O belíssimo disco de estreia do Vanguart

“Em muitos momentos, a voz do cara lembra a de Thom Yorke. Ele toca violão como se fosse Bob Dylan, lembra fisicamente Arthur Lee e se porta no palco como um Johnny Cash. O nome dele é Hélio Flanders, e ele lidera a banda Vanguart. O show que o quinteto matogrossense fez na Funhouse, na noite de domingo, foi uma das melhores apresentações de uma nova banda que já vi em minha vida.”

texto por Marcelo Costa

O parágrafo acima foi escrito pouco mais de 18 meses atrás. De lá pra cá, muita coisa aconteceu com o Vanguart. Eles concorreram ao VMB 2006; fizeram dúzias de shows em São Paulo e mais uma penca em vários cantos do país; tocaram com João Ricardo em um projeto do CCBB paulista, e já estão confirmados para o Tim Festival deste ano. Arrebataram uma legião de fãs pelo circuito indie e chegam agora ao primeiro – e aguardadíssimo – álbum oficial.

“Vanguart”, o disco, é um trabalho classudo e atemporal que deixa de lado o revival anos 80 que assolou EUA e Inglaterra (ok, Brasil também) e retorna quatro décadas para encontrar seu refúgio no folk e na psicodelia. Não à toa, o fantasma de Thom Yorke (líder de uma das bandas ícone do new progressive, o Radiohead) sussura ao ouvido de Hélio em algumas canções do álbum. Ainda entram na mistura Beatles, Bob Dylan, Neil Young e Lou Reed, todos artistas que freqüentemente são reverenciados pelo grupo em seus shows, além de um toque insuspeito de bossa nova.

O repertório foi espertamente dividido em inglês (primeira opção do grupo) com português e traz cavalos de batalha da banda nos palcos tais como “Semáforo” (eleita informalmente por várias pessoas como a canção marco da geração 00), “Cachaça” e o primeiro single do álbum, “Hey Yo Silver”, que podem – e devem – conquistar novos fãs em suas versões definitivas. Porém, “Vanguart” mantém o clima em alta nas não menos poderosas “Just to See Your Blue Eyes See” (com um ótimo trabalho de guitarra), “Los Chicos de Ayer” (cantada em espanhol) e os possíveis hits “Enquanto Isso na Lanchonete” e, principalmente, “Para Abrir Os Olhos”.

Encartado na revista OutraCoisa, o debute dos cuiabanos é mais um daqueles discos que pode derrubar o muro que separa a prolifera cena independente nacional do grande público que assiste ao Domingão do Faustão. Em canções como “Semáforo” e “Cachaça”, Hélio faz lembrar Cazuza, uma surpresa benvinda que pode aproximar o grupo de um novo público. Por outro lado, o repertório descolado das faixas cantadas em inglês mantém intocado o cordão umbilical da banda com seus primeiros fãs. Entre um lado e outro dessa longa estrada, o Vanguart caminha surpreendendo entre folks, rocks e baladas psicodélicas.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.

25 thoughts on “O belíssimo disco de estreia do Vanguart

  1. Ano passado o Helio e Cia desembarcaram para um showzaço no Festival Se Rasgum em Belem…empolgaram, venderam os epzinhos e conquistaram fãs…Otima banda!
    Abraços e boa semana…

  2. MAC, boa tarde!

    Uma dúvida: o CD que vem encartado na OutraCoisa desse mês não é o do Carbona, e não o Vanguart?

    Abraços!

  3. Bom, não sou lá muito fã e entendido de bandas brasileiras.
    A última banda brasileira que acompanhei de perto, comprando discos, indo a shows e me informando, foi o Los Hermanos. Que para mim, não só foram os responsáveis por influenciarem uma pá de bandas atuais, como também, a fazerem um som mais criativo e inteligente desta década. Grande banda.

    Escutando o cd de estréia do Vanguart, me bateu de novo, uma sensação que esses caras ainda vão ir bem mais longe.
    Pois evocam corajosamente, o folk/rock de Bob Dylan e Neil Young, indo na contramão da cena roqueira brasileira. Com guitarras, guitarras e mais guitarras, nada contra. Mais acho o estilo folk/rock mais rico musicamente. E, atualmente, tem me agradado mais (visto o grandíssimo disco do Wilco).
    O som dos caras (Vanguart) são anos 60 e 70, com grande performace instrumental. Curti bastante o instrumental da banda e as viradas das músicas, dentro delas mesmo, a mim, este é o diferecial do Vanguart.
    As letras eu achei razoáveis. Tendo alguns raros momentos sublimes e outros, bastante comum. Não se compara com as letras do Los Hermanos e Legião Urbana.
    Outra coisa que me pareceu às vezes confusa, foi a mescla entre inglês e português nas letras. Deu-me a sensação de uma banda em duas.
    No entannto, o saldo final é positivo.

