Selo Scream & Yell: “Espelho Retrovisor”, tributo aos Engenheiros do Hawaii

Para quem viveu os anos 80, amar os Engenheiros do Hawaii tinha um gostinho de provocação: 90% da crítica especializada caçoava da banda enquanto os fãs os colocavam em um patamar próprio, cravando hits (alguns à revelia dos programadores de FM numa época em que a voz do ouvinte fazia diferença no dial), colocando os álbuns da banda na lista dos mais vendidos e tornando canções como “Terra de Gigantes”, “Infinita Highway” e “Pra Ser Sincero”, entre muitas e muitas outras, em clássicos da música popular brasileira.

O tempo passou, e às vésperas de completar 30 anos de carreira, o Engenheiro-mor Humberto Gessinger anuncia o lançamento de seu primeiro DVD solo, “Insular ao Vivo”, que terá show de lançamento em São Paulo no dia 10 de janeiro de 2015 (o primeiro show dos Engenheiros aconteceu num 11 de janeiro… de 1985) no Citibank Hall – e os 7 mil lugares deverão estar tomados para ver o músico colocar um bom número de canções novas ao lado de clássicos e raridades dos Engenheiros – como “A Violência Travestida Faz Seu Trottoir”.

Este tributo, organizado com dedicação extrema pelo produtor Anderson Fonseca, visa revisitar canções que acompanharam gerações (e devem acompanhar muitas outras). Com arte assinada por Luis Saguar e Melissa Mattos, “Espelho Retrovisor” passa por quase todas as fases dos Engenheiros do Hawaii (e foram muitas em 30 anos), e tem como mérito exibir novos olhares – muitas vezes diferentes – sobre o mesmo horizonte.

Há versões para todos os gostos neste tributo: do duo paraense Strobo e sua versão provocante de “Infinita Highway” (1987), passando pelo pernambucano Lula Queiroga, que recriou “Eu Que Não Amo Você” (1999), pelo mineiro Mário Wamser e sua versão delicada para “Ando Só” (1991) até os curitibanos da Anacrônica (que gravaram o primeiro grande sucesso nacional dos Engenheiros, “Toda Forma de Poder”, de 1986) e da Banda Mais Bonita da Cidade (que assina uma bela versão de “Pose”, de 1992).

O músico paulista Phillip Long marca presença com uma versão lírica de “Terra de Gigantes” (1987) enquanto Dary Jr., ex-Terminal Guadalupe, aparece com seu projeto Dario Júlio & Os Franciscanos numa versão cativante de “Números” (2000). Fãs devem se surpreender com a excelente recriação da DJ e produtora catarinense Blancah PatyLaus para “Quartos de Hotel” (1991), com a versão potente de “A Promessa” (1995) assinada por Nevilton e pela releitura de Fernando Anitelli para “Dom Quixote” (2003), uma das favoritas do fã-clube da banda.

A ala gaúcha comparece em peso com Bebeto Alves numa versão autenticamente sulista para a não menos regional “Ilex Paraguariensis” (1995); com a banda Vera Loca numa versão ao vivo de “Parabólica” (1992) registrada no Theatro São Pedro, em Porto Alegre; e com Esteban Tavares (que acompanha Humberto na carreira solo), que escolheu “Concreto & Asfalto” (1999). A cantora japonesa Tsubasa Imamura surpreende com uma versão de “Pra Ser Sincero” (1990). E há mais, muito mais.

Nossa intenção com “Espelho Retrovisor” é prestar homenagem a uma banda que admiramos e respeitamos muito. Por isso este álbum é dedicado a Humberto Gessinger, Augusto Licks, Carlos Maltz, Marcelo Pitz, Ricardo Horn, Fernando Deluqui, Paolo Casarin, Adal Fonseca, Luciano Granja, Lúcio Dorfman, Gláucio Ayala, Paulinho Galvão, Bernardo Fonseca, Fernando Aranha e Pedro Augusto, músicos que emprestaram seu talento ao Engenheiros do Hawaii nestes 30 anos de carreira. O tempo passa e as boas canções ficam.

