Três perguntas: Explosions In The Sky

por Leonardo Vinhas

A banda texana Explosions In The Sky é costumeiramente associada ao rótulo de pós-rock, mas essa é uma classificação que mais trai que define sua sonoridade. Afinal, o quarteto (em estúdio, porque ao vivo ganha o reforço de mais um músico) faz, se isso é possível, pequenas sinfonias minimalistas, em que as três guitarras constroem climas e texturas que bebem tanto no space rock quanto na ampla sonoridade do Mogwai. Esses climas sempre se encaminham para um crescendo, que explode em uma verdadeira catarse instrumental. Formulaico? Sim, mas nunca repetitivo.

É esse som que os brasileiros vão finalmente poder conferir em duas datas em São Paulo (dias 22 e 23 de maio no SESC Belenzinho, com ingressos já esgotados) e uma a confirmar no Rio de Janeiro (dia 26 no Circo Voador, pendente de arrecadação via crowdfunding para acontecer). Por e-mail, o guitarrista Mark Smith (o barbudinho do vídeo abaixo) respondeu três perguntas sobre sua iminente presença nos palcos nacionais.

A banda estava escalada como uma das atrações do Sónar. Você soube o quanto seus fãs brasileiros ficaram frustrados quando o festival foi cancelado?

A América do Sul é um dos poucos lugares importantes por onde nunca excursionamos, e tudo o que posso dizer é que lamentamos e que não foi de propósito. Não recebemos muitas propostas para tocar na América do Sul até uns anos atrás, e esses shows não rolaram por uma ou outra razão. E nós decididamente ouvimos alto e claro sobre (o entusiasmo dos) nossos fãs sul-americanos, pelo e-mail da banda, pelo Facebook e tudo o mais. Por exemplo, é quase hilário e surpreendente quantas vezes vimos a frase “EXPLOSIONS IN THE SKY PLEASE COME TO CHILE.” Tivemos notícias de muitos países da América do Sul, mas o Chile parece ser o mais animado (e nós planejamos ir lá em algum ponto do ano que vem também). Então sim, nós ficamos sabendo completamente do desapontamento de nossos fãs brasileiros e ficamos com o coração partido quando o festival foi cancelado, então é verdadeiramente legal que tenham pintado esses shows em clubes em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estamos animados.

Considerando a duração de suas músicas, acho que será difícil ter um setlist que cubra todos os álbuns de vocês. Assim, podemos esperar algumas coisas antigas, ou sem chance?

É terrível que o Sónar tenha sido cancelado, mas agora que estamos indo para shows em clubes tem uma coisa realmente boa: nossos sets serão bem maiores do que aqueles que costumamos tocar em festivais (o tempo usual em um festival é de uma hora, e em clubes geralmente tocamos por uma hora e meia). E tentamos mesclar tantas canções de diferentes períodos quanto possível. Os únicos álbuns dos quais não tocamos mais nenhuma música são “How Strange, Innocence” (2000) e “The Rescue” (2005) — essas canções nunca se comportaram bem ao vivo. Mas tocaremos ao menos uma ou duas out três faixas dos outros álbuns.

Por que a catarse é quase uma prerrogativa nas composições do Explosions In The Sky? O que é tão importante nessa permanente busca por emoção?

Acho que você disse a palavra principal: emoção. A sensação é surpreendente, simplesmente em um nível visceral, de estar numa banda de rock tocando uma canção que pode chegar a um lugar (a catarse) que é tão raramente alcançado no dia a dia. Nós muito frequentemente chegamos lá musicalmente. É bastante difícil elaborar uma canção logicamente para que ela se sinta cômoda e natural para nós [quando a tocamos]. Também tem a ver com a dinâmica – quando você tem as partes altas e emocionantes, pode deixar as partes mais tranquilas e belas ressoar como um alívio e soar melhores. Então sim – basicamente: para tornar nossas vidas melhores.

Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.

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