Entrevista Biquíni Cavadão (2009)

por Marcos Paulino

O Biquíni Cavadão está de volta aos anos 80. Com o CD e o DVD “80 Volume 2”, a banda resgata 21 músicas (14 no CD) que fizeram sucesso naquela época de ouro do rock nacional. Na verdade, este projeto é a segunda viagem de Bruno Gouveia (vocal), Miguel Flores (teclados), Álvaro Lopes (bateria) e Carlos Coelho (guitarra) ao período, quase oito ano após a primeira incursão, com “80”, que teve grande aceitação do público.

Aliás, foi essa recepção ao volume 1 que motivou o Biquíni a topar regravar uma nova seleção de rocks nacionais, escolhendo músicas de Engenheiros do Havaií, Legião Urbana, Ira! e outros, que fizeram parte do set list do show gravado no Disco Voador, no Rio. Nesta entrevista exclusiva ao PLUG, parceiro do Scream & Yell, o vocalista Bruno Gouveia, 42 anos e pai de um menino de sete meses, fala sobre esse trabalho e o momento da banda.

Como surgiu a ideia de lançar uma nova seleção de hits do rock nacional interpretados pelo Biquíni?
O primeiro disco, “80”, lançado em 2001, havia sido um sucesso. Naquela época, gravamos o disco apenas em estúdio. Havíamos planejado lançar um DVD daqui a uns anos, pois não gostaríamos de repetir muito as músicas de sucesso que já haviam sido gravadas no nosso primeiro DVD. Eis que surgiu o convite da Som-livre para gravarmos um “80” ao vivo. Adoramos a ideia e isto nos fez criar um novo repertório para este registro ao vivo. Em particular, fiquei muito animado, pois o Biquíni supre minha vontade de interpretar, além de compor, claro.

Quais foram os critérios para definição das músicas que entrariam?
Primeiro, selecionamos o que seria fundamental para qualquer um entender o que foi a década. Fizemos uma lista de bandas até chegarmos a 18. Duas internacionais também entraram. Para cada artista, tentamos chegar a um consenso e o que mais pesou foi a maneira como interpretamos cada uma destas músicas. Seria chover no molhado apenas tocar os arranjos como eles eram.

Quem é o público do Biquíni hoje: os ex-adolescentes dos anos 80 ou quem conheceu a banda mais recentemente? Ou os dois?
Creio que os dois. Temos hoje a vantagem de ter um show família: os pais vão com os filhos aos shows… Ou vice-versa. (Risos)

Vocês sempre foram muito ligados na internet e você, particularmente, cuida com carinho dos contatos virtuais da banda, inclusive com um blog sempre atualizado. Isso ajuda a atrair os fãs mais jovens?
Isso na verdade me ajuda a entender quem são nossos fãs, mais do que funcionar como estratégia de marketing. Sempre gostei de internet e faço isso com naturalidade.

Por que o velho e bom rock brasileiro dos anos 80 ainda faz tanto sucesso?
Como diria Evandro Mesquita, da Blitz: música boa não tem prazo de validade.

Por que é tão difícil repetir aquele movimento?
A década de 80 se inseriu num contexto específico: fim da ditadura, da censura e o rock como estilo musical pronto para disparar aquilo que havia sido entalado na garganta de tanta gente. O rock serviu como desabafo.

Qual o segredo para se manter na ativa tanto tempo?
Ter paciência nos momentos de baixa, muita humildade nos momentos de alta, respeito ao público e fazer cada show como se fosse o primeiro da vida!

Além da idade, quais as diferenças do Biquíni de hoje daquele que estourou nos anos 80?
Estamos sempre amadurecendo um pouquinho, aprendendo novidades, ouvindo novos estilos e projetos. Aprendemos muito com o tempo e queremos sempre aprender mais e mais.

Você parecem estar numa turnê permanente. Como as músicas do disco novo têm entrado nos shows?
As músicas do “80 Volume 2” entram naturalmente no show e, por serem tão conhecidas, tornam a apresentação uma festa sem hora pra acabar, mas não nos concentramos nestas músicas, tocamos de seis a oito. O resto é repertório do Biquíni dos 80, 90 e 2000.

Você listou no site da banda as 20 cidades que mais viram os shows do Biquíni. O Rio está disparado na frente e tem outras cidades fluminenses no ranking. Entre as paulistas, só a capital. Falta mais afinidade entre a banda e São Paulo?
Afinidade nós temos, haja vista as repercussões nos shows que fizemos. Quanto ao número de shows, vale lembrar que o estado de São Paulo é o segundo maior em número de cidades (só perde para Minas) e que é o terceiro colocado em número de shows, com 216 apresentações. O que ocorre é que muitas cidades nos viram (mais de 50) mas não com uma grande frequencia. Por outro lado, a abrangência foi em todas as regiões, do vale do Paraíba ao Pontal do Paranapanema. Esperamos que neste ano aumentemos ainda mais essa lista.