Texto por Marcelo Costa, editor do Scream & Yell

BAIXE “ESPELHO RETROVISOR” AQUI

Veja também:
– Engenheiros do Hawaii: o tributo no Zero Hora (aqui)
– Sobre “Espelho Retrovisor” no Notícias do Dia, de Florianópolis (aqui)
– Sem se vender ao sistema, Humberto Gessinger segue em frente (aqui)
– Humberto Gessinger: “Quero viver esse momento com intensidade” (aqui)

CATÁLOGO COMPLETO DO SELO SCREAM & YELL

SY00 – “Canção para OAEOZ“, OAEOZ (2007) com De Inverno Records
SY01 – “O Tempo Vai Me Perdoar”, Terminal Guadalupe (2009)
SY02 – “AoVivo@Asteroid”, Walverdes (2011)
SY03 – “Ao vivo”, André Takeda (2011)
SY04 – “Projeto Visto: Brasil + Portugal” (2013)
SY05 – “EP Record Store Day”, Giancarlo Rufatto (2013)
SY06 – “Ensaio Sobre a Lealdade”, Rosablanca (2013)
SY07 – “Ainda Somos os Mesmos”, um tributo à Belchior (2014)
SY08 – “De Lá Não Ando Só”, Transmissor (2014)
SY09 – “Espelho Retrovisor”, um tributo aos Engenheiros do Hawaii (2014)
SY10 – “Projeto Visto 2: Brasil + Portugal” (2014)
SY11 – “Somos Todos Latinos” (2015)
SY12 – “Mil Tom”, um tributo a Milton Nascimento (2015)
SY13 – “Caleidoscópio”, um tributo aos Paralamas do Sucesso (2015)
SY14 – “Temperança” (2016)
SY15 – “Ainda Há Coração”, um tributo à Alceu Valença
SY16 – “Brasil También Es Latino” (2016)
SY17 – “Faixa Seis” (2017)
SY18 – “Sem Palavras I” (2017)
SY19 – “Dois Lados”, um tributo ao Skank (2017)
SY20 – “As Lembranças São Escolhas”, canções de Dary Jr. (2017)
SY21 – “O Velho Arsenal dos Lacraus”, Os Lacraus (2018)
SY22 – “Um Grito que se Espalha”, um tributo à Walter Franco (2018)
SY23 – “A Comida”, Os Cleggs (2018)
SY24 – “Conexão Latina” (2018)
SY25 – “Omnia”, Borealis (2019)
SY26 – “Sem Palavras II” (2019)
SY27 – “¡Estamos! – Canções da Quarentena” (2020)
SY28 – “Emerge el Zombie – En Vivo”, El Zombie (2020)
SY29 – “Canções de Inverno – Um songbook de Ivan Santos & Martinuci” (2020)
SY30 – “SIEMENSDREAM”, Borealis (2020)
SY31 – “Autoramas & The Tormentos EP”, Autoramas & The Tormentos (2020)
SY32 – “O Ponto Firme”, M.Takara (2021)
SY33 – “Sob a Influencia”, tributo a Tom Bloch (2021)
SY34 – “Pra Toda Superquadra Ouvir”, Beto Só (2021)
SY35 – “Bajo Un Cielo Uruguayo” (2021) com  Little Butterfly Records
SY36 – “REWIND” (2021), Borealis
SY37 – “Pomar” (2021), Vivian Benford
SY38 – “Vizinhos” (2021), Catalina Ávila
SY39 – “Conexão Latina II” (2021), Vários artistas
SY40 – “Unan Todo” (2022), Vários artistas
SY41 – “Morphé” (2023), Rodrigo Stradiotto
SY42 – “Paranoar” (2023), YPU (com Monstro Discos)
SY43 – “NO GOD UP HERE” (2023), Borealis
SY44 – “Extras de “Vou Tirar Você Desse Lugar”, Cidadão Instigado & Plástico Lunar (2024) – Com Allegro Discos
SY45 – “Smoko” (2024), Smoko
SY46 – “Trilhas Sonoras para Corações Solitários” (2024), Hotel Avenida

Discos liberados para download gratuito no Scream & Yell:
01 – “Natália Matos”, Natália Matos (2014)
02 –  “Gito”, Antônio Novaes (2015)
03 – “Curvas, Lados, Linhas Tortas, Sujas e Discretas”, de Leonardo Marques (2015)
04 – “Inverno”, de Marcelo Perdido (2015)
05 – “Primavera Punk”, de Gustavo Kaly e os Hóspedes do Chelsea feat. Frank Jorge (2016)
06 – “Consertos em Geral”, de Manoel Magalhães (2018)
07 – “Toda Forma de Adeus”, Jotadablio (2023)

48 thoughts on “Selo Scream & Yell: “Espelho Retrovisor”, tributo aos Engenheiros do Hawaii

  1. Excelente ideia e justa homenagem para uma banda que, queiram ou não, tem seu nome cravado na história. Eu mesmo acho que tem grandes momentos, com um igual número de momentos bem dispensáveis. Curioso pra ouvir esse tributo. Baixando…

  2. Baixando! Tô curioso pra ouvir. 🙂 Vamos ver. Valeu, muito obrigado. Bom texto também.

  3. A banda mais bonita da cidade não poderia ter escolhido outra música, combina com o estilo deles. Esse tributo é mais do que merecido. EngHaw é um dos nossos maiores orgulhos do rock nacional.

