Jorge caminha pela calçada sem enxergar, ouvir ou suspeitar da existência dos outros pedestres, dos carros que parecem guiados por uma força superior, das paredes carcomidas do viaduto…
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“Dia ruim, mais uma editora acabara de recusar um livro meu. Estava pensando seriamente em algum trabalho pra pagar meu aluguel, aquelas crônicas para jornais alternativos não estavam funcionando mais”
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“Ele era estupidamente tímido, um verdadeiro contraponto aos seus ousados planos de vida. Acabara de entrar para a fase adulta com intenção de se formar em Medicina e especializar-se em Oftalmologia. Nem ele sabia o motivo…”
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Um garoto de onze anos vestindo um terno escuro, calçando sapatos e correndo pelas ruas de um bairro do subúrbio carioca é uma imagem rara em qualquer época, inclusive em meados da década de setenta, como era o caso.
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Ele viu que era capaz de liderar… “Não é nada demais e há sempre alguém que lidera, que puxa a plateia. Não precisa ser alguém especial”. Vendo as possibilidades e propostas ele se empolgou
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“Perdoe-me pela minha falta de educação. Meu nome é Louis Olav. Bem estranho, eu sei, porém é explicável: Louis porque minha mãe sempre gostou desse nome, e Olav é o sobrenome de meu pai — que eu nunca conheci…”
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Foram tantos anos sonhando e agora ele estava ali, na sua frente, de costas, calças jeans, camisa preta de botão, cabelos levemente compridos, escuros, provavelmente tingidos. Ficou parada respirando ofegante….
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