Entrevista: Vestido de amor, Chico César defende a raiva e fala de representatividade, bolsominions e o disco gravado na França

entrevista por Bruno Lisboa

Com carreira iniciada nos anos 90, Chico César foi conquistando, de maneira gradual, o seu lugar ao lado dos grandes ícones da MPB. O sucesso do álbum “Cuscuz Clã” (1996), impulsionado pelos mega hits autorais “Mama África” e “À Primeira Vista”, fez com que sua carreira decolasse à nível nacional – “Mama África” reverbera até hoje em virtude de sua atemporalidade ao tratar de questões ligadas as agruras da maternidade.

De lá para cá, Chico firmou parcerias bem-sucedidas, lançou outros discos de sucesso e correu o mundo, levando sua poesia que versa tanto sobre a importância do amor, em suas mais variadas facetas, como também sobre a política, adotando um discurso afrontoso a ordem capitalista e ao reacionarismo. Musicalmente, ele segue combinando sonoridades de matriz africana com rock, música eletrônica, forró, reggae e o que mais lhe inspirar.

Nos últimos anos, o músico tem estado atarefado conciliando uma turnê ao lado de Geraldo Azevedo com novos trabalhos de estúdio – em 2022 foram dois, “O Canto de Macabéa ou A Hora da Estrela” (em parceria com Laila Garin) e “Vestido de Amor”. O último foi gravado e produzido na França por Jean Lamoot (Mano Negra) e conta com as participações de Salif Keita e Ray Lema, ícones da música africana.

“Esse disco celebra meu encontro, admiração e gratidão pelo que a África me dá e me faz ser. Como esse projeto foi feito na França com músicos que trabalham com essas matrizes africanas, isso fica muito transparente e fico feliz que apareça dessa forma.”, resume Chico César.

Na conversa abaixo, Chico Cesar fala sobre a importância de propagar o amor em tempos de ódio, conta sobre sua formação musical e reflete sobre a profissão jornalista na atualidade. Fala ainda sobre o processo de gravação do novo disco, participações especiais, a situação político/social do Brasil contemporâneo, o fato de sua música chegar a públicos diversos, o legado de “Mama África” na música brasileira, planos futuros e muito mais. Leia abaixo!

“Vestido de Amor” é um disco em você celebra o amor em suas mais variadas instâncias e soa como uma continuação natural do seu trabalho anterior: “O Amor é Um Ato Revolucionário” (2019). Mas, em contraponto, o mundo segue ardendo em discursos de ódio. Se a arte é a cura, qual a importância de propagar essa mensagem através da música?
Eu acho que todos nós temos o direito a raiva. É importante que os oprimidos possam expressar sua raiva. Eu pessoalmente não me lembro de já ter dito que arte é cura. Escuto muito isso por aí. Mas acho que a arte está mais perto da loucura do que da cura. Acho que a arte tem mais a ver com aceitação da diversidade das múltiplas formas de ser no mundo. Quem cura mesmo é a ciência.

Musicalmente o álbum tem uma sonoridade diversificada, indo do forró ao reggae, passado pelo rock, ritmos latinos e de matriz africana. Essa marca, aliás, você traz em sua carreira desde a sua gênese. Nesse sentido, como se deu a sua formação musical e de que maneira ela direcionou / interferiu o seu fazer artístico?
Penso que minha formação musical começa comigo escutando os aboios e os cantos de reisado do meu pai e a minha mãe cantando os hinos da igreja católica. Começa bem aí. Aí depois aí vem as bandas de pífanos, as chamadas bandas cabaçais, passando na porta de casa. Os improvisadores com viola ou com pandeiro. Os repentistas nas feiras. E depois eu trabalhei dos oito aos quinze anos numa loja de discos. Aí sim tinha tudo, né? Tinha desde a banda de pífanos de Caruaru até Kraftwerk, grupo de rock industrial alemão, que hoje é conhecido como música eletrônica, mas naquele tempo (os anos setenta) chamava-se rock industrial. No meio disso tudo tinha Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Beatles, Queen, Luiz Melodia… um pouco de tudo. Tinha também discos de Ray Conniff, que era uma música orquestral. Acho que é daí que vem essa diversidade que o meu trabalho abraça. Tem a ver com a minha escuta, que era uma escuta que abraçou bastante coisa ainda bem jovem. A minha segunda infância foi toda aí, ou seja, dos sete aos quatorze, entrando na adolescência até os quinze foram oito anos de trabalho nesse lugar e foi fundamental pra mim porque era loja de discos e também de livros. Eu li muito nessa fase da minha vida. Livros didáticos, mas também literatura latino-americana, literatura brasileira pra caramba, literatura nordestina. Um pouco de João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Guimarães Rosa entre outras coisas.