    Abraço

  4. Aê MAC, valeu pelo toque!

    Já comprei a OutraCoisa, já ouvi o disco do Vanguart e estou encantado com “Antes que eu me esqueça”. Belíssima!

    Abraços

  5. Finalmente! Agora é achar a Outracoisa…

    Mac, vc já ouviu uma banda gaúcha chamada Pública? Não lembro de ter ouvido sua opinião sobre eles… Tenho gostado muito.

    Abraço!

  6. acho que por estar acostumado à qualidade dos eps e singles, a qualidade da gravação desse álbum me surpreendeu!

    longa vida ao vanguart!

  7. Meu comentário nem é propriamente sobre o Vanguart, mas sobre você dizer que “Semáforo” é o primeiro grande clássico do rock nacional dos anos 00.

    Pera lá, a gente já tá na segunda metade dessa que é talvez a melhor década do rock nacional. Não é possível que você não veja grandes clássicos em discos como “As histórias são Iguais”, Daniel Belleza & os Corações em Fúria”, “Canções Perdidas num Canto Qualquer”, “O Exercício das Pequenas Coisas”, “Vida de Verdade”, “Às Vezes Céu”, “Los Porongas”, “Superguidis”, “Festival do Desconcerto”, “As próximas Horas Serão Muito Boas”, “Você Sabe Muito Bem Onde Estou”, “Outubro ou Nada”, “Ventura”, “Pára-Quedas do Coração”, “Mopho”, “O Clube Quente dos Sapatos Bicolores”, “El Toro”, “Bogary”, “Registro Sonoro Oficial”, “Moptop”, “Bois de Gerião”, “Creme Dental Rock`n` Roll”, e muitos outros lançados nos últimos sete anos.

    Eu acompanho sua coluna e sei que você não é disso, mas esse comentário pareceu coisa de jornalista novidadeiro que, no afã de babar o último hype, acaba desmerecendo quem veio antes. Pega leve aí.

    Abraço!

  8. cara compare ele logo com bob dylan,badly draw boy,leonard cohen,elliott smith,jeff buckley,nick cave!!!
    bem você deve gosta de vanguart,mas você exagerou e muito!
    todos esses caras representaram um tempo na cronologia da música,vanguart não chegará no 2 segundos seja mais imparcial deixe sua paixão de lado não há novo bob dylan e menos ainda aki no brasil!!
    tenho um titulo pra vc!
    zeferina bomba éo novo nirvana(ou o nirvana brasileiro!!(tudo agora éo novo nirvana não exagere!
    qual éoproximo hype hem?
    hype underground que lixo!!!

  9. Manoel, finalmente um pouco de coerência! É óbvio que esse cara tá puxando o saco do vanguart exageradamente. nota-se fácil. Concordo plenamente contigo Manoel. Hype forçado é um saco.

  10. Escutando melhor o disco, soa apenas, bom.

    Não é lá tão genial. Depois de dias a fio no ouvido, enjoei um pouco. Como o novo dos Pumpkins. Qual será a razão? Não sei explicar.
    Que banda brasileira merece atenção, atualmente?

  11. morro de rir com gente que chega com a banca de “vou dar uma lição de moral nesse jornalistazinho” mas que no fim das contas não consegue fechar uma única frase sem ao menos um erro grotesco na pontuação.

  12. dá pra ver que mac não foi a muitos shows de rock,comparar helio flanders a bob dylan,seria até uma piada,se esse cara não levasse a sério!!
    o cara faz música romântica tipo nem sabe representar seu tempo!!
    bob dylan fez isso com maestria !!
    e dizer que ele toca igual a bob é um ofensa não só pra os fãs de bob como jonhy cash, ou os que gostam do folk rock!!
    nhão digo que vanguart seja ruim,mas vamos colocar as coisas no seus devidos lugares!!
    vanguart faz um som legalzinho e só!!

  13. Por essas e outras que você anda perdendo crédito com os leitores e não está percebendo. Só recebe elogio de uns coleguinhas de trabalho e amiguinhos blogueiros nerds. A “semelhança” com o Thom Yorke é tão descarada que mais deveria incomodar do que agradar. Potencial radiofônico? Tá certo. Desde quando agradar uma dúzia de indies é parâmetro para tocar nas rádios? Não escutei uma única música que se salve. O grau de autismo está aumentando!

  14. Por que imitar a voz a de Thom Yorke, violão de Bob Dylan e o jeito de se portar no palco de Johnny Cash é uma coisa boa? Não consigo entender. As bandas brasileiras mais elogiadas são porque são parecidas com alguma outra gringa.
    Todo artista brasileiro parece que precisa ser validado através de uma semelhança com algo já conhecido.

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