Entrevista: Djavan

por Marcos Paulino

Djavan optou por uma coletiva online, via internet, para lançar “Rua dos Amores Ao Vivo”, DVD e CD, no dia 2 de abril. Para participar, foram escolhidos alguns órgãos de imprensa de várias partes do país, entre eles o PLUG, parceiro do Scream & Yell.

Nesse bate-papo virtual, o compositor alagoano deu detalhes da produção desse novo trabalho, que teve como base o disco lançado há dois anos e que rendeu uma turnê por diversos países.

Neste terceiro registro ao vivo de sua carreira (os anteriores foram “Djavan Ao Vivo”, de 1999, e “Ária Ao Vivo”, de 2011), além de apresentar músicas de “Rua dos Amores” (2012), Djavan passeia por várias fases, abrindo espaço inclusive para canções pedidas por fãs numa enquete. Confira os principais trechos do bate papo.

A turnê do show que deu origem à “Rua dos Amores Ao Vivo” foi vista por mais de 200 mil pessoas no Brasil e no exterior. Como você avalia esse resultado?
Acho que esse número já está bem defasado. Muita coisa já aconteceu, foram muitos lugares. A turnê foi um êxito. Pra mim, para os músicos, para nós todos que estamos realizando, tem sido um prazer. A receptividade do público em todos os lugares mostra que realmente estamos no caminho certo. Portanto, estou feliz.

Nos shows no exterior, você sentiu que a plateia era maciçamente de brasileiros ou os estrangeiros também prestigiaram em bom número?
Como vou ao exterior há muitos anos, desde 1981, muitas pessoas em todos os lugares do mundo já se acostumaram a esperar meus shows. Evidentemente, tem os brasileiros, que estão em todos os lugares (risos). Mas cada vez mais o público estrangeiro se interessa pela música brasileira, pela minha música. E isso a gente vê muito claramente quando atende o público no camarim ou mesmo pela internet, pelas mensagens que recebemos.

Como foi o processo dos fãs ajudarem a fazer o repertório do disco?
Fizemos uma enquete na internet e algumas opiniões bateram com o que achávamos que deveria ter no disco. Atendemos aos fãs e ao mesmo tempo fomos atendidos. Foi uma contribuição valiosa.

“Flor de lis” é do seu primeiro disco. É sempre bom cantar os clássicos?
Acho maravilhoso. Nunca tive problemas pra cantar músicas como “Flor de lis”, “Meu Bem Querer”, “Sina”. Existem duas coisas que facilitam esse meu prazer em cantar: em primeiro lugar, porque o público está ali pra ouvir e gosta dessas músicas, e depois porque eu também gosto. Como sempre faço arranjos novos pras músicas antigas, é sempre uma renovação do prazer de cantar.

E “Maledeto”, a música inédita que é a faixa bônus do CD?
Quis fazer um carinho pros fãs, uma música que pudesse tocar no rádio, que as pessoas pudessem botar pra dançar. É uma música com uma pegada pop e estou feliz porque ela está fazendo um grande sucesso no rádio.

Como surgiu a ideia de fazer o making of que acompanha o DVD?
Esse documentário se destina a mostrar as entranhas da produção, como cada um pensa, como é o envolvimento de cada um, como a coisa foi construída, meu grau de convivência com as pessoas. Achei que seria interessante para o público ver como isso se desenrola.

O que mais te agrada no formato ao vivo?
O formato ao vivo demonstra o que você é, sem subterfúgios. É um registro interessante, sobretudo quando você quer marcar um momento. Eu queria muito mostrar este meu momento com a banda, com a equipe e com o público que participa. Tem que haver uma interação com o público pro show realmente acontecer. Tenho a preocupação de criar um repertório que proporcione essa interação.

Você sempre se recusou a fazer algo mais comercial em nome da sua sensibilidade. O que acha do rumo comercial que a música e alguns artistas tomaram?
Na verdade, nunca abri mão de fazer o que sinto, o que gosto. É por isso que criei gravadora, estúdio, editora, produtora, um escritório pra comandar tudo. Busquei com isso a independência no meu trabalho, de modo a evitar intercessões. Isso não quer dizer que eu não escute as pessoas, não absorva opiniões. Quer dizer que, como tenho uma música bem pessoal, precisava da independência pra desenvolvê-la bem.

Depois de tanto tempo na estrada, qual o maior desafio de um artista?
Continuar querendo. Pra mim, isso não é difícil, porque gosto de música, da interação com o público, de palco. Gosto de me revelar naqueles momentos, de cantar, de dançar. A composição é uma coisa que não está subjugada ao meu desejo. Ao contrário, não vivo sem ela. Tenho que compor pra existir. Sendo assim, suponho que estarei sempre na área, até o final.

