Ao vivo em Porto Alegre, Slash e sua banda entregam performance de tirar o fôlego

texto de Glauber Adolfo

Em uma noite de verão abrasadora em Porto Alegre, Slash encerrou o braço brasileiro de sua turnê “The River is Rising… Rest of the World Tour” com um desempenho arrebatador. Este foi o sexto show do retorno da turnê solo de Slash, que estava em hiato desde 2022 quando o guitarrista voltou à estrada com o Guns N’ Roses.

Apresentando uma coletânea de sua vasta carreira solo, desde o projeto Slash’s Snakepit dos anos 90 até às músicas de seus quatro álbuns com a formação conhecida como “SKMC” (Slash featuring Myles Kennedy and the Conspirators), o lendário guitarrista ofereceu uma experiência musical eclética e emocionante em sua sétima visita a capital gaúcha – após quatro passagens com o SMKC e duas com o Guns N’ Roses (2016 e 2022).

Para abrir a noite, a banda de Las Vegas, Velvet Chains, aqueceu o público com seu hard rock animado e carismático, culminando em um cover de “Suspicious Minds”, famosa na voz de Elvis Presley. A atmosfera eletrizante criada pela Velvet Chains preparou o terreno para o momento aguardado de Slash e sua trupe.

O longo percurso da SKMC os tornou cada vez mais afiados, e essa energia ficou evidente desde o início da noite. Com uma breve introdução com a música “The Thing”, o show começou com “The River is Rising”, faixa de trabalho do último álbum lançado por eles, “4” (2022). O público entrou no pique, pulando e gritando diante de seus ídolos, criando uma atmosfera elétrica que permeou toda a apresentação.

A noite continuou fervendo com “Driving Rain”, do penúltimo álbum, que abriu caminho para “Halo”, do debute “Apocalyptic Love” (2012), com um pequeno deslize de Slash na introdução, o que não impediu que o riff inconfundível ecoasse pelo Pepsi On Stage incendiando a audiência, mais “Too Far Gone” e “Back from Cali”.

A trinca de músicas do último álbum – “Whatever Gets You By”, “C’est La Vie” e “Actions Speak Louder Than Words” – demonstrou a sintonia perfeita entre os membros da banda, com riffs poderosos de Slash e Frank Sidoris, além dos vocais arrebatadores de Myles e os agudos de Todd Kerns, o baixista. Dando uma folga para Myles, Todd assumiu o protagonismo em “Always on the Run”, de Lenny Kravitz, mostrando feeling e talento.

O retorno de Myles Kennedy ao palco trouxe consigo a balada “Bent to Fly”, uma carta musicalmente tocante de Slash para sua mãe. O ritmo acelerado de “Sugar Cane” e a grandiosidade de “Spirit Love” mantiveram a energia em alta. A nostalgia dos fãs mais antigos foi alimentada com “Speed Parade”, originalmente gravada com o Slash’s Snakepit, enquanto “We Will Roam” preparou o terreno para o ápice da noite: a única música do Guns no setlist, “Don’t Damn Me”, do icônico “Use Your Illusion I” (1991).

O lento e rasgado riff de “Starlight” envolveu a plateia, enquanto “Wicked Stone” trouxe Slash demonstrando sua maestria em um solo hipnotizante e visceral de quase 10 minutos, acompanhado também por Myles na guitarra base. “April Fool” e “Fill My World” destacaram a versatilidade da banda, encerrando a fase do atual disco no setlist.

Todd Kerns, então, assumiu os vocais principais em “Doctor Alibi”, homenageando o lendário Lemmy, ídolo e amigo de Slash, enquanto “You’re a Lie” preparou o terreno para o grandioso encerramento com “World on Fire”, do álbum de mesmo nome de 2014. O bis não poderia ser menos espetacular, começando com a emocionante interpretação de “Rocket Man” de Elton John. Brent Fitz trocou as baquetas pelos teclados, enquanto Slash surpreendeu a todos ao tocar pedal steel de forma comovente, adicionando uma camada de profundidade à performance.

O clímax final chegou com “Anastasia”, de 2012, uma jornada musical que começa suavemente e cresce em intensidade ao longo da execução. Ao fim da música, os músicos se despediram dos fãs, distribuindo palhetas, baquetas e agradecimentos aos fãs, deixando uma sensação de êxtase e gratidão no ar.

Slash e sua banda entregaram uma performance de tirar o fôlego e “My Way”, na versão de Sid Vicious tocando no palco vazio, foi a cereja no topo do bolo, anunciando o fim do espetáculo.

Glauber Adolfo é fotógrafo e filmmaker

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