Quadrinhos: “Doce Jazz”, “Café Espacial #17”, “Love Kills” e “Space Dumplins”

Resenhas por Adriano Mello Costa

“Doce Jazz”, de Mylle Silva e Melissa Garabeli (Tempora Criativa)
Entre setembro de 2011 e março de 2012, Mylle Silva fez um intercâmbio de estudos no Japão, uma terra totalmente diferente, com outros costumes e outro idioma. Nesses seis meses, ela precisou superar alguns medos enquanto tentava achar um caminho em que se sentisse confortável para seguir em frente. É essa experiência que serve como base para “Doce Jazz”, publicação independente de 2019 com 96 páginas e arte da Melissa Garabeli (de “Saudade”). Para suplantar os obstáculos dessa empreitada, a autora achou refúgio e conforto em uma banda iniciante de jazz que passou a integrar e construir laços mais fortes. É uma obra que fala sobre o poder da música como força para superar dificuldades, apaziguar a alma e chutar a solidão para bem longe enquanto a vida não entra no eixo. É um trabalho bem bonito, para ser apreciado com calma e se possível com um som rolando suave ao fundo.

Nota: 7

Instagram da Mylle Silva: https://www.instagram.com/myllesilva
Instagram da Melissa Garabeli: https://www.instagram.com/melissa_garabeli

“Café Espacial 17”, coletânea (Editora Café Espacial)
O Café Espacial é um selo editorial independente que desde 2007 tem lançado um bocado de coisa legal entre quadrinhos, literatura e coisas mais. O carro-chefe, por assim dizer, é uma coletânea de histórias da nona arte que em 2019 chegou à edição de número 17 com participação de nomes como Aline Zouvi, Luiza Nasser, Sergio Chaves, André Diniz, Carol Ito, Germana Viana, Laudo Ferreira e muitos outros. Ouso dizer que essa é a melhor edição de todas (o que não é uma tarefa fácil, ressalte-se), pois está perfeitamente alinhada aos nossos dias e retrata o sentimento de muitos nos anos mais recentes. Seja na história que tem a eleição do atual presidente como cenário, na que trata sobre o patriotismo fuleiro da nossa nação, na ótima “Filhas do Campo” ou na triste “Ninho Vazio” temos uma edição recheada de primor tanto nos textos quanto na arte. Coisa muito fina.

Nota: 7,5

Site: http://cafeespacial.com
Instagram: https://www.instagram.com/cafeespacial

“Love Kills”, de Danilo Beyruth (Darkside Books)
Helena é uma vampira que mora sozinha, praticamente sem amigos e sem qualquer nível de sociabilidade além do imprescindível e necessário para a alimentação. Em uma noite como qualquer outra, ela é surpreendida pelo ataque de outros vampiros sem explicação lógica inicial. Tentando sobreviver e entender o que está acontecendo, além de lidar com a entrada de Marcus, um humano que cruzou seu caminho, Helena parte entre socos e sopapos para tirar a limpo tudo que está rolando. Assim é “Love Kills”, do Danilo Beyruth, que a Darkside Books lançou no final de 2019 com 248 páginas, capa dura e uma edição muito zelosa. Com ritmo acelerado, o autor de “Bando De Dois”, “Necronauta” e “Samurai Shirô”, conta uma história de vampiros com várias referências a trabalhos clássicos do tema no cinema e literatura. Com uma arte sempre excepcional e que descarta maiores comentários, Danilo elabora mais uma obra extremamente bacanuda na carreira.

Nota: 7,5

Instagram do autor: https://www.instagram.com/necronauta

“Space Dumplins”, Craig Thompson (Quadrinhos na Cia)
“Space Dumplins” (2015), quinta HQ de Craig Thompson, é bem diferente de “Retalhos” (2003) ou “Habibi” (2011) e apresenta uma leitura leve e divertida, ainda que a arte dialogue com essas obras em dado momento. É uma ficção científica, com humor visual e de texto, focada na família e na amizade, onde os humanos moram no espaço e convivem com centenas de raças. A parte principal da trama consiste na busca da adolescente Violeta Marlocke para achar o pai que sumiu. Com a ajuda de dois amigos com personalidades muito distintas, cria-se uma aventura clássica que ao fundo discute política, luta de classes e ecologia. Com tradução de Érico Assis e 320 páginas, “Space Dumplins” foi publicada esse ano pelo selo Quadrinhos na Cia. e conta com as cores magistrais de Dave Stewart, o que dá uma nova nuance a arte do autor. Totalmente indicado para espantar (nem que seja um pouco) as preocupações dos nossos dias atuais.

Nota: 8,5

– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop ( http://coisapop.blogspot.com.br ) e colabora com o Scream & Yell desde 2009!

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