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Marcos Paulino é jornalista e editor do caderno PLUG do jornal Gazeta de Limeira

“80 Volume 2”, Biquíni Cavadão (Som Livre)
Por Marcelo Costa

O Biquíni Cavadão sempre foi uma banda simpática. Seus quatro primeiros álbuns (entre 1986 e 1991) mostram personalidade, apelo pop e alguns acertos que radicais ousam não querer enxergar, mas com o tempo a banda acabou virando caricatura de um momento que muitos querem esquecer: os anos 80.  Este “80 Volume 2” dá sequência ao projeto iniciado com o pífio “80 Volume 1” em 2001, e – impressionante – surge mais bem resolvido. São 14 canções no CD e 21 no DVD que todo mundo que viveu à época (e também os anos 90) sabe de cor e salteado, o que pode até abrir precedentes para um karaokê caseiro.

Novos arranjos até tornam interessantes uma ou outra canção (como “Tempos Modernos”, de Lulu Santos, “Inútil”, do Ultraje a Rigor e “Infinita Highway”, dos Engenheiros) e as participações especiais mostram que o Biquíni anda bem relacionado no meio musical indo do sertanejo Hudson (que faz um solo barulhento de guitarra em “Revoluções por Minuto”, do RPM) a vocalistas do quinto time do rock nacional como Tico Santa Cruz (Detonautas) e Egypcio (Tihuana) até a musa do axé Claudia Leitte. O resultado, porém, é dispensável. O mundo seguiria seu curso se este CD/DVD não tivesse existido.

Ok, todo mundo precisa comprar o leitinho das crianças e pagar aluguel, e até que o Biquíni não suja as mãos em “80 Volume 2” procurando fugir da armadilha das covers idênticas, mas o triste cenário em que vive a música brasileira não é mérito apenas de gravadoras sem visão de futuro e rádios FM movidas à jabá. Artistas também são culpados. No caso do Biquíni, eles ainda lançam álbuns de inéditas (o último, “Só Quem Sonha Acordado Vê O Sol Nascer”, é de 2007), mas é questionável a opção de ceder ao apelo fácil das regravações – mesmo que bem intencionadas. A sensação que fica é de que o rock nacional está morto e de que estamos à mercê de fantasmas. Tudo pode mudar? Acho que não… acho que não.

Nota: 5
Preço em média: R$ 25

Leia também:
– Entrevista de 2001 com Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão, por Marcelo Costa (aqui)

9 thoughts on “Entrevista Biquíni Cavadão (2009)

  1. Quem dera fosse de fantasmas que estivéssemos à mercê, meu caro Marcelo. Esses aí são alguns dos zumbis mais pútridos e fétidos do pop nacional. E cá entre nós: 5 é a mais política e indulgente das notas. Com isso, eles passam de ano, passam de década… e a gente que se fode. Porque, com sinceridade, nem digno de nota o BC é mais. Qualquer nota, em qualquer meio.

  2. Depois da AIDS esta “banda” acima é o maior mal que assolou a humanidade depois da segunda metade dos anos 80.

  3. o mais legal é a banda se vangloriando de “fazer música com a cabeça, e não com a bunda”, na mesma linha do militantismo atrasado do nenhum de nós. o trem já passou.

  4. Posso não entender de música como o Marcelo Costa julga entender, mas vejo esse disco Do Biquino com muito bons olhos. Eles não se preocuparam apenas em regravar as canções, como deram um novo arranjo, muito mais interessante. Ótimo disco e a banda, uma das melhores dos anos 80 e 90.

  5. Gostei do CD e DVD. Acho legal termos opiões diferentes, mas é bom a gente naum ofender, naum gosta tudo bem, mais naum ofende, naum dou 10 mais dou 8,5. Bruno ta arrassndo nos vocais, só naum gostei de Tico santa Cruz.

  6. Esse cd e dvd e otimo td, como todos os outros do bc, e na minha opnião acho que esse marcelo e essas outras pessoas que acompanham sua opnião devem pensar bem antes de ofender ate porque como diz o trecho de uma das musicas do cd…JA ME CANSEI DE TANTA BABAQUICE TANTA CARETISSE DESSA PLENA FALTA DO QUE FALAR!!! 100% BIQUINIS SEMPRE!!!VIVA O ROCK NACIONAL ANOS 80!!! SE NÃO GOSTA TEM TO DO O DIREITO DE DAR SUA OPNIÃO, MAS TENTA NÃO FALAR MERDA+MERDA=BOSTA!!!??

  7. Tenho apenas 18 anos e sou apaixonada pelo Biquini Cavadão. E pra esses q sentem prazer em “querer” denegrir a imagem dos outros só tenho uma coisa a dizer: LAMENTO POR VOCÊS!!

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