Entrevista: The Anomalys

por Andye Iore

O barulho e a diversão estão garantidos com o The Anomalys. O trio holandês de garage rock está em tour na América do Sul e, após passar por Chile, Argentina e Uruguai, chega ao Brasil no dia 13/02 para nove shows passando por Porto Alegre (Grafitti Bar 13/02), Florianópolis (Taliesyn Rock Bar 14/02), Curitiba (Rock Carnival 15/02), Mogi-Guaçu (O Profeta Pub Rock 17/02), Franca (CDA Motorocker Bar 18/02), Botucatu (Villa Blues Pub 19/02), São Paulo (Astronete no dia 20 e Paribar no dia 22/02) e Campinas (Echos Studio Bar 21/02).

A banda foi formada em 2006 em Amsterdam inicialmente como duo de guitarra e bateria. Depois eles acrescentaram um segundo guitarrista e até hoje tocam e gravam sem baixo. Entre as influências, o clássico The Sonics (que vem ao Brasil em março) com surf music, punk, rockabilly e muita diversão à base de barulho. Eles gravaram o primeiro álbum, homônimo, em 2010 pela bacana Slovenly Recordings e já lançaram outros três singles.

Neste bate papo, o guitarrista Profundo Potlood, 33 anos, fala sobre a expectativa de tocar no Brasil pela primeira vez e comenta sobre o garage rock no mundo. Ele avisa que a banda trará na bagagem para vender nos shows da tour sul-americana o álbum em vinil mais CDs, singles e camisetas. “Nós teremos uma estampa nova de camiseta que o público sul-americano será o primeiro a ver. E também temos a nossa própria bebida, “Black Hole Booze”. Se você beber, você vai se tornar louco como nós!”, anuncia. Confira.

Vocês tocam em festivas em diferentes países. Onde há cenas bacanas de garage rock hoje?
Sim, nós já tocamos em toda a Europa e nos Estados Unidos. Muitos festivais… e em comparação com 10 anos atrás, está acontecendo muito mais movimentação no rock underground. Há grandes festivais na Europa como Funtastic Dracula Carnival, na Espanha, e o Gonerfest, nos Estados Unidos. Há mais e mais bandas boas começando a tocar. Pessoalmente estou feliz que a tendência hypster moderna neo-psych de bandas como Black Lips está finalmente chegando ao fim. Acho que verdadeiro rock ‘n’roll e punk rock, básico e simples, está voltando. Isso é uma coisa boa. Isto é como rock’n’roll deve ser. Nosso país favorito para tocar é, provavelmente, a Espanha. Tem um monte de bandas underground lá e o público é muito mais selvagem que na Holanda!

Como está a cena de garage rock na Holanda?
A cena lá é muito pequena. Não são muitas as bandas também. Ao lado de tulipas e queijo, nosso maior produto de exportação é a música techno… então essa é a merda que a maioria das pessoas ouve. Mas nós temos um underground bacana com festivais anuais como Sleazefest e lugares em Amsterdam como Pacific Parc, festas como Amsterdam Beat Club, onde um monte de bandas legais de todo o mundo tocam.

O que vocês esperam dessa primeira tour na América do Sul?
Nós não temos nenhuma ideia do que esperar da América do Sul! O lugar mais próximo que já tocamos é a Cidade do México, há dois anos. O público era muito selvagem! Por isso, esperamos que as pessoas no Brasil gostem do nosso rock selvagem e louco que mostramos ao vivo também! Somos especialistas em festas com destruição total! Portanto, esteja avisado!

Vocês vão tocar no Psycho Carnival, em Curitiba, um festival com bandas de rockabilly e psychobilly, onde sempre há um público bem animado. O que vocês pensam de tocar com bandas de outros estilos?
Nós gostamos de vários gêneros de música! As pessoas têm dificuldade em definir o estilo de Anomalys. Acho que “garage” é um bom termo geral para nos descrever, mas há um monte de influências em nossa música. Há elementos de rockabilly, psychobilly, surf, anos 60 e 70, punk rock e hardcore. Esse é o tipo de música que gostamos. Nós também gostamos de ouvir soul, rhythm & blues, funk, reggae, cumbia, calipso, rocksteady e ska quando estamos em viagem no nosso ônibus na turnê. Mas as músicas do The Anomalys são puramente selvagens, psicóticas e um ataque de rock’n’roll. Então acho que vamos combinar bem com as bandas de psychobilly do Psycho Carnival.

Qual será a formação do The Anomalys na tour sul-americana?
The Anomalys são um trio. No início da banda, em 2005, foi um duo, apenas o baterista Memme e o nosso vocalista e guitarrista Bone. Em 2007 eu entrei na banda como segundo guitarrista. Então, talvez um pouco de surpresa, mas ainda não temos baixo! Apenas duas guitarras e uma bateria básica. Fazemos um som primitivo e focado, eu acho. Vocês vão ver e ouvir!

Como será o set dos shows na tour sul-americana?
Nosso set dura no máximo 40 minutos. Nós não gostamos de tocar mais do que isso. Um monte de bandas toca por muito tempo, eu acho. Em nosso show há muita energia física e queremos manter isso o tempo todo. Se você tocar por mais de uma hora, a energia desaparece e nós não queremos isso. Por isso prefiro show curto, rápido e selvagem! Vamos tocar músicas do nosso álbum homônimo de 2010 e nossos singles “Retox” e “Blues Deadline”. Mas também vamos tocar algumas músicas novas que ainda não foram gravadas.

Vocês conhecem alguma banda brasileira de garage rock?
Conheço o Drakula, eles são legais. Autoramas também. Ouvi algumas coletâneas, como “Brasilian Nuggets”, com algumas músicas legais. Mas espero para ver e tocar com algumas bandas de garage rock no Brasil e também bandas punk!

O que você gostaria de ver no Brasil se tiver tempo livre?
Quero ver tudo! Mas não acho que haverá muito tempo livre por causa da agenda de shows. Mas esperamos ter um ou dois dias de folga e ir para uma bela praia ou ver algo bacana na natureza. Talvez um pouco de selva? Alguém tem dicas? E eu estou interessado na comida brasileira! Eu sempre gosto de saborear a gastronomia local e eu não sei muito sobre a cozinha brasileira. Por isso, espero que tenha algumas coisas boas! E ouvi que estaremos no Brasil durante o Carnaval… Já ouvi histórias malucas sobre esta festa. Então, vamos ver o que acontece!

Como está o trabalho do The Anomalys atualmente?
Esperamos para gravar e lançar um disco álbum antes do final deste ano. E em maio vamos tocar no Cosmic Trip Festival, na França, e no Hipsville Festival, na Inglaterra. Mas estamos no processo de escrever novas músicas, por isso vamos passar um tempão fechados na sala de ensaio também!

– Andye Iore (@andyeiore) é jornalista em Maringá e Cianorte (PR), fã de Cramps desde 1986 quando ouviu “Surfin’ Dead” no filme “A Volta dos Mortos Vivos”. Apresenta o Cinema na Música na rádio Música FM de Cianorte (89,9 FM) e o Zombilly no Rádio na UEM FM (106,9) e na Alma Londrina (www.almalondrina.com.br) além de ser responsável pelo site Zombilly.

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