Crítica: “Pools of Colour”, estreia dos ingleses da junodream, merece atenção

texto por Paolo Bardelli

São mais ou menos seis anos que o (agora) quarteto britânico junodream gira ao redor do formato álbum. Não por acaso, afinal estamos em tempos de singles e EPs lançados todos os meses para manter a atenção da audiência em alta (no caso deles, foram sete singles e dois EPs de 2018 pra cá), ainda que, inevitavelmente e felizmente, o tempo corrido de um álbum ainda seja importante para nos permitir entender quais bandas se tornaram grandes e quais ainda não chegaram lá.

A banda de Bristol (Ed Vyvyan nos vocais e teclados, Dougal Gray na guitarra, Jake Gidley na bateria e Tom Rea no baixo) continua fazendo tudo sozinha e até este debute recém-lançado, “Pools of Colour” (2024) é autoproduzido – apesar dos bons números no Spotify (quase 200 mil ouvintes mensais) e de uma turnê que acaba de começar no Reino Unido com quase todos os ingressos esgotados.

A fórmula exposta em “Pools of Colour” é simples, mas não tanto: a ideia deles parece ser aproveitar o melhor da canção alternativa do meio dos anos 1990, em particular olhando quase obsessivamente para “Ok Computer“, o clássico do Radiohead, sem dispensar cuidados aos fundamentos (o nome da banda deriva de uma citação pinkfloydiana) e outras coisas eletrônicas como Massive Attack (não esqueçamos a origem comum) e Air, citados por eles mesmos como referência. O talento do quinteto está demarcado desde “Travel Guide”, EP de 2021 que levantava a hipótese de um certo renascimento britpop que não podia deixar de olhar para os anos noventa como a última experiência verdadeiramente eletrizante para a terra de Albion.

Embora não haja dúvida de que o shoegaze de “The Oranges” e a paranoidandroidiana “Fever Dream” não expressem um som totalmente contemporâneo, mas sim algo mais próximo de um ideal que hoje poderíamos definir como quase vintage, há uma necessidade de bandas como junodream pela possibilidade expressiva completa (num conceito quase antigo de tocar quase tudo ao vivo sem recorrer a qualquer tipo de base) e, portanto, pelo objetivo emocional dentro de uma paleta de cores composta (que eles evocam no título de “piscinas de cores”).

Com exceção do quase plágio de “Death Drive”, do Kasabian, e de uma derivação geral que soa como um limite real (não me diga que “Kitchen Sink Drama” não lembra “Jigsaw Falling Into Place” à você), esta estreia é um ponto de partida importante para o junodream – e para outros nomes jovens como eles. Eles ainda precisam sacudir as influências como chuva que repousa em seus ombros e olhar para o que está dentro deles, como por exemplo numa “Happiness Advantage” pessoal, e, se o fizerem, os resultados não tardarão a chegar – podendo ecoar ainda nesta década e não só naquela Inglaterra tão presente no seu som.

Texto publicado originalmente no site italiano Kalporz, parceiro de conteúdo do Scream & Yell. 

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