Três discos: Frank Black, Buzzcocks, Death Cab For Cutie

por Marcelo Costa

“Honeycomb”, Frank Black (Deck)
Ali pelo finalzinho dos anos 80, Frank Black foi o homem mais influente do mundo pop, quando lançou quatro discos matadores com uma bandinha safada chamada Pixies. Até Kurt Cobain e David Bowie pagaram pau. O tempo passou, os Pixies acabaram, renasceram, tocaram até em Curitiba e Frank deixou de ser influente para ser influenciado. “Honeycomb” (2005), seu 10º álbum de estúdio, chega ao país com um ano de atraso, mas soa tão atemporal que nem se percebe o tempo passar. Mr. Charles Thompson IV se enfurnou em um estúdio em Nashville com um bando de pistoleiros de aluguel de luxo (incluindo o grande Steve Crooper, co-autor de de “In The Midnight Hour”, de Wilson Pickett, e considerado por muitos um dos maiores guitarristas de todos os tempos) e saiu de lá com um disco solo calmo e bonito, com folks, countrys e um ou outro rockzinho que abriram caminho para o disco duplo “Fastman Raiderman”, lançado faz pouco tempo nos EUA com mais 27 canções das mesmas sessões. Frank Black envelheceu… e fez um grande disco.

Nota: 7.5

“Flat-Pack Philosophy”, Buzzcocks (Deck)
Enquanto os Sex Pistols pediam para Deus salvar a Rainha enquanto eles faziam anarquia no Reino Unido e o Clash narrava as “white riots”, os Buzzcocks cantavam “Every Fallen In Love?” e “Fiction Romance”. Era 1977. Anos 2000: Johnny Rotten se transformou em piada e o The Clash foi enterrado com a morte de Joe Strummer. O punk rock virou punk pop (com Green Day) e depois virou emo (com Dashboard Confessional) alcançando as massas. E o Buzzcocks, que deu um tempo entre 1981 e 1989, segue em frente lançando discos (sem um décimo da fama das bandas citadas). “Flat-Pack Philosophy”, oitavo discos dos ingleses, amacia a porrada exibida no bom disco homônimo lançado em 2003, ao buscar mais melodia para as excelentes guitarras entrelaçadas de Pete Shelley e Steve Diggle. A sonoridade mais pop poderá confundir desinformados, que talvez o encaixem na tal cena emo, mas eles já provaram serem maiores do que qualquer cena. Vale acompanhar no encarte as “românticas” e ótimas “Reconciliation” e “I’ve Had Enough”, a niilista “Wish I Never Loved You” e as politizadas “Big Brother Wheels” e “Credit” e perceber que 30 anos de janela merecem respeito.

Nota: 7.5

“Plans”, Death Cab For Cutie (Warner)
O Death Cab For Cutie era, até 2004, um segredo muito bem guardado pelos fãs do rock feito no circuito independente norte-americano. Esse público restrito passava os seis (!!!) discos da banda (entre álbuns e Eps) de mão em mão, construindo um culto sobre o grupo liderado por Ben Gibbard. E foi esse culto em torno do quarteto de Washington que os colocou na série de TV “The O.C.” e arranjou um contrato com a mega Warner. “Plans”, quinto disco cheio do Death Cab For Cutie, foi lançado no final de 2005, bateu no número 4 da Billboard e tornou o grupo a nova sensação indie do planeta. Uma bela história, não? Quer saber: a história só melhora, pois “Plans”, que acaba de ganhar edição nacional, é daqueles álbuns pop quase perfeitos. Melodias inspiradas, refrões grudentos e guitarras comportadas que sabem fazer barulho na hora certa credenciam canções como “Marching Bands of Manhattan” e os viciantes singles “Crooked Teeth” e “Soul Meets Body” mostrando que o Death Cab For Cutie pode ser, sim, muito apreciado por estes lados também.

Nota: 9

– Marcelo Costa (@screamyell) edita o Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne

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