certo.

O reggae é, certamente, a base do som do SOJA. Porém, a banda aposta também em elementos de outros estilos, como hardcore, rap e ska. Como vocês moldaram a própria sonoridade?
Apenas tentamos, coletivamente, criar temas que curtimos tocar e que se encaixam com a temática das letras. Não queremos, conscientemente, fazer algo soar reggae ou especificamente incorporar qualquer outro estilo de música. Somo oito músicos, então, naturalmente, cada som tem suas próprias características.

Falando nisso: qual é background musical da banda? Quem são seus heróis na música?
Eu ouço muito Paul Simon, Sade e Bob Marley desde moleque. E sigo ouvindo esses artistas. Esses que citei são apenas alguns. Eu vejo algo de heroico em cada músico que escuto ou sou sortudo o suficiente de encontrar pessoalmente. Há uma incrível bravura sobre criar uma obra e disponibilizar isso para o mundo com o seu nome.

Algo que chama a atenção na musicalidade do SOJA é que existe um apelo pop bem aplicado. E isso é muito interessante! Ajuda a espalhar a palavra mundo afora para cada vez mais pessoas. Essa é uma característica proposital ou algo que rola naturalmente?
Não fazemos nada soar conscientemente de uma forma ou de outra, tampouco tentamos criar músicas de maior apelo entre as massas. Fazemos a música que desejamos e, se as pessoas se identificam, ótimo!

O SOJA tem uma preocupação com a mensagem que é passada nas composições, sempre tentando fazer com que os ouvintes sintam-se um pouco melhor com suas posições neste mundo tão injusto. Como e quando isso passou a ser tão importante em seu trabalho?
Alguns anos atrás meu pai disse: “Agora, você tem um microfone e existem pessoas que estão ouvindo. É possível fazer o que quiser com isso. Mas, no fim das contas, creio que você deva deixar algo que faça o mundo ter orgulho do que foi realizado usando esse microfone”.

Você percebe que as pessoas prestam atenção às letras, conectando-se umas com as outras ou tentando ser um pouco melhores?
Fãs escrevem para mim falando sobre como uma letra em particular os impactou. Essas são minhas histórias preferidas de ouvir, pois a experiência de cada um é diferente.

O SOJA iniciou as atividades ainda na escola, certo? Como surgiu a ideia de montar uma banda e como vocês mantêm praticamente a mesma formação até hoje?
É porque começamos como amigos e continuamos assim. Seguimos nos divertindo e dividindo nosso tempo juntos. Estamos envolvidos uns na vida dos outros fora do SOJA. Somos irmãos antes de sermos colegas de banda.

Conte-nos um pouco sobre o novo álbum “Poetry In Motion” e sua temática. Como esse disco difere do anterior “Amid the Noise and Haste”?
“Amid The Noise and Haste” era sobre pessoas tentando encontrar uma direção nesse mundo. “Poetry In Motion” é sobre observar e apreciar toda a beleza que nos rodeia. “Amid The Noise and Haste” foi um trabalho muito colaborativo, que inclui diversas participações especiais. Já “Poetry In Motion” é apenas o SOJA junto no estúdio fazendo música como bons irmãos.

Homero Pivotto Jr. é jornalista. Entrevista cedida pela Abstratti Produtora.

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