12 anos sem Redson: Assista a uma de suas últimas entrevistas, feita em Porto Alegre

texto e entrevista em vídeo por Homero Pivotto Jr.

Fazendo a ronda pela internet e redes sociais na manhã deste 28 de setembro, veio a lembrança de que faz 12 anos que Redson morreu. Na verdade, que eu soube da passagem do vocalista, guitarrista e linha de frente do Cólera, pois o falecimento ocorreu um dia antes, em 27 de setembro de 2011. Em homenagem a esse precursor do punk no Brasil, resolvi ouvir a banda que ele liderou de 1979 até desencarnar. Era uma seleção aleatória de composições do trio paulista que, em sua formação original, ainda tinha Val (baixo e voz) e Pierre (bateria, irmão de Redson). E,como de costume, sempre que ouço os caras, penso: que legado nos deixou o filho vermelho!

O Cólera é uma banda de hinos, daqueles que cativam pela simplicidade e eficiência, que nos fazem querer gritar refrães. Vide ‘Pela Paz em Todo Mundo’, ‘Medo’, ‘Caos Mental Geral’, ‘Humanidade’, ‘Em Você’, ‘Histeria’, ‘Subúrbio Geral’ e tantas outras composições. Além disso, o grupo (que retornou em 2018 com “Acorde, Acorde, Acorde“) têm uma sonoridade singular dentro do punk/hc brasileiro: é tão agressivo quanto melódico (algo mais para Stiff Little Fingers e The Clash do que para Discharge, como outros pares nacionais do estilo) e letras sobre autoafirmação (tipo “todo mundo tem problema, poucos tem garra pra superar”, trecho de ‘Águia Filhote’) e consciência ambiental (‘Verde Não Devaste’ e ‘Deixe a Terra em Paz’, por exemplo).

É chover no molhado (pra seguir no clima das questões ambientais), mas o Coléra é uma instituição da cultura independente-punk-hardcore-faça você mesmo. Redson tem parte considerável nesse respeito conquistado entre fãs e colegas, pois foi figura que tinha a postura condizente com o discurso.

Certa feita, em junho de 2011, tive a oportunidade de entrevistar o homem em vídeo quando o Cólera fez seu último show na capital gaúcha, no então ainda clássico Garagem Hermética. O papo foi no pós-show, por volta das 5h, depois de uma noite ébria-vagal tensa graças a brigas entre o público. Solícito, o músico e seus companheiros falaram sobre a história e as perspectivas para um futuro que teve de ser alterado devido à partida do frontman. A filmagem é tosca, mas vale pelo registro e documento histórico, pois, até que se prove o contrário, foi a última entrevista de Redson.

– Homero Pivotto Jr. é jornalista, vocalista da Diokane e responsável pelo videocast O Ben Para Todo Mal.

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