Você é também formado em jornalismo, fator esse que, confesso, somente soube ao me preparar para essa entrevista. Sabendo disso, queria sua opinião sobre a profissão hoje e, em especial, a ala cultural que gradativamente vem perdendo espaço nas mídias tradicionais.
A profissão de jornalista é uma das mais antigas. Ele é essa pessoa que é encarregada de noticiar os fatos e isso nunca vai acabar, né? E que acho inclusive que as novas mídias democratizam essa possibilidade da pessoa praticar o jornalismo cultural, fazer a crítica, procurando se informar bastante, ver bastante espetáculos, ler livros, ler os outros críticos, fazer um apanhado da obra dos artistas sobre o qual ele se debruça naquele instante. Acho que isso não vai acabar nunca. Acho bom que (o jornalismo) vai se transformando com o tempo, com a nossa sociedade.

Voltando a falar do novo disco, ele foi gravado na França, sendo produzido e mixado pelo franco-belga Jean Lamoot, responsável por trabalhos junto ao Mano Negra. De que maneira a mudanças de ares geográficos e a condução do trabalho interferiu no resultado final?
Quando nós estamos longe de casa, fazendo as coisas com outras pessoas, o resultado vai ser diferente. E eu já tinha feito nove discos no Brasil, mas apenas um deles produzido por um produtor europeu, que foi o disco “Respeitem Meus Cabelos Brancos”, que fiz com o Will Mowat. Quando recebi essa proposta do selo Zamora, que é francês (baseado em Paris), para fazer um disco com um produtor europeu, para trabalhar sem os meus músicos e fazer com músicos locais, primeiramente eu fiquei um pouco assim: será que isso vai dar certo? Depois eu me animei. Gosto de me entregar a situações novas e foi muito legal porque foi um encontro de pessoas que não estão nas suas casas, né? Trabalhei com músicos brasileiros como Natalino Neto, que tocou o baixo, e Zé Luiz Nascimento que tocou a bateria, a percussão. Trabalhei também com músicos africanos, como na participação do Ray Lema. Mesmo estando longe de casa, gravando só canções inéditas, foi um processo maravilhoso. Jean Lamoot é um produtor da escuta. Ele escuta muito o que o artista e os músicos estão produzindo, estão fazendo. Escuta inclusive as coisas que não vão entrar no disco e foi um processo muito interessante, muito respeitoso.

Além do congolês Ray Lema, que você comentou e que participa de “Xangô, Forró e Aí”, o disco ainda tem o icônico malês Salif Keita (em “SobreHumano”). Como se deu a aproximação de ambos e quais as contribuições eles trouxeram para suas respectivas faixas?
A primeira vez que ouvi a música de Salif Keita foi no começo dos anos 90, na verdade. Ali do fim dos 80 pro começo dos 90. Fiquei muito impressionado com a voz dele que, pra mim, é uma voz que muito especial. Tal como a voz de Milton Nascimento e como ele usa essa voz dentro de uma estrutura de banda de música pop, sendo ele africano. Isso mexeu muito comigo, foi o que me fez dizer numa música (“À Primeira Vista”) “quando ouvi Salif Keita, dancei”. Quando compus a música “SobreHumano”, agora durante a pandemia, há cerca já de dois anos, imediatamente pensei nele porque o modo melódico da música é um modo muito da música do Mali, de onde o Salif vem. Ele sempre que pode vai quando toco em Paris. Nós já dividimos palco no Brasil também, no antigo Palace (em São Paulo), creio eu, e na mesma época, mais ou menos, depois que eu conheci fisicamente o Salif, após ouvi-lo numa fita cassete, na mesma época que eu conheci o Ray Lema, que é como se fosse um irmão mais velho meu. A gente tem uma relação de irmão mesmo e ele que me disse que a música nordestina é a música africana e que Luiz Gonzaga é o mais africano dos artistas brasileiros. Então isso me deu muita tranquilidade pra sentir que forró e a música africana não se opõem, não são coisas diferentes. Quer dizer, são coisas diferentes, mas que uma vem da outra, saiu de dentro da outra. Fico feliz ao perceber que todos os grandes ídolos do forró são negros, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, João do Vale, Pinto do Acordeon, os Três do Nordeste, Trio Nordestino… o menos negro deles é o Dominguinhos que é caboclo na verdade, né? Então também quando compus durante a pandemia “Xangô, Forró e Aí” imediatamente eu pensei em chamar Ray Lema pra cantar comigo. Ambos contribuíram para suas respectivas canções, reescreveram a parte da letra em suas respectivas línguas. E Ray Lema fez mais ao trazer sua banda pra tocar comigo essa música, pra que ela tivesse um, vamos dizer assim, um aspecto a mais da raiz africana, da rumba congolesa.

