Três perguntas: Gabriella Lima lança “Bálsamo”, disco de entrega e crescimento

entrevista por Renan Guerra

Em 2014, Gabriella Lima foi para Paris para uma temporada de três meses. Esse tempo se expandiu, passaram anos e a artista ficou. Os três meses que seriam de imersão na composição de seu primeiro disco também se diluiu em anos de trabalho e de pesquisa que desaguam agora em “Bálsamo” (2021), seu disco de estreia.

Bálsamo” é disco de amor, de entrega e de crescimento, por isso mesmo é trabalho bastante pessoal para Gabriella. É ela quem escreve, compõe e assina a produção executiva do trabalho, ao lado do produtor Alê Siqueira, brasileiro radicado em Portugal e detentor de dois Grammy Latino. O disco foi produzido e gravado à distância em Paris (França), Algarve (Portugal), Salvador e São Paulo, o que traz mais temperos a essa mistura que já era ampla, considerando os trajetos de Gabriella.

De caráter pop, “Bálsamo” consegue conversar com a MPB, com o samba e outros ritmos brasileiros tipo exportação, mas é interessante como a artista consegue aliar isso a uma universalidade potente. São canções pop, com letras que nos envolvem e que se repetem na nossa cabeça, um convite para dançarmos e cantarmos junto. Para servir como convite a essa audição, Gabriella Lima respondeu a três questões do Scream & Yell. Confira abaixo:

Você nasceu em São Paulo, mas atualmente mora na França. O disco foi produzido e gravado à distância em Paris (França), Algarve (Portugal), Salvador e São Paulo. Nesse sentido, queria entender como essas trocas culturais ajudaram a construir o trabalho e como esses locais te influenciam musicalmente?
O produtor do disco, Alê Siqueira, que hoje vive em Algarve (Portugal), ouviu minhas músicas e, depois de longas conversas sobre a sonoridade que eu buscava para “Bálsamo”, ele entendeu que pelo fato de eu ter acesso a essas diferentes culturas e sonoridades minhas influências eram diversas. Para cada música eu já havia pensado um universo diferente de sons e, com base nessa diversidade, ele montou a equipe que gravaria o disco. Os músicos moravam em cidades diferentes e eu queria alinhar os ritmos percussivos com a sonoridade do pop contemporâneo. Escolhemos músicos que nos ajudaram a trazer esse resultado. Acredito que o fato de cada músico ter gravado sozinho em seus espaços tenha dado bastante liberdade para criar e acrescentar a identidade deles em cada uma das canções. Isso enriqueceu bastante o meu primeiro disco.

“Bálsamo” é um disco bastante íntimo e pessoal. Isso se dá, especialmente, por que você cria letra e música, por isso como funciona o seu processo de composição? E como as suas experiências pessoais acabam invadindo a sua poesia?
A inspiração vem em épocas, tipo plantação e colheita, rsrs, geralmente depois de passar um tempo absorvendo referências literárias e ouvindo discos, naturalmente começam aparecer ideias na minha cabeça tipo pop up! Do nada, plim! Quanto ao conteúdo das letras, todas são autobiográficas. Como você mesmo analisou, é um disco muito íntimo, não há uma única música nesse álbum que não seja verdade. A importância de cada uma para mim está na liberação das lágrimas contidas e na destruição das amarras que prendiam a minha personalidade. Um grito para soltar o que estava muito preso e dissipar a melancolia.

Você está lançando seu disco no meio de uma pandemia mundial. Você em Paris, nós no Brasil. Queria entender como tem sido essa aventura e se você está ansiosa para um momento em que possa tocar essas canções ao vivo com plateia?
Eu sempre tento encontrar uma oportunidade em meio às dificuldades. Meu plano inicial era lançar “Bálsamo” no meio do ano passado. Com a pandemia, coloquei o pé no freio e decidi pensar meu projeto de outra maneira. Optei por lançar antes alguns singles do disco e trabalhar melhor um a um. Tempo eu tinha pra isso e as pessoas também saíram de certa maneira do “modo automático” e começaram a consumir diferente, mais abertas a escutar novos artistas. Essa estratégia se mostrou no final uma ótima alternativa para um artista novo. Sobre os shows é natural eu estar ansiosa para esse momento. Espero isso há anos. Antes mesmo de escrever as primeiras canções eu me imaginava no palco cantando as minhas próprias canções. O palco é meu lugar de realização. Lançamento de disco sem uma sequência de shows fica um vazio, parece que o lançamento não está completo. Mas estou preparando um show on-line de apresentação do disco para abril ainda. A live será realizada num telhado de Paris (fique atento aqui)!

– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Também colabora com o Monkeybuzz.

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