Entrevista: New Politicians

por Catherine Santos

Muitos consideram o Joy Division como a principal voz do gênero pós punk. Ian Curtis cantou como poucos o descontentamento, as tristezas e frustrações diante do cenário britânico do final dos anos 70, quando o punk começou a perder a força, conquistando vários adeptos entre shows e (grandes) discos. O legado dos criadores de “Unknow Pleasures”, que na década de 80, sem Ian, começariam uma nova ordem, foi passado adiante e gerou frutos abrindo caminhos para que outras bandas se espelhassem e buscassem novos sons.

Uma dessas bandas é o New Politicians, quarteto pós punk de Centerville, Nova Jersey, nos EUA. O New Politicians nasceu em outubro de 2012 e é formado por Renal Anthony (Voz/ Guitarra), Chris Cox (bateria), Winston Mitlo (baixo) e Gian Cortese (guitarra/ teclado/ vocais). O quarteto exibe nos EPs “Alpha Decay” e “Drag a City”, os dois lançados em 2013 (o primeiro em março, o segundo em novembro) um som denso, com riffs e acordes fortes e vocais poderosos que demonstram maturidade, segurança e uma forte influência de Interpol.

Da letra complexa de “Are We Dining Dead?” aconchegada numa canção repleta de viradas de bateria passando por “Sail Away”, uma música sobre nos sentirmos pequenos em uma cidade grande, e chegando e,m “Day (1)”, com uma pegada de bateria seca que leva o ouvinte diretamente ao Joy Division de “Unknow Pleasures”, o New Politicians mostra que é uma daquelas bandas prontas para estourar. Por e-mail, o vocalista e letrista Renal Anthony falou sobre os EPs, pós punk e Brasil.

Você acredita na interatividade entre artistas e fãs na Internet? Ela realmente mudou as coisas?
Sim, a internet definitivamente nos permitiu partilhar a nossa música com um público maior, incluindo pessoas de outros países como a França, Alemanha, México, Brasil, etc. Acredito que o Arctic Monkeys começou de forma semelhante, que os ajudou a eventualmente entrar em evidência – assim como o Oasis no Reino Unido, mas em outro momento. No entanto (a Internet sozinha ainda não basta), precisamos focar em shows e promover a nossa música à moda antiga com panfletos e adesivos.

Muitas bandas do auge do pós punk começaram se apresentando ao vivo em garagens e/ou bares, mas hoje o cenário é um pouco diferente. Vocês acham que o som de vocês recebe mais influência na hora de compor quando tocam ao vivo?
Bem, na verdade, o New Politicians começou em um porão. Todos os nossos shows são feitos em bares e locais menores neste momento. Nossas músicas são escritas para serem executadas por uma banda de quatro integrantes e tomam forma apenas quando estamos juntos como um grupo.

Quais as principais influências musicais de vocês? Há traços de Interpol no formato que vocês usam o baixo, a guitarra, a atmosfera musical ao redor…
Sim, definitivamente todos somos fãs de Interpol, eles têm um som icônico. Coletivamente, temos uma variedade de outras influências, incluindo The Doors, Pink Floyd, Brand New, Nirvana, The Gaslight Anthem, Editors, The Strokes, etc…

Como funciona o processo de composição das músicas? O pós-punk sofreu muita influência do cenário político e social da época da década de 80 e o nome de vocês transmite esse ideal.
As músicas são compostas pelo Gian e ele me passa para que eu trabalhe na letra e na melodia vocal. Em seguida, tocamos nos nossos ensaios. (Quanto ao nome da banda) Nós escolhemos “New Politicians” porque nós pensamos que parecia irônico descrever uma banda como rock “político”. Honestamente, a organização social e política dos dias atuais não mudou muito desde os anos 80. Por isso, acho que o nome será sempre relevante, independentemente de onde você está ao redor do mundo.

Quais são os outros planos da banda?
Já lançamos dois EPs: “Alpha Decay” e “Drag a City”. Eles estão disponíveis no iTunes, Bandcamp e Soundcloud. Nós já estamos trabalhando no material para um novo EP, e estamos muito animados para lançar novas faixas!

O Brasil aprecia muito o rock, e várias bandas, tanto norte-americanas quanto britânicas já vieram se apresentar aqui, principalmente na cena musical de São Paulo. Há alguma chance de vocês virem pra cá? Quem sabe em algum festival ou em algum evento isolado? Como vocês imaginam que seja o público brasileiro?
Esse é um dos nossos principais objetivos. Queremos ser capazes de viajar pelo mundo e tocar na frente de tantas pessoas quanto possível. Nós realmente queremos estar em evidência o quanto for possível. Ouvimos dizer que o Brasil é um país bonito e gostaríamos de participar de um festival por ai, isso sem contar assistir a algumas partidas de futebol 🙂

– Catherine Santos (@Cathysan) é jornalista e assina o blog Escrito e Livre

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