por Adriano Costa
É simplesmente inegável o poder que as criações de Mauricio de Sousa exerceram sobre a maior parte das crianças que viveram nos anos 80 e 90. Sim, esse fascínio também se estendeu por décadas anteriores e posteriores, mas pode-se afirmar que foi nessa faixa de anos citada que os personagens realmente se consolidaram. Depois foi cada vez mais necessário se adequar a novos tempos (e isso foi feito sabiamente, cabe ressaltar) e transformar um pouco a linha evolutiva de cada um.
Usando essas décadas como referência básica, os irmãos Vitor e Lu Cafaggi (de “Puny Parker” e “Mixtape”, respectivamente) criaram “Laços”, o segundo álbum do projeto Graphic MSP, que objetiva dar uma oxigenada nos cinquentões personagens de Mauricio de Souza transferindo essa releitura para novos artistas. “Astronauta Magnetar” trouxe o viajante espacial como protagonista no ano passado sob a batuta de Danilo Beyruth, alcançando um ótimo resultado. Agora é a vez de Cebolinha, Mônica, Cascão e Magali entrarem na onda.
“Laços” é uma aventura por essência e ao acabar de ler é impossível não tecer comparações com a atmosfera de filmes como “Os Goonies” (1985), dirigido por Richard Donner, ou “Conta Comigo” (1986), de Rob Reiner. Remete-se até mesmo a coisas mais recentes como o excelente longa “Super 8” (2011), onde o diretor J. J. Abrams, não por acaso, usa esse clima oitentista com bastante propriedade como um dos principais ingredientes. Contudo, “Laços” ainda consegue ir bem além.
Lançado pela Panini Comics com 82 páginas e formato grande em versões de capa dura e brochura, a história retrata um tempo diferente, um tempo que hoje só se encontra em cidades menores. Um tempo em que as crianças brincavam e corriam pela rua arrumando confusões e não ficavam o dia todo vidradas em computadores e games. Sim, os tempos são outros e diversas situações atuais levam a isso, porém o charme desse tipo de ambientação ainda promove boas emoções.
Vitor e Lu Cafaggi narram o início da amizade do quarteto de ferro de Mauricio de Sousa e os envolve em uma missão para encontrar Floquinho, o cachorro do Cebolinha, que sumiu do nada. Com uma arte extremamente viva e um roteiro que dosa muito bem tanto a aventura em si quanto a formação de uma amizade duradora, os autores conseguem a proeza de fazer adultos sentirem uma leve e prazerosa nostalgia no coração, assim como envolver novos leitores nos meandros da turminha mais carismática do país.
P.S: Gustavo Duarte (de “Taxi”) será responsável pelo próximo álbum em quadrinhos da série, tendo Chico Bento como personagem principal e que até agora é intitulada de “Pavor Espaciar”.Vale ficar atento.
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop
Leia também:
– “Astronauta – Magnetar”, de Danilo Beyruth, conquista pelo traço detalhista (aqui)
– “MSP Ouro da Casa”: personagens de Maurício de Sousa ganham releitura (aqui)
Eu li e adorei 😉
Muito bom, assim como o Magnetar. Boas histórias, arte linda nos dois. Até agora, só golaço.
Publicar essas Graphic Novels de autores convidados com autonomia para criação foi a melhor decisão que Mauricio de Sousa tomou nos últimos anos.