A faixa “Bolsominions” é uma ode afrontosa a corja fascista que tem, infelizmente, ganhado corpo no ideário nacional. Historicamente falando a sociedade brasileira sempre teve ligação a pautas reacionárias e ao moralismo. Em tempos tenebrosos, mas também carregados de esperança, como você vê o Brasil contemporâneo? Quais as alternativas para sair desse grande fosso que estamos?
O Brasil contemporâneo é um Brasil que se revela em sua face de intolerância. Um Brasil que a constituição de 1988, de certa forma, tinha tentado silenciar através das vozes de outros Brasis, de um Brasil mais inclusivo. Esse Brasil que aparece agora é um Brasil bastante intolerante, o Brasil do racismo, da misoginia, da homofobia. E sinto e penso que a democracia participativa, e não a democracia representativa, pode ser a grande saída para esse Brasil. Para que os órgãos que representam a sociedade civil (e não apenas o governo) tenham cada vez mais poder de decisão. Para que a democracia chegue de fato ao cotidiano, a ponta da rua para que as associações de moradores, os sindicatos, os órgãos que representam a sociedade possam se sentir representados, possam representar o povo diverso que nós somos.

Você acaba de retornar de uma bem-sucedida turnê europeia. Como tem sido a receptividade do seu trabalhado no velho mundo? E, de forma geral, como tem sido o retorno aos palcos pós-pandemia?
Eu tive a felicidade de fazer uma turnê muito bem estruturada, passando por várias capitais, cidades importantes da Europa como Santiago de Compostela na Galícia, além de Madri e Barcelona, também na Espanha. Fiz Porto e Lisboa em Portugal. Londres na Inglaterra. Berlim na Alemanha. Marselha e Paris na França. Foi muito bacana! Uma primeira coisa que me salta aos olhos é a qualidade de integração que tem a comunidade brasileira na Europa, porque há de tudo: muitos estudantes, trabalhadores, gente que já está lá faz trinta anos e já tem filhos. E os filhos já têm amigos. Essa comunidade se integra muito e traz (o público) europeu também para os shows como forma de encontro. O brasileiro tem muito orgulho da cultura brasileira, sente falta, sente saudade e quer mostrar para o europeu a qualidade da nossa cultura. Como se fosse assim, olha, eu tenho algo muito especial pra te mostrar, vamos comigo? Vamos ver um show de Marisa Monte, de Caetano Veloso, de Seu Jorge, de Carlinhos Brown, de Chico César… Então a Europa acaba nos recebendo muito bem porque também é trazida pela comunidade brasileira que aqui vive. Sinto que no momento pós-pandemia há uma certa, vamos dizer assim, ansiedade, uma certa aflição das pessoas tentarem fazer tudo que deixaram de fazer durante dois anos e isso atrapalha um pouco, porque a pandemia de certa forma veio pra nos dizer pra desacelerar, né? Mas é o ser humano. Ele é muito ansioso. Se tornou muito ansioso, se tornou muito (carente) da presença do outro que não teve durante dois anos. Então as pessoas querem encontrar, querem abraçar, querem ir pros shows, querem ir pras peças. Isso é muito bom. Só que de certa forma está tendo coisa demais e ainda não saímos completamente da pandemia. Tudo bem, está todo mundo vacinado, ainda tem umas pessoas que usam máscara e isso é bom. Eu sinto que isso logo vai voltar a uma certa normalidade. Vamos dizer de menos movimento, menos ansiedade e tudo funcionando, mas dentro de um ritmo mais tranquilo.

