Faixa a faixa: Liza Lou apresenta seu disco de estreia, “SAL”

introdução por Marcelo Costa
faixa a faixa por Liza Lou

Liza Lou é cantora, compositora e atriz. Prestes a concluir sua formação pela Faculdade CAL de Artes Cênicas, sua formação artística contempla estudo da voz, piano popular e trabalho corporal através da dança e artes cênicas. Ancorado no pop dançante e no R&B e indo da bossa nova ao amapiano, “SAL” (2024) é seu disco de estreia após uma série de singles (dois deles – um com Kiaz – ultrapassando a marca de 1.5 milhão de plays no Spotify) iniciada em 2019.

“’SAL’ é o retrato do Brasil na minha visão”, conta Liza no release distribuído para a imprensa. “Sou nascida e criada em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e muito da minha personalidade foi desenvolvida nas vivências cariocas. O álbum fala sobre amor, vivência, espiritualidade, processos difíceis, cultura e liberdade. Foram dois anos de muita busca por referências, cultura brasileira, ritmos, viagens – pela cidade e Brasil, autodescoberta e processos internos”, revela.

Assim que o ouvinte dá play no disco, porém, uma surpresa, ou melhor, um “Manifesto” abre “SAL” com Liza Lou se emocionando ao responder a pergunta: “Por que esse medo todo das pessoas não escutarem o álbum?” Ela responde: “Eu acho que todo mundo que é artista tem vontade de ser ouvido. Eu quis fazer um álbum alegre, feliz, cheio de vida… e dentro tem tanta coisa… músicas falando sobre empoderamento, sobre espiritualidade… acho que acertei no sal…”.

Abaixo, Liza Lou comenta as canções de seu disco de estreia. Ouça em sua plataforma favorita.

POR ONDE COMEÇAR – A música é uma metáfora. Algumas pessoas vão ouvir e achar que a lírica retrata uma paixão, mas na verdade, eu quis contar sobre o encontro com a minha espiritualidade, como caminho e conexão. E essa forma foi a maneira em que escolhi para começar o meu primeiro álbum, no resgate da espiritualidade ancestral, trazendo a metáfora – uma característica latente na música popular brasileira. A representação da intuição (e/ou espiritualidade) misturada a um afrobeat me deu a possibilidade sonora de deixar a música mais leve.


BIQUININ DE ONÇA – É um dos “shots” de empoderamento do álbum. Eu costumo dizer que é minha música de apresentação, na ideia e no papo. Ela conta de onde eu vim, quem eu sou e sonoramente me remete a uma musicalidade que cresci ouvindo, mas de uma forma atual.


TEMPERIN – Essa música é uma experimentação gostosa. Eu quis expressar a alma carioca vivendo um dia de praia, com uma visão mais “suburbana”. O clipe traduz exatamente a sensação que é “Temperin”. Visualmente e sonoramente, eu sai da minha zona de conforto, explorando minha voz em outras vertentes, flertando com um outro gênero e atuando no clipe. É a soma de tudo que já vivi e enxerguei, com um olhar caricato e engraçado.


SAL (com LOH e KING Saints) – Carrega o nome do álbum porque ela representa uma parte da minha personalidade, que é a vivência da mulher comum. “Sal” é um hino para todas as mulheres comuns, que estão longe de serem uma diva pop, mas que dentro da sua trajetória individual, é uma verdadeira heroína. Eu conto a história de uma mulher forte, que já passou por muita coisa, rala muito pra ter o seu pão de cada dia, mas no final do dia, só quer sair e se divertir com as suas amigas, pra esquecer um pouco das dores da vida. A escolha dos feats foi pautada no que eu gostaria que essas artistas representassem para a mulher comum, então eu trouxe três artistas (LOH e KING Saints), contando comigo, que estão nesse processo de subida da vida, que é repleta por desafios e quedas. Sonoramente, eu trouxe um amapiano (gênero novo de música sul-africana) despretensioso que vai envolver o coração de quem ouvir a música. “Sal” é papo reto, corre e certeza de que tudo vai dar certo. Muita gente vai se conectar com essa mensagem, não tenho dúvidas.


CARAMBOLAR (com Ariel Donato) – Tem muita referência sonora do nordeste somado a uma lírica e vivência cariocas. Gravei o clipe numa feira, com a participação de Marcelo Mello Jr (o Arcanjo Renegado). Optamos por mais uma vez trazer referências brasileiras pra essa identidade visual. Imprimimos uma estética tropical, cheia de frutas, sol e muito calor concordando exatamente com a sensação que a música transmite.


QUANDO CÊ VEM (com Ariel Donato) – É a minha parte sonhadora e romântica. É aquele som que fala da chegada de um amor leve e gostoso que todo mundo quer, mas que atualmente se tornou uma raridade. Basicamente, é meu ascendente em peixes (haha) que ama viver um conto de fadas. É um grito da minha criança interior. No processo de desenvolvimento do álbum, essa música se tornou muito especial, pois se tornou tema do meu relacionamento.


NÓS 3 – Não tinha como criar um álbum que tivesse referências e raízes no Brasil, sendo carioca, sem colocar um gênero que foi criado por nós: BOSSA NOVA. Diferente do que ouvimos com as bossas mais famosas, que costuma trazer positividade e esperança, eu quis que a minha bossa tivesse uma sofrência – nada mais Brasil, rs. “Nós 3” é um desabafo, é mágoa e desilusão. É um processo de dor que eu acredito que todo mundo passa pela vida. Ela aponta um caminho de verdade, intenção e gênero que eu quero muito seguir em lançamentos futuros.


PECADINHO (com Clara Valverde e Duda Brack) – É um rompimento com um padrão de conduta que fui ensinada. Ela representa uma parte de mim, onde eu vivo todos os meus sonhos, desejos e sensualidade, sem julgamentos. É expressão. É um grito de liberdade. Penso, falo, me expresso, sou.


SABE DE ONDE EU SOU – Surgiu de uma necessidade de me apresentar para o mercado e o público com um olhar de homenagem, respeito e idealizado. O Rio de Janeiro foi um dos principais estados a desenvolverem gêneros e culturas que ganharam o Brasil e o mundo, e eu sou muito grata de ter me desenvolvido como artista em uma cidade tão rica culturalmente. Eu acredito em um Rio onde a cultura e educação salvam a população das desigualdades sociais. Por isso eu trouxe uma visão idealista e potencializando as belezas.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.

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