  4. Honestamente, tirando a fraca e preguiçosa interpretação da banda Vera Louca (podiam fazer melhor)… É o melhor tributo a uma banda de rock que já ouvi !!! Muita irreverencia, surpresa e personalidade! Nada igual, tudo inusitado! Augusto Licks, Humberto Gessinger e Carlos Maltz (e o Marcelo Pitz) devem estar orgulhosos!! O original trio, poderia voltar… Afinal, estão vivos. Seria um show histórico.Foi possível perceber a beleza e a grandeza das composições! Sem sombras de dúvidas, uma das melhores banda de rock do mundo! Parabéns ao Scream Yell! 😉

  5. O tempo ainda há de dar a Humberto Gessinger o crédito merecido. A meu ver, não deve em nada aos idolatrados Cazuza e Renato Russo.

  6. Pra quem tá tendo problemas com o download, basta retirar o localhost do início da url pra onde foi direcionado…

  7. Parabéns a todos os envolvidos, em especial aos produtores. Estou emocionado. Nos finais dos anos 80 quando ainda havia aquela discussão sobre Engenheiros X Legião, eu dizia que os fãs do Engenheiros são de grande qualidade… Assim como o vinho a qualidade aumenta com o passar do tempo… Eu disse que estou emocionado e não sei nomear a emoção… Não posso dizer orgulhoso. Mas é algo próximo disso… Orgulhoso de ver que a família EngHaw cresceu e está por aí fazendo o mundo ficar melhor… O orgulho vem de poder dizer que faço parte da família EngHaw desde sempre…

  8. Fiz um teste agora, Mario, e está tudo perfeito. Se você ainda estiver com dificuldade para fazer o download, tente por esse link aqui. Como observou o Julio, o host pode estar travando o redirecionamento. Neste link está ok.

  9. Acho que o inicio da matéria “Para quem viveu os anos 80, amar os Engenheiros do Hawaii tinha um gostinho de provocação”… e perfeita.

    alem disso ser fã de EngHaw sempre foi ser do contra, contra as modinhas, e contra toda critica desnecessário que a banda sempre levou …

    #queroumacamisa #espelhoretrovisorcamisa rsrs

    eu quero uma!

  10. Ainda bem que o rock não precisa das bandas que participaram desse tributo para sobreviver.
    É impressionante a falta de talento desses novos “músicos”.
    Achei sofrível a homenagem.
    Perguntem ao Gessinger, certeza que ela não vai gostar disso aí.

  11. A ideia das releituras são sempre bem vindas. Belchior foi ótimo entretanto, essa dos Engenheiros ficou aquém das minhas expectativas mas ainda assim, serve como um retrato de como andam as coisas por aqui. Deixaria a dica de dois nomes(bem dispares, por sinal) para prováveis tributos:
    1. Zé Ramalho
    2. Skank

  12. Lucas, achei que Infinita Highway ficou super legal! Principalmente, por ter ficado somente instrumental. Surpreendente! Mas é aquele negócio…. Questão de gosto. Para mim, nesses tributos, quanto mais original a versão (se é que pode-se falar em originalidade), e mais distante da versão original, melhor.

  13. TODAS as músicas ficaram show… Gostei MUITO de concreto e asfalto no arranjo do Esteban Tavares, baixei ante-ontem e quase não consegui parar de ouvir, apenas nos horários de trabalho. Compraria esse CD com toda a certeza, ajudaria o projeto. PARABÉNS a todos, Engenheiros do Hawaii fez e faz minha história, esse resgate de musicalidade num tempo “excentricamente eclético e devasso” me leva a viajar no som de uma forma que a muito não faço.

    Muito obrigado mesmo

  14. Esse tributo arejou a obra dos Engenheiros do Hawaii. As músicas ganham novo vigor na interpretação de outros artistas, elas crescem. Concordo com o Marcos, “Segurança” cairia bem nesse disco.

  15. Ótimo tributo. Parabéns a todos os envolvidos, e obrigado! Só teve uma música que não me agradou, Parabólica, mas aí o problema é que eu já não curtia a versão original, e essa da Vera Loca ficou muito parecida com ela.

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