Recentemente a faixa “Pedrada” (presente no disco de 2019) ganhou uma versão potente do grupo de hardcore capixaba Mukeka di Rato. Em entrevista ao site Hits Perdidos, o Fêpas, vocalista do grupo, disse que os motivos que levaram a gravá-la foi que ela é “mais punk do que muita música punk por aí”. Você chegou a ouvir? E ainda: o que você acha do fato de que sua música consegue chegar a locais onde não seja comum estar?
Se há uma vantagem em ser músico é exatamente essa. Nós não precisamos estar onde o nosso trabalho está. Então ela se espalha, ela consegue estar em muitos lugares. Que um grupo punk fazer uma versão de uma música minha eu fico muito feliz. Adoro porque isso quer dizer que as coisas que estou dizendo falam pra outra geração também. Falam pra outro público. A versão deles é muito boa. Realmente muito boa, gosto muito. Uma vez encontrei um motorista de táxi no Rio de Janeiro que virou pra trás assim e perguntou em que mundo vivíamos eu e meus colegas de MPB. Porque ele falou, vocês só falam em amor, em apartamentinho, em sei lá o que, em mar, praia, coisas bonitas, céu, lua. Eu falei, não rapaz, eu acho que você está me confundindo porque eu já tinha feito “Respeitei Meus Cabelos Brancos”. “Mama África” mesmo é uma música que fala da mulher que trabalha. Eu dei meus argumentos pra ele Ele falou “é, você é diferenciado”. Você é diferente dos seus colegas porque “sinto que a MPB está se afastando da realidade”. Eu disse pra: “Não é verdade. Acho que você precisa ouvir mais, procurar direitinho, mas o fato é que essa pauta das questões sociais está sendo dada pelo pessoal do rap”. E citei Racionais, citei Thaíde e DJ Hum. Ele concordou, mas disse: “Vocês precisam ficar ligados”. Um motorista de táxi do Rio de Janeiro, hein? Vocês precisam ficar ligados para não perderem a conexão com a realidade senão vocês vão virar tudo bobinhos. Agradeci o conselho.

Sua carreira está próxima de completar três décadas de bons serviços prestados. Nesse ínterim você conquistou não só público e crítica, mas protagonizou também diversas iniciativas de sucesso como a bem-sucedida turnê com Geraldo Azevedo. No hall das realizações ainda há algo que você gostaria de alcançar?
Sinceramente gostaria de ter mais 30 anos de carreira pela frente. Agora tenho 58 anos, 27 anos de carreira fonográfica. Então mais 30 anos de carreira vai ser bacana. Porque aí eu vou poder experimentar muitas coisas, muitas formações, fazer discos em vários lugares do mundo. Eu gosto de fazer colaborações com outros artistas. Sobre Geraldo… É uma alegria imensa fazer violão e voz com Geraldo Azevedo, que continua na estrada. Nós vamos, inclusive, gravar um DVD em novembro, eu creio, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, na Bahia. Para o músico, pro artista, a idade existe, mas ela não é exatamente determinante para a força, pra gana que você coloca no seu trabalho. Eu vejo isso em Ney Matogrosso, como vejo também em Tom Zé, em (Jards) Macalé, em Elza Soares. Eles são um grande exemplo pra mim.

“Mama África” foi seu primeiro sucesso e acredito que a canção foi um divisor de águas não só para a sua carreira, mas também para a música popular brasileira. E digo isso porque ela trouxe ao grande público temáticas ligadas a ancestralidade africana e as agruras da maternidade. Você não foi o pioneiro ao externar essa relação, mas acredito que a faixa abriu um precedente para que a MPB de forma geral se atentasse as essas temáticas dali a adiante. Você acredita que a canção tenha, de fato, esse legado?
Eu penso que “Mama África” trouxe representatividade. Acho que os meninos negros das periferias, os adolescentes, as crianças, eles viram na TV, na Xuxa, no Faustão, no Gugu, no Jô Soares, na TV em geral, um artista negro, baixinho, do cabelo amarrado pra cima e raspado dos lados, com as roupas coloridas falando sobre a mãe deles. Acho que é representatividade. Se há um legado eu acho que esse é um legado que vem se juntar ao legado já trazido e, talvez muito mais rico, de Jorge Ben, de Gilberto Gil e de tantos outros. Outro dia eu estava conversando com o Fióti e com Emicida, eles falaram desse legado pra mim que eu nem sabia que era importante assim. Eles falaram: “Olha, Chico, quando você apareceu, aquilo abriu a cabeça da gente mostrando que era possível ser, estar, ocupar dizendo as coisas que precisam ser ditas”. Dizendo do meu jeito, né? Com alegria, com humor, mas dizendo. Eu sinto que isso foi talvez a coisa mais importante que a música “Mamá África” trouxe, assim, a princípio. Mas eu acho que tem também essa coisa de falar da mulher, com a sua dupla ou até tripla jornada de trabalho. A mulher sempre abandonada. Esse paralelo entre a mulher e o continente africano que é também sempre abandonado, deixado de lado.

