Mojo Book 034: “Blade Runner”, Vangelis, por Andréa Del Fuego

15 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.

O Scream & Yell tem a honra de republicar os livros da Mojo buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). Toda segunda, um livro da Mojo novo sobre um disco! O 34° volume da série (os anteriores  estão aqui) tem como inspiração o álbum “Blade Runner”, de Vangelis, trilha sonora do clássico filme de ficção científica noir de Ridley Scott lançado em 1982.

O lançamento oficial da trilha foi adiado por mais de uma década saindo apenas em 1994 e omitindo grande parte da trilha sonora original, mas incluindo composições não usadas no filme. Uma edição de 25º aniversário (2007) incluiu mais material inédito e um disco de novas músicas inspiradas no filme. Várias gravações piratas contendo versões mais abrangentes da partitura, bem como qualidade de som superior ao lançamento original de 1994, circularam amplamente.

A trilha sonora de “Blade Runner” é considerada uma das melhores de todos os tempos. Em 2019, a Pitchfork a classificou na posição 50 em uma lista de melhores trilhas de todos os tempos. Em 2020, o The Guardian a incluiu entre as 10 melhores. Em 2022, a revista Future Music colocou a trilha sonora como 1ª entre “10 das mais incríveis trilhas sonoras de filmes sintetizados da história de Hollywood”. Baixe o PDF ou leia online esse Mojo.

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Não amanhece há dois dias.

Também não dormi pra diminuir a espera, a atmosfera tem o soluto do petróleo. O sol não mais divide o período em dia e noite. Não vemos a divisa do tempo, o globo permanece coberto pela poeira. Andamos com guarda-chuva pra guardar-nos das cinzas. O nome do problema é resistência.

Cem mil homens não acreditam que um ato se desdobra em dois como célula-tronco, em qualquer tecido do mundo. Os cem quiseram evitar o mergulho do submarino, não querem que marinheiros façam o oceano comer a poeira do ar. O projeto inclui despejar no mar outra poeira, sintética e de moléculas anãs. A tal absorveria o hidrogênio da água e a deixaria tão leve que seu corpo se transferiria da bacia dos oceanos para o céu, choveria de trás pra frente. O sol secaria a umidade aérea, o sal iria junto e ele mesmo clarearia o cinza, e sim, o submarino faria amanhecer.

Os cem mil homens resistem, querem proteger peixes e algas. Não trocam o dia pelo ômega três, seis ou nove. O sal marinho retém água, ao se aproximar do calor da estrela, se faria concorrente e ganharia pelo tamanho, menor e forte, cristalino e constante. O sal é que faz a substância de uma célula ter permissão para entrar em outra. Guarda os líquidos em recipientes honestos, tem autorização porque zela o excesso.

Meu trabalho no submarino é simples: cuidar da comida e de alguns termômetros. Como enlatado, bateria ovos em neve se pudéssemos abrigar meia-dúzia de zigotos.

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Conheça e faça o download dos Mojo Books anteriores

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