“Enter The Vaselines”, The Vaselines

Por Adriano Mello Costa

Quando na esteira de “Nevermind”, o Nirvana lançou uma coletânea de lados b e covers chamada “Incesticide” em dezembro de 1992, duas canções chamavam a atenção: “Molly´s Lips” e “Son Of A Gun”. As músicas eram covers da banda escocesa The Vaselines, que Kurt Cobain admirava bastante, chegando a afirmar algumas vezes que Eugene Kelly, o líder do grupo, era um de seus compositores favoritos.

O Nirvana serviu para mostrar para um número bem maior de pessoas, uma banda que poucos conheciam. Em 2009, passados mais de 16 anos do lançamento de “Incetiscide”, o Vaselines ganha uma ótima coletânea editada pela Sub Pop e que já nasce com o status de essencial. Em 1992, já tinha saído outra coletânea, chamada “The Way Of Vaselines”, mas que não se compara a esse disquinho duplo “Enter The Vaselines” de 2009.

A banda oriunda de Glascow na Escócia, foi formada em 1986 por Eugene Kelly e Frances McKee, que sempre se mantiveram como o núcleo criativo nos poucos mais de 4 anos que a formação original perdurou. Lançaram dois eps, “Son Of A Gun” de 1987 e “Dying For It” de 1988, mais o álbum “Dum Dum” de 1990, gravações que fazem parte na integra dessa nova coletânea, ao lado de um outro disco contendo demos e versões ao vivo.

As guitarras, o noise, o vocal compartilhado de Kelly e Mckee envoltos a melodias doces e delicadas são o grande mérito da banda. Além das já citadas e conhecidas “Son Of A Gun” e “Molly´s Lips”, “Jesus Wants Me For A Sunbeam” também foi gravada pelo Nirvana, deste vez no excelente “MTV Unplugged in New York”. Mas “Enter The Vaselines”passa longe, bem longe de ser somente isso.

Temos os violões de “Rory Rides Me Raw”, o college rock meio punk de “Teenage Superstars”, a guitarra e o flerte com o tecnopop de “You Think You’re A Man”, a melodia envolta a sujeira de “Slushy”, o híbrido country-punk-shoegaze de “Oliver Twisted”, o rock garageiro de “Dum-Dum”, o noise experimental de “Lovecraft” e as distorções de “Dying For It (The Blues)”.

Eugene Kelly tocou outros projetos como o “Captain America” e o “Eugenius”, além de tocar com Lemonheads e Mogwai e trabalhar solo, mas foi no Vaselines que deixou seu nome escrito na história do rock. Ano passado, Kelly e McKee voltaram (passando no Brasil inclusive),com integrantes do Belle And Sebastian tocando com eles, mais uma reverência para uma banda meio obscura e desconhecida, mais repleta de qualidades. “Enter The Vaselines” é discoteca básica.

My Space: http://www.myspace.com/thevaselinesband

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Adriano Mello Costa assina o blog Coisa Pop

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Leia também:
– Vaselines no SP Noise: “Parece Glasgow nos anos 90?, por Marcelo Costa (aqui)

5 thoughts on ““Enter The Vaselines”, The Vaselines

  1. bandaça!!!

    ‘the day I was a horse’ é uma daquelas canções que negozinho chama por aí de… perfeitas.

    bons tempos pré-aborrecentes de ‘the way of vaselines’ na fita basf: lado A eugenius, lado B, vaselines. hehe

    agora, esse negócio do ‘capitan america’ é engraçado, o eugene kelly teve q mudar o nome da banda pra ‘eugenius’ por pressão da marvel.

    assim como a grafia peculiar de outra clássica banda, o redd kross, muito provavelmente foi alterada por patrulha da cruz vermelha..

    agora, falando em patrulha.. e o interpol, também não é ‘caso de polícia’?

    ah, essa impunidade de hoje em dia… hehe

  2. Interessei, mas não achei este disco para download. Baixei o “The way of the Vaselines” e não consigo parar de ouvir. Banda muito foda mesmo. Vou atrás de mais…

  3. Vaselines é legal, sim; influente, sim; porém, nada demais. Uma banda ok, como trocentas outras. Como os Meat Puppets, precisaram da explosão do Nirvana para terem alguma relevância. Não que não mereçam. Só não merecem muito.

    O texto também está honesto, bem informativo. Só recomendaria cuidado ao chamar uma coletânea de discoteca básica. Isso apenas desmerece a banda.

    Se bem que, no caso dos Vaselines, até entendo a forçação: de fato, eles não têm nenhum disco digno de tal termo. Se a apelação servir para alguém conhecer a banda, menos mal.

  4. Fabrizzio, considero esse disco como “discoteca básica”, pois a discografia da banda é muito pequena, logo a coletanea ao abranger os EPS, consolida praticamente toda a sua produção. 🙂 Abs.

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