Com o lançamento de “Vestido de Amor” e a retomada da turnê pelo Brasil quais são seus planos futuros?
Com o lançamento de “Vestido de Amor” e a gravação de do DVD violão e voz com Geraldo Azevedo eu tenho aí dois shows pra correr o mundo, né? Pra rodar a estrada, vir pro Brasil e exterior. E tem um disco pra lançar com dois artistas argentinos que eu amo muito: Esteban Blanca e ROJOBARCELO. É um disco que compus e gravei a minha parte com eles quando estive no Uruguai, antes de ir pra França. Mas eu pretendo mesmo é viver um pouco, (cerca de) três meses, em cada lugar do mundo. Três meses no Uruguai, três meses na Europa, três meses na África, três meses no Brasil. Isso já dá um ano, né? Eu não sei se vou conseguir, porque às vezes um lugar pode reivindicar mais que o outro, mas eu quero estar atento a não me estabelecer de um jeito, me fixar num lugar. Eu quero ser a cigana outra vez para o meu trabalho e para mim. Nós vamos tentar tocar o máximo possível de canções do álbum novo como fizemos na Europa agora. Mas, obviamente, também vamos tocar canções que o público canta, da carreira toda, como “Mama África”, “À Primeira Vista”, “Palavra Mágica”, “Pedrada”… vamos ver o que cabe, né? Às vezes o show pode ficar muito longo. Vamos ver. Mas eu também quero, como disse, mostrar bastante coisas do disco novo. Eu aprendi um pouco com a Zélia Duncan que, quando você lança um disco, você tem de tocar o disco ao vivo porque se você não cantar essas músicas, o público nunca vai cantar. Vai ficar cantando sempre as músicas anteriores. E acho que é isso que nos mantém vivos e, vamos dizer assim, gerando interesse. O fato de eu fazer coisas novas que dialogam com as coisas já feitas. O show é isso. Esperem que eu também estou chegando cheio de amor pra dar literalmente (risos). Dar amor através da música assim. Estou com muita saudade de tocar em São Paulo (nota: Chico se apresenta no Sesc Pompeia nos dias 03 e 04/11). O Sesc Pompéia é um dos meus primeiros palcos e é um lugar que me formou inclusive como público. Eu frequentei muito o Sesc Pompéia, antes de gravar discos e depois também, pra ver shows, artistas, gente que admiro como Hermeto Paschoal, Paulo Moura, Arrigo Barnabé, Itamar Assunção, Ná Ozetti, Suzana Sales, Tetê Espíndola… e sempre que volto vem um pouco essa sensação do paraibano, recém-chegado a São Paulo, indo ver os shows naquele lugar tão bonito, tão especial.

–  Bruno Lisboa  escreve no Scream & Yell desde 2014. A foto que abre o texto é de Ana Lefaux.

2 thoughts on “Entrevista: Vestido de amor, Chico César defende a raiva e fala de representatividade, bolsominions e o disco gravado na França

  1. Acho que este músico, que em outra composição proferiu “odeio rodeio”, tem a constante intenção de atacar os demais contrários. Como também o fez em “Respeitem meus cabelos, brancos” ( quando o preto fala, o branco cala ou sai da sala).
    Parece ser alguém que gosta de rotular o lote pela pior amostra.
    O preconceito existe nas duas direções, simples assim.
    Gosto da musicalidade de suas composições, porém passei a considerar sua panfletagem um tanto segregacionista e inócua num tempo em que precisamos muito mais unir o país e não mais separar.
    Ou aqui alguém sai da sala quando o preto fala ?

  2. Quando falou de jornalismo,ele foi prosaico.Quando falou de cultura, foi clichê e quando soou politico, ficou falando de diversidade(a palavra mais batida dos últimos anos).

    Gosto do Chico Cesar,mas essa aura de cantor de MPB só o faz arrotar besteira.Bem que o motorista de taxi tem razão……

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