Três perguntas: Juliano Gauche

por Tiago Aguiar

Após três álbuns e mais de 10 anos de banda com o Solana e de circular por um ano pelo Brasil tocando “Hoje Não!”, álbum de interpretações de canções de Sérgio Sampaio, o mineiro Juliano Gauche, que se considera capixaba, lançou em 2013 seu primeiro disco solo e traça novos rumos para sua carreira.

Juliano, que se descobriu em Drummond como um ‘gauche’, é mais um brasileiro que circula longe de sua terra de criação. Mora há três anos em São Paulo, mas foi só após o lançamento de seu homônimo disco solo em agosto do ano passado que se sentiu em paz para permitir tocar suas canções mais pessoais e, em grande medida, urgentes.

Com muita personalidade, Juliano flutua à vontade entre Fernando Pessoa, John Lennon e Jorge Mautner num disco que conta com participações de Peri Pane, Tatá Aeroplano, Junior Boca, Gustavo Galo e Meno del Picchia, entre outros. “Juliano Gauche”, o disco, encontra-se disponível para download gratuito no site oficial (http://www.julianogauche.com/disco/).

Abaixo, Juliano Gauche fala sobre a produção do disco, enaltece Sérgio Sampaio e relembra sua ex-banda. Confira

O disco chegou bem acompanhado, com Tatá Aeroplano e Junior Boca na produção, e com participação de figuras que se intercalam nessa cena paulistana, como Gustavo Galo e Peri Pane. Quanto eles influenciaram no processo da gravação de um disco tão autoral?
O Tatá Aeroplano foi meu grande parceiro neste disco. Tudo que ele me apresentou aqui em São Paulo, de músicas a músicos, entrou no meu processo de criação. Não à toa eu o convidei para me produzir. E ele convidou o Junior Boca para produzir com ele, assim como toda a banda que trabalhou com a gente. Quando cheguei aqui, participei muito de uns encontros na casa de um poeta chamado Paulo César de Carvalho, onde todo mundo (Tatá, Gustavo Galo, Peri Pane, Pélico…) mostravam suas músicas novas ao violão. Esses encontros foram a grande base do processo das composições que formaram este disco.

Apesar da influência desse período morando em São Paulo, Sérgio Sampaio, capixaba, permanece como um homenageado explicitamente em sua obra. Por que essa admiração? O tempo na estrada tocando “Hoje não!” serviu de ponte para inspiração na composição do disco?
Minha ligação com o Sampaio foi o que me aproximou de toda esta turma, que também são Sampaístas assumidos. Comecei a canta-lo a convite do João Moraes (primo e divulgador militante do Sérgio) sem saber muito bem onde estava pisando. Mas hoje, não só neste disco, mas em todo meu jeito de compor, ele tem um grande peso. Encontrei nele uma encruzilhada de referências, além de uma postura extremamente firme no que toca a autenticidade, que sei que vou carregar pro resto da vida.

“Veneza”, último trabalho com o Solana, acabou sendo lançado durante o processo de divulgação de seu disco homônimo, mesmo com o processo de composição tendo começado antes. O álbum foi bastante elogiado e, apesar da clara diferença de proposta com o trabalho solo, marca uma diferença de sonoridade com os dois anteriores da banda. Você ficou satisfeito com o resultado final? Podemos esperar um pouco deste lado “mais rock e mais rural” ainda nos próximos discos?
O “Veneza” é, pra mim, o melhor disco do Solana. Ali está o que eu realmente queria fazer com a banda. Ele foi finalizado comigo já fora do processo, então o resultado geral também me surpreendeu um pouco; pude vê-lo com um olhar estrangeiro e ainda estou me acostumando. Sem querer defini-lo com estilos, o acho um disco forte, intenso. E é isso que gosto de buscar. As coisas que estou compondo agora trazem um pouco desses dois últimos discos, e parece definir bem o que poderei chamar de meu estilo. Mas só mesmo na hora da gravação, quando o Tatá e Boca colocarem as mãos nos arranjos é que a coisa tomará sua forma definida. Os conceitos vêm depois.

– Tiago Aguiar Oliveira (https://www.facebook.com/ti.aguiarfoliveira) é estudante de jornalismo

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2 thoughts on “Três perguntas: Juliano Gauche

  1. Na minha opinião o Juliano Gauche foi responsável por dois dos grandes discos de 2013, o seu disco solo, e o “Veneza”, da Solana. O cara canta muito bem, o que engrandece ainda mais as canções interpretadas por ele. Espero que continue a lançar ótimos discos!

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