– Marcos Paulino é jornalista e editor do caderno Plug, do jornal Gazeta de Limeira.

11 thoughts on “Entrevista: Djavan

  1. Taí um músico que não conseguir entender porque é tido como “gênio”. Acho as composições dele pífias e incompreensíveis. Mas enfim, isso é MPB, e como diria Lobão, “uma punheta que se toca de pau mole”. Definição perfeita.

  2. Ah Amaury, considero ele um gênio sim, é um dos poucos artistas brasileiros que se pode chamar assim.

    Ele tem alguns albums marcantes e varias musicas que fizeram sucesso como Samurai, Eu Te Devoro, Flor de Lis, Oceano, Se, Sina, Meu Bem Querer, Nem Um Dia…

    O cara tem um repertorio extenso de sucessos e qualidades.

  3. Victor, respeito o seu gosto e concordo que ele tem uma lista de sucessos extensa. Isso é um fato. Agora, nunca vi nada nessas composições. Oceano, Eu te Devoro, Flor de lís, músicas que não encontro nada demais mesmo. São sucessos populares simples, que não elevam o nível em nada. Mas gosto é gosto.

    E cara, mais uma vez parafraseando o Lobão, mpb é easy listening e por isso tem tanta aceitação de público. o Djavan é um cantor, basicamente, romântico e se traveste dessa aura. Tanto que tem um enorme público feminino. Não vejo em suas canções grande méritos.
    Mas sabe-se lá porque é ultracool gostar desse cara, é sinônimo de bom gosto. Infelizmente.

  4. Não é genio, mas tem uma carreira que, mesmo com altos e baixos, se manteve coerente. A palavra gênio é muito desgastada no Brasil, mas acho que é ruim tb esse vaticinio indie de que MPB por si só não presta. E um cara que compôs ‘tô a toa tokyo’, não me parece o indicado pra criticar a MPB né lobão?

  5. Ismael, acabou parecendo que sou grande fã do Lobão. Apenas concordo com ele em relação as suas críticas “mpbistas”. Tb não vejo muito coisa no “Big Wolf”. Mas vejo menos ainda nessa MPB aí. Agora, discordo de você desmerecer uma opinião por achar o autor da mesma um mau compositor. Seria como desmerecer a opinião de alguém do site.

  6. O Ismael falou e disse.
    Nem sou fã do Djavan, mas dizer que ele não tem talento musical é uma imbecilidade.
    Certa vez vi o Angeli(que sou fã), pegando no pé do alagoano, dizer que não entendia:
    “e eu oceano”
    Está meio que explícito, mas mesmo que não estivesse um fraseado musical é tão, ou mais, importante que a letra.
    Aqui no Brasil se dá demasiado valor a letra de música.
    Isso é bom, mas também pode ser bem ruim.
    Embora sinta que esteja melhorando nesse quesito.
    Não saberia dizer se pelo empobrecimento dos letristas ou pelo fato das novas gerações estarem mais ligadas a sons, timbres e tals.
    Talvez as duas coisas.
    Enfim, Djavan tem valor.

  7. Lobão reclama da “MPB romântica” mas aparecia no Fantástico cantando “chorando no campo”. E discordo que no momento é ultra-cool gostar de Djavan, pelo contrário, vejo um monte de gente (principalmente os indies e descolados) desdenhando do Djavan, o que é uma besteira. Um cara que já tocou com alguns dos melhores músicos do mundo e teve gente como Stevie Wonder e Paco de Lucia participando das suas músicas merece no mínimo respeito.

  8. “E cara, mais uma vez parafraseando o Lobão, mpb é easy listening e por isso tem tanta aceitação de público”

    E qual o problema da mpb ser easy listening? Qual o demerito nisso??

    MPB – Musica “POPULAR” brasileira, acho que isso ja explica tudo.

    Desde quando artista pra ser bom tem que fazer somente musicas impenetraveis ou algo assim?

  9. Ué, já vi gente aqui desmerecendo o Classic Rock por isso, por ser easy listening. Porque 2 pesos e duas medidas?

  10. É inegável que todos nós temos direito de opinião. Porém, o que não se pode é culpar Djavan pela ignorância musical de muitos. Um artista como ele possui atributos impares, o mesmo é sem sombra de duvidas um dos espelhos maiores da música brasileira, Djavan não só canta muito bem como também tem uma facilidade de compor (brincar com as letras) músicas que de tão marcantes e gritantes entra ano e sai ano e permanece sucesso.

  11. Quem não gosta de Djavan é ignorante então? Tô falando… As pessoas gostam de um embromador desses e ainda se acham mais inteligentes por isso!
    E quer saber, pra mim MPB é que é musiquinha de churrascaria, e Flor de Lís é hino mor dos cantores de botequim!

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